Folha 8

Em Angola os assassinos são heróis

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Em Portugal, o homem acusado de ter baleado mortalment­e o actor Bruno Candé, em Julho do ano passado numa rua de Moscavide, em Loures, foi condenado a 22 anos e nove meses de prisão. Nos EUA o polícia que matou George Floyd foi condenado a 22 anos de cadeia.

Em Angola os assassinos de Cassule e Kamulingue estão em liberdade. Os assassinos de Inocência de Matos estão em liberdade.

Os assassinos de angolanos em Cafunfo e Monte Sumi estão em liberdade. Os assassinos do 27 de Maio de 1977 são heróis nacionais do MPLA…

À saída do tribunal de Loures, o advogado da família de Bruno Candé considerou que foi feita justiça e que também foi feita História com a condenação com agravante de ódio racial. Além do cumpriment­o desta pena, o tribunal determinou o pagamento de uma indemnizaç­ão cível de 160 mil euros aos três filhos de Bruno Candé, por danos de morte e danos não patrimonia­is.

O arguido, de 76 anos, estava acusado do crime de homicídio qualificad­o de Bruno Candé, ocorrido em 25 de Julho de 2020 e agravado por ódio racial, e posse de arma ilegal. Foi condenado pelo Tribunal de Loures ( distrito de Lisboa) a 22 anos de prisão por homicídio qualificad­o e a dois por posse de arma ilegal, ficando com uma pena única de 22 anos e nove meses de prisão efectiva.

Durante a leitura do acórdão, que teve a presença de alguns familiares e amigos da vítima, a juíza presidente afirmou que o crime foi perpetrado por um “motivo fútil” e por “ódio racial”, tendo em conta o teor das palavras dirigidas pelo arguido a Bruno Candé.

Em Angola os assassinos de Cassule e Kamulingue estão em liberdade. Os assassinos de Inocência de Matos estão em liberdade. Os assassinos de angolanos em Cafunfo e Monte Sumi estão em liberdade. Os assassinos do 27 de Maio de 1977 são heróis nacionais do MPLA…

O tribunal considerou ainda que a morte de Bruno Candé, que ocorreu após uma discussão na via pública em Moscavide, concelho de Loures, não resultou de um “descontrol­o momentâneo” do arguido, mas sim de um acto premeditad­o.

“Na discussão você disse que ia tirar a vida a Bruno

Candé e fê- lo”, afirmou a magistrada. Relativame­nte à personalid­ade do arguido, a juíza presidente referiu que dos exames efectuados se concluiu que “não tem qualquer problema psiquiátri­co” e destacou a “ausência de remorsos” demonstrad­a. Como atenuantes o tribunal levou em conta a idade do arguido e a ausência de antecedent­es criminais.

No final da sessão, em declaraçõe­s aos jornalista­s, o advogado da família de Bruno Candé manifestou- se satisfeito com a pena aplicada pelo tribunal, consideran­do ter- se “feito justiça” e ter sido um dia histórico por se ter admitido um crime por ódio racial. “Consideram­os que é uma sentença histórica, já a acusação o era. Houve um passo histórico que foi dado pelo Ministério

Público, ao acusar com aquelas motivações [ ódio racial], e na condenação, com a agravante, que costuma ter tendência a cair”, considerou José Semedo Fernandes. Nas alegações finais, o Ministério Público ( MP) tinha pedido uma pena não inferior a 22 anos de prisão efectiva para o arguido. O MP alertou para a postura do arguido, referindo que, durante as sessões de julgamento, demonstrou “indiferenç­a” relativame­nte ao crime. Em 13 de Maio, na primeira audiência do julgamento, o homem confessou o assassínio ao dizer ter disparado seis tiros contra o actor. Segundo o despacho do

MP, o arguido afirmou durante uma discussão com a vítima, em 22 de Julho de 2020, entre outros impropério­s: “Vai para a tua terra, preto! Tens toda a família na senzala e devias também lá estar!”.

Durante a discussão, na via pública, o arguido levantou a bengala em direcção a Bruno Candé, ameaçando- o de morte, segundo o MP. De seguida, Bruno Candé entrou num veículo, tendo o arguido ainda gritado “tenho lá armas em casa do Ultramar e vou- te matar”. Em Angola os assassinos de Cassule e Kamulingue estão em liberdade. Os assassinos de Inocência de Matos estão em liberdade. Os assassinos de angolanos em Cafunfo e Monte Sumi estão em liberdade. Os assassinos do 27 de Maio de 1977 são heróis nacionais do MPLA…

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