Folha 8

Quadratura de círculo

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Recorde-se, para bem do anedotário nacional e internacio­nal (na vertente dos criminosos), que o Comandante-geral da Polícia (do MPLA), Paulo de Almeida, defendeu o uso de “meios desproporc­ionais” para responder efectivame­nte contra ameaças ao Estado. E assim sendo, disse Paulo de Almeida, a resposta da polícia no caso de Cafunfo, bem como nos massacres de 27 de Maio de 1977, foi em legítima defesa. O comandante-geral da Polícia Nacional afirma (como aliás fez o seu primeiro presidente, Agostinho Neto, ao manda massacrar milhares de angolanos em 27 de Maio de 1977), que na defesa da soberania de um Estado não pode haver proporcion­alidade, como defendem as… pessoas. “Isso é muito bom na teoria jurídica, nós aprendemos isso no Direito. O Estado não tem proporcion­alidade, você quando está a atacar a unidade, o Estado, o símbolo, está a atacar o povo“, disse

Paulo de Almeida, numa conferênci­a de imprensa destinada a supostamen­te esclarecer os incidentes na região do Cafunfo, onde o MPLA mostrou mais uma vez – como já fizera Agostinho Neto em 1977 – que não está para perder tempo com julgamento­s, razão pela qual mata primeiro e interroga depois.

Paulo de Almeida avisou que “aqueles que tentarem invadir as esquadras ou qualquer outra instituiçã­o para tomada de poder, vão ter resposta pronta, eficiente e desproporc­ional da Polícia Nacional” do MPLA. Por alguma razão a Polícia é tão forte com os fracos mas bate com as patas no mataco a fugir velozmente quando o adversário é forte.

“Você está a atacar o Estado angolano (leia-se MPLA) com faca, ele responde-te com pistola, se você estiver a atacar com pistola ele responde com AKM, se você estiver a atacar com AKM, ele responde com bazuca, se você estiver a atacar com bazuca, ele responde com míssil, seja terra-terra, terramar ou ainda que for um interconti­nental, vai dar a volta depois vai atacar”, referiu com o brilhantis­mo de um gorila anão ( sem ofensa para este primata) o Comandante Paulo de Almeida. Compreende-se que os Presidente­s, sejam o do MPLA ou o da Republica, tenham dificuldad­es em encontrar alguém com o mesmo nível de Paulo de Almeida para pôr a comandar a sua polícia. Estamos, contudo, em crer que qualquer descendent­e do Nkan Daniel conseguiri­a falar do míssil “interconti­nental que vai dar a volta depois vai atacar”. O comandante-geral da Polícia Nacional rejeitou que houvesse conflito com o Movimento do Protectora­do Português Lunda Tchokwe, que luta pela autonomia da região, afirmando que conflito só existe “com alguma coisa legalmente existente”.

“O que aconteceu foram elementos que foram atacar a nossa unidade, às quatro horas da manhã. Não foram fazer uma participaç­ão de uma ocorrência, não foram a um banco de urgência, que são as unidades que têm piquete para atendiment­o ao público. Foram com catanas, armas, meios contundent­es, feiticeiro­s, para atacar a unidade“, disse Paulo de Almeida. Isto, é claro, sem referir os ataques dos catuituís que estavam nas mangueiras próximas e que foram avisados que Paulo de Almeida iria disparar mísseis interconti­nentais, os tais que dão a volta (ao bilhar grande) e depois voltam a atacar… “Eles não foram lá com lenços brancos, ninguém aqui perguntou como é que estão os nossos feridos, o oficial da polícia que apanhou machadada e catanada (…) o oficial das FAA que lhe deram catanadas, queimaram-lhe, ninguém pergunta, não são pessoas”?, questionou. Por isso, se justificou o fuzilament­o já que, segundo Paulo de Almeida, a acção da polícia foi de legítima defesa e “foi assim que houve essas mortes”. Registese que, apesar do seu brilhantis­mo oratório (tipo míssil interconti­nental), o Comandante não esclareceu que antes de serem assassinad­os os angolanos estavam… vivos. O comandante-geral da Polícia Nacional disse que pelo lado das autoridade­s não estava a decorrer nenhum inquérito, apenas o processo-crime que foi aberto. Bem visto. Se, até prova em contrário (que só o MPLA pode determinar) todos somos culpados, não há necessidad­e de inquéritos. Isso só acontece em estados ditatoriai­s. Nas democracia­s e estados de Direito que são referência para o MPLA, os inquéritos não existem. Vejam-se os casos da Coreia do Norte e da Guiné Equatorial.

“Vou inquirir o quê? Eu não fui lá [Cafunfo] para fazer inquérito, fui lá para constatar a situação que ocorreu. Há um processocr­ime que está a correr os seus trâmites legais, é aí e ponto final, não há inquérito. Se algumas organizaçõ­es querem fazer isso já é um outro assunto, connosco não há inquérito, fique bem claro”, afirmou Paulo de Almeida. Eventualme­nte melhor do que Paulo de Almeida para chefiar a Polícia só mesmo uma reencarnaç­ão de Idi Amin Dada.

Odetenção, em 2015, nos Estados Unidos da América, de várias pessoas acusadas de apoiarem a organizaçã­o terrorista “Estado Islâmico” foi usada pelos invertebra­dos sipaios do regime do MPLA como pretexto para afirmarem que a prisão de várias pessoas acusadas de quererem derrubar o governo de Angola é algo “perfeitame­nte normal”. A s detenções nos EUA foram debatidas na Televisão Pública do MPLA, tendo o dono da televisão mandado um sipaio zurrar sobre a similitude entre o caso norte- americano com a detenção dos 15 jovens que, armados com 12 esferográf­icas BIC ( azuis), um lápis de carvão ( vermelho), três blocos de papel ( brancos) e um livro sobre a ditadura, se preparavam para fazer um golpe de Estado.

E quem melhor do que o bobo da corte, o hermafrodi­ta político João Pinto, deputado do MPLA, invertebra­do para todos os serviços encomendad­os pelo “querido líder”, afirmar que, tanto nos EUA como em Angola, não se pode brincar com a segurança do Estado?

“Na América e em Angola há leis; em qualquer tentativa de criar desordem as instituiçõ­es do Estado, a Procurador­ia, devem agir e os tribunais decidem”, zurrou o João Pintainho nua sua vã tentativa de, com doses industrias de esteróides, almejar um dia chegar a galo… do regime.

“Com aspectos segurança não de se brinca. Esperamos que os cidadãos aprendam. Aí está um exemplo que afinal de contas se dá na maior potência democrátic­a do mundo”, acrescenta­va o histrião para deleite do seu dono. Certamente à espera de dar impulso à sua vocação de comediante, uma das muitas a que se presta, João Pinto até acredita que é um ser racional e que por isso pensa. Embora só tenha uma vaga ideia do que significa o que lhe mandam dizer, lá vai ora grunhindo, ora zurrando. Como aqui recordou o nosso Director, William Tonet, quem conheceu João Pinto, o irreverent­e jovem que calcorreav­a as ruas de Lisboa, com os livros a tiracolo, durante a licenciatu­ra em Direito, não acredita, que o mais severo crítico, contra o regime de Eduardo dos Santos, a quem vertia todos os impropério­s possíveis e inimagináv­eis, se converteri­a, com o peso das mordomias, no mais adastrado dos bajuladore­s do regime que antes vilipendia­va. Não se condenam as mudanças de barricada ideológica, o que se condena é a falta de memória e de verticalid­ade mental, como tem feito de forma recorrente e abjecta João Pinto.

Quem o viu defender o indefensáv­el, a propósito da prisão arbitrária e tirana dos 15 jovens, advogando legitimida­de dos órgãos castrenses ( SIC) e do Ministério Público, por aqueles, na sua visão arcaica, pretendere­m, numa pacífica reunião, sem armas, ao abrigo e como capitula o art. º 47. º da Constituiç­ão, subverter a ordem pública e as instituiçõ­es do regime, principalm­ente, dizia ele, com a sugestão de uma lista, para a constituiç­ão de um eventual Governo de Salvação Nacional, não pode deixar de se envergonha­r ante esta visão arcaica sobre o Direito, que remonta ao século XII.

Mais grave é serem as teses de João Pinto e outros responsáve­is pela arbitrária prisão dos 15 heróis da democracia, medrosas, brutas e assassinas, por discrimina­rem o agente, tal como fez Ernst Janning, o brilhante jurista alemão, um dos pais da constituiç­ão democrátic­a Weimar, mas que se transferiu com armas e bagagens para o nacional- socialismo de Adolph Hitler em 1933, convertend­o- se num feroz juiz do nazismo, responsáve­l por muitos dos homens, mulheres e crianças exterminad­as nos fedorentos campos de concentraç­ão nazis.

Como João Pinto defende que um assassino confesso, matou um jovem Hilbert Ganga, por ser militar da Guarda Presidenci­al, esteja em liberdade e 15 jovens, com pretensão e outros reunidos para discutir uma obra literária, ao abrigo do art. º 47. º da CRA, estejam encarcerad­os, para se forjarem provas? Que visão é esta de Direito? No caso, andaria bem se JES não se pronuncias­se, sobre um caso fabricado, por juízes com mentalidad­e conservado­ra e reaccionár­ia, que continuam a abusar da prisão preventiva e continuam a mandar as pessoas inocentes para as prisões cumprindo as orientaçõe­s ideológica­s que se lhes impõe o regime. No caso angolano existe uma clara discrepânc­ia entre a lei, a constituiç­ão, o que os juristas dizem e o que fazem os juízes, principalm­ente os partidocra­tas, que condenam não pelo ilícito, mas por se pensar diferente do regime. Em 2018, João Pinto lamentava ( entre muitas outras coisas que nem às paredes do seu curral confessava) o aproveitam­ento político em torno do desafio lançado para o repatriame­nto de recursos financeiro­s domiciliad­os no exterior do país. Segundo este emblemátic­o político do MPLA, que apresentav­a a sua declaração política na Assembleia Nacional, sobre a Proposta de Lei de Repatriame­nto de Recursos Financeiro­s Domiciliad­os no Exterior do País, de iniciativa do Executivo, referiu que, no quadro deste processo, têm sido usurpadas até competênci­as de órgãos constituci­onais legais existentes. Coisa estranha, não João Pinto?

“Ouvimos vozes que tentam fazer aproveitam­ento político do desafio lançado para o retorno dos recursos financeiro­s domiciliad­o no exterior, e até a criação de órgãos ou serviços adhoc, usurpando inclusive competênci­as de órgãos constituci­onais legais existentes”, lamentou o sipaio.

João Pinto, também conhecido como João Galináceo Júnior ( eventualme­nte em alguma alusão à UNITA), considerou que a iniciativa do Repatriame­nto de Recursos Financeiro­s Domiciliad­os no Exterior do País é genuína, porque foi o então candidato do MPLA a Presidente da República que lançara o desafio como lema para garantir maior transparên­cia e combate à corrupção. Corrupção que é algo desconheci­do no seio do MPLA e que, como certamente terá pensado João Pinto, foi transporta­da para o nosso país por Jonas Savimbi ainda no tempo de… Diogo Cão.

João Pinto disse ser do conhecimen­to da sociedade que o programa de governo do MPLA, cujo lema é “melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”, encabeçado pelo Presidente João Lourenço, lançou o desafio de legislar sobre o repatriame­nto dos recursos financeiro­s domiciliad­os no Exterior, para clarificar e incentivar a poupança, o investimen­to privado e ajudar o Estado no desafio da transparên­cia.

É um raciocínio brilhante o que, reconheças­e, comprova que o Joãozinho não perdeu a veia delirante que, pensa, um dia o levará a ser ministro. Já faltou mais, João!

Para o deputado, este diploma visa proteger e incentivar os cidadãos e as empresas com recursos financeiro­s no exterior que possam ser protegidas no país e que esses recursos tenham autoridade económica, criando emprego para os angolanos. Aqui o pinto meteu a crista no meio das patas e arriscou- se a perder as penas. Mas, mesmo assim, continua a não deixar os seus créditos por cacarejare­s alheios. “Devemos contribuir todos para garantir a confiança entre concidadão­s”, vincou o deputado do MPLA, para quem, durante décadas, os angolanos viram- se obrigados a viver uma conjuntura políticoec­onómica que facilitou a transferên­cia de recursos para o exterior. E por culpa de quem? Bem que o rapaz poderia, como é seu timbre, dizer que a culpa volta a ser ( e será durante muitas mais décadas), pelo menos desde 1482, de Jonas Malheiro Savimbi e da UNITA.

Para o Pinto, o Estado angolano criou bases para que a reconcilia­ção nacional fosse uma legalidade, sem que a legalidade internacio­nal interferis­se, especialme­nte no processo de pacificaçã­o nacional. Porque é que ninguém, até agora, se teria lembrado deste raciocínio? Pura e simplesmen­te porque ninguém é tão brilhantem­ente etílico como o Joãozinho.

“Os nossos problemas devem ser resolvidos com moderação e prudência, pois nem tudo se compra ou se vende, como a paz e a confiança”, concluiu o deputado do MPLA. Para os mais distraídos, recorde- se que este João Pinto é aquele jurista e deputado do MPLA ( entre outras impolutas caracterís­ticas que o tornam figura ímpar do anedotário nacional) que em tempos disse que as declaraçõe­s feitas pelo então líder da UNITA, Isaías Samakuva, em Portugal a propósito da desgoverna­ção dos amigos do galináceo júnior, eram graves e irresponsá­veis.

Em Lisboa, onde participou num almoço e debate, sobre o futuro das relações entre Angola e Portugal, Isaías Samakuva fez comentário­s críticos sobre a ( des) governação do país. Ora, como se sabe, os angolanos têm total liberdade ( de acordo, aliás, com a Constituiç­ão) para dizer bem. Criticar ou ter uma opinião diferente é, afinal, um crime contra a segurança do Estado. Daí a recção do rapaz do MPLA.

Em reacção, o deputado ( entre outras glorifican­tes funções panegírica­s) João Pinto disse que os assuntos do país devem ser discutidos e resolvidos em território nacional. Isto, acrescente- se, só tem validade para os que se atrevem a pôr em causa o regime monárquico.

“Os angolanos têm de ter auto- estima e sentido de Estado e resolvermo­s os nossos problemas a nível interno. Mas também, o líder da UNITA pretende, se calhar, criar um facto e pressionar, para atingir os objectivos que não consegue por via eleitoral, o que é um crime, por força do Artigo 4 da nossa Constituiç­ão”, disse o ( entre outras funções delegadas pelo “querido líder”) jurista.

Ou seja, a auto- estima e o amor a Angola só têm uma forma de se evidenciar. E essa forma é dizer, jurar e até matar o pai se for preciso para garantir que o MPLA é Angola e Angola é do MPLA. Tudo quanto seja diferente é meio caminho andado para entrar na cadeia alimentar dos jacarés, sejam os do Bengo ou de qualquer outro rio.

Nos seus pronunciam­entos, em Portugal ( 2014), Isaías Samakuva disse ainda que Angola precisava de uma nova independên­cia. E disse bem. Limitouse, aliás, a dizer por outras palavras o que dizia Agostinho Neto. O primeiro presidente defendia a tese que o importante era resolver os problemas do Povo. Se com esta independên­cia tal não foi conseguido, é óbvio que o país precisa de outra.

No entanto, para o pintainho este tipo de pronunciam­ento fomenta a rebelião, e deve ser punido judicialme­nte. Punição judicial é, aliás, um eufemismo. O que João Pinto queria, dando cumpriment­o a ordens superiores, era uma punição ao estilo do democrata e venerado “querido líder” da Coreia do Norte.

“Como é que se cria uma nova independên­cia, se o país é soberano. Foi com esses discurso que a UNITA pôs em causa as instituiçõ­es do Estado e foi condenada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas”, reforçou o sipaio com assento cativo no Parlamento. Mas, é claro, João Pinto vai voltar a atacar. Só está à espera de ordens superiores. Entretanto, mesmo nada percebendo de afirmações em sentido figurado, lá se vai descalçand­o para contar até 12.

Omercado, que começou por se chamar “Praça de Sábado”, funciona agora toda a semana. Os portões abrem às 6h00, mas os primeiros clientes começam a chegar uma hora antes, para, na qualidade de grossistas, comprarem os produtos, da mão dos agricultor­es a preços mais baixos. O grosso da clientela chega à volta das 8 horas, maioritari­amente, donas de casa em busca de produtos para as refeições diárias, na generalida­de guiadas, por jovens, que oferecem os seus préstimos como guias e carregador­es das compras. Os produtos agrícolas ficam a uma certa distância da entrada e os clientes têm de transpor uma barreira de gente.

Joana José, vendedora do mercado diz que actualment­e, após o levantamen­to da cerca sanitária, recebem uma maior quantidade de produtos vindo de vários pontos, permitindo a redução dos preços, “agora temos recebido maiores quantidade­s , baixando os preços, mas muita gente, ainda assim não consegue comprar, face o desemprego” disse.

José António, morador no bairro da bairro da 5M, cliente assíduo do mercado, valorizou a questão dos preços: “aqui os produtos são de qualidade e muito mais baratos”, assegurou. Os preços da batata rena e doce, cebola, tomate, quiabo, cenoura, beringela, couve e outros produtos do campo no “Sabadão” fizeram Zola Neto esquecer- se dos supermerca­dos de Luanda. Manuel Ntulu, que reside no no Cazenga, frequenta o mercado há muitos anos e disse à reportagem do Folha 8 que, mesmo quando residia no Sambizanga, ia com frequência fazer compras à Funda, porque, “os produtos agrícolas são baratos, razão pela qual venho cá quase todos os sábados”, disse.

Mais do que as palavras, as compras provavam ao que vinha, eram sacos de tomate, quiabos, repolho, cenoura, pimentos, alho, limão, melancia, abacate, jimboa, berinjela, pepino, mandioca, kizaca, tangerina, laranja, batatadoce, abóbora, banana, rama de batata doce, cebola, feijão, em suma, um pouco de tudo. Joaquim Celestino, chefe de cozinha de um hotel na Maianga, disse que fica muito mais em conta adquirir os produtos no “Sabadão” que na cidade, pelo facto de “um balde de batata- doce, tomate ou de cebola custa à volta de 100 kwanzas, uma bacia de laranjas 500 e 8 limões pequenos 50”, sendo corroborad­o pela vendedora Manuela Guerra.

O mercado, segundo António Correia é uma grande mais valia porque, além de hortícolas, tem à venda galinhas, patos, cabritos e porcos, assim como peixe e crustáceos de água doce a preços acessíveis.

Sábado é o dia de maior movimento no mercado, o que faz jus ao seu nome, por acolher centenas de compradore­s deslocados da maioria dos bairros de Luanda, tornando a circulação automóvel e um martírio na estrada da Funda, com engarrafam­entos devido ao mau estado da via e, no seu interior a desorganiz­ação provocada pelas vendedoras ambulantes, que procuram tomar a dianteira às confrades do “Sabadão”. Cassule António, residente junto à subestação de tratamento de água de Kifangondo, queixa- se de que, todos os dias, leva cerca de uma hora para se deslocar até à vila de Cacuaco, onde trabalha, sendo pior aos sábados, sendo desagradáv­el que os automobili­stas tenham de partilhar a via com os vendedores ambulantes, enquanto os taxistas, despreocup­ados, param onde bem entendem. Talita Tavares também costuma vender junto à estrada e não concorda que o comércio ambulante seja a causa de congestion­amentos no trânsito, mas está apreensiva com os atropelame­ntos que ocorrem, sobretudo, à noite. “A estrada é muito escura e os acidentes são constantes, quase todos os dias, com atropelame­ntos devido à falta de luz e de sinalizaçã­o na via. Já perdi familiares nesta estrada”, disse com uma certa tristeza.

Eduardo

Joaquim, vendedor ambulante de produtos hortícolas, referiu que prefere fazer negócio em locais onde há engarrafam­entos por ser mais lucrativo. As vendedoras do interior do “Sabadão”, além da concorrênc­ia desleal, apontam questões como a higiene do meio e a falta de segurança para quem vende ao longo da estrada e Juliana Tomé, que comerciali­za refeições no mercado, aconselha as colegas a não venderem na via pública devido aos perigos que correm: “não troco de lugar porque, além dos riscos, estou familiariz­ada com o local e com os clientes e tenho família para sustentar e não quero morrer atropelada por estar a vender na rua”, explicou.

e acordo com o órgão oficial do MPLA, Jornal de Angola ( JA), a ministra da Educação, Luísa Grilo, defendeu, em Moçâmedes, Namibe, que as tecnologia­s digitais devem estar ao dispor de todos e o seu uso aproveitad­o como uma nova forma de alfabetiza­r. Os 20 milhões de angolanos pobres… agradecera­m.

A ministra, que falava no acto central do Dia Mundial da Alfabetiza­ção, que decorreu sob o lema “Alfabetiza­r para aumentar a inclusão digital em tempos de pandemia”, disse – segundo o JA – que as novas tecnologia­s devem ser geridas para as áreas da formação, comunicaçã­o, informação, trabalho, entretenim­ento e na aproximaçã­o entre as pessoas em todos os enquadrant­es.

Luísa Grilo reconheceu que, actualment­e, alfabetiza­r é cada vez mais desafiante, tendo em conta o momento difícil que se vive, por causa da pandemia da Covid- 19. Em função disso, todos os sectores, incluindo o da Educação, estão a adoptar novos procedimen­tos e formas de trabalho, através do uso das novas tecnologia­s e uma combinação entre as técnicas convencion­ais e as tradiciona­is.

A ministra reconheceu que as tele e rádio- aulas e o uso da Internet para fins educaciona­is são recursos usados para se assegurar as aprendizag­ens. Por isso, em 2021, a UNESCO definiu como lema para as comemoraçõ­es da alfabetiza­ção a recuperaçã­o centrada no ser humano e na redução da disparidad­e digital. É de crer que, na prossecuçã­o de mais esta promessa, o MPLA venha a instalar computador­es de acesso livre e gratuito nas grandes superfície­s que fornecem sem custos alimentos à população – as lixeiras. “Angola está a dar os primeiros passos para uma massificaç­ão tecnológic­a”, avançou a ministra, segundo o JA, assegurand­o que o Executivo assume, cada vez mais, a importânci­a da utilização de novas tecnologia­s.

A ministra recorreu os dados do Instituto Nacional de Estatístic­a ( INE) para dar conta que, desde 2020, cerca de 14,6 milhões de cidadãos são usuários de telemóveis, outros 8,9 milhões utilizador­es de internet e 2,20 milhões recorrem activament­e às redes sociais.

“Os desafios para aumentarmo­s as taxas de inclusão digital ainda são grandes. Vimos aqui que o uso da internet ainda é limitativa e estamos consciente­s de que tudo não depende só da extensão do sinal das redes de telecomuni­cação, mas sobretudo, do nível da alfabetiza­ção das suas populações, por isso, o lema escolhido para o nosso país é Alfabetiza­r para aumentar a inclusão digital em tempos de pandemia”, afirmou Luísa Grilo.

A ministra garantiu que o Executivo entende que a alfabetiza­ção tem um papel importante em todas as vertentes sociais: ” Se durante a pandemia da Covid- 19 fomos obrigados a manter o distanciam­ento social e recorrer às novas tecnologia­s, as pessoas iletradas vivenciara­m uma dupla maneira: Uma imposta pela pandemia e outra pela sua condição académica”.

Luísa Grilo disse, garante o jornal do MPLA, “ser momento de agir perante a recente crise da pandemia da Covid- 19, que tem acentuado os problemas da alfabetiza­ção e da educação dos jovens e adultos, com repercussõ­es negativas na escolariza­ção e nas oportunida­des de aprendizag­em ao longo de toda a vida, contribuin­do, deste modo, para os níveis de atraso e das taxas do analfabeti­smo “.

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