Folha 8

Falta acabar 1992. É isso, não é?

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A UNITA considera de baixaria os ataques à figura do seu presidente e lembra que, devido ao conflito armado, muitos dirigentes, incluindo personalid­ades do partido governante, viram- se forçados a obter duas ou mais nacionalid­ades, como aconteceu com Adalberto da Costa Júnior, que, prontament­e, renunciou à sua segunda cidadania. “O comunicado do Bureau Político do partido que governa não fez senão destilar ódio, semear discórdias, desviando as atenções da opinião pública nacional e internacio­nal. O Comité Permanente da Comissão Política conclui que o mesmo reflecte algum nervosismo resultante da extrema exposição causada pela incapacida­de de atender às aspirações dos cidadãos e pelo massacre de Cafunfo levado a cabo pelas forças de defesa e segurança, cujas ordens partiram de membros com assento nesse Bureau Político”, lêse num comunicado da UNITA, que “entende que não é insinuando racismo e xenofobia, nem destilando raiva contra o líder do maior partido na oposição que se resolvem os problemas de Angola”.

Pelos vistos, mau grado o MPLA estar determinad­o a decapitar ( cortar a cabeça) a UNITA, já que as sucessivas tentativas políticas para a transforma­r num bode expiatório estão a ser um monumental fracasso, parece que ninguém no Galo Negro leva a sério o premonitór­io aviso de Jonas Savimbi: “Vocês estão a dormir e o MPLA está a enganar- vos”. O partido fundado por Jonas Savimbi, apela há vários meses, por isso, “às famílias angolanas, às Igrejas e à sociedade em geral, a não se deixarem levar por essa onda que procura distrair os angolanos e impedi- los de buscar os caminhos para o progresso e bem- estar de todos”.

Num comunicado do início deste ano, afirmava observar “a utilização abusiva dos órgãos de comunicaçã­o social sob controlo do Executivo, que assumiram invariavel­mente o papel de juízes, condenando os manifestan­tes de Cafunfo, com base única nas declaraçõe­s parciais do ministro do Interior e do comandante geral da Polícia, bem como a propaganda baixa e os ataques desproposi­tados e mentirosos que são levados a cabo contra a UNITA e a sua direcção, muito particular­mente o seu presidente, Adalberto da Costa Júnior, esquecendo o princípio do contraditó­rio, regra basilar de um verdadeiro jornalismo sério, isento e comprometi­do com a verdade dos factos”. A UNITA diz não aceitar “ser transforma­da em bode expiatório dos problemas de desgoverna­ção do regime, nem da incapacida­de congregado­ra do Presidente da República, João Lourenço” e reitera “o seu compromiss­o com a liberdade do povo angolano e reafirma a sua pré- disposição para o diálogo com as instituiçõ­es do Estado para se reverter o actual quadro e abrir caminho para um futuro airoso para os angolanos na sua pátria comum e apela a todos angolanos a manterem- se calmos e serenos”.

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