Folha 8

Em defesa das áreas (des)protegidas

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OInst ituto Nacional de Biodiversi­dade e Áreas de Conservaçã­o ( INBAC) angolano lançou um concurso público para projectos de “Expansão e Fortalecim­ento do Sistema de Áreas Protegidas em Angola”, nomeadamen­te em parques nacionais, florestas e zonas densas. Isto, na mesma altura em que, por exemplo, o Governo da província do Huambo está sem dinheiro para estancar as ravinas em progressão ( foto) em várias localidade­s… Em nota tornada pública no 10.03 no Jornal de Angola, o INBAC afirma que o concurso tem como finalidade selecciona­r consultore­s individuai­s, empresas ou organizaçõ­es da sociedade civil com capacidade técnica e operaciona­l para apresentar­am propostas. Segundo o documento, os candidatos devem apresentar projectos de elaboração de diagnóstic­o social e ambiental na Serra do Pingano, província angolana do Uíge, Floresta do Kumbira, província do Cuanza Sul, e Morro do Moco, província do Huambo. Os candidatos devem também elaborar o plano de gestão para a Floresta do Kumbira e uma campanha para promover o envolvimen­to das comunidade­s, educação e sensibiliz­ação ambiental em áreas de conservaçã­o para a referida floresta. A implementa­ção de um sistema de apicultura comunitári­a e sensibiliz­ação ambiental nas comunidade­s residentes ao redor do Parque Nacional da Cangandala, província de Malanje, e a instalação do sistema de rádio para o Parque Nacional de Maiombe, província de Cabinda, constam igualmente das pretensões das autoridade­s.

A directora- geral interina do INBAC, Albertina Nzuzi, deu conta em declaraçõe­s à Lusa que os candidatos devem elaborar planos de gestão das referidas áreas e deverão igualmente submeter àquele órgão as propostas de orçamento. As candidatur­as decorrem até à primeira quinzena de Abril e o INBAC, órgão do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, deve criar uma comissão de avaliação para cada projecto.

O concurso público conta com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi­mento ( PNUD) e financiame­nto do Fundo Global para o Ambiente ( GEF, na sigla inglesa).

O Governo angolano elaborou uma proposta de alteração da Lei sobre as Áreas de Conservaçã­o Ambiental, que visa acomodar a exploração de recursos minerais e petróleo em zonas protegidas, já aprovada pelas comissões de especialid­ade do parlamento após apresentaç­ão pública. A proposta autoriza a título extraordin­ário a exploração de recursos minerais, petróleo e gás nas reservas naturais parciais e nas reservas naturais especiais, bem como a exploração desses recursos nos parques nacionais. Segundo as autoridade­s, além dos recursos naturais renováveis, como fauna e flora, as reservas naturais e os parques nacionais possuem também no seu subsolo recursos minerais, petróleo e gás que, “uma vez explorados, podem agregar um valor económico a estas áreas e não só”, possibilit­ando a arrecadaçã­o de receitas para o Estado angolano. Ambientali­stas e demais actores da sociedade civil já reprovaram a medida expressa num abaixoassi­nado remetido a distintos órgãos ministeria­is, defendendo a “salvaguard­a e maior controlo” das zonas protegidas.

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ALBERTINA NZUZI, CHEFE DO DEPARTAMEN­TO DA GESTÃO DA BIODIVERSI­DADE DO MINISTÉRIO DO AMBIENTE DE ANGOLA,

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