ABANDONO DAS HEMODIÁLISES NO KUITO
ARNA noticiou há 2/ 3 dias, segundo Ilídio Manuel, que os pacientes de hemodiálise provenientes de vários municípios do Bié estavam a abandonar os tratamentos médicos no recém inaugurado Hospital Dr. Walter Strangway, no Kuito. De acordo com a rádio estatal, que citava o director do referido hospital, a causa do abandono tinha a ver com a FOME, pelo que a unidade hospitalar não tinha meios financeiros para a contornar a falta de alimentos. Quando da inauguração dessa unidade de saúde, há coisa de três meses, fiz um post no meu mural no qual elogiava a abertura do mesmo, mas alertava para o facto de não se apostar apenas em hospitais de referência, mas, sobretudo nos de periferia, de forma a evitar o congestionamento das unidades hospitalares de referência. Felizmente, a minha mensagem foi bem acolhida por distintos internautas, alguns dos quais médicos e profissionais de saúde que bem conhecem as debilidades com que o enferma o sector da saúde. Mas, houve quem tivesse dito que a minha crítica não tinha razão de ser e que estaria apostado numa espécie de campanha de bota abaixo contra às obras feitos pelo Executivo. A pessoa em causa dizia que tinham sido construídos muitos centros de saúde no Bié, pelo que, em resposta, disse- lhe que os mesmos não funcionavam, de contrário os hospitais do centro não estariam entupidos de pacientes, mesmo para tratar de doenças simples como, por exemplo, a malária. Um dos piores defeitos da nossa governação consiste em gastar uma fortuna em empreendimentos sociais, mas que depois são atirados à sua sorte, ou seja, não se fazem as devidas manutenções, o que acelera a sua degradação precoce. Com a devida distância, o que se está a passar no hospital do Kuito tem a ver com isso. O Estado gasta uma pipa de massa com as infraestruturas e os equipamentos de hemodiálise, mas não gasta o mínimo com os doentes de junta médica que vêm dos municípios... Ou, por outra, não arranja meios para que os doentes não abandonem os tratamentos por falta de alimentação. Gostaria que a pessoa que me criticou por alegado falta de patriotismo, viesse a público reconhecer que houve falhas no sistema de saúde à conta dessa concentração de serviços nos hospitais de referência, ou de não terem criado as condições para os doentes de hemodiálise oriundos dos distintos municípios do Bié.