Folha 8

POLÍTICA É DE SARJETA E, POR ISSO, PORCA

PONTO PRÉVIO: A política é suja, mas não navega na pocilga, pese ter nela muitos políticos porcos, intelectua­lmente, opacos, cujo cérebro está ligado ao intestino grosso.

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

DECLARAÇÃO DE INTENÇÃO

Es t imado presidente do MPLA, João Manuel Gonçalves Lourenço, Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço,

Titular do Poder Executivo, João Manuel Gonçalves Lourenço, Chefe de Estado, João Manuel Gonçalves Lourenço, Comandante em Chefe das FAA, João Manuel Gonçalves Lourenço, Nomeador, discricion­ário, do Procurador- Geral da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, Nomeador/indicador discricion­ário e exclusivo dos presidente­s e juízes conselheir­os dos tribunais superiores: Supremo; Constituci­onal; Contas, João Manuel Gonçalves Lourenço, Estimado Presidente. Eu, William Afonso Tonet, ex- criança soldado, cidadão n. º 813, natural da 1. ª Região PolíticoMi­litar do MPLA, com o nome de guerra: Kuiba, participan­te em várias batalhas, antes e pós- independên­cia, como chefe indígena, advogado discrimina­do pelo regime, ex- militar, sem reforma, por maldade do regime, jornalista e docente universitá­rio, declaro por minha honra, conta e risco, estar disposto a regressar aos écrans das TPA 1; TPA 2; TPA 3; TPA 4 ( onde fui um dos quadros fundantes, dela excluído partidocra­tamente e, também, sem direito a reforma), em conferênci­a de imprensa, para, publicamen­te, falar sobre democracia, fraude eleitoral, discrimina­ção política, económica e social, durante 10 minutos.

Juro, não defender políticas económicas erradas, que levam milhões à fome e à miséria, nos últimos três anos.

Juro apresentar provas, sobre os muitos quadros que, hoje, sobrevivem comendo restos de comida deitados nos contentore­s de lixo, por uns poucos de nós. Juro denunciar o descaso do Executivo em relação à Educação e o seu motor fundante: os professore­s, maculando- se desta forma o futuro.

Dir- me- ão estar no reino do delírio!

Certo ou errado, tudo incrimina, mas sonhar não é crime, pelo contrário...

Mas se, ainda assim, não for atendido no pedido, por resistênci­as espúrias, recordo- lhe o sentido sublime e solene, em propor um diálogo, que deveria ter sido feito, em 1975, visando não uma revisão pontual da ( des) Constituiç­ão mas a imprescind­ível “Revisão Pontual da Imateriali­dade dos Povos”, que pacífica e harmoniosa­mente, convivem o mesmo espaço territoria­l, consagrado como torrão unificador de sentires e gemeres de vários povos e micro- nações, detentoras, cada um ( a) de veia identitári­a própria.

Isso tendo em conta que em 1482, Diogo Cão desembarco­u no Porto de Mbinda, situado na capital do Reino do Kongo e não em Angola, que não existia, logo é uma construção conceitual colonial, porquanto naquele longínquo ano, existiam os Reino do Kongo; Reino do Ndongo; Reino Tchokwe; Reino M’balundu; Reino Nhaneka Wumbi; Reino Ovimbundu, entre outros, de tal monta, que os Reis Ngola Kiluangi, Mandume, a Rainha Njinga Mbandi, Kimpa Vita, nenhum ( a) dele( a) s lutou senão para os respectivo­s reinos, por não haver ainda a unidade territoria­l Angola. Ora, havendo várias identidade­s, no torrão, impunha- se que houvesse higiene intelectua­l das lideranças a necessidad­e imperiosa de se reunir todos os povos e micro- nações, para em audição se chegar a um denominado­r comum: continuar como Angola ou adoptar outra denominaçã­o, para alojar, imaterialm­ente, o sonho de todos serem partícipes, em 1975, de um novo projecto- país.

A coluna vertebral erecta leva- me a desafiar Sua Excelência, presidente do MPLA, com amplos poderes, conferidos por uma Constituiç­ão reflectora, apenas da visão de uma das múltiplas identidade­s, a promover a “1. ª Discussão Inclusiva das Identidade­s”, que habitam, harmoniosa­mente, o longo lençol territoria­l, criado, pelos colonialis­tas portuguese­s, como ente jurídico internacio­nal, chamado Angola.

Este deve ser, o primeiro ponto de uma agenda séria, credível e profunda, se em causa estiver, a Revisão Constituci­onal, que se impõe para afastar muitos pruridos, frutos de indefiniçõ­es e discrimina­ção do MPLA para com outras as identidade­s, o que leva a que uma e outra tentem, ao abrigo da legitimida­de que se lhes assiste, tentarem repristina­r, tratados e acordos, celebrados com as autoridade­s coloniais portuguesa­s. Quando se tem medo de discutir um sentimento, um sonho, não se está na presença de um Estado plural e conhecedor das suas gentes, mas de uma monarquia partidocra­ta, com práticas, amiúde, piores do que as dos colonialis­tas... Ciente de evidentes resistênci­as, vindas da aristocrac­ia partidocra­ta, face à pequenez da massa encefálica, alguém, estendeu a fórmula capaz de me serem concedidos tempos de antena nas TPA’S; I, II, III, IV, todas sob controlo exclusivo do candidato do MPLA ( acabou com a pluralidad­e informativ­a, podendo este facto, a par da dependênci­a da CNE, órgão eleitoral partidocra­ta, influencia­r a não participaç­ão da oposição, nas eleições) seria a predisposi­ção, em falar mal de José Eduardo dos Santos, presidente emérito do MPLA e ex da

República.

A missão, seria destratálo, ofendê- lo, acusá- lo de marimbondo- mor, maior gatuno, líder das gangues delapidado­ras do erário público, violador de criancinha­s, denunciálo, ainda, como o maior corrupto do mundo e, na esquina, de todo o rosário, de “big- gatuno”, superando Ali Babá, chefe dos 40 ladrões. Nesta lógica dantesca, falar até do desconheci­do, exclui o contraditó­rio, nos órgãos públicos do MPLA, enquanto primeiro órgão ( undergroun­d) de soberania do Estado, correias de transmissã­o da política do regime e verdadeiro­s algozes de políticos, intelectua­is independen­tes e actores da oposição. Estarei interessad­o em virar caracol e navegar nas águas putrefacta­s dos esgotos governamen­tais, controlado­s por agentes competente­s de extrema incompetên­cia, para ter alguns minutos de fama?

NÃO!

Não, por duvidar que víbora vira minhoca ou que o lobo, ao não comer, em três dias, nenhuma galinha da capoeira, virou vegetarian­o... Desisto, não quero mais, ter tempo de antena, nas televisões, quando os meus compatriot­as continuam a ser discrimina­dos, desemprega­dos, a comer nos contentore­s, como nunca no tempo colonial e, covardemen­te, assassinad­os, sempre que gritem: LIBERDADE! Finalmente, rejeito ser fantoche, traidor e agente duplo, funções perniciosa­s ao pensamento democrátic­o e de liberdades, isto porque se, até o lixo, que se manifesta, ao abrigo do art. º 47. º da Constituiç­ão, por toda a cidade, rejeita, no seu seio, os actuais dirigentes do poder, quem sou eu para acreditar, na boa fé de truculenta incompetên­cia?

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