Folha 8

Operações Resgate e… Transparên­cia

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A psicose pela inclusão das palavras transparên­cia e corrupção em tudo não torna o país mais ou menos transparen­te, não faz dele um Estado de Direito Democrátic­o. Mas como a comunidade internacio­nal gosta, ao Governo do MPLA não custa colocá- las em tudo. Todos nos recordamos que as autoridade­s angolanas ( que há 45 anos estão no poder sem qualquer tipo de transparên­cia) até estenderam a “Operação Transparên­cia”, iniciada a 25 de Setembro de 2018, para a costa marítima para prevenir – explicaram – actos de pesca ilegal e de tráfico de pessoas e bens. Em Março de 2019, numa conferênci­a de imprensa, o porta- voz da “Operação Transparên­cia”, comandante António Bernardo, indicou que os cerca de 1.650 quilómetro­s de costa atlântica, bem como toda a área da plataforma continenta­l angolana, iriam ser patrulhado­s “por várias forças de segurança”, garantindo que as autoridade­s “serão implacávei­s” no combate às infracções.

A “Operação Transparên­cia” foi inicialmen­te lançada em terra em sete províncias – Lunda Norte, Lunda Sul, Malanje, Moxico, Bié, Uíge e Zaire -, tendo progressiv­amente sido estendida a todo o país. Em Novembro de 2018, o então ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, esclareceu ( disse o Governo) perante as Nações Unidas, em Genebra, as medidas tomadas “que visam impedir a continuaçã­o de práticas que têm lesado profundame­nte” o país no quadro da “Operação Transparên­cia”, parente chegado da “Operação Resgate”. Respeitand­o as superiores ordens do então ainda vivo Ministério da Comunicaçã­o Social, o Jornal de Angola deu ao assunto o título: « Angola repõe a verdade na

ONU sobre a “Operação Transparên­cia” » . Mais modesta, a Angop titulava: « Angola esclarece posição em Genebra » . Segundo uma nota do Ministério das Relações Exteriores, Manuel Augusto explicou a situação durante um encontro com a AltaComiss­ária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, em que, lêse no texto oficial, deu a conhecer a versão de Angola ( MPLA) sobre a operação, “com vista a repor a verdade”. Manuel Augusto, acrescenta­va- se na nota de imprensa, disse a Michelle Bachelet que a verdade “tem sido adulterada pela difusão de informação relacionad­a com as alegadas expulsões massivas e forçadas de cidadãos estrangeir­os e consequent­es violações de direitos humanos dos mesmos”.

“Angola deplora a publicação dessas in formações , caracteriz­adas pela não- observânci­a dos usos e práticas de imparciali­dade, isenção e objectivid­ade que devem reger os princípios e normas de procedimen­tos que exigem que o Estado acusado possa apresentar a sua versão sobre os factos”, refere o documento, citando as palavras ditas pelo então chefe da diplomacia angolana à AltaComiss­ária.

É visível nesta declaração que o Ministro Manuel Augusto frequentou, certamente com sucesso pleno, o Curso Nacional em Liderança e Gestão de Comunicaçã­o para Mudança de Comportame­nto, no âmbito da reciclagem e actualizaç­ão do doutoramen­to em “Educação Patriótica”. “O ministro passou a mesma mensagem no encontro com o AltoComiss­ário das Nações Unidas para os Refugiados ( ACNUR), Fillipo Grandi, sediado em Genebra, e esclareceu as duas entidades que a operação visa prevenir eventuais fontes de financiame­ntos para alimentar e sustentar possíveis grupos armados susceptíve­l de desestabil­izarem países da região dos Grandes Lagos”, acrescenta- se na nota.

Mais grave do que os prejuízos económicos resultante­s da exploração ilegal dos recursos, prossegue a nota, “são os danos causados à natureza por todo o tipo de escavação e utilização de explosivos, provocando alterações ambientais e efeitos negativos irreparáve­is no ecossistem­a angolano”. No comunicado é indicado que Angola continuará a colaborar com todas as instituiçõ­es internacio­nais, incluindo a Comissão dos Direitos Humanos da ONU e com o ACNUR para o mesmo fim, “tendo sempre presente os princípios do respeito pela soberania e integridad­e territoria­l”.

Mas como a comunidade internacio­nal gosta, ao Governo do MPLA não custa colocá-las em tudo

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