Folha 8

As intestinai­s estradas do MPLA

-

Oministro da Economia e Planeament­o, Sérgio Santos, elogiou, num encontro com empresário­s, o Governo de que faz parte ( e que é do MPLA há 45 anos) consideran­do que “tem sido herói por causa dos anos de destruição das estradas de Angola fruto das invasões dos que saíram do sul”. Se dúvidas houvessem… o cérebro do rapaz está mesmo onde o MPLA quer: no intestino. Vejamos, como aperitivo, as picadas por onde passou este perito dos peritos… intestinai­s antes de chegar a sipaio de João Lourenço para lhe transporta­r a pasta da Economia e Planeament­o. 2017 – 2020: Secretário de Estado para a Economia do Ministério da Economia e Planeament­o; 2016 – 2017: Vice-presidente do Grupo Nacional da Assembleia Parlamenta­r Paritária dos países ACP e a União Europeia na Assembleia Nacional; 2013 – 2015: Secretário do Presidente da República (José Eduardo dos Santos) para os Assuntos Económicos; 2012 – 2013: Assessor do Vice-presidente da República para os Assuntos Económicos e Empresaria­is.

2008 – 2012: Secretário da Comissão de Economia e Finanças, 5ª Comissão da Assembleia Nacional; 2008: Deputado da bancada Parlamenta­r do MPLA à Assembleia Nacional; 2006 – 2008: Administra­dor Financeiro para a Gestão de Activos no Fundo de Pensões Empreendim­entos, SA; 2004 – 2006: Docente das disciplina­s de Cálculo Financeiro e Gestão Financeira no ISPRA, Luanda; 2002 – 2014: Docente da disciplina de Gestão Financeira na Faculdade de Economia da Universida­de Agostinho Neto, Luanda; 2002 – 2006: Assessor do Director Geral do Departamen­to de Logística, na Sociedade Mineira do Lucapa. Esclarecid­a trajectóri­a de Sérgio Santos que, em matéria de avenidas, estradas e picadas é doutorado em ficar na beira da estrada e garantir que está a caminhar na estrada da Beira. Nada a fazer, é claro.

Ora então, o ministro elogiou, num encontro com empresário­s, o Governo consideran­do que “tem sido herói por causa dos anos de destruição das estradas de Angola fruto das invasões dos que saíram do sul”. Num encontro de auscultaçã­o à comunidade empresaria­l no Cunene, e respondend­o a um empresário que comparou as estradas de Angola com as da Namíbia, Sérgio Santos recordou que as estradas do país “não ficaram assim por acaso” e que “foram anos de destruição”. “Não podemos pretender que acordamos e as nossas estradas já estão iguais às da Namíbia e da África do Sul”.

O governante lembrou também que quem fez as estradas da vizinha Namíbia “foram os mesmos que andaram a partir as estradas do Cunene”, numa acusação aos sul-africanos que invadiram Angola nas décadas de 1970 e 1980, esquecendo (como é óbvio a quem descarrega o cérebro pelos intestinos) que o país está em paz total há 19 anos, que os sul-africanos não andam por cá há pelo menos 19 anos, que o MPLA está no Poder há 45 anos e, já agora, que o primeiro primata erecto militante do MPLA data de 1576. O ministro disse que nos últimos dez anos as coisas “correram um bocado mal” (certamente por culpa dos sul-africanos, da UNITA e dos colonos) e que o Presidente da República “está a corrigir”, destacando que, no início deste Governo, foram destinados recursos para brigadas de estradas. Sérgio Santos reconheceu o estado de degradação das vias no Cunene e as dificuldad­es dos empresário­s e admite que o Governo tem de “pôr mais dinheiro nas estradas”. Pôr competênci­a não interessa. As couves que o governo planta morrem todas. Solução? “Pôr mais dinheiro na agricultur­a”. Não seria mais simples e eficaz dizer aos “sérgios santos” do MPLA que as couves devem ser plantadas com a raiz para baixo?

A problemáti­ca das estradas foi colocada pelo empresário Félix Mateus que propôs que, “ao invés do Governo financiar tractores, deveria investir nas estradas”. O empresário, com menos de 30 anos, previu que, com a sua idade e andando nas estradas de hoje, vai “terminar, com 40 anos de idade, numa cama de hospital a tomar comprimido­s por causa da coluna”. Normalment­e o MPLA resolve os problemas da coluna vertebral dos que pensam de forma diferente pagando a sua remoção… Mas essa de dizer ao ministro que, por outras palavras, em vez de dar peixe aos angolanos os deveria ensinar a pescar, é obra. Mas Sérgio Santos não entendeu. Para ele, deixar a porta aberta ou deixar a Berta à porta é a mesma coisa.

 ??  ?? SÉRGIO SANTOS , MINISTRO DA ECONOMIA E PLANEAMENT­O
SÉRGIO SANTOS , MINISTRO DA ECONOMIA E PLANEAMENT­O

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola