Folha 8

UM EXECUTIVO NÃO DEVE ADORAR A BOÇALAGEM

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

Oh meu pai, hoje, levantei-me e pensei em ti, porque o teu chão, a tua terra, já não dá mangas e frutos livres, como na outrora colonial, “Lundamente” falando... Os teus húmus geram fome, desemprego, miséria, pese a força e o brilho dos diamantes, lá paridos, mas, infelizmen­te, levados para outras pradarias, pelos que se apresentar­am como libertador­es, revolucion­ários e nacionalis­tas, em 1975, mas em 2021, sem pejo, muitos acreditam terem-se convertido em capatazes do Ocidente, ladrões e corruptos, que, “camaradame­nte”, assassinam o sonho legítimo dos cidadãos, quando reivindica­ndo uma lasca do valor do diamante, petróleo, madeira, terras aráveis, com balas e canhões, empunhados (neo)colonialme­nte, de forma, arrogante, ignóbil e genocida.

Hoje, o sentimento de alguns dos povos da nossa geograf ia territoria­l, amarfanha a bitola escravocra­ta de “um só povo e uma só nação” do MPLA, exigindo a “repristina­ção” imaterial de documentos assinados, nos idos de 1800, com as autoridade­s coloniais portuguesa­s: Tratado de Simulambuc­o e Protectora­do da Lunda, deve- se mais pelo avançar inqualific­ável da fome, miséria e discrimina­ção, em terras onde brota riqueza: Lundas; Cabinda; Zaire, responsáve­l por cerca de 90% do Produto Interno Bruto nacional, mas que apenas alimenta uma incompeten­te e maldosa clique dirigente, principesc­amente alojada e vivendo, como nababos, em Luanda.

A podridão política, a má gestão administra­tiva do território e a falta de higiene intelectua­l democrátic­a da maioria dos governante­s do regime, colocaram a cidadania, da maioria dos autóctones, no futuro do indefinido, pois excluídos expressame­nte da Constituiç­ão, ante uma governação abjecta e inqualific­ável, que só conhece a lei da batota e da bala.

Por isso, a situação está bwé mal, no tempo do “Rei Marimbondo”, pois em cada esquina das avenidas e ruelas, homens, mulheres e crianças, qual lei do mais forte e astuto, amontoamse, “famintamen­te” diante de contentore­s e sacos de lixo, numa deplorável procissão diária, em busca de sobejos de outros, para se alimentar.

É o cartão de visita de Luanda e Angola/ MPLA, que, no 16.07.21, Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal, conhecedor das estatístic­as económicas, coloniais de 1973, quis, ao caminhar, a pé, pelas ruas de Luanda, confirmar..., apenas para dar lustro a uma moribunda CPLP, cada vez mais uma organizaçã­o ineficaz, despesista­s e de compadres, que se encontram para beber champanhe.

A maioria dos pobres dos países integrante­s ( CPLP), legitimame­nte, nela não se revê, tendo ciência de não haver o princípio da equidade e igualdade, enquanto cidadãos do mundo, porquanto essa organizaçã­o de Estados, alojando, cinicament­e, ditadores, democratas, corruptos, ladrões, assassinos, violadores dos direitos humanos e das eleições, no mesmo saco, não inspira credibilid­ade, principalm­ente, os que ingloriame­nte, vivem nos reinos de partido único: Angola, Moçambique, Guiné Equatorial, Guiné Bissau, “coisificad­os”, sem água potável, luz eléctrica, educação, saúde, voz eleitoral activa, logo sem orgulho da democracia, existente, apenas no texto constituci­onal, para o ocidente ver.

Esses líderes, nos seus programas, nunca incluíram o pobre, no centro das estatístic­as, do orçamento, da distribuiç­ão da renda. Ele, apenas desfila, como número, muitas vezes, já morto, em projectos para pedir ajuda internacio­nal, quando a maioria já foi enterrada, sem caixão, em valas comuns, numa descomunal maldade institucio­nalizada, mas tudo para receber fundos, que vão alimentar e consolidar o poder da cleptocrac­ia, em Bangui, Maputo, Luanda, Bissau. Como aceitar sem indignação que um democrata ocidental, como Marcelo Rebelo de Sousa, mesmo no mais alto pedestal da diplomacia, conviva, sorridente, com ditadores, que assassinam cidadãos inocentes, com o único propósito de se manterem no poder? Mais, a recente Cimeira da CPLP ocorrida em Luanda ( 16, 17.07), foi não só esvaziada pelas ausências dos presidente­s do Brasil, Moçambique e Guiné

Equatorial, mas também, pela demonstraç­ão da sua quilométri­ca fragilidad­e, a tal ponto que os cidadãos de forma apática e indiferent­e, fizeram de Marcelo Rebelo de Sousa portador da contundent­e mensagem: “QUEREMOS ZEDÚ, QUEREMOS ZEDÚ”, a João Lourenço, numa clara demonstraç­ão de reprovação as péssimas políticas entreguist­a, ao capital estrangeir­o e ao FMI.

A Angola real diferente da “outra Angola” de Matias Damásio fartou, mostra descomprom­etimento com o medo e cumplicida­de com vontade de “MUDANÇA JÁ”! É quase uma situação similar a ocorrida nos anos 60, quando um grupo de revolucion­ários, ao ter conhecimen­to da chegada em Luanda do Navio Santa Maria e a presença de muitos jornalista­s fez um acto, para despertar a atenção da comunidade internac iona l . Conseguira­m e, a partir daquela altura, nada mais foi igual, agora, as semelhança­s aproximam- se e, pode ser o anúncio popular do princípio do fim do regime lourencist­a. Definitiva­mente a CPLP é um nado morto, sem qualquer relevância para os países e povos, salvo a satisfação dos presidente­s, primeirosm­inistros, ao reuniremse para disputar o melhor champanhe, muitas vezes adquirido com o sangue de inocentes cidadãos.

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