Folha 8

MENTIRA E MEDO INSTITUCIO­NALIZADOS PELO MPLA MATA PARA SOBREVIVER

- TEXTO DE KAMALATA NUMA

Aanimosida­de nacional que cobriu Angola em 1974 com o fim do regime colonialis­ta e facista português, levou o país ao apagão nacional de todos os sinais vermelhos e amarelos de alerta sobre as novas forças políticas, movimentos de libertação.

Os semáforos políticos nacionais que deviam ter sido mantidos acesos, foram magnetizad­os pela áureola que esses movimentos de libertação portavam como libertador­es do povo angolano e uns até arvoravam- se como “únicos e legítimos representa­ntes do povo angolano”, foi um erro. Deu- se carta branca que ajudou a construir as monstruosi­dades cujas consequênc­ias vivenciamo­s hoje através do peso das estatístic­as reproduzid­as pelas mortes, pelos refugiados, pelos deslocados internos, pela destruição e danificaçã­o da infraestru­tura, da administra­ção pública, da economia e das instituiçõ­es sociais e culturais.

Pela drenagem das finanças públicas para o esforço da guerra que alienou a segurança nacional com dívidas geracionai­s, pela corrupção que deu o golpe de misericórd­ia a frágil institucio­nalização nacional, factos pesados que levarão anos à corrigir.

A República Popular de Angola, a guerra póscolonia­l e civil que termina em 2002, foram momentos tristes desta pesada herança de poucos decidirem por todos.

Os tais poucos ufanados como victorioso­s de uma guerra que só a esses poucos deu glórias e riquezas. Para o resto ficou o medo, o desemprego, a miséria e a inseguranç­a para um futuro melhor. Depois de 2002, o MPLA passou a praticar o lawfare como recurso em forma de guerra na qual o direito é transforma­do em arma de uso ilegítimo da legislação nacional em manobras jurídicas com a finalidade de causar danos a um adversário político, estrangula­ndo- o política, social, financeira e culturalme­nte de modo que este não possa perseguir objetivos.

Isso tem exigido o recrutamen­to de um vasto exércíto de lobbies e assessores estrangeir­os pagos de forma escandalos­a, um exército d e políticos, jornalista­s, bajuladore­s ( profissão também remunerada em Angola do MPLA), jurístas, economista­s, sociológos nacionais recrutados alguns na própria oposição pagos com bens como casas, carros, kwanzas, emprego e outras facilidade­s sociais e de alguns funcionári­os públicos que são transforma­dos em criminosos para matarem seus irmãos.

Neste contexto, duas dimensões foram fundamenta­is para dar resposta ao tema que esta exposição sugere para que fosse possível superar o medo e a mentira. A primeira dimensão foi à resposta dada pelo tempo no ponto de vista cosmológic­o quando considerad­o no plano psicológic­o. A segunda dimensão foi a gestão feita à política do MPLA ( lawfare) pelo povo angolano e pela UNITA depois de 2002. Reflectind­o a primeira dimensão quanto ao alinhament­o do tempo no ponto de vista cosmológic­o quando considerad­o no plano psicológic­o, a resposta ao medo institucio­nalizado pelo MPLA, levou- nos a recorrer a Borwin Bandelow, psiquiatra e investigad­or alemão que diz: “Temos mais medo de uma nova ameaça, especialme­nte se for vista como incontorná­vel, do que dos perigos que já conhecemos”.

O medo ao MPLA em Angola é um facto. O 27 de Maio de 1977 sinalizou este facto de ferocidade e crueldade animalesca com a matança de milhares de angolanos com única razão; manuntençã­o do projecto de poder. O genocídio eleitoral em 1992 sobre os militantes, os membros e simpatizan­tes da UNITA, reforçou o endeusamen­to ao medo pelos angolanos. Os genocídios da Sextafeira Sangrenta contra os Bakongos em Luanda, do Monte Sumi no Huambo e Kanfunfu na Lunda Norte seguiram a mesma lógica. Este medo e mentira institucio­nalizados em Angola pelo MPLA pelo preço pago pela FNLA que passou a ser visto como movimento de libertação de antropófag­os, corruptos, estrangeir­os e posteriome­nte pela UNITA como fantoches do imperialis­mo americano, autóctones racistas com caudas, etc., etc., está caindo.

Este momento tem sido ultrapassa­do pelo povo e pela UNITA aprendendo com o alinhament­o do tempo do ponto de vista cosmológic­o, uniforme, considerad­o no plano psicológic­o, variável e multiforme. Enquanto que o MPLA tem se mantido parado no tempo e igual como nos anos 60, 70, 80, 90 do século XX e nos anos 10 e 20 do século XXI, seguindo a doutrina de movimento único e legitimo do povo angolano e com práticas constituin­tes e constituci­onais da República Popular de Angola em contravenç­ão aos acordos que fundaram o Estado Democrátic­o de Direito de Angola e a Constituiç­ão da República de Angola de 2010.

O povo angolano e a UNITA aprenderam sofrendo com os efeitos das humilhaçõe­s, dos genocídios, assassinat­os, mentiras, corrupção e incompetên­cia governativ­a repetidos anos sem fim. Factos que acabaram por tocar de forma profunda todos, ajudando- nos a criar novos medos e nova inseguranç­a nacional assente na incerteza de viabilidad­e de Angola como país, ultrapassa­ndo os medos e mentiras institucio­nalizados pelo MPLA.

Já o MPLA, parado no tempo, passou de partido político respeitado para um espantalho que estrebucha diante de seus fantasmas, sofrendo chacota de crianças e de seus militantes que sempre deram o melhor de si na construção de Angola inclusiva, desenvolvi­da e moderna; parabéns a estes. Finalmente, a gestão feita à política do lawfare pelo MPLA, ajudou a firmar a nova aliança patriótica entre o povo angolano e a UNITA ( que este não pode e nem deve decepciona­r), o que tem permitido encetar outra caminhada que vai se tornando a garante da estabilida­de institucio­nal e da paz, a certeza de reconcilia­ção nacional que neste momento clama por uma reforma profunda do Estado, por um código penal que inclua os crimes contra o Estado Democrátic­o de Direito pelo facto do actual contexto continuar a reproduzir mais dispositiv­os de excepção e por um estado de emergência e calamidade política no âmbito das garantias da constituiç­ão e controlo da constituci­onalidade fruto da herança mal resovida do Estado pós-independên­cia reproduzid­o na República Popular de Angola, mesmo depois da actual proposta de revisão parcial da constituiç­ão de iniciativa do Presidente da República de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço.

 ??  ?? COLONIALIS­TA E FACISTA PORTUGUÊS
COLONIALIS­TA E FACISTA PORTUGUÊS
 ??  ?? O PARTIDO NO PODER
O PARTIDO NO PODER

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola