Folha 8

Coração marxista, cérebro capitalist­a

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Aministra angolana das Finanças, Vera Daves, tem registado várias patentes relativas às suas descoberta­s. Por alguma razão João Lourenço a escolheu para o cargo. Agora descobriu que o impacto dos activos recuperado­s pelas autoridade­s, no âmbito de crimes económicos, só vai reflectir- se nas contas públicas com o fim dos processos judiciais e decisões sobre o seu destino. É obra!

Vera Daves, que comentava o impacto da recuperaçã­o de activos levada a cabo pelas autoridade­s judiciais sobre o endividame­nto, durante uma conferênci­a de imprensa, afirmou que quanto mais se recuperar, mais despesa será executada sem necessidad­e de endividame­nto, mas avisou que os processos não são imediatos. Daí a necessidad­e, como o Folha 8 tem referido sobejas vezes, de o MPLA ficar no Poder até comemorar 100 anos de governação ininterrup­ta. E já só faltam 55 anos…

A ministra das Finanças mencionou o anúncio recente da Procurador­iaGeral da República ( PGR), dando conta da recuperaçã­o de mais 5 mil milhões de dólares ( 4,1 mil milhões de euros), mas salientou que parte deste montante correspond­e a activos ainda com processos judiciais em curso.

“Isso só se vai reflectir nas contas públicas quando a situação judicial estiver resolvida e quando o Estado for capaz de dar uso efectivo a esses bens, afectando- os a instituiçõ­es públicas que estão em instalaçõe­s arrendadas e deixam de estar, fazendo um poupança, ou alienando e isso é receita para o Estado”, salientou. Ou, talvez, pondo esses bens à guarda da Casa de Segurança do Presidente da República.

Vera Daves deu como exemplo de aplicação de fundos recuperado­s que permitiram reduzir a exposição ao endividame­nto, o Plano Integrado de Intervençã­o nos Municípios ( PIIM), que está a ser financiado com recursos provenient­es de uma acção de recuperaçã­o ( através do Fundo Soberano de Angola). “Estamos a falar de dois mil milhões de dólares ( 1,6 mil milhões de euros) em que se deixou de recorrer ao endividame­nto por que esses recursos estiveram à disposição do Estado. Agora, o ritmo com que esses recursos ficam à disposição depende da forma como os processos judiciais são tratados. E depois, quando esse património reverte a favor do Estado, esse património também tem de ser alienado”, observou. No final do ano passado, anunciou agora o Procurador- Geral da República, o Estado angolano recuperou, definitiva­mente, em dinheiro e bens um total de cerca de 5,3 mil milhões de dólares ( 4,3 mil milhões de euros) e que existem 1.522 processos relacionad­os com a criminalid­ade económica.

Entre os bens recuperado­s, estimados em 2,6 mil milhões de dólares ( 2,1 mil milhões de euros), estão imóveis habitacion­ais, escritório­s, edifícios, fábricas, terminais portuários, participaç­ões sociais em empresas, entre outros, sendo o caso mais mediático o da empresária Isabel dos Santos, filha do antigo presidente José Eduardo dos Santos e que desenvolve­u a sua actividade – criminosa, segundo a PGR – no tempo em que João Lourenço era vice- presidente do MPLA e ministro da Defesa. A ministra das Finanças falava numa conferênci­a de imprensa, a propósito da quinta avaliação do Fundo Monetário Internacio­nal ( FMI) ao programa de Assistênci­a Ampliada ( EFF). Vera Daves adiantou ainda que Angola não prevê recurso ao endividame­nto através de uma ida aos mercados “No nosso plano anual de endividame­nto, não está previsto Angola ir aos mercados internacio­nais emitir ‘ eurobonds’ e por essa via financiar- se”, sublinhou.

“Estão previstas outras formas, [ através do] mercado interno, emitir Bilhetes do Tesouro, Obrigações do Tesouro e até Obrigações do Tesouro em moeda estrangeir­a, mas no mercado interno. Na relação com o mercado externo, estamos a contar essencialm­ente com desembolso­s garantidos por organismos multilater­ais ou de projectos com linhas de financiame­nto que já tinham sido contratada­s”, explicou a responsáve­l da pasta das Finanças.

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MINISTRA ANGOLANA DAS FINANÇAS, VERA DAVES

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