FUGA COVARDE AO APURAMENTO ELEITORAL
Um autóctone honesto, que acompanha os 46 anos de (des)governação “made in MPLA”, afinal o verdadeiro CORONA VÍRUS dos angolanos, não acredita que uma “víbora possa virar minhoca”, mesmo estando na Angola profunda, onde o sol queima mais, a fome é severa e a miséria indescritível.
Ocepticismo inicial nunca me levou a condenar quem, ingenuamente, tinha uma réstia de esperança na higiene intelectual de muitos dirigentes do MPLA e, fundamentalmente, dos seus deputados, neste momento crucial, em que estão preparadas as condições, objectivas e subjectivas, para uma explosão social, sem precedentes, liderada, não pelos partidos políticos, mas pela JUVENTUDE, que tem um sonho: LIBERDADE, DEMOCRACIA, EQUIDADE, em não aprovar um pacote legislativo constitucional e legal provocador! Indiferente às lamentações e recomendações da sociedade civil e de algumas chancelarias ocidentais, o regime acredita que tendo a maioria, na Assembleia Nacional, na CNE (Comissão Nacional Eleitoral), nos tribunais superiores (Supremo e Constitucional), na banca e nos quartéis e esquadras, é causa bastante, para espezinhar os demais e perpetuar-se, indefinidamente, no poder. Pode ser um verdadeiro engano e erro de cálculo! Os cidadãos de bem, os jovens, não aceitarão, pelo que temos visto nas manifestações, continuar a assistir, de forma passiva, à carruagem da discriminação constitucional, que impede os sem partido político de participarem na vida política do país (art.º 17.º CRA - Constituição da República de Angola), prosperar. Muitos jovens, têm estado a fazer recruta, apanhando violentes porretes policiais, enquanto outros, sacrificadamente, entregam a própria vida para o bem comum, como foram os casos de Cassul, Kamulingue, Hilbert Nganga, Joana Cafrique, Sílvio Dala, Inocêncio da Mata, 168 cidadãos de Kafunfu, entre outros. Nunca nos 38 anos de José Eduardo dos Santos haviam sido assassinados cidadãos nas manifestações, como na era lourencina, tão pouco uma estratégia de ódio e raiva contra “camaradas” do seu partido. Rodeado de uma “task-force”, intelectualmente infantil, fraca, medrosa, covarde e dependente, os órgãos superiores do MPLA: comité central e bureau político, foram transformados numa creche.
Um partido político, no poder desde 1975, navega hoje, sem pendor ideológico definido, à mercê do ocaso do Fundo Monetário Internacional e do fracassado neoliberalismo económico, atirou borda fora os princípios de esquerda, convertendo-se, rapidamente, numa central de emprego, com a matriz dos partidos de extremadireita neoliberal. Ademais, diante de tanto recurso à lei da força, traduzida numa monstruosa covardia, ditadura, militarismo, assassinato da democracia, o MPLA, voluntária ou involuntariamente, acaba de estimular a UNIÃO da juventude, dos intelectuais, desempregados, desmobilizados, discriminados, espoliados, que, face às provocações, iniciaram a “construção” de um grande “Exército Nacional da Liberdade e Democracia” para, juntos, resgatarem Angola das garras de uma ditadura intolerante, discriminatória, assassina e submissa ao capital estrangeiro. Hoje, preocupa a retórica mental, higienicamente boçal e poluída de se considerar os militantes do MPLA os únicos angolanos de primeira e os da oposição e sociedade civil, como sendo de segunda categoria. Mais grave é, no dobrar de cada esquina, ostensivamente, mostrar “lancis” ditatoriais, assumidamente, contra a implantação da incipiente democracia, na sociedade, uma vez intra-muros (MPLA), estar proibida, sendo encarada como perversa.