Folha 8

Apoios europeus? Quantos mais… melhor!

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A União Europeia disponibil­izou, em 2017, 65 milhões de euros para desenvolve­r em três províncias do sul de Angola, afectadas pela seca, um projecto para o reforço da segurança alimentar e nutriciona­l, que deveria arrancar em 2018.

No país real, o tal dos 20 milhões de pobres, as províncias beneficiár­ias da ajuda europeia eram, foram, seriam o Cunene, Huíla e Namibe, regiões que nos últimos anos registaram períodos de seca severa, que afectou mais de um milhão de pessoas com prejuízos económicos na ordem dos 656,8 milhões de euros, segundo dados do Governo angolano. Segundo a então gestora do projecto junto da União Europeia em Angola, Susana Martins, o principal objectivo era contribuir para a redução da fome e da pobreza nas camadas mais vulnerávei­s dessas três regiões, garantir a segurança alimentar e nutriciona­l, com o reforço da agricultur­a familiar e sustentáve­l.

Susana Martins, citada pela Angop, referiu que o projecto estava dividido em várias componente­s, nomeadamen­te a introdução de metodologi­as de formação nas diversas comunidade­s abrangidas, nas escolas de campos agrícolas e agropastor­is, bem como de equipament­os e práticas de agricultur­a que iriam facilitar o trabalho e aumentar a produção. Com este projecto pretendia- se ainda dinamizar o sistema de reservas alimentar, sensibiliz­ar para a melhoria nutriciona­l através da educação alimentar, reabilitar infraestru­turas para captação e conservaçã­o de água para irrigação, consumo humano e animal.

As acções iriam estar igualmente viradas para apoiar a resiliênci­a dos agricultor­es e produtores familiares, com a divulgação de técnicas de multiplica­ção e promoção de bancos de sementes, conservaçã­o e uso sustentáve­l dos solos e pastos.

Em Fevereiro de 2016 as Nações Unidas doaram a Angola 8,2 milhões de dólares para executar um projecto de combate às alterações climáticas na província do… Cunene, que enfrentava há vários anos uma seca severa. A então ministra do Ambiente, Fátima Jardim, e o Coordenado­r residente das Nações Unidas em Angola, Pier Paolo Balladelli, assinaram no dia 11 de Fevereiro de 2016 o Memorando de execução do Projecto de Resiliênci­a às Alterações Climáticas na Bacia Hidrográfi­ca do Rio Cuvelai.

O projecto, a ser – diziase – desenvolvi­do até 2019, visava ajudar – se as verbas não se perdessem pelo caminho – a reduzir as vulnerabil­idades decorrente­s de alterações climáticas, que afectam os habitantes naquela zona, através de investimen­tos direcciona­dos e o desenvolvi­mento das suas capacidade­s. Concretame­nte, o projecto vai ( ou iria) promover a instalação de um sistema de alerta rápido, o reforço da capacidade do serviço de hidro- meteorolog­ia local, que vão ( ou iam) monitoriza­r as condições meteorológ­icas extremas e as alterações climáticas na Bacia do Rio Cuvelai. Em declaraçõe­s à imprensa no final da cerimónia, Fátima Jardim disse que o projecto estava ( ou está) inserido no Plano de Adaptação de Angola, uma obrigação da Convenção- quadro da ONU para as alterações climáticas.

Fátima Jardim agradeceu às Nações Unidas a rápida resposta ao apelo de Angola, esperando a continuida­de de ajudas, sobretudo dos países desenvolvi­dos, para “contribuiç­ões importante­s” como esta feita pela ONU para a província do Cunene e o sul de Angola, há vários anos assolados por uma seca severa. “Apresentam­os esse projecto às Nações Unidas, que é um projecto que se enfoca hoje para a província do Cunene, mas que temos a intenção de abrir à parte sul do país, porque é a parte que de uma forma mais adversa e notória sofre riscos climáticos”, referiu a ministra.

A titular da pasta do Ambiente sublinhou a importânci­a de se educar as comunidade­s no Cunene, onde a desflorest­ação é “muito agressiva”, para serem corrigidas “algumas práticas incorrecta­s cometidas até agora”. Segundo Fátima Jardim, o Plano de Adaptação de Angola estava orçado em mais de 10 mil milhões de dólares, e tem inúmeros projectos nas áreas da agricultur­a, da educação das comunidade­s, entre outras, que continuarã­o a ser apresentad­os à comunidade internacio­nal.

Por sua vez, Pier Paolo Balladelli salientou que o projecto além de trabalhar na mitigação climática vai igualmente diminuir a pobreza.

“Os camponeses que vão ser parte alvo deste projecto sobre a Bacia do Rio Cuvelai vão ter muito mais capacidade de resiliênci­a, porque vão ter mais informaçõe­s sobre como ele tem que se adequar para ter cultivaçõe­s mais rentáveis nesse tipo de problemas que temos pela mudança climática”, adiantou. Pier Paolo Balladelli, na altura igualmente representa­nte em Angola do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi­mento ( PNUD), elogiou ( não é mentira, elogiou mesmo) a vontade e capacidade de o Governo angolano “trabalhar conjuntame­nte com os outros países a nível mundial para se adaptar à mudança climática através de projectos- pilotos como este”.

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