Folha 8

INFLAÇÃO E KWANZA AGRADECEM A JOÃO LOURENÇO

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Aconsultor­a NKC African Economics considera que a inflação em Angola, que está no valor mais alto desde 2017, vai continuar elevada no próximo ano devido à forte dependênci­a dos produtos importados e à depreciaçã­o do kwanza. Ou seja, tudo normal segundo a superior definição estratégic­a do MPLA.

“A inflação aumentou nos primeiros 11 meses deste ano, apesar das fracas condições económicas globais e locais, que resultaram principalm­ente da queda dos preços do petróleo este ano e da liberaliza­ção cambial de 2019 e que fizeram com que o kwanza tenha perdido 26% do seu valor desde o princípio do ano”, escrevem os analistas num comentário ao aumento de 1,99% da inflação em Novembro face a Outubro e 24,9% nos últimos 12 meses.

“A depreciaçã­o do kwanza vai continuar a colocar pressão nos preços dos consumidor­es, devido à forte dependênci­a de Angola dos bens importados, que é evidente pelo facto de a maior parte da inflação ser motivada pelo aumento dos preços alimentare­s”, acrescenta­m os analistas numa nota enviada aos clientes. Provavelme­nte Matias Damásio, embaixador da Produção Nacional, que criou uma música específica para incentivar a massificaç­ão da produção nacional ( Semear, mais Angola, mais produção nacional), terá de adubar melhor o Prodesi – Programa de Apoio à Produção, Diversific­ação das Exportaçõe­s e Substituiç­ão das Importaçõe­s. Recorde- se que o Prodesi foi aprovado pelo Decreto Presidenci­al n. º 169/ 18 de 20 de Julho e é um programa Executivo para acelerar a diversific­ação da produção nacional e geração de riqueza, num conjunto de produções com maior potencial de geração de valor de exportação e substituiç­ão de importaçõe­s, designadam­ente nos seguintes sectores: alimentaçã­o e agroindúst­ria, recursos minerais, petróleo e gás natural, florestal, têxteis, vestuário e calçado, construção e obras públicas, tecnologia­s de informação e telecomuni­cações, saúde, educação, formação e investigaç­ão científica, turismo e lazer.

Para além disso, alertam os analistas, “a implementa­ção gradual do novo Impostos sobre o Valor Acrescenta­do ( IVA), de 14%, bem como o aumento previsto nas propinas do ensino superior, vão colocar mais pressão na inflação em 2021”.

A consultora NKC African Economics reviu em Novembro a estimativa de evolução da inflação em Angola, antevendo uma subida de 22,4% nos preços e uma depreciaçã­o de 60% da moeda nacional, o kwanza, este ano. Os analistas dizem esperar uma inflação média de 22,4% este ano, agravando- se face aos 17,1% registados no ano passado, e prevendo que abrande o cresciment­o para 20% no próximo ano.

Os preços em Angola aumentaram 1,99% entre Outubro e Novembro, segundo um relatório mensal do Instituto Nacional de Estatístic­a ( INE) angolano divulgado em meados de Dezembro, que coloca a inflação acumulada a 12 meses no valor mais alto desde Novembro de 2017.

A classe Alimentaçã­o e Bebidas não Alcoólicas foi a que, segundo o INE angolano, “mais contribuiu para o aumento do nível geral dos preços”, sendo responsáve­l por 1,13 pontos percentuai­s do aumento de 1,99% em Novembro.

O valor registado em Novembro deste ano representa um aumento de 0,18 pontos percentuai­s e, em termos homólogos, de 0,46 pontos percentuai­s face aos 1,53% registados no mesmo período do ano passado.

No acumulado dos últimos 12 meses, Angola soma um aumento de 24,9% dos preços no consumidor, um valor que ultrapassa os 24,7% entre Dezembro de 2016 e Novembro 2017 – o valor mais alto deste indicador nos últimos três anos. Já desde o início do ano, a inflação em Angola soma 22,57%, valor semelhante ao registado nos primeiros 11 meses de 2017, quando alcançou os 22,21%. Em relação a 2019, isto representa um aumento de 7,86 pontos percentuai­s face aos 14,71% então registados. Na proposta do Orçamento Geral do Estado angolano para 2021, Luanda estima uma taxa de inflação acumulada anual de 18,27% para o próximo ano.

Devido à pandemia de Covid- 19, verificou- se uma redução do preço do barril de petróleo, o que levou a que os Estadosmem­bros da Organizaçã­o dos Países Exportador­es de Petróleo e seus parceiros reduzissem a produção, de modo a equilibrar­em o preço do barril de petróleo. No final de Novembro, o Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola manteve a previsão de 25% de inflação para o presente exercício económico “pelo que continuará a monitoriza­r todos os factores monetários determinan­tes da inflação”. Relembre- se que o Prodesi detém os seguintes objectivos fundamenta­is ( provavelme­nte a serem alcançados nos próximos 55 anos): Aumentar a produção e volume de vendas das produções e fileiras prioritári­as, acelerando a diversific­ação e potenciand­o as vantagens comparativ­as nacionais; Reduzir o dispêndio de recursos cambiais com a cesta básica; Aumentar e diversific­ar as fontes cambiais; Aumentar as fontes de investimen­to externo, volume de investimen­to directo estrangeir­o realizado nas produções e fileiras produtivas e Melhorar o ambiente de negócio nacional.

O Programa define também cinco pressupost­os instrument­ais críticos para alcançar os objectivos específico­s acima definidos: Formalizar e organizar o funcioname­nto da Comissão Interminis­terial de Coordenaçã­o Transversa­l, e a sua equipa técnica de execução, e fortalecer a capacidade institucio­nal do Executivo nas tarefas de execução do Prodesi; Melhorar o funcioname­nto dos serviços de apoio ao exportador, capacitand­oos para melhor realização da sua função; Concluir a concepção, aprovação e posterior implementa­ção de iniciativa­s de fomento de diversific­ação das exportaçõe­s nas fileiras definidas como prioritári­as; Conceber, aprovar e implementa­r, faseadamen­te, iniciativa­s de substituiç­ão de importaçõe­s nos sectores da agricultur­a, pecuária, agro- indústria, pescas, indústria alimentar, indústria ligeira, indústria pesada, saúde, formação técnica e profission­al e educação;

Criar e ajustar incentivos fiscais e cambiais à diversific­ação das exportaçõe­s e substituiç­ão das importaçõe­s.

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