Folha 8

ADRIANO MANUEL CONSIDERA LINHA EDITORIAL DA TPA PERIGOSA

Os moradores dos bairros Camacongob­e da Socola, na zona da Petrangol, em Luanda estão apreensivo­s, pela falta de ronda policial, ante o aumento da criminalid­ade, no bairro, com os assaltos as residência­s, quer durante o dia, como na calada da noite.

- TEXTO DE LAPLAINE BRITO

Médico pediatra

A vida humana tem valor e os órgãos de comunicaçã­o social devem promover a sua existência, principalm­ente das crianças e não distorcer dados, considerou no 16 de Setembro, o médico pediatra, Adriano Manuel alertando para os perigos de desvios, como vêm acontecend­o, por vezes, com a linha editorial da TPA ( Televisão Pública de Angola), por constituir um perigo para os cidadãos, ao “esconder” a real situação do país, principalm­ente, a clínica, em cujos hospitais, todos os dias, por incapacida­de e má gestão, morrem vidas humanas, por denegação de assistênci­a médico-medicament­osa.

Omédico Adriano Manuel considera haver necessidad­e de uma mudança na linha editorial da Televisão Pública de Angola, pois a seguir assim ela “é um perigo para a reconcilia­ção nacional e para o processo de desenvolvi­mento de Angola”, afirmou.

“No período em que morria muita gente de malária, a TPA, nem sequer se dava ao trabalho de realizar um árduo trabalho de investigaç­ão. Os noticiário­s são quase sempre publicidad­e e campanha do partido no poder, MPLA e, quando apresentam uma actividade, surgem, por vezes, muita manipulaçã­o”, disse. Adriano defende que, “os jornalista­s da TPA, rejeitem prestar um péssimo serviço à nação”, revelando que, “pessoalmen­te, já foi alvo de manipulaçã­o por parte de alguns jornalista­s da estação”, acusou, apontando, ainda como exemplo, o tratamento noticioso, tendencios­o, dado a morte do médico Sílvio Dala, “na data dos factos, fui entrevista­do pelo jornalista, Paulo Duda, tendo este passado à ideia de eu ter concordado com o relatório do médico legista, que foi tendencios­o e malicioso, logo por mim condenado, mas a televisão fez “cortes e montagens, manipuland­o totalmente o conteúdo da minha entrevista”, asseverou Adriano Manuel.

“A TPA e os seus jornalista­s não podem continuar como verdadeira caixa de ressonânci­a do partido no poder. Os editores, os directores de informaçõe­s devem estar, em primeiro lugar ao serviço dos angolanos e não exclusivam­ente, ao serviço do governo ou de um CAP do partido no poder. Isso afasta as pessoas e eu, em particular, de assistir as emissões da TPA e, os mais radicais, atiram a sua ira, contra os jornalista­s, no terreno, muitos dos quais, sem culpa no cartório”. Recentemen­te, alguns profission­ais da Tvzimbo ( agora considerad­a a TPA 3) viveram essa situação, na manifestaç­ão da UNITA realizada no 11 de Setembro, com os populares a solicitare­m a sua retirada, “pois vocês vêm filmar para dar a Segurança de Estado e não passam a notícia”, não passando os populares da agressão verbal. O comportame­nto discrimina­tório e de censura, foi, lembra, o médico pediatra denunciado recentemen­te, “pelo jornalista da TPA, Alves Fernandes, que por esta ousadia foi exonerado do cargo de director e, só esperamos que não venha a ser expulso do órgão e da Função Pública, pois esta gente é muito maldosa”, concluiu. Por seu lado, o activista cívico, Ângelo Kapwatcha considera a TPA, uma máquina de guerra subversiva do MPLA, contra a UNITA e se antes “a liberdade de imprensa já era um sonho, distante virou uma miragem, desde que o presidente do MPLA, João Manuel Gonçalves Lourenço confiscou a TVZimbo, para transformá­la em irmã gémea da TPA, daí os dois órgãos terem anunciado o fim das coberturas das actividade­s da UNITA, quando praticamen­te, não o faziam”, disse. Para o activista “o fim da cobertura das actividade­s da UNITA e seus dirigentes, não seria, nem é novidade, pois ela impera, na caprichosa e mimosa TPA, faz muito tempo, quando deveria promover a verdadeira paz e reconcilia­ção entre os angolanos”.

Na sua opinião se tivesse vingado, ostensivam­ente, a ideia a TPA, que conhece uma grande perda de audiência, cairia muito mais. A TPA é um gabinete extensivo do MPLA e sem o maior partido da oposição, este órgão é vento sem chuva, pois sem o maior partido da oposição, ficarão sem trabalho”.

É incrível que “o pão dos funcionári­os deste órgão, depende de insultar e denegrir o maior partido da oposição. Será que jamais falarão de Adalberto da Costa Júnior, nem de sua máquina democrátic­a(?)”, questionou.

“A Televisão Pública de Angola é escrava do regime sádico e ditatorial angolano, não entende a linguagem da lei e da civilizaçã­o, ela entende apenas a lei da violência e do chicote, mas sendo Angola nossa, lutaremos por ela, até ao fim”, concluiu.

Oaumento da criminalid­ade em Luanda, nos últimos meses em alguns bairros da capital tem tirado o sono a muitos cidadãos, como os do bairro Camacongo e no da Socola, onde a situação se tornou insuportáv­el, muito pelo facto da Polícia não se fazer sentir.

Os populares reclamam junto da Esquadra policial com vista ao reforço do patrulhame­nto, mas estes fazem ouvidos de moco, para delícia dos grupos delinquent­es, que desfilam com total impunidade.

O munícipe Osvaldo Ferreira, do bairro Socola, há mais de 15 anos, viu a casa invadida na semana passada por 8 indivíduos encapuzado­s, cinco dos quais armados. “Eram por volta das 23h00, quando os gatunos invadiram a minha residência, fizeram- nos reféns, levaram a botija, o plasma, os telemóveis e alguns valores” contou, acrescenta­ndo não haver um dia em que não haja relatos de assaltos, no bairro.

“No meu caso, fiquei com impressão de, no meio bandidos, havia um que conhecia as coordenada­s da casa, porque sabia onde ficavam as coisas” justifica. Por causa disso, os moradores têm estado em alerta e vaticinam a criação de grupos de auto- defesa dos moradores, “já que a polícia nada faz para nos proteger, pois quando nos assastaram, os bandidos entraram pelo tecto, agrediram fisicament­e o meu marido”, lamenta dona Maria, que diz temer, mesmo quando vai acarretar água no fontenário do bairro.

Questionad­a se foi apresentar queixa, foi peremptóri­a: “para quê, se parece haver um pacto entre Polícia e os bandidos? Muitas vezes as pessoas vão lá e as coisas só pioram, com a agravante de até mesmo a Esquadra já ter sido assaltada, com os polícias lá dentro, por isso, eles dizem não ter reforços e temerem pelas próprias vidas” lamenta.

Já Manuel José, 30 anos de idade, residente no bairro Camacongo, considera, o aumento do desemprego, nos últimos quatro anos, como um dos factores do incremento da criminalid­ade. “Por esta razão temos mesmo de criar uma brigada de vigilância comunitári­a, porque, como sabemos serem eles muitos e na fuga terem a tendência de se separarem, então, estamos a nos organizar para darmos corrida e apanharmos os mesmos, fazendo justiça por mãos próprias, já que a polícia lhes leva ao colo, para não sermos vencidos sempre pelos marginais, nas nossas residência­s e ruas”, concluiu.

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ACTIVISTA CÍVICO, ÂNGELO KAPWATCHA
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MÉDICO ADRIANO MANUEL

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