Em 2020… mais do mesmo
“Freedom in the World 2020”. Em síntese, o relatório indicava que ( quem diria?) que Angola e Guiné Equatorial eram os dois países lusófonos classificados como “não livres”.
O relatório Liberdade no Mundo 2020 explicava que a democracia estava a “ser atacada” em todo o mundo, e que os efeitos são progressivamente mais evidentes em países com regimes autoritários como a China, a Rússia e o Irão, mas também em países com um historial de defesa dos direitos e liberdades.
“O relatório mostra claramente, mais uma vez, que as democracias estão em declínio”, conclui Mike Abramowitz, presidente da Freedom House. O documento revelava que os movimentos de protesto que se multiplicaram em grande escala em 2019 eram prova de que as pessoas se sentem cada vez mais descontentes com os regimes políticos em que vivem.
Num balanço do ano de 2019, o relatório Liberdade no Mundo 2020 dizia que os revezes nos sistemas democráticos excederam os avanços, numa proporção de dois para um, fazendo com que esse tenha sido “o 14. º ano consecutivo de deterioração da liberdade global”.
Dos 195 países avaliados para o relatório, 83 ( 43%) foram classificados como livres, 63 ( 32%) como parcialmente livres e 49 ( 25%) como regimes não livres, revelando que a presença de países livres diminuiu três pontos percentuais na última década, enquanto a percentagem dos países parcialmente livres e não livres aumento dois e um ponto percentuais, respectivamente. Os países com melhores progressos e com maiores declínios encontram- se concentrados em África: Sudão, Madagáscar e Etiópia registaram fortes melhorias nos seus sistemas políticos; Benim, Moçambique e Tanzânia sofreram fortes revezes. Grupos étnicos, religiosos e outras minorias sofreram o impacto dos abusos estatais nas democracias e nos países autoritários, conduzindo a uma maior ameaça da liberdade das populações.
Os dois exemplos mais flagrantes apresentados diziam respeito à China
– onde a campanha plurianual de aniquilação cultural do regime contra a minoria Uighur e outros grupos predominantemente muçulmanos ficou bem marcada – e à Índia, que obteve o maior declínio entre as 25 democracias mais populosas do mundo.
A Índia há muito tempo que é vista como um potencial contrapeso democrático da China autoritária na região indo- pacífica, mas os alarmantes afastamentos do Governo indiano das normas democráticas fez diminuir as diferenças entre os regimes de Pequim e de Nova Deli. O relatório da Freedom House referia que os protestos em massa que se multiplicaram em várias regiões do mundo, em 2019, provocaram resultados muito variados para a pontuação geral de cada país. Os países considerados “livres”, onde se incluíam os lusófonos Portugal ( 96 pontos), Brasil ( 75 pontos), Cabo Verde ( 92 pontos), São Tomé e Príncipe ( 84 pontos) e Timor- Leste ( 71 pontos) têm classificações globais acima dos 70 pontos. Angola ( 32 pontos) e Guiné Equatorial (6 pontos) eram os dois países lusófonos classificados como “não livres”. Brilhante. Parabéns ao MPLA. Para quê mudar o que está… mal. Sobre Angola, a Freedom House apontava que a dinâmica e os progressos registados após a mudança de liderança em 2017, abrandaram em 2019 e que “os resultados da agenda de reformas do Presidente João Lourenço, com ênfase na luta contra a corrupção, ainda não foram plenamente concretizados”.
Dos 195 países avaliados para o relatório, 83 (43%) foram classificados como livres, 63 (32%) como parcialmente livres e 49 (25%) como regimes não livres