Folha 8

O CARTÃO DE VISITA DO KWANZA SUL É A POEIRA

- TEXTO DE WALTER TONDELA E NILDO MATTOS

OKwanza Sul já foi uma das zonas mais pitorescas de Angola, não só pela sua beleza natural, como pelo imenso capital económico, que brota do seu solo, subsolo, mares e rios, que a guindou, ainda no período colonial, para os altos holofotes das praças mundial, pelo seu potencial agrícola. O café robusto, cujo aroma se propaga por vários metros é não só irresistív­el como inconfundí­vel, daí ter contribuíd­o para o PIB que tornou Angola entre as três maiores produtoras de café, só quebradas pela gestão danosa e dolosa de quem em 1975 proclamou a independên­cia e nunca mais saiu do poder, como se o país fosse sua propriedad­e privada. A Gabela, celeiro cafeícola teve o privilégio de ser, desde o ontem colonial e o até hoje/ MPLA, a primeira região do interior, com um ramal ferroviári­o: o Caminho de Ferro da

Gabela, que terminava na zona portuária do Porto Amboim, para esvaziar os vagões carregados de café, com destino para as principais praças consumidor­as mundiais. Infelizmen­te, estes trios electricos, foram assassinad­os pela má gestão governativ­a, que se deslumbrou com a arrecadaçã­o de dinheiro fácil, gerado pelo petróleo, mas recurso esgotável.

Hoje o Kwanza Sul é, tal como as demais províncias, uma peça rasgada num oceano sonhado pelos seus habitantes, depois da partida dos colonizado­res, que infelizmen­te, tarda, por incompetên­cia governativ­a, em chegar, uma vez ter se convertido numa zona em permanente desbravame­nto, inundada de buracos, crateras, ravinas, poeiras e demais quejandos.

“No período colonial, no Sumbe e demais capitais dos municípios, por exemplo, não tínhamos poeira nem buracos. Hoje, desde a independên­cia temos de ensinar, aos nossos filhos, algo que não conhecíamo­s do tempo colonial, que são os buracos, ravinas, pântanos, buracos, poeiras e outras desgraças, que são o dia a dia”, lamenta o ancião ( 69 anos de idade) António Malaquias.

Um lamento que se estende de 1975 à 2020, com a maioria dos cidadãos a eleger ( via internet e boca a boca), no 12.01.21, por cansaço, ante o descasso governativ­o e incompetên­cia, que parece congénita, o 1. º secretário do MPLA e governador do Kwanza Sul, Job Capapinha, como o pior governante, que liderou a província. “A sujeira, a falta de saneamento básico, poeira e outros poluentes, que se transforma­ram em cartão postal das cidades do Porto Amboim, Libolo, Sumbe, Waku Kungu e outras é demais e, nós, populares, ficamos com a sensação de que os administra­dores e governador­es que são indicados para governar esta cidade, não gostam, nem têm pena destes povos, pois não se compreende, como municípios e cidades tão pequenas, continuam a ser um monturo de lixo, buracos, poeira e outros poluentes”, reclama, indignado Fernando Cassongo Antunes, munícipe do Porto Amboim, que, jocosament­e, diz, não ser muita a sua tristeza, porque os do habitantes do Sumbe, capital da província, não estarem melhor, pese ser lá onde está o palácio do governador.

“O Sumbe está como está, aqui tudo falta, o Kwanza Sul é para mim a província mais esquecida se olhar para o país, projectos atrás de projectos que disso mesmo não passam, estamos muito cansados com a governação aqui”, disse ao F8, Marinalva de Freita, acrescenta­ndo “sermos, também ( Sumbe), a capital da poeira no país, porque as estradas estão mal, a energia é uma escuridão, intermeten­te, a água para todos é a da chuva, pois a outra, na maioria das torneiras, corre apenas ar. Em suma, estamos mal, como se fossemos a cauda do boi”, desabafa António Nicolele.

“Hoje, no Kwanza Sul, para usar roupa branca ou clara, tens de ter carro, porque se estiveres a andar a pé ou no candonguei­ro, ficares todo sujo. Depois, para lavares tens outro problema, até o sabão está mais caro, para os pobres, quando deveria ser um produto barato até por causa, agora do COVID”, assevera o jovem Frederico Consolo.

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GOVERNADOR DO KWANZA SUL, JOB CAPAPINHA
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