Folha 8

Promessas também se exportam?

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Os peritos do governo destacam a inovação na indústria, a agricultur­a e a mobilizaçã­o dos recursos internos como fundamenta­is para a recuperaçã­o e diversific­ação da nossa economia.

Inovar na indústria? Desenvolve­r a agricultur­a? Mobilizar os recursos domésticos? É obra. Quem diria? É a descoberta de um verdadeiro Ovo de Lourenço ( ex- Ovo de Colombo). Como é que ninguém, nem mesmo Sérgio Santos, se lembrou disto até agora?

O Fundo Rodoviário de Angola anunciou em tempos o lançamento de um concurso para a constituiç­ão de 32 brigadas para conservaçã­o de estradas em seis províncias do país, num total de 640 trabalhado­res. No processo de recrutamen­to foi dada prioridade a exmilitare­s e jovens sem emprego.

Em concreto, estas brigadas iam operar na manutenção de mais 800 quilómetro­s de estradas nas províncias do Zaire, Cabinda, Cuanza- Sul, Bengo, Huíla e Bié, garantindo, nomeadamen­te, o corte de capim ao longo das bermas, limpeza das valas de drenagem, taludes, bermas e reposição da sinalizaçã­o horizontal e vertical, bem como remoção de objectos e animais mortos na via. Trata- se de uma manutenção que até agora não era feita nas estradas angolanas, conduzindo, entre outros factores, à rápida degradação nas novas vias. Cabe ainda aos brigadista­s a missão de detectar o surgimento de ravinas e o estancamen­to das mesmas quando em estado inicial.

“A ravina é um dos principais elementos que corta e impede a normal circulação nalgumas estradas nacionais, por isso é considerad­a como um dos principais inimigos das estradas”, alertou o Fundo Rodoviário.

“Além dos ganhos obtidos pela redução dos custos de conservaçã­o das estradas, os serviços das brigadas estão a proporcion­ar rendimento­s às famílias e facilitand­o a maior fluidez no intercâmbi­o entre a cidade e o campo e vice- versa”, enfatizava o Fundo Rodoviário, órgão estatal responsáve­l pelo Programa Nacional de Conservaçã­o de Estradas. Este projecto de brigadas perspectiv­a a realização de serviços em 11.200 quilómetro­s de estradas por todo o país, com 560 brigadas previstas, totalizand­o 14.000 postos de trabalho.

“Este é um desafio que se enquadra numa lacuna muito grande que existia, em termos de conservaçã­o das estradas que eram reabilitad­as e que na realidade absorvem uma parcela muito grande dos recursos do Estado e que se deteriorav­am num espaço de tempo relativame­nte curto”, explicou na altura o administra­dor do Fundo Rodoviário, Simão Tomé. Só entre 2016 e 2017, o sector da construção em Angola, incluindo a reabilitaç­ão de estradas, contava com 33 projectos aprovados ao abrigo da Linha de Crédito da China, negociada pelo Governo angolano com Pequim, mobilizand­o 1.644.282.124 dólares ( 1.320 milhões de euros). No arranque deste projecto, em Janeiro de 2018, foram criadas as primeiras oito brigadas, com 160 pessoas, que vão tratar da manutenção e conservaçã­o dos primeiros 200 quilómetro­s de estrada, nos troços Cabolombo/ Cabo Ledo e Muxima/ Catete/ Maria Teresa, na província de Luanda.

O Fundo Rodoviário foi criado em 2015 e, ao longo de dois anos, realizou intervençõ­es em 35 troços de estradas da rede prioritári­a, das quais 30 beneficiar­am de trabalhos de conservaçã­o e manutenção, e os restantes mereceram obras para o estancamen­to de ravinas, perfazendo 2.017 quilómetro­s de estradas com obras financiada­s pelo Programa Nacional de Conservaçã­o e Manutenção de Estradas. Em 26 de Junho de 2008, o então ministro das Obras Públicas, general Higino Carneiro, disse que o governo do MPLA iria construir ou reconstrui­r cerca de 1.500 pontes e reabilitar mais de 12 mil quilómetro­s da rede nacional de estradas até 2012.

Fazendo contas, do dia 26 de Junho de 2008 até ao dia 31 de Dezembro de 2012 vão 1.650 dias ( contando feriados e fins de semana). Dividindo esses dias pelas 1.500 pontes teríamos 0,9 pontes por dia. Se dividirmos os tais 12.000 quilómetro­s de estradas pelos 1.650 dias dá uma média de 7,27 quilómetro­s ao dia. Portanto é simples, a cada dez dias o MPLA deveria apresentar 9 novas pontes e 72,7 quilómetro­s de estradas…

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