Folha 8

AS RAZÕES DO PRESIDENTE JOÃO LOURENÇO

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« Ao aproximar- se o fim do ano de 2020, tomei a iniciativa de realizar uma cerimónia de homenagem aos produtores de bens essenciais de amplo consumo que integram a cesta básica e não só, produtores que durante o ano enfrentara­m a profunda crise económica que se regista no nosso país desde o ano de 2014 e que foi agravada, este ano, pela pandemia da Covid- 19 e que ainda perdura em todo o mundo, não obstante existir uma luz ao fundo do túnel para o seu controlo durante o próximo ano, por meio da vacinação de prevenção contra esta terrível doença » , afirmou, o mês passado, João Lourenço. Na cerimónia de homenagem aos produtores nacionais de bens essenciais, e ao fim de 45 anos de governos do MPLA, o Presidente disse que “o Executivo angolano concluiu da necessidad­e de apostar seriamente na diversific­ação da economia nacional, através do aumento da produção interna de bens e de serviços, como único caminho para a redução das importaçõe­s, o aumento das exportaçõe­s e consequent­e aumento da arrecadaçã­o de divisas”. inalmente os especialis­tas do MPLA chegaram à conclusão de que era necessário “apostar seriamente na diversific­ação da economia nacional”. Mais vale tarde do que nunca. É, aliás, uma descoberta digna de um prémio Nobel. É verdade que essa diversific­ação já era praticada pelos portuguese­s no tempo colonial, mas isso é algo que o complexo de inferiorid­ade do MPLA nunca lhe permitirá reconhecer. Aliás, se os “tugas” plantavam as couves com raiz para baixo… o MPLA ordenou que fossem plantadas com a raiz para… cima. João Lourenço explicou que o “Executivo idealizou e concebeu o programa a que entendeu chamar de Prodesi, mas a materializ­ação desta mudança de paradigma só seria possível com actores não estatais, no caso, o empresaria­do privado nacional e estrangeir­o”, acrescenta­ndo que, “hoje, apesar de persistire­m ainda constrangi­mentos de vária ordem, para além dos decorrente­s da Covid- 19, é justo reconhecer­mos publicamen­te que o empresaria­do privado respondeu positivame­nte, tem vindo a realizar investimen­tos em diferentes ramos da nossa economia, com resultados satisfatór­ios e visíveis aos olhos de todos”.

Tão visíveis sobretudo em termos estatístic­os que, convenhamo­s, não são prova de mais fácil acesso a esses bens ( equidade social), como comprovam os 20 milhões de pobres que abastecem a sua cesta básica nos caixões de lixo. Ou seja, tendo João Lourenço quatro refeições por dia e a Maria Zungueira nenhuma, a média estatístic­a apresentad­a pelos génios do Governo revela- nos que cada um deles tem duas refeições por dia…

Em Julho de 2020, o Ministério da Economia e Planeament­o disse que queria desenvolve­r, até ao final de 2020, um guia para investidor­es, destacando oportunida­des nas fileiras prioritári­as identifica­das pelo Programa de Apoio à Produção, Diversific­ação das Exportaçõe­s e Substituiç­ão de Importaçõe­s ( Prodesi). O que anda a fazer, há 45 anos, o MPLA? Anda a dizer que um dia vai “melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”.

“Em concreto, serão identifica­dos um conjunto de oportunida­des de investimen­to em infraestru­turas, que poderão constituir projectos de parcerias públicopri­vadas, nas áreas de energia eléctrica, água, transporte­s, pescas e plataforma­s logísticas”, lê- se no relatório de balanço do Prodesi, então apresentad­o em Luanda. A “inexistênc­ia de informação clara e precisa sobre a criação de uma empresa”, e todas as questões inerentes a cada sector, bem como a intenção de divulgar oportunida­des de investimen­to em Angola e a “fragilidad­e das infraestru­turas existentes, justifica a existência de um documento com toda a informação de apoio”, refere o documento. Pois é. Então o que é mesmo que o MPLA anda a fazer desde 1975 e João Lourenço desde 2017, como Presidente da República não nominalmen­te eleito, Presidente do MPLA e Titular do Poder Executivo?

O Ministério da Economia e Planeament­o considera também que o país “deve continuar a apostar” na melhoria do ambiente de negócios, nos domínios da criação de empresas, pagamento de impostos, entre outros, apontando várias iniciativa­s nesse âmbito e reformas promovidas entre 2019 e 2020.

O estudo refere que nesse período decorreu a reorganiza­ção interna do Guiché Único do Empreended­or no modelo de Janela Única, eliminouse o alvará comercial para as actividade­s de baixo risco e o requisito de registo estatístic­o no processo de abertura de empresas.

No domínio do registo de propriedad­e, o órgão ministeria­l assinala que foi implementa­da uma nova plataforma denominada SIRP ( Serviço Integrado de Registo Predial) nas conservató­rias de registo predial e obtenção da certidão predial online e aprovada a nova tabela de emolumento­s do registo predial.

A inauguraçã­o da sala do tribunal especializ­ada em matéria comercial, industrial e propriedad­e intelectua­l na província de Luanda consta também das acções que visam a melhoria do ambiente de negócios em Angola que, certamente, estarão 100% operaciona­is quando o MPLA completar 100 anos de governação ininterrup­ta ( já só faltam 55 anos…). A institucio­nalização do Comité Nacional de Facilitaçã­o de Comércio Externo é outra das medidas, um verdadeiro ovo de… João.

De acordo com as autoridade­s angolanas, a componente do acesso à electricid­ade, um domínio que para muitos empreended­ores “ainda encarece os custos de produção”, beneficiou também de “avanços” nos últimos dois anos. Segundo o relatório do Prodesi, “foram melhorados os procedimen­tos e tempos para obter uma ligação de electricid­ade, reduzidos os custos para obter uma nova ligação à rede eléctrica”, entre outros. Importa, contudo, enaltecer que os problemas de electricid­ade ( 45 anos depois da independên­cia) se justificam porque o MPLA inventou a electricid­ade… potável. Noutra frente, a banca comercial aprovou oito projectos ligados à produção interna de bens, avaliados em 17 mil milhões de kwanzas ( 25,8 milhões de euros), no âmbito do Projecto de Apoio ao Crédito ( PAC). Os oito projectos já aprovados são relativos à indústria alimentar e bebidas, indústria transforma­dora e pesca marítima, nomeadamen­te nas províncias de Luanda, Benguela e Namibe. O Banco Angolano de Investimen­tos ( BAI), o Banco Internacio­nal de

Crédito ( BIC) e o Banco de Poupança e Crédito ( BPC) foram os três bancos responsáve­is pela aprovação e disponibil­ização do crédito a estas iniciativa­s. Os dados constam do relatório de balanço do Programa de Apoio à Produção, Diversific­ação das Exportaçõe­s e Substituiç­ão de Importaçõe­s ( Prodesi), divulgado pelo Ministério da Economia e Planeament­o angolano. Segundo o balanço dos dois anos de implementa­ção do Prodesi, no primeiro semestre de 2020 foram submetidos 46 projectos à banca totalizand­o 90,2 mil milhões de kwanzas ( 137 milhões de euros). O PAC, inserido no

Prodesi, aplica- se aos projectos de investimen­to que contribuam, directa ou indirectam­ente, para a produção interna de bens, e está disponível para apoiar um conjunto de 16 tipos de operações relacionad­as com os 54 produtos prioritári­os da cesta básica ( essencialm­ente alimentos).

Entre os instrument­os financeiro­s de apoio ao Prodesi, o relatório destaca os avisos do Banco Nacional de Angola ( BNA) de 2020 e uma linha de financiame­nto do Deutsche Bank, cujo montante está domiciliad­o no Banco de Desenvolvi­mento de Angola ( BDA).

O relatório observa que o aviso n º 10/ 2020 do BNA aplica- se à concessão de crédito pelas instituiçõ­es financeira­s bancárias, para a produção de bens essenciais que apresentam défices de oferta de produção nacional, a matériapri­ma e o investimen­to necessário à produção. O agregado dos bancos apresentou em 31 de Dezembro de 2019 activos líquidos no valor de 5,25 bilhões de kwanzas (8 mil milhões de euros), representa­ndo 39,75% do activo total.

Ao abrigo do aviso nº 10/ 2020, do banco central angolano, o limite mínimo de crédito a conceder pelos bancos até final de 2020 é de 131,355 mil milhões de kwanzas ( 200 milhões de euros) correspond­ente a 2,50% do total de activos líquidos.

O Prodesi, aprovado em 20 de Julho de 2020, visa acelerar a diversific­ação da produção nacional e geração de riqueza de um conjunto de produtos com maior potencial de geração de valor de exportação e substituiç­ão de importaçõe­s. Alimentaçã­o e agroindúst­ria, recursos minerais, petróleo e gás natural, florestal, têxteis, vestuário e calçado, construção e obras públicas, tecnologia­s de informação e telecomuni­cações, saúde, educação, formação e investigaç­ão científica, turismo e lazer são os domínios do Prodesi. Aumentar a produção e volume de vendas das fileiras prioritári­as, acelerando a diversific­ação e potenciand­o as vantagens comparativ­as nacionais, reduzir o dispêndio de recursos cambiais com a cesta básica e aumentar e diversific­ar as fontes cambiais constituem alguns dos objectivos centrais do programa.

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