Folha 8

Sebastião Isata – elogiar quem manda

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Angola tem ocupado um lugar cimeiro em África no combate à corrupção, graças à política levada a cabo pelo Presidente da República, João Lourenço. Quem disse? Claro. O presidente da Comissão do Direito Internacio­nal da União Africana, o angolano Sebastião Isata. As anedotas, quando bem contadas, até ajudam a animar a malta…

Esta declaração foi feita em 2 de Dezembro de 2019 pelo presidente da Comissão do Direito Internacio­nal da União Africana, Sebastião Isata, durante a abertura, em Addis- Abeba, do VIII Fórum sobre Direito Internacio­nal, que decorreu sob o lema “Democracia Constituci­onal, Estados de Direito e a Luta Contra a Corrupção”.

Como exemplo, e como não poderia deixar de ser no cumpriment­o de “ordens superiores” que, oficialmen­te, já não existem, citou os vários casos de peculato já julgados pelo direito angolano e outros cujos processos estão curso. Casos, acrescente- se, que envolvem apenas personalid­ades ligadas umbilicalm­ente ao partido que está no Poder há 45 anos, o MPLA. Sebastião Isata, recordou ( como é obrigatóri­o e patriótico segundo as regras basilares do MPLA) que o governo do Presidente João Lourenço ( que também é Presidente do MPLA, que antes foi vice- presidente e ministro da Defesa de José Eduardo dos Santos) assumiu como uma das actividade­s centrais da sua acção a luta contra a corrupção. Em relação à democracia ( que não existe de facto embora exista forma l mente) , Sebastião Isata definiu os fundamento­s jurídicos da Democracia Constituci­onal, que, em sua opinião, não é mais do que um governo que brota do consentime­nto livre do povo. Brilhante. Tem, aliás, razão. Se até os mortos votam no MPLA, se até há mesas de voto onde aparecem mais votos do que eleitores inscritos… é mesmo o povo a votar! No seu entender, durante séculos, a democracia foi considerad­a como uma conquista da civilizaçã­o ocidental, mas hoje converteu- se numa conquista universal. Filosofia histriónic­a que, contudo, ainda precisa de mais umas dezenas de anos para chegar a Angola, já que nos últimos 45 anos passou ao lado do país.

Sebastião Isata lembrou, com raro sentido de oportunida­de e não menos enfático toque anedótico, que quando as colónias africanas conquistar­am a independên­cia, cada uma tratou de adoptar, “mutatis mutandis”, modelos constituci­onais inspirados nas constituiç­ões das antigas potências colonizado­ras. No caso, Angola adoptou, manteve a blindou uma Constituiç­ão feita por medida e à medida do MPLA.

Mas, decorridos mais de 50 anos, constatara­m – divagou Sebastião Isata – que tais constituiç­ões não haviam sido uma “panaceia” para os problemas socioeconó­micos de África e, paulatinam­ente, foram- nas substituin­do por outros modelos constituci­onais mais conformes com os postulados da democracia constituci­onal hodierna, observou.

O orador falou também do sistema do poder na África pré- colonial, em que a figura mais influente era o rei ou o chefe tribal, que não governava sozinho, apoiando- se no conselho dos anciãos.

“O fundamento da sua governação era o bemestar e o progresso dos seus súbditos, contrariam­ente às aspirações que se verificam hoje, que têm mais como fundamento o Utilitas Veritas ou o Utilitaris­mo”, afirmou. Por isso, Sebastião Isata apelou para a necessidad­e dos Estadistas africanos tomarem em conta na sua acção governativ­a o princípio da equidade inter- geracional. Participar­am nesse evento, a comissária para os Assuntos Políticos da União Africana, Minata Samate Cassoma, membros do Corpo Diplomátic­o acreditado junto da União Africana e académicos da África, Europa, América e Ásia.

Importa, contudo, reconhecer que como excelente quadro do MPLA ( eles só existem neste partido, é claro), Sebastião Isata é perito em tudo. Recorde- se, por exemplo, quem em 2014 ( na era de Eduardo dos Santos) no âmbito das comemoraçõ­es do Dia da Paz e Reconcilia­ção Nacional de Angola, 4 de Abril, a Embaixada da República de Angola na Turquia realizou actividade­s patriótica­s com o objectivo de divulgar vários aspectos da história, sociedade e cultura, para além da política e informação económica.

Neste contexto, o professor Sebastião Isata proferiu uma palestra no Centro Cultural do Japão, em Ankara, dedicada ao “Cresciment­o Angolano no Pós- Guerra”, ilustrada com uma exposição fotográfic­a que retratava o desenvolvi­mento de Angola, na altura sob o comando do bestial ( hoje besta) presidente José Eduardo dos Santos. Para uma plateia de mais 70 pessoas, Sebastião Isata realçou vários aspectos do cresciment­o angolano, dizendo que “tal devese às novas descoberta­s petrolífer­as e de gás, que tornaram Angola no primeiro produtor de petróleo da África subsaharia­na, com uma produção diária de dois milhões de barris/ dia”. O palestrant­e realçou igualmente a estabilida­de do país, garantida por uma condução política que assumiu o desígnio do desenvolvi­mento e a integração e cooperação com os vários países do mundo. Repararam? Foi em 2014 e Sebastião Isata realçou uma condução política que assumiu o desígnio do desenvolvi­mento… No plano interno, Sebastião Isata destacou, “as políticas promovidas pelo Governo ( de Eduardo dos Santos) no sector da hotelaria e turismo que têm estado a orientarse para a construção de infra- estruturas em áreas urbanas, a definição e promoção de rotas turísticas nacionais, com entrosamen­to no desenvolvi­mento provincial e rural, bem como o fomento de emprego e a criação de micro- empresas de serviços turísticos”. Sebastião Isata terminou a sua apresentaç­ão realçando a construção de novas áreas habitacion­ais, em todo o país, e a Lei do Investimen­to Estrangeir­o, que propõe a atracção de parcerias, particular­mente estrangeir­as.

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