“Task force” da banha da cobra
O Presidente da República, o Presidente do MPLA e o Titular do Poder Executivo “disseram” no dia 9 de Julho que os constrangimentos para a construção de infraestruturas hidráulicas para minimizar o problema da seca, que afectava meio milhão de pessoas no Cunene, estavam ultrapassados, devendo as obras avançar em Outubro. Se João Lourenço diz… acredite quem quiser, até mesmo aqueles que continuam à espera dos 500 mil empregos também prometidos.
João Lourenço anunciou então o avanço dos quatro projectos, dos quais apenas um foi iniciado, após uma reunião com o governo do Cunene, província fortemente assolado pela seca, onde foi apresentada a difícil situação social e económica da região. O chefe do executivo, que nesse dia iniciou a segunda visita do seu mandato àquela província sublinhou que, apesar das deficiências em áreas como a saúde ou a educação, o pior dos problemas é a seca que, de forma cíclica, afecta a província e, de forma geral, o sul de Angola ( províncias do Cuando Cubango, Cunene, Namibe e Huíla). O Presidente realçou que a seca afecta pessoas e animais, que enfrentam risco de vida, mas a solução não passa por transportar água em bidons ou alimentos em camiões, pois nunca será suficiente. Dava jeito que o país tivesse governos competentes, sérios e activos. Mas como isso não foi possível ao longo dos 46 anos que o MPLA leva no Poder, o melhor mesmo é rezar ao deus da chuva ( João Lourenço, obviamente).
“O importante é garantir a existência de água todo o ano”, vincou, assinalando que após a visita de há dois anos o executivo concebeu três projectos estruturantes, dos quais apenas um (Cafu) avançou, devido à falta de recursos financeiros, agora ultrapassada. Segundo João Lourenço, a construção de outros dois projectos ( barragem e canal de Calacuve e de Ndué) vai arrancar no quarto trimestre deste ano. “A partir de Outubro garantimos que as máquinas vão estar no terreno para dar início a esses dois projectos”, frisou. Parece que já se ouvem as máquinas… No mesmo período terá também início a recuperação de diques e açudes na região do Curoca, estando prevista a reabilitação de represas e obras de transferências hidráulicas para o próximo ano.
Com os projectos em curso, João Lourenço acredita que o “sofrimento” das populações e dos animais e o quadro “bastante negativo” vai mudar de forma radical a partir de 2023.
A governadora do Cunene, Gerdina Didalelwa, fez então um balanço dos efeitos da seca que afecta actualmente 514.800 pessoas e se traduziu, este ano, num “fenómeno de muita movimentação que nunca aconteceu” anteriormente. Normalmente, segundo a governadora, as pessoas são assistidas nas suas residências, mas encontram- se agora cerca de 4.000 deslocados em centros espalhados por todos os municípios da província. Além disso, mais de 2.000 pessoas refugiaram- se na vizinha Namíbia, na maioria crianças entre os 5 e 10 anos.
Até agora foram beneficiadas 83.416 pessoas, com apoios recebidos da administração central ( 615 toneladas de produtos diversos sobretudo bens alimentares), do governo provincial ( 326 toneladas de alimentos) e dos parceiros sociais ( 196 toneladas de bens diversos).