Folha 8

O SEMBA COMO FERRAMENTA DE LIBERTAÇÃO

Intitulado Ritmos da Luta – O Semba como Ferramenta de Libertação, o livro que por ora nos debruçamos é uma pintura teatral de tons e sons poéticos que imprimem na nossa história recente o encanto da palavra cantada. Esta pintura, não poucas vezes impress

- TEXTO DE LOURENÇO MUSSANGO* * Jornalista & escritor

Nessa novela, o Semba emerge várias vezes qual poderosa Kianda, não apenas em representa­ção do ritmo que acompanhou a luta de libertação nacional, como também o batimento dos corações intrépidos, a ressaca do cansaço depois do trabalho forçado e o bater do rio Kwanza sobre a dura pedra colonial. No livro em análise, o Semba surge semelhante ao grito das viúvas inconsolad­as ou como o choro de crianças inocentes ceifadas por um sistema opressor. Essa sugestiva obra é um retrato do agrupament­o musical N’gola Ritmos, que nos anos 40 entrou para a nossa história, escrevendo o seu percurso com letras e ritmos de ouro, dando ao Semba uma postura senhoril.

Mais do que revisitar o legado dos músicos que forjaram o grupo N’gola Ritmos, esta peça teatral mostra- nos a ousadia e a bravura de homens que fizeram parte de um dos períodos mais críticos da história político- cultural deste território que hoje chamamos Angola, quando na altura os nguetas mijavam sobre o olhar vencido dos potentados subjugados. Sob a chancela da Asas de Papel Editora, Fernando Carlos traznos uma obra literária empolgante, de matriz realista, linguístic­a e esteticame­nte ornamentad­a, que dramatiza a luta de Liceu Vieira Dias contra as injustiças do regime colonial. A partir do enredo protagoniz­ado pelo grupo musical N’gola Ritmos, apresenta- nos o modo como o Semba serviu para despertar consciênci­as, chamar almas para a luta de libertação nacional e romper o betão das paredes coloniais. A dramática obra reflecte ainda o amor pela terra, a necessidad­e de liberdade, a resistênci­a ao colonialis­mo, a emancipaçã­o e o empoderame­nto do homem angolano. Entre as ondulações do fantástico e sobressalt­os da consciênci­a, em dias em que quase já não se fala de figuras históricas, Fernando Carlos brindanos com um livro humano, emocionant­e, que incentiva o homem novo angolano a filosofar sobre a sua história recente e os seus múltiplos heróis, e, acima de tudo, honra e homenageia figuras como Liceu Vieira Dias, Mário Pinto de Andrade, Ruy Mingas, Manuel Rui Monteiro, Lourdes VanDúnem, Belita Palma, Maria do Carmo Medina e outros tantos.

O livro é um fertilíssi­mo contributo para a cultura nacional, surge não só para reiterar os feitos de Liceu Vieira Dias e do agrupament­o musical N’gola Ritmos, como para que a actual geração conheça a luta, a coragem e a ousadia do Semba, de modo a que com este alicerce se solidifiqu­e a liberdade que com tenaz luta gerações passadas lograram consegui- la.

A“Quente” Ana Maria Simões, “facebookio­u”, por mais voltas que dê - e como se sabe adoro dar voltas, porque, dizem, a vida é um carrossel - estou a tentar perceber porque é que o Presidente João Lourenço, que, na verdade, se preparou durante mais de uma década para chegar ao poder, quando chegou cometeu tantos erros na escolha das pessoas. E sinto que a questão não é do chamado “passé composé”, é mesmo do “presente” e do “avenir”. Sabemos todos da resiliênci­a histórica dos políticos, em qualquer parte do mundo, mas num país em que o fardo do Titular do Poder Executivo é mais pesado, dava jeito que a margem de erro nas escolhas fosse reduzida drasticame­nte, para que o pesado fardo não fique insuportáv­el. A primeira página desta semana do ‘ Valor Económico’ tem tudo a ver com isto e mais, dá razão a quem dá razão.

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola