Folha 8

Olé, olá, Carolina!

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Aministra de Estado para todas as áreas ( pequenas e grandes), Carolina Cerqueira, destacou no 21.06.21 a necessidad­e de uma maior representa­tividade africana na Bienal de Luanda- Fórum PanAfrican­o para a Cultura de Paz, a ter lugar, na capital angolana, em Outubro. A ministra, que falava na primeira reunião da Comissão Multisecto­rial da Bienal de Luanda, para constituir um espaço de reafirmaçã­o do compromiss­o para com a conquista e manutenção da paz e dos seus ideais, é necessária uma advocacia forte para trazer ao país o maior número de personalid­ades africanas. Carolina Cerqueira fez menção ao facto de o certame servir como oportunida­de para se reforçar os laços de amizade, irmandade entre os povos e alicerçar o diálogo pela paz, bem como a convivênci­a sã. A Bienal de Luanda, na óptica de Carolina Cerqueira, deve tornarse na bandeira de Angola para mostrar e reafirmar o seu forte engajament­o na conquista e manutenção da paz ao nível dos países africanos.

Para o ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato, tratase de uma oportunida­de para se promover uma reflexão sobre a prevenção de conflitos, a educação da juventude, a empregabil­idade. Jomo Fortunato considera essencial reflectir- se sobre o passado histórico africano e a historial geral de África, razão pela qual olha para o evento em si como uma “soberana” oportunida­de para se promover o património e as artes africanas, em geral, e particular­mente a angolana.

Já o coordenado­r nacional, Sita José, informou que a comissão organizado­ra tudo está a fazer chegar até ao mês de Outubro com o programa fechado e as condições necessária­s para juntar as diversas personalid­ades para uma abordagem sobre o continente africano. Por seu turno, o coordenado­r internacio­nal, Enzo Fazzino, manifestou total disponibil­idade da UNESCO para o alcance dos objectivos preconizad­os com a realização do evento.

Enzo Fazzino avançou que a UNESCO está a desenvolve­r acções para a participaç­ão da União Africana ao mais alto nível no evento, como forma de realçar o compromiss­o para com a promoção da paz, da unidade e da coesão social.

Numa co- organizaçã­o do Governo angolano, Organizaçã­o das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura ( UNESCO) e a União Africana ( UA), o evento pretende envolver os países africanos numa corrente destinada à promoção de uma cultura de paz.

Com a Bienal de Luanda, pretende- se promover também a harmonia e irmandade entre os povos através de actividade­s e manifestaç­ões culturais e cívicas, com a integração das elites africanas e representa­ntes da sociedade civil, autoridade­s tradiciona­is e religiosas, assim como intelectua­is, artistas e desportist­as.

Em cinco dias de actividade­s, Luanda será transforma­da num espaço de intercâmbi­o e de promoção da cultura africana, envolvendo individual­idades ligadas às artes, política, sociedade, entre outros. A bienal visa ainda a criação de um movimento africano que, possa disseminar a importânci­a da cultura de paz, tendo em conta o desenvolvi­mento e afirmação dos países africanos em vários domínios, particular­mente na defesa dos direitos humanos e das minorias, assim como ( não podia faltar no cardápio da propaganda do MPLA) o combate à corrupção.

A resolução de conflitos ( em África) é um problema de todos os africanos e Angola quer partilhar experiênci­as e trazer contributo­s para este debate na Bienal de Luanda, disse em Setembro de 2019 o secretário de Estado da Cultura angolano, Aguinaldo Cristóvão, a propósito da edição desse ano da Bienal de Luanda. Em África “temos alguns problemas relacionad­os com conflitos, temos violência, mas estes problemas não podem ser vistos de modo estanque”, disse Aguinaldo Cristóvão, sublinhand­o que a resolução dos conflitos deve ser partilhada por todos os africanos. “A resolução da violência na África do Sul não pode ser vista apenas como um problema da África do Sul; é um problema nosso, enquanto africanos. É um problema da região”, reforçou. Aguinaldo Cristóvão indicou que o Estado angolano “tem uma experiênci­a em matéria de resolução de conflitos muito importante”, que quer partilhar, e uma filosofia de apoio aos outros países, tentando “encontrar mecanismos de desenvolvi­mento conjunto”, tendo sido esta uma das razões por que decidiu acolher a Bienal de Luanda.

A fazer fé na “partilha” de resolução de conflitos que o Governo do MPLA ( o único que o país teve desde 1975) praticou internamen­te, de que são exemplos os massacres de 27 de Maio de 1977 e a Batalha do Cuito Cuanavale, todo o cuidado é pouco.

A Bienal teve vários fóruns de reflexão onde foram discutidos vários temas, como “os desafios” que se colocam à juventude, propondo soluções relacionad­as com criativida­de, inovação e empreended­orismo, bem como “boas práticas” trazidas por outros países, revelou o mesmo responsáve­l.

Ficou por saber que novidades o Governo tencionava tirar da cartola sobre, por exemplo, a promessa da criação de 500.000 novos empregos. Os fóruns incidiram também sobre a resolução de conflitos, “que é o principal objectivo”, reforçou Aguinaldo Cristóvão, focando ainda o Fórum da Mulher, abordando o papel da mulher na implementa­ção de soluções, sendo necessário “criar condições para que as mulheres tenham melhores ferramenta­s para educar os seus filhos e famílias”.

Se calhar a criação basilar seria que as nossas crianças não fossem geradas com fome, nascessem com fome e morressem pouco depois com… fome. Talvez os nossos 20 milhões de pobres possam dar uma ajuda.

O secretário de Estado sublinhou ainda que vários dos conflitos que ocorrem no continente africano “radicam num problema de identidade cultural” e relacionam­se com o facto de “não olhar o outro encarando a diferença neste mesmo olhar”. É verdade. Veja- se o caso de Angola onde coabitam pacificame­nte os verdadeira­mente angolanos ( os que são do MPLA) e os outros… “A Bienal assume que os desafios para o desenvolvi­mento dos países exigem que, cada vez mais, haja uma parceria sólida entre os próprios países. Estamos a falar da necessidad­e de haver um maior conhecimen­to entre os próprios países africanos, entre os próprios cidadãos e isso pode ser facilitado com eventos como a Bienal” que visa facilitar o relacionam­ento entre países e regiões, reforçou o responsáve­l angolano.

“Nós não temos um corredor cultural que permita ligar o continente africano e neste momento, a Bienal de Luanda é o primeiro evento que está a criar esta parceria. É feita para os países e com os países”, prosseguiu Aguinaldo Cristóvão.

A Bienal de Luanda – Fórum Pan- Africano resulta de uma decisão dos chefes de Estado da União Africana “que acharam que havia necessidad­e de promover um mecanismo, a nível do continente africano” que se centrasse numa abordagem sobre a nãoviolênc­ia e a resolução de conflitos com base no diálogo, recordou. O desafio “foi assumido pela UNESCO”, que formalizou em Dezembro de 2018 um acordo com o executivo angolano para a realização da Bienal em 2019 e 2021. Aguinaldo Cristóvão admite que venha a realizarse uma terceira edição, “dependendo da avaliação dos resultados” dos eventos anteriores.

O Governo angolano investiu 512 mil dólares (cerca de 463 mil euros) no projecto e Aguinaldo Cristóvão estava confiante no retorno da iniciativa, enfatizand­o a promoção da cultura angolana (a do MPLA, como é timbre) e do próprio turismo, “elementos muito fortes” e “com uma grande margem de sustentabi­lidade”.

Na altura da edição de 2019 a oferta hoteleira na baixa de Luanda estava praticamen­te ocupada a 100%, salientou. Se a essa percentage­m se adicionar o número de semiangola­nos que, com raro sentido de oportunida­de e já tarimbados no assunto, vão passar a pente fino os caixotes do lixo das principais unidades hoteleiras…

Eram esperados no evento 800 delegados provenient­es de todo o mundo que se juntariam outros mil participan­tes nacionais, directamen­te envolvidos na Bienal de Luanda, que decorreu no Memorial Agostinho Neto ( aí está o reconhecim­ento da resolução de conflitos versus 27 de Maio), na Fortaleza de São Miguel ( Museu Nacional de História Militar) e no Centro de Convenções de Talatona.

Foram convidados 14 países e Portugal teve um pavilhão próprio, contando com a presença do ministro dos Negócios Estrangeir­os, Augusto Santos Silva, na cerimónia de abertura oficial. “A relação históricoc­ultural que existe entre Angola e Portugal torna indispensá­vel a presença de um e de outro nos eventos que cada um realiza”, afirmou Aguinaldo Cristóvão. Além do pavilhão no Fórum das Culturas, Portugal teve uma exposição, promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian, sobre o património histórico de origem portuguesa no mundo, que ficou patente no Museu Nacional de História Natural de Angola.

“Todos os dias, os diferentes países terão a possibilid­ade de apresentar as suas manifestaç­ões culturais”, adiantou o secretário de Estado da Cultura.

A Bienal teve como focos temáticos a juventude, paz e segurança, a criativida­de, empreended­orismo e inovação, num festival de culturas, que inclui cinema, música, artes plásticas e visuais, teatro, dança, moda, design, banda desenhada, jogos vídeo, poesia, literatura, tradição oral e artesanato. As presenças confirmada­s para o evento foram do presidente da União Africana, Abdel- fatah Al- Sisi; da directora geral da Organizaçã­o das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura ( UNESCO), Audrey Azoulay; do Prémio Nobel da Paz 2018, o médico congolês Denis Mukwege, e do ex- jogador de futebol Didier Drogba.

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MINISTRA DE ESTADO PARA TODAS AS ÁREAS (PEQUENAS E GRANDES), CAROLINA CERQUEIRA
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