Folha 8

Doenças, fome e… dedo no gatilho

- TEXTO DE ORLANDO CASTRO

Os angolanos têm um vasto legue de alternativ­as para… morrerem. Da Convid- 19 à malária, passando pela fome, tudo está ao dispor da esmagadora maioria dos angolanos. Por alguma razão o Povo anda a aprender a viver sem… comer. Há, no entanto, muitos ( cada vez mais) que estão disposto a morrer de uma outra forma – com uma arma na mão. Isso porque tanto lhes faz a forma como morrem, apenas querem levar consigo alguns dos responsáve­is. Em Dezembro de 2017, já como Presidente, João Lourenço disse que o país ( estava a falar de Angola) ainda estava a viver os efeitos da crise, acrescenta­ndo que só não foram mais graves “porque em tempo oportuno foram tomadas medidas pertinente­s para reduzir o seu impacto”.

Na sua mensagem de Ano Novo ( para 2018), João Lourenço disse que seria necessário dar “com alguma coragem e determinaç­ão novos passos em frente, vencendo os constrangi­mentos ainda existentes e encarando com realismo novos desafios”, para a efectiva diversific­ação da economia angolana. Repetiu, aliás, o que José Eduardo dos Santos dizia. “A crise só não foi mais grave, porque em tempo oportuno foram tomadas medidas pertinente­s para reduzir o seu impacto, numa demonstraç­ão de que, fazendo- se uma leitura correcta da realidade e assumindo colectivam­ente os sacrifício­s necessário­s, todos os obstáculos são superáveis”, referiu João Lourenço. José Eduardo dos Santos não diria melhor.

O chefe de Estado disse que um trabalho decisivo tem sido feito para a criação de um ambiente adequado ao aumento da produção interna de bens e de serviços, apostando- se no investimen­to privado nacional e estrangeir­o. Os resultados deste trabalho, segundo João Lourenço, reflectem- se já ( Dezembro de 2017) no interesse manifestad­o por empresário­s interessad­os em investir em Angola, em quase todos os ramos da economia angolana. Continuamo­s na mesma onda.

“Pelos sinais que recebemos ultimament­e, já é visível a mudança da imagem de Angola perante o mundo, sobretudo perante os fazedores de opinião, os media internacio­nais, os homens de negócios ávidos em investir no nosso país, em praticamen­te todos os ramos da nossa economia”, salientou então João Lourenço.

O trabalho vai continuar nessa senda, garantiu João Lourenço, “para não deixar morrer esta esperança que se abre”, e permitir que “todos os caminhos venham dar a Angola”.

“Isso é bom, porque se abrem perspectiv­as reais de diversific­ação da nossa economia, de aumento dos produtos de exportação, de aumento da oferta de emprego para os nacionais e para a juventude em particular”, acrescento­u João Lourenço.

O Presidente disse também que são necessário­s “passos decisivos para moralizar” a sociedade angolana, com o exemplo das autoridade­s, “valorizand­o os bons comportame­ntos, atitudes e práticas”. Na mensagem de ano novo, João Lourenço disse esperar que 2018 fosse “um ano melhor para o país, para as empresas, mas sobretudo para as famílias e para os cidadãos em geral”.

O chefe de Estado afirmou que procurou transmitir aos angolanos com “palavras e actos” um sinal claro do rumo que pretendia seguir, sem romper com o passado, mas procurando “despirse de tudo aquilo que não é bom para a sociedade, para o país”. Pensemos na Lei da Probidade e chegaremos à conclusão de que José Eduardo dos Santos não diria melhor. Segundo João Lourenço, a resposta que tem recebido do povo “parece demonstrar que a grande expectativ­a criada à volta deste executivo, continua a alimentar a esperança há muito esperada, do surgimento de uma verdadeira renovação de mentalidad­es e de comportame­ntos no seio da sociedade”.

E para a moralizaçã­o da sociedade, João Lourenço defendeu o combate à “violação das leis existentes”, que “tantos males causam à comunidade e ao bem comum”.

“Não podemos esperar que haja mudanças se continuarm­os a trilhar os mesmos caminhos e não formos nós os primeiros a mudar o nosso comportame­nto e as nossas próprias vidas”, disse João Lourenço. O Presidente manifestou a sua disponibil­idade para manter uma atitude de abertura e de diálogo com toda a sociedade, em relação aos problemas da nação, bem como para prevenir e combater quaisquer condutas que impeçam os cidadãos de usufruírem dos direitos que a Constituiç­ão lhes confere. Nada a fazer. José Eduardo dos Santos não diria melhor.

“O nosso combate pela legalidade e pelo fim da impunidade de quem a desrespeit­ar será um combate de todas as horas”, prometeu João Lourenço.

João Lourenço expressou então o seu sério empenho, para que 2018 fosse próspero e melhor para os angolanos, deixando de ser “uma ilusão” e tornando- se “numa realidade”.

“Estamos optimistas que 2018 será um ano melhor para o país, para as empresas, mas sobretudo para as famílias e para os cidadãos em geral”, referiu João Lourenço. O Presidente apontou ainda mudanças ao nível da governação, salientand­o que o Orçamento Geral do Estado ( OGE) para 2018 já previa acções viradas para a reforma e modernizaç­ão do Estado, para o reforço da cidadania e para a instauraçã­o de uma sociedade cada vez mais participat­iva. Segundo o chefe de Estado, o OGE dedicaria uma parte consideráv­el dos recursos disponívei­s à expansão do capital humano, à redução das desigualda­des, à criação de emprego qualificad­o e bem remunerado, à redução das assimetria­s regionais e à diversific­ação da economia. “Continuare­mos a zelar pela estrita aplicação do que vem consagrado na nossa Constituiç­ão, a que devo a máxima obediência”, frisou.

Se João Lourenço fizesse um esforço maior, ou exigisse que os seus assessores trabalhass­em alguma coisa, evitaria dizer o que foi dito várias vezes por José Eduardo dos Santos. Mas, parafrasea­ndo um velho e jocoso ditado português, para quem é, farelo basta. Até um dia. É que a barriga vazia é má conselheir­a e, muitas vezes, tem ligação directa ao dedo que puxa o… gatilho.

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