ENI ACUSADA DE DISCRIMINAÇÃO E RACISMO
Petrolífera italiana
O mundo dos petróleos longe de trazer riqueza para a maioria dos países subdesenvolvidos,muitas vezes traz extrema pobreza, para a maioria dos seus cidadãos. Angola não foge a regra. Os petrolíferos reclamam as condições de trabalho e a falta de incentivos, o pobvo já nem se fala, pois apenas se aboletam os nababos no poder. Vejamos este lamento dos trabalhadores da italiana ENI.
Ogrupo ENI está em Angola desde 1982 e embora não tenha tido sucesso no Bloco I onde era operador, detém participações importantes nos melhores campos petrolíferos: Blocos 0, 3, 14, 15 e no bloco 15/ 06 onde é operadora, logo, por esta via exportou ao longo de anos milhões de barris de petróleo extraídos dos reservatórios de Angola, obtendo dividendos na ordem de muitos e muitos mil milhões de dólares americanos.
Pese estes lucros, constata- se ser a ENI a única multinacional, em Angola, que nunca construiu a sua sede, tão pouco elaborou um projecto para beneficiar os trabalhadores angolanos na empresa, sendo diferente com os estrangeiros expatriados. As demais multinacionais, em Angola, constroem sedes, executam projectos sociais e não só, cujo património, no final dos contratos reverte a favor das autoridades, como os prédios Palanca e Impala, na Maianga, construídos pela Total Angola, além das 2 torres situadas na zona do Eixo Viário, onde estão situados os escritórios da referida empresa. A Exxom Mobil tem instalações imponentes em plena Marginal de Luanda e o condómino Kizomba, situado no Morro Bento.
A Chevron tem instalações, junto a Escola Mutu ya Kevela e na nova Marginal de Luanda, bem como projectos sociais para os funcionários locais ( condomínio no Morro Bento), além de outras iniciativas em Cabinda. Paradoxalmente, e no âmbito dos contratos de parceria, à ENI comparticipa nos custos de construção e ornamentação das instalações de outras multinacionais e projectos ligados as outras concorrentes, mas jamais a multinacional Italiana colocou um tijolo, no solo de Angola, para os seus quadros, vai alugando escritórios a figuras ligadas ao Ministério, a concessionária ou ao MPLA.
Em 2006 ao apresentar um Caderno de Encargos para o bloco 15/ 06, visando obter o estatuto de operadora, apresentou encargos onde incluía projectos sociais para beneficiar especialmente 100 angolanos, auto propondo- se em financiar um condomínio denominado “Omocola Sangos” para os trabalhadores locais, num valor de cerca de 35 milhões de dólares, mas nunca se concretizou. Basta ver o espaço vedado junto as instalações da TPA Camama. Entretanto, por incumprimento, diante do Ministério dos Petróleos comprometeu- se a patrocinar a criação de uma cooperativa para a concretização do sonho dos trabalhadores de obterem casa própria. O presidente deste orgão era membro da direcção da ENI, em Angola, até cerca de um ano, mas passados 14 anos nenhuma casa foi concluída, mas os funcionários são descontados pesadamente pelo banco, desde que aderiram ao projecto e a ENI escudasse em não mais poder intervir por não ser responsabilidade sua, mas sim da cooperativa, na gestão, quando caricatamente o presidente, indicado no início, era director da empresa e, por incrível que pareça, angolano. Esta é uma história semelhante aos grandes roteiros de Hollywood, dirigidos por Francis Copolla, autêntica máfia à italiana, porquanto, até recentemente o terreno estava na titularidade da vendedora: Estado, mas o pedaço contíguo, integrante do maior, ardilosamente, está em nome da senhora Lina Maria Almeida da Fonseca Ferreira, esposa do então ministro da Construção e Obras Públicas, cujo valor foi de 6 milhões de dólares americanos, que permaneceu, pese ter recebido os milhões, na sua titularidade...
É triste ver terrenos do Estado que determinadas pessoas se abocanham e assim fazem negócios chorudos, com as autoridades ligadas ao ramo, Sonangol e ministério de tutela, que possuem direcções de Auditória, Inspecção e Fiscalidade, principalmente, quando se sabia de antemão que a multinacional estava a adiantar o dinheiro, mas iria recuperar o investimento, por jamais terem auditado e fiscalizado coisa alguma. No fundo, não se sabe sob cobertura de quem, esta empresa age com tanta imunidade, ao ponto de receber trilhões e não investir, nem tostões, ludibriando tudo e todos por untar as autoridades do sector, claramente cúmplices desta máfia que lhes dá de comer. Criaram- se empresas de fiscalização e construção de um dia para outro, sem um concurso público, lavraram contratos de adjudicação, para deste modo, num triângulo de cumplicidade, entre funcionários seniores da ENI, Sonangol e Ministério dos Petróleos, abocanharem o que havia restado dos 35 milhões de dólares, deduzidos da parcela do terreno. Hoje a história regista que cerca de 10 funcionários reformados da ENI, falecidos, nunca, nem os herdeiros, receberão casa alguma, tão pouco os 15 restantes no referido projecto. Esperavamos que a PGR, e até mesmo outros órgãos deste país, perante esta grave denúncia pudessem, no mínimo, averiguar os factos e, na consistência da denúncia dos lesados, houvesse a reposição da legalidade, principalmente, em nome de todos angolanos, pois não é aceitável que uma multinacional use métodos tão baixos, quanto bárbaros para alcançar os seus intentos ante uma nação inteira, e, ademais, o combate a corrupção não pode só ser reduzido aos angolanos. Num País normal, a ENI seria obrigada a cumprir o acordado e a conferir casas aos familiares directos na linha de sucessão dos já falecidos trabalhadores.