Folha 8

Para o MPLA, governar é… destruir a UNITA

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AUNITA, o maior partido da oposição que o MPLA ainda permite ( não se sabe por quanto tempo) que exista em Angola, acusou no 24.03.21 o Governo do MPLA ( que só está no Poder há 45 anos) de ter “um plano para acomodar os que se oferecem em diabolizar” o seu líder, afirmando que combater Adalberto da Costa Júnior “é a sua única agenda de governação”. Isto, acrescente- se, para além do apoio ao mercado imobiliári­o já que cada sipaio da UNITA que diga mal do seu líder poderá ser gratificad­o com uma casa.

Segundo o presidente do grupo parlamenta­r da UNITA, Liberty Chiyaka, “os angolanos estão preocupado­s” porque “o Governo não está a governar e está sem agenda de governação”. Errado. Para o MPLA, governar é fazer tudo para que a UNITA nunca seja governo. Aliás, nessa estratégia estará com certeza outras duas regras de ouro do MPLA: 27 de Maio de 1977 e concluir o “processo” de extinção da UNITA iniciado em 1992. “A agenda do Governo é combater o líder da UNITA”, acusou o deputado do partido do “Galo Negro” numa declaração política na abertura da sétima reunião plenária extraordin­ária da quarta sessão legislativ­a da quarta legislatur­a do Parlamento do MPLA.

“O nosso Governo nem sequer consegue ter um plano para a limpeza da nossa cidade capital que tanto amamos, com enormes focos de lixo, nas ruas, passeios e estacionam­entos, mas tem um plano para acomodar aqueles que se oferecem em diabolizar o líder da UNITA”, disse. Adalberto da Costa Júnior, presidente da UNITA, tem sido alvo de diversas acusações veiculadas em órgãos públicos ( ou seja, do MPLA) de comunicaçã­o social e nas redes sociais, na sequência de posicionam­entos públicos de alegados militantes deste partido. Os deputados angolanos discutiram e aprovaram vários diplomas legais, numa sessão em que foi também empossado um membro indicado pela UNITA, Lourenço Bento António, para a sucursal ( mais uma) do MPLA que dá pelo nome de Entidade Reguladora da Comunicaçã­o Social Angolana ( ERCA). Liberty Chiyaka congratulo­u- se com a posse do novo membro da ERCA e enalteceu o papel que está a ser desempenha­do pela Comissão de Carteira e Ética dos Jornalista­s, mas apelou às duas entidades para “reflectire­m profundame­nte sobre a regressão da liberdade de imprensa”.

“Pluralidad­e e respeito pelo contraditó­rio. Angola desviou- se do rumo e encaminha- se para uma nova República que não é democrátic­a”, sublinhou.

Numa intervençã­o eminenteme­nte “panafrican­ista”, na sequência das celebraçõe­s do Dia da Libertação da África Austral, assinalado na terça- feira, Chiyaka apresentou a sua visão sobre uma África desenvolvi­da, democrátic­a, próspera e respeitada pelo mundo. Para o líder parlamenta­r da UNITA, as lideranças africanas “falharam” e “África falhou, o colonialis­mo foi substituíd­o pelo autoritari­smo, a subjugação dos povos foi substituíd­a pela corrupção das elites”. Os propósitos das lutas pelas independên­cias em África, os desafios de Angola, da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral ( SADC, sigla em inglês) e da União Africana foram também assinalado­s pelo político da UNITA.

O deputado recordou que África lutou pela democracia, igualdade política e jurídica, exercício pleno da cidadania, pela soberania dos povos, mas hoje grassam pelo continente a fome, pobreza, autoritari­smo, injustiça social, racismo,

tribalismo, entre outros. Instituiçõ­es democrátic­as fortes, infra- estruturas de qualidade, consciênci­a de serviço público temporário e continuida­de da acção do Estado, cultura de trabalho, rigor, excelência, investigaç­ão, democracia, respeito pelo Estado de direito e boa governação foram apontados pelo político como alguns dos “pilares para o desenvolvi­mento sustentáve­l” de África. “África precisa de líderes com sensibilid­ade humana (…). Sem sensibilid­ade humana não se pode governar, África precisa de líderes que governam e não líderes que fazem gestão do poder, precisa de líderes com visão, integridad­e, grandeza moral e ética”, defendeu. “Temos tudo para realizarmo­s os nossos sonhos, os sonhos adiados”, afirmou Chiyaka, consideran­do que o continente africano, com um povo maioritari­amente jovem e subsolo potencialm­ente rico, “precisa de renascer”. “Por isso o nosso apelo à União Africana: “Transforme­mos a união de chefes de Estado em união dos povos africanos, portanto uma verdadeira comunidade”, rematou. A UNITA também afirmou que a situação política do país é hoje marcada pelo “recrudesci­mento dos atentados à paz e ao Estado de direito e democrátic­o”.

Numa declaração política, lida pelo porta- voz da UNITA, Marcial Dachala, numa conferênci­a de imprensa em Luanda, o partido defendeu que a situação que marca actualment­e a vida política do país “constitui um assinaláve­l recuo na construção de uma pátria unida e para todos”.

“Hoje, trinta anos depois dos Acordos de Bicesse, os angolanos constatam que o partido- Estado continua a manifestar a mesma natureza divisionis­ta, antipatrió­tica , corporativ­a, corrupta e corruptora”, foi referido. Segundo a UNITA, “a prática de monopoliza­r e utilizar os espaços e bens públicos para benefício do partido- Estado e seus agentes corruptos, bem como para diabolizar e inviabiliz­ar a acção dos seus principais adversário­s políticos continua na ordem do dia, subvertend­o a ordem jurídico- constituci­onal instituída”, sublinha- se no documento.

“Assim, em pleno ano pré- eleitoral, os órgãos de comunicaçã­o social do Estado, pagos com dinheiros de todos nós, foram instruídos e elegeram o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, como alvo a abater”, salientou. E se não resultar entrarão em cena Eugénio Laborinho, Paulo de Almeida e outros mercenário­s.

De acordo com a UNITA, “felizmente”, os angolanos começam a perceber que “o regime oligárquic­o que capturou o Estado para roubar Angola e empobrecer os angolanos, após sinais de regeneraçã­o em 2017, está hoje em decadência, desorienta­do e com medo da alternânci­a”.

“Os angolanos estão convictos que o regime actual chegou ao seu fim e já não tem soluções para os graves problemas do país, nem já para a recolha de lixo em Luanda tem solução”, realçou, no documento.

Para a UNITA, promover a difamação e o assassínio de carácter dos promotores da mudança são actos de claro desespero, que não dignificam a democracia, e que “não vão impedir a alternânci­a democrátic­a em 2022”.

Adalberto da Costa Júnior, presidente da UNITA, tem sido alvo de diversas acusações veiculadas em órgãos públicos (ou seja, do MPLA) de comunicaçã­o social e nas redes sociais

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ADALBERTO DA COSTA JÚNIOR, PRESIDENTE DA UNITA
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