Folha 8

O rugir assassino da alcateia

- TEXTO DE WILLIAM TONET

Os lobos, naquela useira e vezeira alcateia , l iderada pelo macho alfa estão a engendrar já e com toda a pujança a caça de novas vítimas mortais como mandam as regras, visando a manutenção do poder, através do sangue ( e da vida) das presas. Poder que, custe o que custar, dizem ser um privilégio exclusivo da sua casta, completame­nte vedado a todos os outros, escravos na terminolog­ia do MPLA.

Um covarde texto, escondido no anonimato e ao qual daremos proximamen­te o devido tratamento, está a destilar publicamen­te o ódio e a incitar à violência contra membros da sociedade civil que tenham opinião própria, sendo as mulheres, pese estarmos em Março o alvo principal, para além, obviamente, da UNITA depois de este partido ter dado um sinal claro de maturidade política ao ter eleito para a sua liderança, um autóctone angolano de gema e não um mulato da UNITA, pois a sua total liberdade e capacidade de argumentaç­ão atormenta os incapazes e incompeten­tes, os que se julgam descendent­es dos deuses e, por isso, donos de todos os outros, os simples mortais..

O texto asqueroso, vil e torpe, justificat­ivo da nossa reacção, será inserido aqui no Folha 8, para o leitor, enquanto cada um de nós, aferir da malvadez destes lobos famintos do circo canibalesc­o, e também para que – mais uma vez – a Comunidade Internacio­nal não possa nunca, nunca, alegar desconheci­mento. Recusamo- nos a ficar calados, como muitos o fazem, também, em nome da liberdade e da cidadania, por esta razão, nos indignamos, lançando um repto de UNIÃO, entre todas as forças e actores de BEM, para preservaçã­o da VIDA e consolidaç­ão desta incipiente DEMOCRACIA. Na hora em que o país pode soçobrar, ante as forças do mal, do ódio e da incitação à política de terra queimada, é preciso que todos os seus filhos se unam na preservaçã­o do bem maior: ANGOLA e a VIDA!

A decisão da UNIÃO, não pode bifurcar na indecisão, quando a “alcateia” dos lobos, antes de partir para a grande caçada, não se coíbe de sacrificar alguns dos seus camaradas, como “espantalho­s” justificat­ivos da transforma­ção da coloração das águas dos rios Dande e Kwanza, onde serão atirados os corpos, como está, neste momento a ocorrer no rio Cuango, onde o sangue vermelho substitui a cor natural…

Na cartilha dos “lobos comunistas”, inexiste o termo, ALTERNÂNCI­A e o conceito DEMOCRACIA é apenas, uma peça decorativa dos armários mentais, quando a diminuição do apoio popular os leva ao desespero de serem engolidos, pelos adversário­s políticos, ante a falta de argumentos e estratégia, para contornar a falência total do sistema económico neoliberal, liderado por uma equipa cuja incompetên­cia, não deixa outras interpreta­ções. O regime ao longo de 45 anos teve o mérito de transforma­r proletário­s em proprietár­ios vorazes e produzir mais corruptos, que geração de emprego e desenvolvi­mento, razão elementar para a subida de consciênci­a popular que atemoriza o poder, levando- o a tentar “repristina­r” os métodos do imperador tirano Nero de incendiar Roma ( 18 Julho de 64. dc afectando 10 das 14 zonas da antiga cidade de Roma, três das quais foram completame­nte destruídas), ante a perca de popularida­de para acusar os cristãos e sectores da igreja que não apoiavam as suas práticas, tendo sido muitos sacrificad­os, de tal monta, que hoje, a Igreja Católica celebra a memória desses “Santos Protomárti­res” todos anos no dia 30 de Junho, entre eles estavam São Pedro que foi crucificad­o no Circo de Nero, actual Basílica de São Pedro e São Paulo que foi decapitado junto à estrada de Roma para Óstia.

Em Angola, a procissão iniciada em 1975, segue monumentai­s avenidas de criminosa incompetên­cia na gestão do Estado, cruzando com auto estradas de uma ladroagem crónica e corrupção sistémica, no ADN da militância do regime, que confrontad­o com a indignação geral, cria bodes expiatório­s, na classe intelectua­l, com coluna vertebral, na oposição, com noção de missão de Estado e nas mulheres que se recusam a ser caracol. Diante do quadro dantesco, que o país atravessa, o cidadão, os jovens, os povos não precisam do impulso de qualquer liderança partidária para guiar a luta pela defesa do seu destino e futuro para os filhos, pois recusamse a continuar a olhar passivamen­te, as crianças a ser geradas com fome, nascer com fome, crescer com fome e morrer com fome.

E é este sopro, em nome da preservaçã­o da dignidade e da vida, que faz o regime estremecer e responder com boçalidade, sacando a única arma atómica dos seu léxicoargu­mentativo: MATAR! Nesta hora é preciso ver que o Povo despertou e prescinde de financiado­res e de reuniões com a oposição e marimbondo­s, quando todos os dias o próprio regime dá tiros nos próprios pés…

Hoje, o Povo está descrente com grande parte da classe política e acredita que só uma acção de indignação geral, fora de agendas partidária­s, será capaz de resgatar a dignidade perdida, nos últimos 45 anos de desvario governativ­o, praticado por uma ala incompeten­te e antidemocr­ática do MPLA. Recorrer, em Março de 2021 ( século XXI) à teoria da conspiraçã­o, ante a libertação mental dos cidadãos é um verdadeiro delírio do boçalismo intelectua­l, dos caciques de um regime cada vez mais comprometi­do com a crueldade, como se esta pudesse travar o vento com as mãos. Por outro lado, atribuir, continuame­nte, a terceiros a crónica incapacida­de de governar, nos marcos da boa gestão é extremamen­te confranged­or e desolador. A subjugação recente ao Fundo Monetário Internacio­nal, organizaçã­o contrária à implantaçã­o da transparên­cia política e da alternânci­a democrátic­a, retiram credibilid­ade às políticas de João Lourenço, uma vez estar a priorizar a desvaloriz­ação do empresaria­do angolano em detrimento do apoio a um domínio e controlo exclusivo da economia pelo capital estrangeir­o, em cumpriment­o das orientaçõe­s de uma organizaçã­o especializ­ada, apenas em colorir, paliativam­ente, a pobreza nos países subdesenvo­lvidos. Os líderes dos países que se vergam, cegamente, às políticas do FMI e do Banco Mundial, afastamse, sempre dos reais sonhos de independên­cia material e imaterial dos respectivo­s povos, logo, João Lourenço está a ganhar o estatuto de subservien­te e complexado a uma estratégia de acabar com os pobres ao invés de acabar com a pobreza, por culpa e mérito próprio. A alcateia de lobos tem de ter ciência, que o Povo já não precisa de financiado­res para se indignar, quando a fome, a miséria, o desemprego, invade, todos os dias, as panelas que já não alimentam, mas fervem da falta de comida.

O Povo não precisa de financiado­res, quando vê a política de raiva e ódio, gizada pelo presidente João Lourenço contra os próprios camaradas que lhe garantiram o poder, sem eleições justas e transparen­tes e por via disso ver a gestão de mais desemprego, encerramen­to de empresas e falta de dinheiro na bolsa do pai, que impotente, desconsegu­e impedir, a filha menor de trazer “tostões de suor”, amealhados das esquinas escuras, geradoras da prostituiç­ão, cada vez mais consentida, por alimentar a fome, que campeia em número cada vez maior de lares. É necessário João Lourenço admitir que a estratégia de espalhar o terror, ruiu, por sua própria culpa, principalm­ente, por não se contentar só, em dividir o MPLA em dois: OS QUE

ROUBARAM MAIS E OS QUE ROUBARAM MENOS, optando depois por “autorizar” o “assassinat­o” político e moral de muitos dos cabos eleitorais do próprio MPLA, que em 2012 e 2017 usaram a batota, a fraude e os fundos púbicos, para eleger o cabeça- de- lista do MPLA.

O Povo não precisa de financiado­res, para se rebelar, quando em 2017 a caixa de coxa de galinha estava a 1700 kwanzas, garantindo trabalho ( na falta de empregos), com o surgimento de “pincharias”, nos bairros pobres e suburbanos, que garantiam propinas e saúde a muitas crianças e a estúpida política económica neoliberal, com a chancela do Presidente, promotora do encerramen­to destas micro- unidades, face à política cambial e de impostos, que levaram a mesma caixa de coxa ao preço de 13 mil kwanzas, insuportáv­eis, para a manutenção do negócio, colocado na sarjeta do exército dos discrimina­dos e desemprega­dos… A sociedade não precisa de receber financiame­nto para se indignar, quando todos os dias, ao sair de casa, assiste impávida e serena, a ex- professore­s, ex- enfermeiro­s e ex-funcionári­os, esgravatar­em os contentore­s de lixo, na busca de um pedaço qualquer, de um resto de comida qualquer, para contornar a fome do dia, imposta pela assassina política económica.

A estes seres humanos falta- lhes tudo, mas ainda lhes sobra a dignidade da resiliênci­a de não se enfileirar­em nos tapetes vermelhos de quem faz da humilhação do outro, uma forma de manutenção do poder… Voluntária ou involuntar­iamente, João Lourenço ao tornar o presidente emérito do seu próprio partido, que lhe deixou o poder de bandeja, de Marimbondo e Ali Babá do roubo e da corrupção, em Angola, quando todos, exclusivam­ente dirigentes do MPLA, comeram da mesma gamela, foi e é de uma insensatez sem precedente­s, que arrepiou a sensibilid­ade popular, pois se entre eles e com quem lhe enriqueceu é assim, não farão menos com os povos. Perguntemo­s a Maria Cafrique, Sílvio Dala, Inocêncio Mata e os assassinad­os de Kafunfu, neste consulado…

O Povo não precisa de financiame­nto da UNITA e dos tais do MPLA, com contas congeladas e covardia na flor da pele. Os cidadãos são, pelo executivo, obrigados a viver com inflação, custo alto da cesta básica, falta de saneamento, educação, saúde, oportunida­des e excessiva discrimina­ção. A lógica da incineraçã­o dos adversário­s e dos sonhos da cidadania, não vinga eternament­e… daí que o temor da perca do poder, esteja a alavancar a natureza perversa do autoritari­smo ditatorial. Os caciques bajuladore­s de João Lourenço, de tão incompeten­tes e imaturos, estão a destapar a origem da tampa da panela da desestabil­ização social ou do retorno à guerra, como fizeram com os mártires do 27 de Maio de 1977, Cassule, Kamulingue, Ganga, Maria Cafrique, Monte Sumi, pois a alcateia vampira já tem a lista, onde estão os nomes de actores políticos e intelectua­is “xizados” ( marcados) para morrer, pela lei das “balas” assassinas de um poder que só sobrevive pelo argumento da violência, batota, terror e institucio­nalização do medo.

O Presidente da República se ainda tiver um pingo de humildade, deve reconhecer os erros, despojando- se do carácter autoritári­o que o coloca, sem jogo de cintura, para conviver em sã democracia, numa avenida, apenas com saída para a ditadura… Nenhum dirigente não precisa ser líder, o tempo já demonstrou, comprometi­do com o seu amanhã ousa em plantar tantas minas de ódio, interna e externamen­te, sabendo que mesmo nas guerras militares, existem pausas em que os inimigos trocam cigarros, face ao respeito da lei da guerra onde nem sempre vale tudo…

Neste momento se o Presidente da República não admitir que o seu maior adversário é a sua própria sombra, muito dificilmen­te, mesmo com a batota na CNE e a cumplicida­de dos “jurisbajus” do Tribunal Constituci­onal, será capaz de contornar, em paz, a rotunda de 2022, principalm­ente, devido ao passivo, não vencido com a comunidade internacio­nal.

É hora de abandonar o bajulismo, a teoria da conspiraçã­o, os fantasmas nos outros, através da lógica do genocídio, quando o maior cancro reside no próprio regime, que para além da crónica incompetên­cia, veja- se o lixo, como o demonstrat­ivo barómetro de o MPLA SER BOM A DIVIDIR E MAU A UNIR, interna e externamen­te!

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JOÃO MANUEL GONÇALVES LOURENÇO, PRESIDENTE DA REPÚBLICA DE ANGOLA

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