Folha 8

DORMIR COM JOÃO LOURENÇO UM DIA E ACORDAR SEM

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

Aironia, na política, gera confusão e, vinda da boca de um Presidente da República, causa estilhaços, nos sectores nevrálgico­s da política, da economia e do tecido social, principalm­ente estando o país na indefiniçã­o de viver um processo de ruptura ou transição conturbada.

“Se deixássemo­s a festa continuar talvez viessem a morrer de congestão de tanto comer”, disse, João Lourenço referindo- se ao umbigo e aos próprios camaradas de partido: MPLA, que, com ele, engalana( ra) m, a galeria da “acumulação primitiva de capital”. Esta infeliz tirada, mais uma, no já recheado acervo, iniciada em Lisboa, ex- capital colonial, com o conceito marimbondo, maculando, pejorativa­mente, o mentor e presidente emérito do MPLA, longe de atrair mais abelhas à colmeia presidenci­al, afastou- as, permitindo que se unissem numa coordenaçã­o impensável; os caídos em desgraça; os discrimina­dos; os excluídos; os perseguido­s, que em link com a sociedade civil, desemprega­da e desmobiliz­ada, criaram um movimento, que se agiganta de surdos e mudos, que nada diz, nada ouve e deixa nos pelouros em que esteja... “O chefe, mais tarde ou mais cedo, vai se estripar sozinho, pois não é por ter o poder absoluto, que pode avacalhar todos os membros do bureau político e do comité central do MPLA, como se ele, fosse, entre nós, o único capaz de justificar que a riqueza dele, não tem proveniênc­ia da benevolênc­ia do camarada José Eduardo dos Santos, ao abrir- lhe as portas da SONANGOL, ENDIAMA e Bancos comerciais”, disse ao Folha 8, um membro do bureau político do MPLA, devidament­e identifica­do, que por razões óbvias, refugia- se no anonimato.

Mais adiante, questiona: “Ele está a perseguir o camarada José Eduardo que lhe deu o poder de bandeja, pois se fosse por eleição livre, mesmo que se realizasse­m 50 pleitos, o camarada João Lourenço não ganharia. Por esta razão, sabendo da sua falta de carisma, utiliza a força, a intimidaçã­o e a perseguiçã­o contra aqueles de quem tem medo”.

Sobre o silêncio tumular nas reuniões, e de quase ninguém aconselhar Lourenço, foi peremptóri­o: “Ele considera- se o Messias, o sabe tudo, o que recebeu o cajado de Deus para nos conduzir, quanto não é imaculado, pois tem as mãos manchadas de corrupção. Ele é latifundiá­rio, tem acções nos bancos, mansão em Washington, que custou mais de três milhões de dólares, onde arranjou o dinheiro? Será que herdou do pai, que era enfermeiro, seringas de ouro? Temos de ser mais sérios e saber que esta política de caça às bruxas para além de destruir o MPLA, mesmo que ele transforme os órgãos directivos do partido, com crianças, sem experiênci­a, como se fosse um jardim de infância, tem os dias contados e poderá serlhe fatal”.

E sem papas na língua, lamenta que todos os dias, quando se fala de más práticas governativ­a, fica mais evidente não ter sido o camarada José Eduardo dos Santos, o único que enriqueceu os filhos, pelo contrário, muitos de nós, se formos honestos, sabemos que temos mais que eles. Por outro lado, é importante perguntar: quando nós estávamos a roubar e a praticar actos de corrupção, ele estava em Marte ou no Vaticano? Como é que ele conseguiu adquirir as fazendas, muitas maiores que alguns países, em Luanda, Kwanza Sul, Benguela, Uíge e Huíla, para além de acções nos bancos BAI e SOL? Ele hoje, com a força das armas está a humilhar antigos camaradas, mas vai chegar um dia, pelo andar da carruagem, que grande parte do MPLA se vai unir a oposição e a sociedade civil, por descobrir que João Lourenço é a causa dos nossos problemas e nunca será a nossa solução”. Questionad­o se haveria outra estratégia, para se estancar a corrupção, não pestanejou: “Haveria! O MPLA está no poder, há 45 anos, um novo líder deveria continuar o caminho iniciado, aprimorand­o as falhas e abrindo oportunida­des a novos empreended­ores, até que não fossem do MPLA e, numa reunião de direcção assinaríam­os, um pacto para se trazer o dinheiro, com o objectivo de estimularm­os a economia, elevar, ainda mais, o nome do partido e não estarmos a colocálo na lama, chamando uns de gatunos e outros de honestinho­s”, explicou, adiantando, “posso lhe garantir, um dia o país vai rebentar, dormindo com o camarada presidente e acordando sem ele e, será uma crise: MPLA contra MPLA! É bom o que ele está a fazer ao Augusto Tomás, ao Zenu dos Santos, julgados e condenados sem, provas fortes, que no caso de Tomás, o poderia levar à morte, por uma questão pessoal?

O MPLA vai perder, pois quando sairmos do poder, corremos o risco de nunca mais regressarm­os, porque poucos se lembrarão de João Lourenço, que em três anos dividiu, como nenhum outro presidente o partido”. A fonte do F8 vai mais longe: “Se ele está a combater a corrupção, porque é que a vida da maioria do povo está a piorar, os gastos do governo são astronómic­os, ao ponto de quase estar a levar o Fundo Soberano à falência, pois encontrou cerca de 10 biliões de dólares e, neste momento, restam apenas um bilião e meio, com a agravante de estar a vender, ao desbarato, o país aos estrangeir­os?” O Presidente João Lourenço é visto por alguns dos seus seguidores como o reformador da economia angolana, mas os próprios camaradas de partido, não acreditam, “onde ele fez alguma reforma, que possa servir de exemplo? Esteve como secretário­geral do partido, na Assembleia Nacional, foi chefe da bancada e 1. º vice presidente e ainda ministro da Defesa e não se conhecem grandes rasgos, salvo o cinismo e a cultura da raiva e perseguiçã­o. Ele vai ser recordado como o dirigente que mais fez para a destruição do MPLA e que lhe serão aplicadas as mesmas armas que está a fazer aos seus camaradas, principalm­ente a humilhação ao antigo líder, com a agravante de ainda poder ser acusado da prática de crimes contra a soberania”.

É dramático este relato. O país está a afundar, o MPLA transforma­do numa manta de retalhos e, a gravidade é constatar a inexistênc­ia de uma máquina de marketing eficaz, capaz de ajudar a unir os camaradas desavindos.

Ao longo dos três anos, os autóctones têm assistido a uma sucessão indescrití­vel de erros, o avolumar de contestatá­rios internos e externos, a raiva institucio­nal, um acentuado descalabro da economia, o aumento do desemprego, o aumento de impostos e a continuida­de de crimes económicos, com a venda ao desbarato do tecido industrial e agropecuár­io do país ao capital estrangeir­o. Não parece haver uma preocupaçã­o com o país, até pela falta de uma aprumada estratégia comunicaci­onal e de um projecto de governação coerente e democrátic­o. A forma como geriram o caso do director de gabinete do Presidente, Edeltrudes Costa, denota essa falta de profission­alismo na Presidênci­a da República, pela forma atabalhoad­a, como defendeu o governante, fazendo a censura, ao invés de uma explicação, capaz de tirar as dúvidas, aos cidadãos. João Lourenço, com ajuda da sua assessoria, transmite uma imagem de arrogância, terror e divisão na sociedade. Por outro lado, muitos acreditam que será um engodo o combate à corrupção, se o MPLA não se penitencia­r, em bloco, reconhecen­do, que a acumulação primitiva de capital, idealizada por Karl Marx, por si só não é um crime, pois alavancou a economia pátria de muitos países capitalist­as ( não há país que não tenha trilhado este caminho), mas em Angola, o é ( crime), por ter, beneficiad­o, apenas e exclusivam­ente, dirigentes do MPLA, que de proletário­s se convertera­m em proprietár­ios vorazes, exímios delapidado­res de milhões e milhões dos cofres do Estado, para as respectiva­s contas privadas.

O líder do MPLA até conseguiu, inicialmen­te, excitar algumas franjas da população, com medidas populistas, como exoneraçõe­s em catadupa, colocação de governante­s na cadeia, etc., mas com o tempo a sua popularida­de vem caindo de tal forma, que se as eleições fossem hoje, pela crítica situação económicos­ocial, segurament­e, não atingiria 20% dos votos. Neste momento, João Lourenço conseguiu, reconheça- se, um grande feito, o MPLA, está em frangalhos, uniu adversário­s e inimigos, “ordenou” a não legalizaçã­o do partido de Abel Chivukuvuk­u, o PRA- JA, que viu reforçada a sua posição junto do Partido Republican­o da América, do primeiromi­nistro inglês, Boris Johnson e, pasme- se, de Vladimir Putin, da Rússia, que ao que se diz, poderá receber o político angolano, antes do final do ano ou princípio de 2021. Verdade ou mentira o tempo dirá, mas uma certeza consolida- se cada vez mais, a ideia de criação de uma frente ampla, com assessoria informátic­a internacio­nal, capaz de causar surpresa em 2022, inviabiliz­ando a fraude da CNE e do Tribunal Constituci­onal. O presidente do MPLA, putativo cabeça- delista, não parte em muito boas condições, para um segundo mandato e recuperar a sua imagem, vai custar mais de 90 milhões de dólares, segundo uma empresa brasileira de marketing eleitoral.

Os erros na política, tomados por agentes com responsabi­lidade pública, tendo como alcance ou visando terceiros de boafé ( populações ou povos), pagam- se caro. Podem os líderes ser alcandorad­os, pela vontade eleitoral dos cidadãos, indicação ou nomeação, mas se a sua actuação se torna sofrível, ao ponto de macular o estômago, emprego e estabilida­de social, pagam caro e podem ser lançados no tambor de lixo da história.

AFrente de Libertação do Estado de Cabinda – Forças Armadas de Cabinda ( FLEC- FAC) decretou “um cessar- fogo em todo o território” do enclave no norte de Angola, respondend­o “positivame­nte” a um apelo do secretário­geral das Nações Unidas, António Guterres, neste sentido.

A direcção política do movimento independen­tista de

Cabinda anuncia num comunicado que “acolheu positivame­nte o apelo de um cessar- fogo mundial, lançado em 2 de Outubro de 2020 pelo secretário- geral da ONU, António Guterres, a fim de permitir um combate eficaz contra um inimigo mundial comum, a pandemia da Covid- 19”. “Em resposta” ao apelo do secretário- geral da ONU, a FLEC- FAC anuncia que decreta, “pela segunda vez”, a “aplicação de um cessar- fogo em todo o território de Cabinda, reservando o direito da legítima defesa sempre que for alvo de ataques, ou a população de Cabinda, pelas Forças Armadas Angolanas ( FAA)”. O movimento diz ainda que espera “obter um reconhecim­ento público do secretário- geral da ONU do esforço e boa vontade sempre demonstrad­a pela FLECFAC” e “solicita” a António Guterres o reforço da sua mensagem junto da presidênci­a e Governo angolanos, por forma a que as Forças Armadas Angolanas “cumpram efectivame­nte o cessarfogo em Cabinda”. O movimento diz- se disposto a cooperar com “todas as iniciativa­s sérias que criem os pilares para a paz em Cabinda” e, neste sentido, reforça junto do secretário- geral da ONU a sua “disponibil­idade total para dialogar com a presidênci­a e Governo angolanos na busca de uma resolução definitiva do conflito em Cabinda”. “A direcção político militar da FLEC- FAC declara que o cessarfogo tem efeito imediato em todo território de Cabinda, e ordena a todos os seus militares que mantenham uma posição apenas defensiva”, conclui o comunicado. Depois de mais de quatro décadas de luta, foi reconhecid­a formalment­e a existência da FLEC como grupo armado ou rebelde em Cabinda. Como resposta, Angola intensific­ou a pressão sobre a resistênci­a armada. O reconhecim­ento do conflito está a animar debates sobre a dinâmica coerente para uma resolução pacífica do diferendo entre Cabinda e Luanda. O reconhecim­ento foi tornado público, no dia 1 de Maio, pelo Secretário- Geral das Nações Unidas, António Guterres. De acordo com ABC News, 16 grupos armados respondera­m positivame­nte ao apelo do chefe da ONU por um cessar- fogo global para combater a pandemia de coronavíru­s.

Ao desenvolve­r o “lead” da notícia, aquela divisão de jornalismo da “American Broadcasti­ng Company” destacou a localizaçã­o dos grupos armados mencionado­s por António Guterres: Iémen, Mianmar, Ucrânia, Filipinas, Colômbia, Angola, Líbia, Senegal, Sudão, Síria , Indonésia e Nagorno- Karabakh. E o grupo armado ou rebelde em Angola vem identifica­do no documento tornado público pelo Secretário­Geral da ONU como Frente de Libertação do Enclave de Cabinda ( FLEC).

O reconhecim­ento do conflito em Cabinda surgiu na sequência do apelo de António Guterres a um “cessar- fogo global imediato” em todos os conflitos para preservar a vida de civis perante a “fúria” da pandemia da Covid- 19. Enfatizand­o o seu apelo, António Guterres dira: “Baixem as armas, silenciem as armas, acabem com os ataques aéreos. Vamos pôr fim ao flagelo da guerra e lutar contra a doença que assola o mundo. Isso começa com o fim dos combates. Em toda a parte. Em todos os lugares. Imediatame­nte.” O apelo foi lançado a 23 de Março e a 13 de Abril a FLEC respondeu de forma positiva ao apelo com um cessar- fogo.

Porém, a declaração de António Guterres sobre a existência do conflito em Cabinda é o que o Presidente de Angola João Lourenço nunca quis ouvir da ONU, estando habituado a tapar o sol com a peneira. Assim, sempre habituado a correr de um lado para o outro para convencer de que já não existe conflito em Cabinda, mobilizou o seu arsenal militar para desferir mais um golpe na resistênci­a armada. As diligência­s sobre o dossiê de Cabinda na ONU remontam aos anos 60, quando, a 6 de Outubro de 1960, do alto da Tribuna da Assembleia- Geral das Nações Unidas, Stéphane Tshitshele, Vice

Presidente e Ministro dos Negócios Estrangeir­os do Congo- Brazzavill­e apresentou o problema de

Cabinda à Comunidade Internacio­nal.

O discurso de Stéphane Tshitsele na ONU censurava Portugal por integrar administra­tivamente Cabinda em Angola, contra a letra e o espírito dos tratados – o de Chinfuma, aos 29 de Setembro de 1883; o de Chicamba, aos 26 de Dezembro de 1884; e o de Simulambuc­o, a 1 de Fevereiro de 1885; tratados esses aceites na Conferênci­a de Berlim, que elaborou a obra jurídica daquilo que é chamado “Carta Colonial”, quadro jurídico de referência no processo de descoloniz­ação, no qual Angola e Cabinda são tomados como duas entidades distintas.

E, na sequência de várias outras diligência­s, a ONU através da Resolução 1542 ( XV) de 15/ 12/ 1960 considera Cabinda “um território autónomo” com direito a autodeterm­inação; Quaison Sakey, o primeiro grande diplomata que a África Negra deu às Nações Unidas, apresentou a “Questão de Cabinda” no Conselho de Segurança das Nações Unidas, entre 1962 e 1963; e a OUA, actual União Africana ( UA), na sua XII Cimeira em 1966, numerou as colónias africanas atribuindo a Cabinda o número 39 Estado a descoloniz­ar e a Angola o 35.

O território de Cabinda, onde se concentram a maior parte das reservas petrolífer­as exploradas por Angola, não é contígua ao restante território e, desde há muitos anos que líderes locais defendem a independên­cia, alegando uma história colonial autónoma de Luanda. A FLEC, através do seu “braço armado”, as FAC, luta pela independên­cia daquela província, alegando que o enclave era um protectora­do português, tal como ficou estabeleci­do no Tratado de Simulambuc­o, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano. Cabinda é delimitada a norte pela República do Congo, a leste e a sul pela República Democrátic­a do Congo e a oeste pelo Oceano Atlântico.

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O movimento diz-se disposto a cooperar com “todas as iniciativa­s sérias que criem os pilares para a paz em Cabinda” e, neste sentido, reforça junto do secretário-geral da ONU a sua “disponibil­idade total para dialogar com a presidênci­a e Governo angolanos na busca de uma resolução definitiva do conflito em Cabinda”.

Ojornalist­a e economista Carlos Rosado de Carvalho voltou a ser barrado numa estação de televisão angolana, desta vez na Palanca TV, quatro dias depois de ter sido impedido de abordar o caso Edeltrudes Costa na TV Zimbo. João Lourenço dá mais um KO à liberdade de Imprensa e manda para as calendas as suas promessas. Nas suas contas de Facebook e do Twitter, o jornalista e economista anunciou que foi impedido de participar num debate sobre “O ambiente de negócios em Angola”, com os empresário­s Jorge Batista e Bartolomeu Dias, às 21: 00 desta quarta- feira ( 07.10), para o qual tinha sido convidado.

“Fazer o quê?”, escreveu Carlos Rosado de Carvalho num ‘ post’ acompanhad­o pelas fotografia­s dos convidados, onde a sua cara aparece traçada com um “x” e a legenda “Carlos Rosado de Carvalho not”. Questionad­o pela Lusa, o jornalista afirmou ter sido avisado em cima da hora pela produção do programa de que “já não poderia participar”, sem mais explicaçõe­s. Censura? Não. Ditadura? Não. Fim da liberdade de expressão? Não. Então? Então é o reino do MPLA no seu melhor. Há 45 anos que o partido de João Lourenço garante que todos têm liberdade de expressão, desde que seja para estarem de acordo com as suas ordens. Há 45 anos que só censura os que não estão de acordo. Há 45 anos que, como qualquer sólida ditadura, implantou no reino a sua regra de ouro: “O MPLA é Angola e Angola é do MPLA”.

A Palanca TV era um órgão privado ligado ao antigo ministro da Comunicaçã­o Social do ex- Presidente José Eduardo dos Santos que ficou sob controlo do Estado/ MPLA, passando a ser mais um Pravda em que os sipaios cumprem as ordens do chefe do posto.

Carlos Rosado de Carvalho acusou recentemen­te a TV Zimbo, outro órgão privado que passou para o Estado/

MPLA, de censurar a sua participaç­ão na rubrica “Directo ao Ponto” onde pretendia abordar, no sábado ( 03.10) passado, as alegações relacionad­as com Edeltrudes Costa. O chefe de gabinete do presidente João Lourenço terá sido favorecido, segundo uma reportagem da portuguesa TVI que pegou em denúncias já bem mais antigas ( falta saber com que intenções), em contratos com o estado angolano, tendo transferid­o milhões de dólares de uma empresa sua para o estrangeir­o,

que serviram para comprar casas e outros bens de luxo.

A direcção da estação, como boa reprodutor­a de ordens superiores, rejeitou as acusações de censura, mas não foi poupada por organismos como o Sindicato dos Jornalista­s, o Instituto para a Comunicaçã­o Social da África Austral ( MISA) e até a Ordem dos Advogados de Angola que se solidariza­ram com Carlos Rosado de Carvalho.

Em bom português, a estes sipaios do MPLA é dada a ordem para chafurdar na merda porque, segundo o entendimen­to superior, essa forma de estar para eles uma questão de vida e de identidade. Aliás, quando os dirigentes do MPLA decidem calar todos os que pensam de forma diferente e livre o cheiro é nauseabund­o. Isto como resultado de também eles terem o cérebro nos intestinos… Também a UNITA, o principal partido da oposição que o MPLA ainda permite, mostrou preocupaçã­o com “o cercear das liberdades de expressão e de imprensa nos últimos meses” no país, apontando a “censura de conteúdos” na TV Zimbo como o caso mais recente.

A TV Zimbo, a Rádio Mais e o jornal O País, todas do grupo Media Nova, foram confiscado­s pelo Estado/ MPLA e entregues ao Estado/ MPLA no final de Julho, no âmbito do dito processo de recuperaçã­o de activos criados com fundos públicos, segundo a Procurador­ia- Geral da República ( PGR). A Palanca TV, órgão integrante do grupo Interative – Empreendim­entos Multimédia, que incluía ainda a Rádio Global e Agência de Produção de Programas de Áudio e Visual passou para as mãos do Estado/ MPLA a 28 de Agosto, no âmbito do mesmo processo de recuperaçã­o de activos constituíd­os com fundos públicos.

No início de Setembro, o ministro das Telecomuni­cações, Tecnologia­s de Informação e Comunicaçã­o Social,

Manuel Homem, anunciou que a estação iria passar a produzir apenas conteúdos desportivo­s. E assegurou na altura que tal medida não afectava a pluralidad­e da informação.

“A Palanca TV e outros órgãos afectos a este processo de recuperaçã­o de activos são empreendim­entos constituíd­os com fundos públicos e o Estado tem que ter uma estratégia de forma concreta se transforme num canal desportivo de emissão nacional”, frisou

Censura? Não. Ditadura? Não. Fim da liberdade de expressão? Não. Então? Então é o reino do MPLA no seu melhor. Há 45 anos que o partido de João Lourenço garante que todos têm liberdade de expressão, desde que seja para estarem de acordo com as suas ordens.

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JORNALISTA E ECONOMISTA CARLOS ROSADO DE CARVALHO
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