O SEMBA COMO FERRAMENTA DE LIBERTAÇÃO
Intitulado Ritmos da Luta – O Semba como Ferramenta de Libertação, o livro que por ora nos debruçamos é uma pintura teatral de tons e sons poéticos que imprimem na nossa história recente o encanto da palavra cantada. Esta pintura, não poucas vezes impress
Nessa novela, o Semba emerge várias vezes qual poderosa Kianda, não apenas em representação do ritmo que acompanhou a luta de libertação nacional, como também o batimento dos corações intrépidos, a ressaca do cansaço depois do trabalho forçado e o bater do rio Kwanza sobre a dura pedra colonial. No livro em análise, o Semba surge semelhante ao grito das viúvas inconsoladas ou como o choro de crianças inocentes ceifadas por um sistema opressor. Essa sugestiva obra é um retrato do agrupamento musical N’gola Ritmos, que nos anos 40 entrou para a nossa história, escrevendo o seu percurso com letras e ritmos de ouro, dando ao Semba uma postura senhoril.
Mais do que revisitar o legado dos músicos que forjaram o grupo N’gola Ritmos, esta peça teatral mostra- nos a ousadia e a bravura de homens que fizeram parte de um dos períodos mais críticos da história político- cultural deste território que hoje chamamos Angola, quando na altura os nguetas mijavam sobre o olhar vencido dos potentados subjugados. Sob a chancela da Asas de Papel Editora, Fernando Carlos traznos uma obra literária empolgante, de matriz realista, linguística e esteticamente ornamentada, que dramatiza a luta de Liceu Vieira Dias contra as injustiças do regime colonial. A partir do enredo protagonizado pelo grupo musical N’gola Ritmos, apresenta- nos o modo como o Semba serviu para despertar consciências, chamar almas para a luta de libertação nacional e romper o betão das paredes coloniais. A dramática obra reflecte ainda o amor pela terra, a necessidade de liberdade, a resistência ao colonialismo, a emancipação e o empoderamento do homem angolano. Entre as ondulações do fantástico e sobressaltos da consciência, em dias em que quase já não se fala de figuras históricas, Fernando Carlos brindanos com um livro humano, emocionante, que incentiva o homem novo angolano a filosofar sobre a sua história recente e os seus múltiplos heróis, e, acima de tudo, honra e homenageia figuras como Liceu Vieira Dias, Mário Pinto de Andrade, Ruy Mingas, Manuel Rui Monteiro, Lourdes VanDúnem, Belita Palma, Maria do Carmo Medina e outros tantos.
O livro é um fertilíssimo contributo para a cultura nacional, surge não só para reiterar os feitos de Liceu Vieira Dias e do agrupamento musical N’gola Ritmos, como para que a actual geração conheça a luta, a coragem e a ousadia do Semba, de modo a que com este alicerce se solidifique a liberdade que com tenaz luta gerações passadas lograram consegui- la.
A“Quente” Ana Maria Simões, “facebookiou”, por mais voltas que dê - e como se sabe adoro dar voltas, porque, dizem, a vida é um carrossel - estou a tentar perceber porque é que o Presidente João Lourenço, que, na verdade, se preparou durante mais de uma década para chegar ao poder, quando chegou cometeu tantos erros na escolha das pessoas. E sinto que a questão não é do chamado “passé composé”, é mesmo do “presente” e do “avenir”. Sabemos todos da resiliência histórica dos políticos, em qualquer parte do mundo, mas num país em que o fardo do Titular do Poder Executivo é mais pesado, dava jeito que a margem de erro nas escolhas fosse reduzida drasticamente, para que o pesado fardo não fique insuportável. A primeira página desta semana do ‘ Valor Económico’ tem tudo a ver com isto e mais, dá razão a quem dá razão.