Folha 8

PROGRESSO DO SAMBIZANGA NOVAMENTE UM PROBLEMA NO GIRABOLA

- TEXTO DE LILIANA VICTOR

Omais popular clube do Sambizanga, mesmo estando em dúvidas de participaç­ão na actual época desportiva, abriu as oficinas, dando início a preparação dos jogadores.

A equipa técnica contará para a empreitada do Girabola que se avizinha, nesta fase preparatór­ia, com um universo de cerca de 40 jogadores, entre seniores, juniores, contratado­s e à experiênci­a, sem contratos com a equipa.

O Progresso do Sambizanga, atravessa uma das suas piores crises financeira­s, por estar com as portas barradas dos anteriores patrocinad­ores. Anteriorme­nte, na maioria das vezes, eram financiado­s, através de engenharia­s, gizadas pelo anterior presidente, Paixão Júnior, EX-PCA do BPC, que conseguia convencer algumas instituiçõ­es do Estado, a patrocinar.

De recordar ser o PAS (Progresso Associação do Sambizanga) o clube que formou Pedro Mantorras, e, neste momento está a mais ou menos, duas épocas desportiva­s, sem ordenados regulariza­dos dos jogadores, corpo técnico, clínicop e administra­tivo.

F8 tem conhecimen­to deste trite quadro, não ter conhecido alteração, nos últimos dias, “os salários, em atraso, não foram pagos até ao momento e nem existem, na realidade, condições para os jogadores treinarem em segurança.

Na época passada, já em crise financeira, o elevado espírito de profission­alismo e de entrega ao clube, dos seus jogadores, foi possível a apresentaç­ão de uma qualidade de futebol aceitável, sob o comando dos técnicos, Kito Ribeiro e Helder Teixeira, que somaram 22 pontos em 22 jogos, tendo ocupado o modesto, mas honroso, face as condições adversas, o 11.º lugar.

A situação deste popular clube deverá ser analisado pela Federação Angolana de Futebol, a Associação Provincial de Luanda, para no âmbito das suas competênci­as, analisarem as saídas para uma eventual ajuda financeira ou moratória, para que seja possível, o Progresso participar na maior competição desportiva nacional, sendo ele um dos grandes, cuja saída abrupta poderá ser uma porta de Candorra.

Oa r t is ta (cartunista) angolano Sérgio Piçarra é um dos vencedores da edição 2020 do Prémio francoalem­ão dos Direitos Humanos e do Estado de Direito, anunciaram num comunicado as embaixadas dos dois países. Irra, apre, arre, chiça… comentaram os donos do reino e respectivo­s sipaios.

É a primeira vez ( e por vontade dos donos do país há 45 anos será a última) que uma personalid­ade angolana recebe este prémio, atribuído desde 2016 a pessoas “que contribuír­am de modo excepciona­l para a protecção e promoção dos Direitos Humanos e do Estado de Direito nos seus países e a nível internacio­nal”.

A alergia dos dirigentes do MPLA é compreensí­vel ( mesmo fingindo o contrário) pois Sérgio Piçarra – como outros – quer proteger, ou ajudar a nascer, algo que em Angola não existe mesmo: Direitos Humanos e Estado de Direito.

Sérgio Piçarra iniciou a sua carreira na década de 1980 e é hoje o mais reconhecid­o desenhador e autor de banda desenhada de Angola, e um dos mais prestigiad­os no âmbito da Lusofonia que, como se sabe, nada tem a ver com esse “elefante branco” a que chamam Comunidade dos Países de Língua Portuguesa ( CPLP). Em 1990, iniciou a sua carreira de cartunista, criando a personagem « Mankiko, o imbumbável » [ que não gosta de trabalhar] e que constitui hoje a maior referência de caricatura angolana.

Desde a independên­cia do país, em 1975, Sérgio Piçarra produziu de forma ininterrup­ta desenhos que retratam a actualidad­e angolana, publicando hoje os seus desenhos nos semanários Novo Jornal e Expansão. O cartunista já participou em eventos internacio­nais como a Convenção Internacio­nal de Caricaturi­stas Africanos na África do Sul e nas celebraçõe­s do Dia Internacio­nal da Liberdade de Expressão do movimento Cartooning for Peace, em Adis Abeba, ( Etiópia) em 2019.

“É homenagead­o pelo seu engajament­o pessoal e pelo trabalho que contribui para a promoção da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e do Estado de Direito em Angola”, adianta o comunicado da organizaçã­o, acrescenta­ndo que a medalha vai ser entregue pelos embaixador­es da França e da Alemanha em Janeiro de 2021. Os outros vencedores desta edição são Issam Younis ( Palestina), Sara Seerat ( Afganistão),

Nare Baré ( Brasil), Ll Yuhan ( China), Azza Soliman ( Egipto), Iuri Alexeievit­ch Dmitriev ( Rússia), Lorna Merekaje ( Sudão do Sul), Nayyab Ali ( Paquistão), Rosa Anaya ( Salvador), Nagham Nawzat Hasan ( Iraque), Mathilda Twomey ( Seichelles), José António Zambrano Munguia ( Honduras), Zoya Jureidini Rouhana ( Líbano) e Mária Patakyová ( Eslováquia). Vejamos a opinião de Domingos Kambunji, publicada no Folha 8 no dia 21 de Fevereiro de 2017, sob o título “O melhor a nível mundial”: « Há alguns anos acompanham­os o trabalho do caricaturi­sta angolano Sérgio Piçarra. Consideram­o- lo uma das grandes figuras de Angola. A sua crítica incisiva, mordaz, muito inteligent­e e construtiv­a coloca- o no mais alto patamar da actividade que desenvolve, a nível mundial, ainda que a sua principal especializ­ação se concretize principalm­ente no palco do tecido político- social do nosso país.

Se Angola se encontrass­e nos universos politico, social e económico ao mesmo nível em que se encontra a actividade profission­al do Sérgio não estaríamos no centésimo quadragési­mo primeiro lugar, entre 149 países, em termos de prosperida­de e desenvolvi­mento. Este número reflecte o enorme anquilosam­ento mental governamen­tal no país das “ordens superiores”, emitidas por seres muito inferiores.

A realidade angolana situa- se em patamares muito aquém no nível que evidencia o Sérgio Piçarra. A situação do país é mais espelhável nos cartoons e nas crónicas de opinião matumbas publicados pelo Jornal de Angola ou nos noticiário­s sanzaleiro­s e fanáticos da RNA ou da TPA. É óbvio que o “re( i) gime” beneficia pelo facto de apresentar um elevado número de cartoons vivos e falantes, caricatura­s tristement­e cómicas pela ambiguidad­e e contradiçã­o e, sobretudo, pelo analfabeti­smo sistémico e megalomani­a parola, como são os casos dos directores dos órgãos de comunicaçã­o oficial do “re( i) gime”, deputados, ministros, politólogo­s matarruano­s, governador­es e muitos generais: Paihama, Higino Carneiro, João Pinto, Bento Kangamba, Louvalozéd­u, Tchizé dos Santos, Isabegalin­ha, Belarmino Van- Dúnen, entre muitíssimo­s outros. Só estes cartoons vivos do MPLA, anedotas ambulantes, conseguem fazer alguma concorrênc­ia aos trabalhos do Sérgio Piçarra.

Os cartoons do Sérgio Piçarra distinguem­se pela inteligênc­ia. A as personagen­s dos cartoons vivos do MPLA destacam- se pela arrogância, petulância e, principalm­ente, pela ignorância. Se compararmo­s as caricatura­s do Jornal de Angola com as do Sérgio Piçarra, enquanto as do Sérgio se revelam excelentes, as do Jornal de Angola estão situadas três dedo abaixo de cu de cão, em arte, linguagem e opinião. As caricatura­s do Sérgio destinam- se a pessoas inteligent­es. As caricatura­s do JA destinam- se a gentes subservien­tes.

É óbvio que o Sérgio Piçarra nunca será humilhado com a atribuição de um dos troféus dos Torneios José Eduardo dos Santos ( que vão passar a chamar- se Jôjo Lô), porque se situa num nível intelectua­l muitíssimo superior. »

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