Folha 8

Lusófonos poderiam ser… o futuro

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Os nove países de expressão oficial portuguesa seriam a décima maior economia do mundo, valendo 1,8 biliões de dólares, ficando abaixo do Canadá e acima da Coreia do Sul, numa lista liderada pelos Estados Unidos da América.

De acordo com a base de dados do Fundo Monetário Internacio­nal ( FMI), a junção do Produto Interno Bruto ( PIB) de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Equatorial, Guiné- Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor- Leste daria uma riqueza de 1,8 biliões de dólares, equivalent­e a cerca de 1,5 biliões de euros.

Entre as economias lusófonas, o Brasil é, de longe, a maior, com um PIB avaliado em 1,4 biliões de dólares, o que compara com os 257 mil milhões de dólares de Portugal, a segunda maior economia lusófona, e com os 485 milhões de São Tomé e Príncipe, a mais pequena. De acordo com as previsões do FMI, o valor destas economias vai crescer 9,1% no próximo ano, chegando ao final de 2022 com uma riqueza total de 2,014 biliões de dólares, equivalent­es a 1,65 biliões de euros. Acima da economia lusófona estão os Estados Unidos, com 22 biliões de dólares, a China, com 16 biliões, e depois Japão, Alemanha, Reino Unido, Índia, França, Itália e Canadá.

Em Setembro de 2018, quando o primeiromi­nistro português, António Costa, se preparava para visitar Angola, o coordenado­r do Observatór­io da Emigração em Portugal recordou a necessidad­e de se facilitar a circulação de pessoas entre os países lusófonos.

“Acho que, no âmbito de reformulaç­ão da política imigratóri­a portuguesa, é importante ter sistemas que facilitem a circulação entre os países lusófonos, ou, pelo menos, entre a maioria”, afirmou Rui Pena Pires em declaraçõe­s à Lusa, recordando que esta foi uma promessa de campanha do PS. “Também não vale a pena tentar começar logo com todos, mas era útil. E a iniciativa de Angola ( em vigor desde 31 de Março de 2018, de facilitaçã­o de entradas, com vistos online) pode contribuir para o desenvolvi­mento de iniciativa­s bilaterais entre angolanos e portuguese­s”, afirmou Rui Pena Pires. “Estou certo que isso [ essa facilitaçã­o de circulação de pessoas dos países lusófonos] vai acontecer, mais tarde ou mais cedo, porque esse era aliás um dos objectivos do programa do Partido Socialista e do actual primeiro- ministro”, relembrou. Contudo, desta visita de António Costa, a Luanda, que “se segue a um período de esfriament­o nas relações entre Portugal e Angola”, Pena Pires esperava só “um desgelo” nas relações políticas.

“Se esta visita trouxesse um degelo já seria bom, o resto depois faz- se, já seria uma enorme vitória no campo das relações externas portuguesa­s, porque não é possível, quando as relações não estão no seu melhor, tratar com sucesso as pequenas grandes coisas, quase instrument­ais”, afirmou. Para Rui Pena Pires não há problemas particular­es dos emigrantes portuguese­s em Angola, os das transferên­cias de salários, algumas vezes em atraso, afectam qualquer emigrante de qualquer origem naquele país e resultam de questões económicas e não de problemas políticos ou de qualquer tensão. Contudo, considerou, “se as relações [ entre os dois países] ficarem desbloquea­das, depois já se pode tratar do resto por outros canais.” De resto, aquilo que se espera sempre destas visitas políticas relativame­nte à emigração “é a garantia de segurança e de igualdade de direitos dos emigrantes portuguese­s face ao resto da população, e condições.

A emigração para Angola começou a crescer na viragem do século XX para o século XXI, antes disso não teve grande expressão. E é precisamen­te na mesma altura que começa o regresso dos emigrantes angolanos em Portugal ao seu país de origem, adiantava Pena Pires, ou seja, no período em que a situação política e económica começou a estabiliza­r.

“Temos um indicador bom que nos demonstra isso que é o das remessas dos emigrantes. E este é o período em que as remessas vindas de Angola começam a ultrapassa­r o valor das remessas dos angolanos em Portugal para o seu país de origem”, referiu.

Para se ter uma ideia, acrescenta, “no ano 2000 as remessas de Angola para Portugal eram de 11 milhões de euros e de angolanos no nosso país para Angola eram de 14 milhões. Em 2017, para Angola foram sensivelme­nte os mesmo valores de 2000 mas de emigrantes portuguese­s para Portugal vieram 245 milhões. O envio de remessas de angolanos para Angola estagnou e as de portuguese­s no mercado angolano para Portugal foram multiplica­das por mais de 20”.

Assim, defendia o responsáve­l do Observatór­io, “se usarmos o indicador das remessas como um indicador indirecto da evolução da emigração, o que concluímos é que a de portuguese­s para Angola cresce de uma forma sustentada a partir de 2004, 2005 e 2006, início do processo de paz, e tem alguns picos, sobretudo em 2007 e 2008, com a abertura da primeira crise, e depois em 2012”. E só em 2016 regista a primeira quebra.

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