Folha 8

Nas promessas não há crise

-

O Governo previa, recorde- se, investir mais de 650 milhões de euros no PIP em 2018, sendo perto de 10% com o alargament­o da Kilamba, cidade construída de raiz pelo Estado a 30 quilómetro­s de Luanda. O PIP é um plano que reúne as principais obras públicas, normalment­e financiada­s com recurso a linhas de crédito externas, mas que foi reavaliado ( ao que parece para mais) devido à crise financeira e económica que – supostamen­te – afecta Angola.

Na proposta de lei do Orçamento Geral do Estado ( OGE) para 2018, o Governo previa uma dotação global de superior a 165 mil milhões de kwanzas ( 655 milhões de euros) com os projectos PIP, nomeadamen­te a reabilitaç­ão de dezenas de quilómetro­s de estrada.

Só a construção da infraestru­tura urbana da centralida­de do Kilamba, no município de Belas, arredores de Luanda, com dez mil fogos, está orçada, em 2018, em 15.825 milhões de kwanzas ( 62 milhões de euros). Considerad­o um dos maiores projectos do género em África, a cidade de Kilamba, inaugurada em Julho de 2011, já contava com 20.005 apartament­os construído­s, estando por isso, como anunciou em Agosto de 2014, o então Presidente José Eduardo dos Santos, concluída a primeira de três fases do projecto.

O Plano Director da Cidade do Kilamba, cuja construção está a cargo de empresas (é claro) chinesas, abrange uma área de 54 quilómetro­s quadrados e prevê a construção de 710 edifícios, 24 creches, nove escolas primárias, oito escolas secundária­s e 50 quilómetro­s de vias. Vivem nesta centralida­de 55 mil pessoas, que contam com vários serviços de apoio social, nomeadamen­te um centro de saúde. O Estado procura agora parceiros para avançar com a sua expansão até aos 90 mil apartament­os, conforme prevê o plano inicial, através de parcerias público-privadas, investimen­to privado e cooperativ­as, tendo em conta as limitações ao investimen­to público, devido à… crise.

Em 18 de Agosto de 2016 foi noticiado que o Governo iria avançar com a construção de mais dez mil fogos nesta centralida­de, tendo então aprovado um crédito adicional ao OGE de 2016. Já em 2015 tinha sido escolhida a empresa chinesa CITIC para construir, sob contrato do Governo angolano, mais dez mil fogos habitacion­ais incluídos na segunda fase do desenvolvi­mento da centralida­de urbana do Kilamba.

Esta empreitada esteve condiciona­da pelas dificuldad­es financeira­s que o país atravessa, devido à quebra nas receitas do petróleo, o que travou o investimen­to público. Segundo despacho presidenci­al de 5 de Novembro de 2015, a primeira etapa da fase 2 — que o chefe de Estado anunciou há dois anos — prevê a construção de mais de dez mil fogos habitacion­ais pela CITIC Construção Angola, por 607 milhões de dólares ( 489 milhões de euros). O Governo criou um fundo público para garantir a execução do programa nacional de construção de habitações, que terá ainda a responsabi­lidade de reunir o financiame­nto bancário necessário. A informação consta de um decreto assinado pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, de 25 de Agosto de 2015, justifican­do a criação do Fundo de Activos para o Desenvolvi­mento Habitacion­al ( FADEH) para “impulsiona­r o sector” e “criar um modelo de gestão mais eficiente e sustentáve­l” para o Estado, em termos económicos e financeiro­s. Este fundo, define- se no decreto, vai assumir os activos imobiliári­os, de natureza pública, como habitação, espaços comerciais e lotes para construção, sob a superinten­dência do Ministério das Finanças. “O FADEH deve mobilizar o financiame­nto bancário para a obtenção dos recursos financeiro­s necessário­s para o financiame­nto dos projectos habitacion­ais com garantia soberana [ garantia do Estado nos empréstimo­s a obter]”, lêse no documento. Além deste fundo – o montante necessário à sua execução não é revelado -, o Estado angolano avançou no final de 2014 com a entrega da gestão da construção e das vendas destas habitações, no âmbito de uma política social para o sector, à empresa Imogestin, que se mantém nesta operação.

Estas novas centralida­des, construída­s de raiz em vários pontos do país, integram- se no Plano Nacional de Habitação e a sua aquisição, sobretudo por funcionári­os públicos, foi anunciada pelo executivo como possível com preços controlado­s e mais acessíveis.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola