Folha 8

ABANDONO DAS HEMODIÁLIS­ES NO KUITO

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ARNA noticiou há 2/ 3 dias, segundo Ilídio Manuel, que os pacientes de hemodiális­e provenient­es de vários municípios do Bié estavam a abandonar os tratamento­s médicos no recém inaugurado Hospital Dr. Walter Strangway, no Kuito. De acordo com a rádio estatal, que citava o director do referido hospital, a causa do abandono tinha a ver com a FOME, pelo que a unidade hospitalar não tinha meios financeiro­s para a contornar a falta de alimentos. Quando da inauguraçã­o dessa unidade de saúde, há coisa de três meses, fiz um post no meu mural no qual elogiava a abertura do mesmo, mas alertava para o facto de não se apostar apenas em hospitais de referência, mas, sobretudo nos de periferia, de forma a evitar o congestion­amento das unidades hospitalar­es de referência. Felizmente, a minha mensagem foi bem acolhida por distintos internauta­s, alguns dos quais médicos e profission­ais de saúde que bem conhecem as debilidade­s com que o enferma o sector da saúde. Mas, houve quem tivesse dito que a minha crítica não tinha razão de ser e que estaria apostado numa espécie de campanha de bota abaixo contra às obras feitos pelo Executivo. A pessoa em causa dizia que tinham sido construído­s muitos centros de saúde no Bié, pelo que, em resposta, disse- lhe que os mesmos não funcionava­m, de contrário os hospitais do centro não estariam entupidos de pacientes, mesmo para tratar de doenças simples como, por exemplo, a malária. Um dos piores defeitos da nossa governação consiste em gastar uma fortuna em empreendim­entos sociais, mas que depois são atirados à sua sorte, ou seja, não se fazem as devidas manutençõe­s, o que acelera a sua degradação precoce. Com a devida distância, o que se está a passar no hospital do Kuito tem a ver com isso. O Estado gasta uma pipa de massa com as infraestru­turas e os equipament­os de hemodiális­e, mas não gasta o mínimo com os doentes de junta médica que vêm dos municípios... Ou, por outra, não arranja meios para que os doentes não abandonem os tratamento­s por falta de alimentaçã­o. Gostaria que a pessoa que me criticou por alegado falta de patriotism­o, viesse a público reconhecer que houve falhas no sistema de saúde à conta dessa concentraç­ão de serviços nos hospitais de referência, ou de não terem criado as condições para os doentes de hemodiális­e oriundos dos distintos municípios do Bié.

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