O CARTÃO DE VISITA DO KWANZA SUL É A POEIRA
OKwanza Sul já foi uma das zonas mais pitorescas de Angola, não só pela sua beleza natural, como pelo imenso capital económico, que brota do seu solo, subsolo, mares e rios, que a guindou, ainda no período colonial, para os altos holofotes das praças mundial, pelo seu potencial agrícola. O café robusto, cujo aroma se propaga por vários metros é não só irresistível como inconfundível, daí ter contribuído para o PIB que tornou Angola entre as três maiores produtoras de café, só quebradas pela gestão danosa e dolosa de quem em 1975 proclamou a independência e nunca mais saiu do poder, como se o país fosse sua propriedade privada. A Gabela, celeiro cafeícola teve o privilégio de ser, desde o ontem colonial e o até hoje/ MPLA, a primeira região do interior, com um ramal ferroviário: o Caminho de Ferro da
Gabela, que terminava na zona portuária do Porto Amboim, para esvaziar os vagões carregados de café, com destino para as principais praças consumidoras mundiais. Infelizmente, estes trios electricos, foram assassinados pela má gestão governativa, que se deslumbrou com a arrecadação de dinheiro fácil, gerado pelo petróleo, mas recurso esgotável.
Hoje o Kwanza Sul é, tal como as demais províncias, uma peça rasgada num oceano sonhado pelos seus habitantes, depois da partida dos colonizadores, que infelizmente, tarda, por incompetência governativa, em chegar, uma vez ter se convertido numa zona em permanente desbravamento, inundada de buracos, crateras, ravinas, poeiras e demais quejandos.
“No período colonial, no Sumbe e demais capitais dos municípios, por exemplo, não tínhamos poeira nem buracos. Hoje, desde a independência temos de ensinar, aos nossos filhos, algo que não conhecíamos do tempo colonial, que são os buracos, ravinas, pântanos, buracos, poeiras e outras desgraças, que são o dia a dia”, lamenta o ancião ( 69 anos de idade) António Malaquias.
Um lamento que se estende de 1975 à 2020, com a maioria dos cidadãos a eleger ( via internet e boca a boca), no 12.01.21, por cansaço, ante o descasso governativo e incompetência, que parece congénita, o 1. º secretário do MPLA e governador do Kwanza Sul, Job Capapinha, como o pior governante, que liderou a província. “A sujeira, a falta de saneamento básico, poeira e outros poluentes, que se transformaram em cartão postal das cidades do Porto Amboim, Libolo, Sumbe, Waku Kungu e outras é demais e, nós, populares, ficamos com a sensação de que os administradores e governadores que são indicados para governar esta cidade, não gostam, nem têm pena destes povos, pois não se compreende, como municípios e cidades tão pequenas, continuam a ser um monturo de lixo, buracos, poeira e outros poluentes”, reclama, indignado Fernando Cassongo Antunes, munícipe do Porto Amboim, que, jocosamente, diz, não ser muita a sua tristeza, porque os do habitantes do Sumbe, capital da província, não estarem melhor, pese ser lá onde está o palácio do governador.
“O Sumbe está como está, aqui tudo falta, o Kwanza Sul é para mim a província mais esquecida se olhar para o país, projectos atrás de projectos que disso mesmo não passam, estamos muito cansados com a governação aqui”, disse ao F8, Marinalva de Freita, acrescentando “sermos, também ( Sumbe), a capital da poeira no país, porque as estradas estão mal, a energia é uma escuridão, intermetente, a água para todos é a da chuva, pois a outra, na maioria das torneiras, corre apenas ar. Em suma, estamos mal, como se fossemos a cauda do boi”, desabafa António Nicolele.
“Hoje, no Kwanza Sul, para usar roupa branca ou clara, tens de ter carro, porque se estiveres a andar a pé ou no candongueiro, ficares todo sujo. Depois, para lavares tens outro problema, até o sabão está mais caro, para os pobres, quando deveria ser um produto barato até por causa, agora do COVID”, assevera o jovem Frederico Consolo.