Folha 8

A verdade não prescreve

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Em 19 de Março de 2020, a UNITA defendeu, em Luanda, que a libertação da África Austral “foi obra dos seus filhos e não dos russos e cubanos”. Mais uma lição aos autointitu­lados donos da verdade, o MPLA. A posição foi expressa por Abílio Kamalata Numa, a propósito do dia 23 de Março, comemorado em Angola ( por imposição do MPLA) como o Dia da Libertação da África Austral.

Abílio Kamalata Numa disse que o objectivo das suas declaraçõe­s foi “continuar a repor verdades sobre a dita Batalha do Cuito Cuanavale”. Segundo o dirigente da UNITA, a Batalha do Cuito Cuanavale “é uma ficção, porque a verdadeira batalha de 1987/ 88 foi a Batalha Saudemos o Segundo Congresso da parte do Governo de Angola e Lomba 87 da parte da UNITA”, tendo esta sido “uma entre as várias batalhas que se produziram naquele teatro de guerra”. “A grandeza dessa batalha residiu nas consequênc­ias políticas que produziu ao ter permitido desbloquea­r a aplicação da resolução 435 de 1978, com o Acordo de Nova Iorque assinado a 22 de Dezembro de 1988 na sede da ONU pelos Governos de Angola, Cuba e África do Sul”, referiu Abílio Kamalata Numa.

De acordo com Abílio Kamalata Numa, “foi a Batalha Lomba 87 que desencoraj­ou a aventura da Rússia e Cuba de expandir o comunismo na África Austral e não a dita Batalha do Cuito Cuanavale, que serve para mascarar a vergonha da derrota infringida pelas FALA ao imperialis­mo russocuban­o”. Kamalata Numa explicou que a Batalha Lomba 87 iniciou- se a 12 de Julho de 1987 e culminou com a destruição da 47 ª brigada no dia 11 de Outubro de 1987 “e com profundo desgaste de outras brigadas”, tendo no dia a seguir as FALA iniciado “uma perseguiçã­o feroz às brigadas e forças cubanas moralmente abatidas, empurrando­as até às proximidad­es do Cuito Cuanavale”. Abílio Kamalata Numa frisou que foi com a derrota das FAPLA, dos cubanos e dos russos em Mavinga, em 1987/ 88, que se acelerou a assinatura dos Acordos de Nova Iorque e que “se quebrou a vontade de se impor regimes comunistas na África Austral”, levando “os russos a impor ao MPLA a estratégia de saída airosa deste teatro de guerra em África, com a arquitectu­ra da dita Batalha do Cuito Cuanavale”.

Para Abílio Kamalata Numa, se não fosse a invasão de Angola pelos russos e cubanos em 1975, e se os acordos de Alvor tivessem sido implementa­dos como previsto, “a independên­cia da Namíbia teria acontecido muito mais cedo”.

“Este foi também outro logro da intervençã­o russo- cubana, com ajuda de Portugal a Angola, com consequênc­ia de os angolanos estarem a pagar dívidas da guerra que não encomendar­am aos russos, cubanos e portuguese­s, acrescendo a transforma­ção de Portugal como domicílio da maior parte dos dinheiros roubados ao erário público de Angola”, disse.

Sabendo que a UNITA considera ter vencido essa batalha, comemorá- la como se fosse uma vitória das forças do MPLA, russas e cubanas visa provocar a UNITA, para além de ser um atentado contra a verdade dos factos.

Além disso, é hábito do MPLA tentar adaptar a História às suas necessidad­es. Se alterar a História resultou parcialmen­te no passado, com a globalizaç­ão e os trabalhos científico­s que vão surgindo, não funciona. O regime ainda não aprendeu. Continua a seguir a máxima nazi de que se insistir mil vezes numa mentira ela pode ser vista como uma verdade. Mas não funciona.

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