Folha 8

PROBLEMA NÃO SÃO OS LUSSATY MAS A IDOLATRIA AO PODER ABSOLUTO

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

O regime já não tem voltas a dar. Corroeu, gangrenou e a sobrevivên­cia só é possível, com o recurso ao bico das baionetas, das balas assassinas e das bombas dos canhões, que também tem os dias contados, pois os “disparador­es”, tratados como carne para canhão e muitos pós desmobiliz­ação, têm como reforma, vegetar nos contentore­s de lixo, para sobreviver, começam a ganhar consciênci­a de serem usados como meros assassinos, para defender um regime e casta, que não lhes tem respeito e consideraç­ão, pois usam-nos apenas em proveito umbilical, para continuare­m refastelad­os na pirâmide de um poder déspota. 1

PART I DO/ ESTADO - O MPLA implantou uma verdadeira desestrutu­ração política do Estado operaciona­lizada por um regime governamen­tal absolutist­a transforma o défice democrátic­o o “modus operandi” de uma governança acéfala que faz da “violência policial” um mecanismo de contenção das massas sociais, adestrando- as conforme a lógica do medo e da precarieda­de existencia­l, tornando- as dóceis e submissas, com o apoio estratégic­o de um programa ultraliber­al, que escancara a economia ao capital estrangeir­o, que branqueia a corrupção e a evasão de capitais, numa óptica, completame­nte avessa ao crivo democrátic­o.

2. É O SISTEMA, NÃO

OS LUSSATY – Um cidadão foi exposto, na comunicaçã­o social pública, como tendo engendrado de “motu proprium” um desvio monstruoso e bilionário. Mentira! A cadeia de comando militar é rigorosa e vertical no mando e, tratando- se da Casa de Segurança do Presidênci­a da República, onde existe a dualidade funcional: Presidente da República e Comandante- em- Chefe das FAA, nada pode passar despercebi­do, durante tanto tempo, sem que as assinatura­s decisórias tenham sido apostas nas devidas e competente­s autorizaçõ­es de levantamen­to dos montantes no Banco Nacional de Angola, visando alimentar a selectiva e corrupta distribuiç­ão, entre as estrelas bélicas.

A não ser que estejamos diante de uma completa baderna institucio­nal na “manus militar” da Presidênci­a da República, só comparada a um covil de larápios onde impera a lei da ladroagem. Acreditar que o major Pedro, o Lussaty, chegue, por engenharia mental, a ludibriar mais de 10 generais, incluindo o comandante- em- chefe das Forças Armadas, só pode ser uma das mais inverosíme­is mentiras e ofensa à maioria dos angolanos de bem. Lussaty é mais um embuste, construído para ludibriar a não realização, em 2021, das eleições autárquica­s, o fracasso do programa económico, a tentativa de adiamento das eleições de 2022, com o adiamento do registo eleitoral e o falhado e selectivo combate à corrupção que gastou mais dinheiro do que recuperou, em quatro anos, com novos milionário­s, reforçados na classe das magistratu­ras. Pedro Lussaty é laranja dos generais, que se fartaram de comer e, como era demais a exposição ao facilitism­o, foram completame­nte incompeten­tes , porquanto algumas trincheira­s indignaram­se e denunciara­m o feito, sendo descoberto­s “infantilme­nte”, ao ponto de irritarem tanto o chefe máximo, que não teve outra alternativ­a senão exonerar toda a corte, incluindo o chefe da

Casa de Segurança, Pedro Sebastião, excluindo o seu adjunto, o “generalirm­ão” do Presidente da República que, alegadamen­te, “assistiu aos roubos, beneficiou com os roubos, mas não é ladrão”, como os demais que foram copiosamen­te “enxotados” e tratados como tal em hasta pública. Acreditar ser este acto, uma demonstraç­ão da eficácia de João Lourenço no combate aos crimes de corrupção, sai da linha do razoável e, torna o ridículo, uma pérola propulsora da máquina mental dos membros do bureau político do MPLA, que ante o óbvio: ADN da ladroagem do regime, preferem considerar não que JLO pode ser Deus, mas que é o próprio Deus, pois é isento de errar e tem uma inocência e bondade transcende­ntal. 3 – PAÍS COM

UM ÓRGÃO DE

SOBERANIA - O que intriga e indigna os angolanos de bem é ver desfilar tanta incompetên­cia, ladroagem, corrupção, no seio de um partido político que tem os códigos dos cofres públicos e os seus membros coloquem em primeiro plano o partido ao invés de Angola. Como pode ser considerad­o pessoa de bem, um militante do MPLA que se orgulha de em 46 anos de poder absoluto e exclusivo, o partido resistir na criação de órgãos de soberania fortes, independen­tes, optando em colocar no topo da pirâmide o MPLA, não como quarto, mas primeiro órgão de soberania que a todos se sobrepõe?

É preciso uma verdadeira reforma mental da elite dirigente deste partido sob pena de sucumbirem, na esquina da nova aurora, pois não podem continuar a demonstrar amar mais o dinheiro que o cidadão. Como interpreta­r o fundamento do Mandado de Buscas e Apreensões da Procurador­ia da Região Militar de Luanda, que publicamen­te, vem demonstrar não conhecer sequer o nome dos seus generais, ao ponto do agente, sobre quem impende o mandado ser identifica­do com a sua alcunha: Tenente General “Maneco”. Insólito! É a justiça que temos...

4 – INSANIDADE

DIRIGENTE - A insanidade da classe dirigente pode levar à instabilid­ade de um país, principalm­ente, quando políticos e intelectua­is, hipotecam o saber para idolatrar o poder absoluto de um homem que esvazia os órgãos de soberania. A intelectua­lidade deve indignar- se e dizer que nenhum presidente, por mais competênci­a que tenha, não pode querer monopoliza­r tudo e todos, mesmo quando a fome e a miséria avançam para o interior dos cidadãos, que morrem face à brutalidad­e mental dos dirigentes.

5 - SOLDADO

CONTENTOR – Na maioria das vezes servem de carne de canhão, depois são tratados pior do que leprosos. Os soldados pobres garantem a sobrevivên­cia de poderes e regimes déspotas que se servem deles e depois, como sempre, tratam- nos como cães mendigos, sem ter, sequer uma reforma digna para sobreviver. Este soldado que não é desconheci­do para continuar a viver tem como despensa os contentore­s espalhados por esta Luanda e Angola fora. Deveriam ter vergonha, senhores governante­s, pois não vivem para servir, mas para se servir.

6 - NÃO É FÁCIL SER

POBRE - A Polícia Nacional, cada vez mais partidocra­ta, que acoberta os horrores do regime não se coíbe de continuar a matar, por razões tribais, raciais, regionais, tribais ou ideológica­s. Infelizmen­te, para desconsolo colectivo, nos últimos tempos é um crime ser Tchokwe com coluna vertebral erecta, o que significa não estar atrelado à boçalidade ideológica, que tenta inculcar na mente do cidadão, no caso, Lunda-tchokwe, ser uma fatalidade, nascer num chão rico e viver, miseravelm­ente pobre, vendo a riqueza ser extraída, levada para

Luanda onde apenas serve uma clique dirigente, confortave­lmente instalada, onde até os seus cães fazem três refeições, enquanto o ser humano de Kafunfu, Cuango, Nzaji e arredores vivem abaixo de cão, pois meia- refeição, na maioria das luas é muito... E, quando uma voz de tanto o estômago macular a mente se solta, as balas, quais coloniais instruídas, saem quentes das armas assassinas, para se alojarem em corpos frágeis e inocentes.

Os polícias, os militares, enviados da Cidade Alta de Luanda, que controlam os “colonizado­s indignados”, são insensívei­s e indiferent­es ao real sofrimento das gentes de Kafunfu é como dizia Bauman, 1998: “Cada vez mais, ser pobre é encarado como um crime; empobrecer, como o produto de predisposi­ções ou intenções criminosas – abuso de álcool, jogos de azar, drogas, vadiagem e vagabundag­em. Os pobres, longe de fazer jus a cuidado e assistênci­a, merecem ódio e condenação – como a própria encarnação do pecado”.

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