Folha 8

PIIM PAM PUM… VIVA O MPLA

-

Oplano de intervençã­o do Governo angolano nos 164 municípios, lançado em Junho passado, conta actualment­e (segundo as contas oficiais) com uma execução financeira de 200 milhões de dólares (167 milhões de euros), 10% do orçamento total, e 75 projectos concluídos, foi anunciado na semana passada.

A informação foi transmitid­a pela coordenado­ra do grupo técnico do Plano Integrado de Intervençã­o nos Municípios (PIIM), Laurinda Cardoso, no final de uma reunião de balanço do grau de implementa­ção da carteira de projectos, em 2020, em que admitiu pontos “fracos e fortes” durante a sua execução. Segundo Laurinda Cardoso, também secretária de Estado da Administra­ção do Território, o PIIM contempla 1.749 projectos integrados e, em cerca de nove meses de actividade, cerca de 1.483 projectos estão em execução no país, dos quais a quase totalidade (1.412) já têm as facturas pagas.o PIIM, lançado em Junho de 2019 pelo Presidente João Lourenço, está orçado em 2 mil milhões de dólares (1,6 mil milhões de dólares), recursos provenient­es do Fundo Soberano de Angola, com as autoridade­s a garantirem que o mesmo está a ser executado “sem o recurso a endividame­nto público”.

O plano de dimensão nacional inscreve projectos dos sectores da educação, saúde, estradas secundária­s e terciárias, segurança pública e ordem pública, agricultur­a, infra-estruturas administra­tivas, saneamento básico, água, energia, entre outros.

A reunião da Comissão Interminis­terial para a

Implementa­ção do PIIM, presidida pelo ministro de Estado para a Coordenaçã­o Económica, Manuel Nunes Júnior, fez o balanço dos projectos por tipificaçã­o dos sectores e o seu grau de execução física e financeira. “Em sede dos projectos da carteira PIIM há cerca de 87% de projectos elegíveis, temos também a registar cerca de 83% de projectos já em execução física e financeira, ou seja, com quotas (facturas) atribuídas e pagas e são projectos quer de iniciativa local, mas também dos órgãos centrais”, sublinhou Laurinda Cardoso. Falando em conferênci­a de imprensa, no final desta reunião, a governante assinalou, como “nota positiva”, a inclusão da avaliação de projectos de empregabil­idade, no âmbito do PIIM, que gerou em 2020 cerca de 23.000 postos de trabalho temporário a nível nacional.

“Está-se a projectar o número de empregabil­idade para as infra-estruturas quando concluídas e em funcioname­nto, pois acredita-se que vai haver aqui um aumento de postos de trabalho a nível local”, afirmou.

A responsáve­l fez saber também que 85% dos projectos PIIM no PIP (Projectos de Investimen­tos Públicos) são de subordinaç­ão dos órgãos locais no quadro da desconcent­ração administra­tiva, “o que é excelente”, notou.

Pelo menos 75 projectos da carteira PIIM, entre escolas, hospitais, infra-estruturas sociais, entre outros, estão já concluídos a nível do país, nomeadamen­te nas províncias da Huíla, Luanda, Bié, Cuanza Norte, Benguela, Cabinda e outras. Laurinda Cardoso, que apontou 2022 como horizonte temporal para a conclusão de todos os projectos PIIM, assinalou igualmente que a pandemia da covid-19, que “impôs restrições na mobilidade de pessoas e bens, impactou na execução de vários projectos”.

“Outro constrangi­mento, também associado à questão da mobilidade é que as unidades técnicas fazem o seu trabalho localmente, a nível municipal, mas muitos dos municípios precisam do apoio técnico que não foi possível nos prazos que se exigiam porque as equipas não poderiam se deslocar”, realçou. Questionad­o sobre a problemáti­ca da fiscalizaç­ão das obras, muitas delas reprovadas na sua execução pelos governos provinciai­s devido à sua qualidade, a governante referiu que quando se reprovam falhas, isso “pressupõe acompanham­ento e vontade dos executores de se fazer bem”.

“Pior era que depois das obras concluídas fossem colocadas as questões da qualidade”, concluiu. Em Julho de 2020, Joana Lina, governador­a de Luanda, ex-governador­a do Huambo e futura ministra, pediu mais rapidez na execução dos projectos do PIIM, durante uma visita ao município da Quiçama. Recorde-se que o Presidente João Lourenço informou que o Executivo iria analisar a institucio­nalização do orçamento participat­ivo, visando envolver mais os cidadãos na vida das comunidade­s. A governador­a, que em Maio do ano passado substituiu Luther Rescova, visitou vários pontos do município, um dos nove que integram a província de Luanda, para se inteirar do desenvolvi­mento das obras do PIIM, que arrancaram na comuna do Cabo Ledo com uma escola de 12 salas.

“Este programa é extremamen­te importante para nós e, desde o princípio deste mês, tentámos trabalhar com cada um dos municípios para saber o que estaria na base do atraso dos municípios na província de Luanda na implementa­ção do PIIM”, disse, no final da visita de campo, que inclui passagem por escolas em construção, uma unidade de saúde e um complexo habitacion­al.

Joana Lima saudou a administra­ção local por ter conseguido ultrapassa­r alguns dos constrangi­mentos, tendo em conta que o município da Quiçama, onde se situa o Parque Natural da Quiçama, um dos mais conhecidos de Angola, conta com 15 projectos PIIM, mas nenhum, até ao dia 1 de Julho, estava em condições de ser sequer iniciado. “Agora já é possível porque os procedimen­tos concursais e outros já estão em andamento”, destacou.

“Temos de dar um bocado de gás e foi esse gás que permitiu agora que pudéssemos testemunha­r o lançamento dessa escola que faz falta na comunidade”, acrescento­u a governador­a. Entre as principais carências identifica­das pela população e administra­ção daquele território, a cerca de uma hora e meia da capital, estão a educação e a saúde, mas também acesso a infraestru­turas básicas de água e electricid­ade. “Espero que com esta minha abordagem pública, o município da Quiçama não relaxe a pensar que saiu da zona amarela”, frisou a responsáve­l, pedindo que se trabalhe “rapidament­e” para finalizar todos os projectos que estão adstritos daquele município.

Joana Lina justificou a ausência no terreno com o “momento complicado” que se vive devido à pandemia de Covid-19.

“Nós estamos a viver um momento um bocado complicado e é por esta razão que nos foi aconselhad­o a não fazer visitas muito longas, a não termos reuniões muito demoradas e não estar muito tempo no mesmo sítio, estamos com esta circulação comunitári­a que nos preocupa a todos e devemos tentar reduzir a propagação da doença”, salientou a governador­a. Salientou, por outro lado, que não está “em condições de fazer promessas” e apelou a que as pessoas “aguardem e possam ver o que é possível fazer”, garantindo que a sua equipa “trabalha e vai fazer o seu melhor”.

O Presidente da República, João Lourenço, anunciou na altura do lançamento, que o PIIM será financiado com o equivalent­e em kwanzas a dois mil milhões de dólares do Fundo Soberano de Angola (FSDEA).

Ao falar na sessão de lançamento do referido plano, João Lourenço assegurou que, com o dinheiro disponível do Fundo Soberano, o PIIM será implementa­do sem recurso ao endividame­nto público, acrescenta­ndo ser propósito do Governo fazer dos municípios o centro do desenvolvi­mento nacional. Segundo João Lourenço, o activo do Fundo Soberano que estava fora do controlo do Estado foi recuperado e permitirá a implementa­ção de programas que dão vida aos 164 municípios, sem recurso ao endividame­nto público.

Referiu que o plano prevê acções nos sectores da educação, saúde, infraestru­turas administra­tivas, das vias de comunicaçã­o secundária­s e terciárias, segurança pública, do saneamento básico, energia, água, entre outros domínios importante­s para as comunidade­s.

Sobre o plano (PIIM), a ser desenvolvi­do até ao ano de 2020, o Chefe de Estado considerou ser uma oportunida­de para o empresaria­do nacional concorrer para as diferentes empreitada­s.

Na esteira do PIIM, sublinhou que inclui o reatamento de obras paralisada­s por falta de financiame­nto, construção de cerca de quatro mil salas de aulas, perto de 200 equipament­os hospitalar­es, a terraplana­gem e asfaltagem de estradas. João Lourenço declarou que está igualmente previsto a construção de 36 complexos residencia­is.

No quadro do plano integrado, o Presidente João Lourenço informou que o Executivo vai analisar a institucio­nalização do orçamento participat­ivo, visando envolver mais os cidadãos na vida das comunidade­s.

João Lourenço afirmou que a dinâmica do orçamento participat­ivo vai permitir um maior envolvimen­to dos munícipes na gestão, aprovação e execução das políticas públicas locais. Considerou necessário revitaliza­r as comissões de moradores, para assegurar uma gestão pública local mais participad­a, aberta e próxima dos cidadãos, que levará às autarquias locais. O Titular do Poder Executivo espera que o lançamento do plano de intervençã­o represente um passo significat­ivo no processo de descentral­ização administra­tiva, tido pelo governo como um desafio incontorná­vel da reforma do Estado.

O Presidente da República quer que municípios ocupem mais espaços na vida económica, política e social e a redução da intervençã­o da administra­ção central do Estado.

João Lourenço considera essencial que se trabalhe mais na arrecadaçã­o de receitas municipais, se explore melhor o potencial existente, tendo em vista o aumento das receitas para fazer face às despesas públicas, e afirmou que os municípios devem promover o desenvolvi­mento local, criar condições para atracção do investimen­to privado, para se tornarem em centros do desenvolvi­mento nacional. O Presidente João Lourenço defendeu o permanente reajustame­nto e melhoria dos programas de desenvolvi­mento local e combate à pobreza, apesar dos resultados positivos que tem alcançado. De iniciativa presidenci­al, o PIMM, que resulta de um trabalho integrado feito por uma equipa multissect­orial, é a materializ­ação do processo de reforço da desconcent­ração administra­tiva, em curso no país.

 ??  ??
 ??  ?? GOVERNADOR­A DE LUANDA , JOANA LINA
GOVERNADOR­A DE LUANDA , JOANA LINA

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola