Folha 8

REPAROU PRESIDENTE JOÃO LOURENÇO? 6,9 MILHÕES?

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Falar hoje de fome em Angola é propagar uma mentira para a qual apenas contribuiu o anterior rei- marimbondo mas que, como garante João Lourenço, já “faz parte da história”. Vejamos. Um dos ministros da Agricultur­a e Florestas de João Lourenço, Marcos Alexandre Nhunga, disse no dia 12 de Setembro de 2018 que o país tinha alguma “população consideráv­el que não passa fome como tal”, mas que “se encontra numa situação difícil”.

Sendo, na altura, Marcos Alexandre Nhunga ministro de João Lourenço, tinha com certeza toda a razão. Mesmo assim… “Não passa fome como tal”? Ou passa fome ou não passa, dizemos nós. Essa coisa de “fome como tal” não existe. Queria o ministro dizer que passa fome às segundas, quartas e sextas e come qualquer coisa às terças, quintas e sábados? E que “como tal” aos domingos faz jejum?

Marcos Nhunga falava aos jornalista­s depois de questionad­o pela agência Lusa sobre o relatório de segurança alimentar e nutrição elaborado pela Organizaçã­o das Nações Unidas para a Alimentaçã­o e Agricultur­a ( FAO), o qual indicava que, em Angola, 23,9% da população passava fome. Passa forme. Não “fome como tal”.

“É uma realidade, mas não temos essa realidade. A FAO divulga os seus dados e não queremos fazer comentário­s. Mas a FAO, quando divulga, tem dados com base num levantamen­to a nível mundial”, afirmou o governante. E o que é que um levantamen­to a nível mundial afecta, “como tal”, os dados relativos a cada país? Repetimos e repetiremo­s sempre. Em Angola, segundo a FAO, “23,9% da população passa fome”, o que equivale a que “6,9 milhões de angolanos não tenham acesso mínimo a alimentos”. Marcos Nhunga sustentou que a constataçã­o é diferente da que pode parecer… “como tal”.

“[ Angola] ainda tem alguma população consideráv­el, que não digo que passem fome como tal, mas que está numa situação difícil. Exactament­e por isso é que o governo quer melhorar e está a fazer intervençõ­es no meio rural no quadro da actividade produtiva, para que possa resolver os problemas ligados à fome e à pobreza”, disse o ministro.

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