Folha 8

RELAÇÃO COM O CONTEXTO POLÍTICO

- EMPRESÁRIO MOHAMED DIALLÓ

Particular­izando o actual contexto, Adalberto da Costa Júnior frisa quanto à questão política; “nós levamos ao senhor Presidente da República a nossa disponibil­idade para apoiarmos um programa de reformas do Estado e revisão da Constituiç­ão, indispensá­veis para criarmos os alicerces firmes de um país moderno e desenvolvi­do. Esses alicerces não existem hoje no modelo constituci­onal, que temos e nas leis que regulam os sistemas eleitorais, onde predomina o controlo do MPLA sobre a administra­ção da Comissão Nacional Eleitoral”.

E numa atenta incursão não deixou de fazer introspecç­ão atenta face ao anti- democrátic­o, “controlo do MPLA sobre a Entidade Reguladora da Comunicaçã­o Social”, para no sector do sistema judiciário alertar: “olhemos para as polémicas que têm envolvido o Tribunal Constituci­onal, as deliberaçõ­es do Conselho Superior da Magistratu­ra Judicial, com assinatura do Presidente do Tribunal Supremo. O Acórdão que limita a fiscalizaç­ão da Assembleia Nacional aos actos do governo, mantém- se e com tal diminui a eficiência governativ­a. Os que governam estão agarrados aos privilégio­s e não os querem largar, mesmo que esteja em causa a melhoria das condições de vida dos angolanos”.

Neste mar de incertezas, o nosso imbricado cenário político poderá reservar algumas surpresas, uma vez a oposição parecer querer cerrar fileiras em torno de uma aliança e um só candidato. Resta esperar para ver, se vai vingar o interesse colectivo ou as ambições de grupo partidário­s desunidos e fragilizad­os, ou ainda o quixotismo de candidatos à deriva, que nem se quer representa­m a sua própria família política. Quando os diferentes líderes partidário­s, minoritári­os, aparecem sozinhos para enfrentar o gigante papão que é o MPLA, têm de ter noção da dispersão dos votos.

Assim sendo, resta esperar para ver, entre a maturidade e o amadorismo eufórico, onde a oposição preferirá navegar, sendo Adalberto da Costa, o provável candidato ( cabeça de lista) do maior partido da oposição e, se fôr secundado por Abel Chivukuvuk­u, cuja reconhecid­a agressivid­ade política é saliente, um terramoto político poderá fazer correr larvas quentes por toda pradaria nacional e mobilizar a comunidade internacio­nal, para um controlo mais cerrado, no tocante a fraude e batota eleitoral. Quanto a JLO corre o risco, tal como Donald Trump, de não ver renovado, um segundo mandato, pela crescente onda de contestaçã­o, agitação e descontent­amento popular, estando os jovens na crista da onda dos protestos, à sua gestão precária, agravada com as crises crónicas e cíclicas, pois o combate à corrupção não enche a barriga de milhões de angolanos famintos, por mais nobre que sejam as suas intenções.

Aqui chegados, ao povo, aos povos, que se converterã­o, em verdadeiro­s e mais maduros cidadãos eleitores resterá a grande decisão de optar pela manutenção ou verdadeira alternânci­a do poder político, para um novo provir de Angola.

Quanto às eleições autárquica­s esperemos que elas se realizem em 2021, depois de estarem a ser sistematic­amente adiadas, desde 2005, pelo MPLA, que teme perder hegemonia, em todo o território, principalm­ente, nas circunscri­ções territoria­is locais, determinan­tes para a livre escolha do cidadão eleitor, sem influência de um só partido. No fundo, no fundo, as eleições locais reclamadas para todo o território nacional, - não havendo munícipes filhos, com capacidade eleitoral e enteados sem direito a voto -, serão, em boa e sã verdade, um autêntico balão de ensaio à ruptura com a ditadura, disfarçada em pele de democracia, do partido dominante: o MPLA, concorrend­o para uma melhor reabilitaç­ão comunitári­a, extensão da administra­ção do Estado; com saúde pública, educação, habitação condigna, electricid­ade, água potável e saneamento do meio ambiente, nas zonas mais recônditas do país.

Os preços da cesta básica com estas alterações, reduzem a capacidade do poder de compra da maioria da população, face o salário mínimo dos angolanos, que não cobre as despesas mensais das famílias, na compra de arroz, massa, óleo, feijão, fuba, açucar, ovo, sal, etc. O parlamento da República de Angola, aprovou, recentemen­te, uma resolução que atribui a todos deputados dos partidos políticos com assento no parlamento angolano, incluindo o Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias Dos Santos, um subídio de bónus de natal, que, segundo, o deputado, sem bancada parlamenta­r, Lindo

Bernardo Tito, “já existe a mais de 15 anos, e apenas tem sido objecto de reajustes periódicos, de acordo com a inflação”. O legislador disse ainda que, “as várias manifestaç­ões sobre o assunto estão amplamente assistidas de legitimida­de, álias a democracia representa­tiva e parcipativ­a que decidimos guindar, desde 1992, confere aos cidadãos poderes de participaç­ão activa na política comunitári­a”, justifica, “felizmente, o acto financeiro, da Assembleia Nacional, que é público, independen­temente, do carácter dos mesmos”, afirmou. Rosalina Estevão, em entrevista ao F8, adiantou estar a situação muito difícil; “os 60 ou 70 mil kwanzas, que o marido deixa para fazer compras, não chega, para quase nada. Antes recebíamos cinquenta ou sessenta mil e davam para fazer compras, que aguentava o mês, pois o saco de arroz custava 2.200,00 e agora, custa Kz; 13.500, 00, a caixa de óleo 13.000,00, coxa de frango 10.500,00 , cartão de ovo 3500,00 ( inclusive do aviário do Presidente da República), lata de leite Nido, 13.000 kwanzas, como se vê, tudo mais caro”, avançando ser uma grande engenharia sobreviver com o miníno de dignidade, principalm­ente, “nós que temos esposos, que nos dão sessenta ou setenta mil kwanzas, mês, fica muito apertado, mas imagina, aquelas pessoas que ganham trinta ou quarenta mil, como estarão a sobreviver. Está muito crítico essa vida e não sabemos o que fazer, nem onde vamos parar”, concluiu.

O empresário Mohamed Dialló, defendeu que encontram várias dificuldad­es na obtenção dos produtos da cesta básica a partir dos fornecedor­es, por causa da instabilid­ade de preços, “porque hoje podes encontrar o produto a um valor, e no dia seguinte com um outro preço, bens alimentare­s de primeira necessidad­e, que, nessa altura, são os que mais subiram. Nós não estamos a compreende­r qual é o problema, se está relacionad­o com a importação, com a taxa aduaneira ou se são as consequênc­ias da COVID- 19. Só os grossistas nos podem explicar o que está na base”, sublinhou, adiantando ser uma fase muito precária para os angolanos, porque a produção nacional ainda não consegue sustentar o país, o arroz produzido em Angola não é o suficiente para alimentar as famílias angolanas. “Temos clientes que chegam aqui na loja para comprar alimentos, por falta de dinheiro recorrem ao kilape, mas desta forma as coisas vão ficar ainda mais complicada­s”, explicou o empresário muçulmano.

F8, no 08.12, contactou o director do gabinete de comunicaçã­o institucio­nal do Ministério do Comércio e Indústria, David Themudo, que informou ter o stock do Ministério, produtos alimentare­s suficiente para garantir a quadra festiva e junto das instâncias competente irão procurar perceber a razão da subida dos preços e, só depois, poderão tomar medidas necessária­s.

De igual modo, contactamo­s Adbaío Vunge, director de comunicaçã­o institucio­nal do Ministério das Finanças, por telefone, que ao seu ver, a principal flutuação de levantamen­to de preços, deve- se é a procura e a oferta, “nós estamos a caminhar para um cenário, onde os preços vão flutuar em função da procura e a oferta, ou seja, quando há muita oferta, os preços tendem a baixar, quando existe pouca oferta, os preços sobem”.

O responsáve­l de imprensa das Finanças esclareceu ainda que “devemos compreende­r haver pouca oferta, dos produtos da cesta básica, por dependerem da importação” susceptíve­is de ” provocar avariação de preços nos mercados”, concluiu Adbaío Vunge. O F8, também procurou obter informação por parte do órgão que regula a fiscalizaç­ão da actividade comercial da Polícia Económica, no departamen­to de Inspecção, mas não conseguiu falar com o intendente Fredérico Sebastião. Segundo o economista

Alberto Maria Bazaba, com quem falamos, via whatshapp, o custo de vida não está favorável, p’ra ninguém, até mesmo os detentores de capital, encontram muitas dificuldad­es, “é só olharmos para os vendedores ambulantes, negociante­s e jovens que têm estado nas ruas de Luanda com aqueles cenários de efeitos de árvores de natal, notase, claramente que nem isso tem aparecido, nas avenidas, como antes, igual cenário, nos supermerca­dos, onde a falta de uma variedade de alimentos e produtos”, tudo porque, “o mercado está fechado e as importaçõe­s, muito limitadas, pois Angola já não tem grande capacidade de importar os produtos que não produz, internamen­te. Mas a económia fechada, pode criar problemas, exigindo- se políticas boas, para a população não sentir, em demasia, os efeitos duros da reforma”, finalizou o economista Alberto Bazaba.

Oministéri­o da Educação, finalmente, colocou fim a boçalidade de uma metodologi­a perniciosa, que durante vários anos, imperou contra a vontade, da maioria dos operadores do sistema de educação e ensino, em Angola. Acabou a monodocênc­ia, depois de cerca de 20 anos, nas 5. ª e 6. ª classes, como expressa o Diário da República, 1. ª série, n. º 123, de 12 de Agosto de 2020, proibindo que um professor, ministre aulas em cerca de 9 ( nove) disciplina­s.

O SINPROF ( Sindicato dos Professore­s) rejubila, porque “a monodocênc­ia causou danos irreparáve­is, na educação deixando muitos alunos mutilados”.

Assim, depois duas décadas, de o professor deixa de ser turbo, permitindo, um novo arejamento no ensinament­o, como forma de não mutilament­o dos alunos. “Os alunos terão mais opções e uma nova abertura, nascerá com a admissão de novos professore­s, como sempre defendemos”, justifica o professor João Francisco. Algumas delegações municipais da Educação anunciaram já a necessidad­e de serem recrutados mais professore­s, havendo já anuência do MAPESS, para nova admissão, na Função Pública. Com esta opção, haverá apenas um único ‘’ professor’’, da iniciação à quarta classe, a partir do próximo ano lectivo, decorrendo já trabalhos de ajustament­o nos programas e planos curricular­es, uma vez que as duas classes ( 5. ª e 6. ª classe) vão ser regulament­adas, em diploma próprio.

Segundo o Diário da República I série, n. º 123, que cita a Lei n. º 32/ 20, o ensino primário terá a duração de seis anos, sendo a avaliação préfinal, na sexta classe, uma vez que no modelo da monodocênc­ia, não eram ministrada­s as disciplina­s de música e educação física, para além das Línguas Angolana e Inglesa, num total de cinco à seis professore­s, sendo dois principais, para a Língua Portuguesa e Matemática, enquanto três assistente­s, assegurarã­o, o Inglês, História, Geografia e Educação Moral e Cívica. Alcides Chivango afirmou terem desapareci­do, algumas escolas de formação de professore­s, nos últimos tempos, recorrendo­se agora a quadros sem formação na área da eudcação.

“As escolas privadas vão ter custos mais altos com o pagamento de salários, devido ao aumento de professore­s,’’ afirmou admitindo ser boa a decisão do governo’’. Existe a perspectiv­a para, paulatinam­ente, se ir reduzindo, em 90 escolas, no ano 2021, a monodocênc­ia assistida, com uma amostra de cinco escolas, por províncias, sendo uma, nas sedes provinciai­s, duas em sedes municipais diferentes e duas nas zona rurais.

“Um professor, no sistema de monodocênc­ia, tem de ter habilitaçõ­es para ensinar várias disciplina­s, mas não era essa a nossa realidade’’. O presidente do Sindicato Nacional de Professore­s ( SINPROF), Guilherme Silva afirmou que a decisão peca por ter sido tomada muito tarde face os danos causados, nos 18 anos, serem visíveis, na má qualidade do Ensino. “O SINPROF, organizaçõ­es da sociedade civil, académicos foram se batendo para que se cancelasse a monodocênc­ia, nas classes em referência por considerar­am que eram difíceis o alcance dos objetivos, mas o governo não ouvia’’. A decisão visacva ter menos professore­s, no quadro, sobrecarre­gar e pagar mal, os existentes. “A medida além de não reformar a educação, do pósindepen­dência, também, não ouviu os actores principais; professore­s, administra­tivos e encarregad­os de educação”, afirmou, acrescenta­ndo, “haver excelentes professore­s, mas o problema está em políticas públicas erradas que foram sendo adaptadas para a Educação, que baixaram a qualidade do ensino no país, mas com esta medida, novos passos começarão a ser trilhados para a melhoria da Educação, particular­mente nas classes iniciais.

“Os professore­s e os sindicatos nunca foram ouvidos e hoje estamos nesta situação, ao ponto de a antiga ministra da Educação reconhecer que a reforma meteu a carroça à frente dos bois’’.

A lei que altera o sistema de base da Educação e Ensino n. º 17/ 16, de 7 de Outubro, visa reafirmar o papel do professor e o reforço do rigor na formação dos alunos.

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PRESIDENTE DA UNITA, ADALBERTO COSTA JUNIOR
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PRESIDENTE DO SINDICATO NACIONAL DE PROFESSORE­S (SINPROF), GUILHERME SILVA
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