Angola vai? Vai. Onde? Isso interessa?
Aempresa norteamericana Sun Africa, especializada em energia, lançou no 11 de Março a construção de um megaprojecto fotovoltaico e de baterias em Angola, que produzirá 370 megawatts ( MWP) em sete centrais.
O início do megaprojecto, orçamentado em 524 milhões de euros e que a empresa prevê que esteja terminado no terceiro trimestre de 2022, será marcado com o lançamento da pedra fundamental em Biópio, na província de Benguela ( a tão desejada Califórnia do MPLA), que acolherá o maior dos projectos. A central de produção de Biópio terá uma capacidade de produção prevista de 188 megawatts e será “o maior projecto solar individual da África Subsaariana”, de acordo com um comunicado da Sun Africa. Segundo a nota, o projecto usará equipamento das empresas HitachiABB, Hanwha Q- Cells e Nextracker e será construído pelo grupo empresarial português MCA.
“A capacidade total dos sete projectos solares será de 370 megawatts e trará benefícios significativos ao fornecimento de electricidade de Angola”, assinala o comunicado, que refere que este megaprojecto “marcará um novo rumo na diversificação do fornecimento de energia e da economia” do país. A empresa norteamericana, subsidiária da Urban Green Technologies, sublinha que “além da riqueza em hidrocarbonetos, Angola tem luz solar abundante e uma das maiores irradiações solares no continente africano”. Agora só falta mesmo o MPLA dizer que a “luz solar abundante” e uma “das maiores irradiações solares” se deve à visão do seu Presidente, João Lourenço.
Cinco dos projectos que integram este megaprojecto estarão ligados à rede energética principal, enquanto os restantes dois estarão ligados a áreas rurais. “Estes parques solares vão, assim, trazer uma nova vertente de energia renovável sustentável a milhares de angolanos em várias partes do país”, acrescenta a nota. Segundo o portal da Sun Africa, a central de Biópio será a que terá a maior produção ( 188,88 MWP), seguindo- se as de Benguela ( 96,7 MWP), Saurimo, no Lunda Sul ( 26,91 MWP), Luena, no Moxico ( 26,91 MWP), Cuito, no Bié ( 14,65 MWP), Bailundo, no Huambo ( 7,99 MWP) e Lucapa, na Lunda Norte ( 7,2 MWP).
Citado na nota de imprensa, o presidente do Conselho Administrativo da Sun Africa, Nikola Krneta, considerou que os avanços do megaprojecto são “um feito incrível dados os actuais desafios de financiamento – e outros – devido à pandemia de Covid- 19”.
“Demonstra a dedicação e capacidade de todos os nossos parceiros, assim como a visão do Governo angolano”, assinalou Nikola Krneta. Cá está. Foi preciso José Eduardo dos Santos impor João Lourenço como cabeçade- lista do MPLA para o país descobrir esta potencialidade. O financiamento do megaprojecto está a cargo da SEK ( agência de promoção de exportações da Suécia), com garantias da Agência Sueca de Crédito à Exportação ( EKN).
No comunicado, Nikola Krneta agradece aos seus parceiros e aos governos de Angola, Suécia e Estados Unidos pelo “apoio continuado e directo ao longo do processo de desenvolvimento” e pela
“ajuda a concretizar” o projecto.
Em Novembro, o grupo MCA tinha anunciado a sua participação neste megaprojecto ao divulgar que iria instalar um milhão de painéis solares, salientando que o investimento dará “energia suficiente para servir 2,4 milhões de pessoas, num território com carências no abastecimento e no acesso à rede pública, sobretudo em meios rurais”.
Segundo a empresa portuguesa, a instalação dos novos equipamentos vai evitar a emissão de 935.953 toneladas de dióxido de carbono por ano.
A nota divulgada quartafeira pela Sun Africa explica- se que estes painéis solares são fabricados na Coreia do Sul, enquanto a maioria dos equipamentos a utilizar são enviados dos Estados Unidos da América e da Suécia.