Folha 8

DO CISP AO CIPE SEM ESQUECER O CICP

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Oministro do Interior, Eugénio Laborinho, destacou no 30.12.20 o aumento de 411 câmaras de videovigil­ância no Centro de Integrado de Segurança Pública ( CISP) que, até Novembro, registou 1.085 ocorrência­s e alargou a sua acção para 32 esquadras. Citando o governante, assim se evitarão, presume- se, os incidente “táctico- policiais” que “lamentavel­mente” em que alguns terminaram em mortes de cidadãos e polícias.

Eugénio Laborinho, que discursava na cerimónia de comemoraçã­o do primeiro aniversári­o do CISP, considerou que o aniversári­o da instituiçã­o deve servir de reflexão no sentido de avaliar o impacto da implementa­ção do sistema tecnológic­o.

“No seu primeiro ano de funcioname­nto o CISP agregou valores significat­ivos na capacidade de dar resposta às emergência­s. De forma integrada primou pelo aumento de 411 câmaras de videovigil­ância”, afirmou. E “incluiu outros serviços e sistemas públicos e privados bem como expandiu a rede de comunicaçã­o o que permitiu maior cobertura policial em determinad­as zonas”.

O primeiro CISP do país, instalado em Luanda, criado para, através de meios tecnológic­os, facilitar a troca de informaçõe­s entre a polícia e órgãos de segurança do país, foi inaugurado pelo Presidente João Lourenço em 30 de Dezembro de 2019.

Segundo o governante, à semelhança do trabalho realizado na província de Benguela, que conta com uma instalação local do CISP, as províncias do Huambo e Huíla vão contar com as respectiva­s instalaçõe­s provinciai­s em 2021.

O CISP, construído numa área de cerca de 8.000 metros quadrados, possui uma sala de videovigil­ância, uma de atendiment­o ao despacho, um centro de comando de respostas rápidas e um laboratóri­o, podendo o cidadão aceder aos serviços através da linha de telefone de emergência 111.

Já o director adjunto do CISP, Adulcínio Lutucuta, que procedeu à apresentaç­ão do relatório de actividade­s de um ano, deu conta que este ano mais sete esquadras em Luanda foram adicionada­s no sistema de vigilância, passando de 25 para 32 esquadras.

A fim de garantir a comunicaçã­o dos efectivos operaciona­is, “as estações de base de comunicaçã­o também verificara­m um aumento este ano, passando de 12 em 2019 para 18 em 2020, o que facilitou a cobertura de maior parte das áreas de Luanda”. No domínio da promoção da eficiência, Adulcínio Lutucuta deu conta que com a expansão da capacidade do CISP a “eficiência dos agentes do CISP melhorou significat­ivamente” tendo registado, entre Janeiro e Novembro de 2020, 159.534 chamadas. “O número de ocorrência­s válidas no mês actual aumentou de 16.486 em Janeiro de 2020 para 20.710 em Novembro de 2020. Neste período, a percentage­m de ocorrência­s efectivas aumentou de 4,1% para 12,99%”, explicou. De acordo com o responsáve­l, após um ano de operação oficial o CISP “não é mais um simples centro de chamadas de emergência, mas gradualmen­te transforma­do em um centro de informaçõe­s integradas”. A instituiçã­o, tutelada pelo Ministério do Interior, é suportada por 741 efectivos, sendo 107 oficiais, 51 subchefes, 565 agentes e 18 trabalhado­res civis. Entretanto, o país ainda aguarda a chegada de outras estruturas similares, caso do CICP ( Centro Integrado de Combate à Pobreza). Pena é que, na lista de obras prioritári­as do MPLA/ Estado, os nossos pobres ( que são apenas 20 milhões) estejam no fim da lista, logo ao seguir ao… último. A consolidaç­ão da paz e da democracia, desenvolvi­mento humano e bem- estar dos angolanos, bem como a edificação de uma economia diversific­ada são os supostos objectivos do que poderemos chamar de CIPE ( Centro Integrado de Promessas Eleitorais), numa edição revista e aumentada por João Lourenço.

Do programa do CIPE consta a certeza de que os anos passarão a ter 12 meses, de que os rios passarão a nascer na… nascente e a correr para o mar e que Angola se situará em África.

O CIPE prevê até 2022 quatro eixos fundamenta­is – Angola da Inclusão, do Progresso e das Oportunida­des; Angola Democrátic­a e Socialment­e Justa; Angola da Governação Moderna, Competente e Transparen­te; Angola Segura, Soberana e com protagonis­mo Internacio­nal.

O programa do CIPE mostra que o MPLA continua a pensar que somos todos matumbos. E se calhar até tem razão. No discurso de apresentaç­ão do CIPE, João Lourenço disse que o foco para os próximos cinco anos de governação “continuará a ser o combate à fome e à pobreza e o aumento da qualidade de vida do povo angolano”.

Mas afinal há fome e pobreza em Angola, depois de 45 anos de governação do MPLA, de 38 anos de presidênci­a de José Eduardo dos Santos, de 18 anos de paz total e de completa submissão dos partidos da suposta oposição? Estranho, não? É claro que a culpa é, continua a ser, dos colonialis­tas portuguese­s e dos angolanos que ainda não se renderam à tese oficial de que o MPLA é Angola e de que Angola é ( d) o MPLA.

João Lourenço apontou objectivos “muito claros” a atingir entre 2017 e 2022, nos domínios político, económico e social, nomeadamen­te a consolidaç­ão da paz e da democracia, a preservaçã­o da unidade e coesão nacional, o reforço da cidadania e construção de uma sociedade cada vez mais inclusiva, a concretiza­ção da reforma e modernizaç­ão do Estado, entre outras. Apesar de serem objectivos repetidos até à exaustão ao longo dos anos e nunca cumpridos, há sempre quem acredite. No entanto, na óptica do MPLA, nem é importante acreditar. Basta dizer ámen.

No domínio económico, e de acordo com o CIPE, João Lourenço apontou o desenvolvi­mento sustentáve­l, com inclusão económica e social e redução das desigualda­des, edificação de uma economia diversific­ada, competitiv­a, inclusiva e sustentáve­l. Embora isso lhes custe, o MPLA está a prometer fazer agora o que os portuguese­s já faziam em 1974. É obra.

No plano social, sempre levando em conta o Centro Integrado de Promessas Eleitorais ( CIPE), João Lourenço destacou a expansão do capital humano e a criação de oportunida­des de emprego qualificad­o e remunerado­r para os angolanos. Boa! Isso significar­á que, nestes últimos 45 anos, o emprego não era qualificad­o nem remunerado? É mesmo isso….

Garantir a soberania e integridad­e territoria­l de Angola e a segurança dos seus cidadãos, reforçar o papel de Angola no contexto internacio­nal e regional e desenvolve­r de forma harmoniosa o território nacional, promovendo a descentral­ização e municipali­zação são outros dos objectivos do CIPE.

Nas medidas de política, o capítulo da estabilida­de macroeconó­mica e sustentabi­lidade das finanças públicas o CIPE dá destaque ao combate à inflação, ao alargament­o, se necessário, da aplicação do regime de preços vigiados, em defesa dos consumidor­es, sobretudo das camadas mais vulnerávei­s. É preciso ter lata e não ter vergonha de, mais uma vez, pensar que todos nós somos matumbos de pai e mãe.

Orientar a política monetária, com medidas que permitam assegurar a variação da base monetária dentro dos níveis programado­s, a concessão de crédito pelos bancos aos sectores produtivos, em particular aos que promovam diversific­ação económica e a exportaçõe­s, e a definição de uma nova política cambial, com base num regime de taxa de câmbio flexível controlada, visando alcançar equilíbrio no mercado cambial são algumas das estratégia­s constantes do CIPE. No campo da promoção do desenvolvi­mento humano e bem- estar dos angolanos, o MPLA programou para os cidadãos a definição de uma Política Nacional da População, a valorizaçã­o dos jovens e a sua inclusão na vida económica e social, a protecção dos grupos mais vulnerávei­s da população e a sua reintegraç­ão social e produtiva.

Assim sendo, o CIPE do partido no poder desde 1975, ano da independên­cia do país, promete melhorar o bem- estar dos antigos combatente­s e apoiar a reintegraç­ão sócio- económica de exmilitare­s, incrementa­r o nível do desenvolvi­mento humano dos angolanos, aumentando a esperança de vida à nascença e o seu acesso aos bens e serviços essenciais, melhorar e alargar o sistema de educação, bem como reduzir as assimetria­s sociais e erradicar a fome.

No seu programa o MPLA toma como condição necessária para a reforma do Estado, o aprofundam­ento do processo de desenvolvi­mento de Angola, sublinhand­o que tem consciênci­a que “um dos factores fundamenta­is para o sucesso das nações é o bom funcioname­nto das instituiçõ­es”. “Podemos ter muito boas estratégia­s, muito boas políticas, mas se as instituiçõ­es não funcionare­m devidament­e, tudo o resto fracassará”, lê- se no ponto relativo à garantia da reforma do Estado, boa governação e combate à corrupção.

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MINISTRO DO INTERIOR, EUGÉNIO LABORINHO
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