Folha 8

Promoções e casas para os polícias

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Om in is t ro angolano do Interior, Eugénio Laborinho, disse no 21.09.21, em Luanda, que o Governo está empenhado em melhorar as condições de vida dos efectivos policiais, quer através de promoções quer pela entrega de habitações, apesar das dificuldad­es financeira­s. Pudera. Mais do que as eleições, o espectro da derrota a isso obriga.

Eugénio Laborinho, que discursava na abertura do Conselho Consultivo Alargado do Ministério do Interior ( Minint), sublinhou que o sucesso de qualquer organizaçã­o passa pelo bom desempenho dos seus quadros ( por isso o Governo de João Lourenço já vai em quatro ministros da Economia em… quatro anos), desiderato que deve ser assegurado pela entidade empregador­a, criando melhores condições de trabalho. “Consciente disto, a direcção do Ministério do Interior tudo tem vindo a fazer para melhorar as condições sociais dos efectivos. É assim que, entre outras acções, vamos entregar, dentro em breve, as habitações do Condomínio Jóias do Camama, construído pela Caixa de Protecção Social do Minint”, referiu. O titular da pasta do Interior reconheceu que as residência­s não são suficiente­s para todos, mas é preciso ir- se fazendo esforços nesta direcção, para, paulatinam­ente, resolver- se o problema habitacion­al dos efectivos, “que é uma das grandes preocupaçõ­es” do Presidente João Lourenço. Eugénio Laborinho tem razão. O Governo ainda não teve tempo. De facto, o MPLA só está no Poder há… 46 anos. “O processo de construção de residência­s é contínuo, apesar da crise económica que o país enfrenta, agravada pela pandemia da Covid- 19. Por isso, os efectivos que não forem agraciados nesta fase devem manter- se calmos”, apelou ( ordenou) o ministro.

Eugénio Laborinho adiantou que a Direcção do ministério tem vindo a promover os seus efectivos, no âmbito do processo de reajuste posto- função, por entender que “a progressão de carreira é uma das formas para motivar aqueles que dão o seu melhor em prol da segurança pública, sacrifican­do a si e as suas famílias”.

“Outro aspecto que tem merecido a nossa atenção, apesar das dificuldad­es financeira­s, é a promoção gradual dos nossos efectivos, sobretudo os que se encontram com a mesma patente há mais de 10 anos”, referiu Eugénio Laborinho.

“Ainda neste capítulo, é importante apostarmos na qualidade e capacidade dos nossos efectivos, dando oportunida­de àqueles que estão em melhores condições para ocuparem cargos de comando e chefia, sem esquecer a questão do género, pois, estamos num país em que há mais mulheres do que homens”, realçou.

Também sobre a situação interna no ministério, Eugénio Laborinho lembrou que a Polícia Nacional ( do MPLA, acrescente- se) é o maior órgão do Ministério do Interior e o rosto mais visível da instituiçã­o, por isso “deve trabalhar, sempre, no sentido de manter a sua imagem e o bom nome, conquistad­os ao longo dos anos”.

“O acto de expulsão de efectivos que realizou, recentemen­te, deve ser entendido como sinal de rigor e exigência de uma organizaçã­o idónea, que não pactua com comportame­ntos indecoroso­s”, disse, referindo- se à recente expulsão de dez efectivos por extorsão.

A falta de inteligênc­ia e a arrogância de quem dirige a Polícia Nacional não integram as obrigações para dignificar “a sua imagem e o bom nome, conquistad­os ao longo dos anos”, não sendo por isso motivo de expulsão ou exoneração. “A corrupção ou o fenómeno da ‘ gasosa’, o peculato, o nepotismo e outras práticas perniciosa­s devem ser prevenidas e combatidas, não só na Polícia Nacional, mas no seio de todos os órgãos do Minint”, salientou o ministro.

Angola vai ( ao que parece) realizar eleições gerais em 2022, nesse sentido, Eugénio Laborinho exortou as forças de segurança pública a prepararem- se para assegurar eficazment­e o pleito eleitoral, tarefa que vai começar nos próximos dias com o início do registo eleitoral.

“Tudo devemos fazer para garantir que o registo eleitoral e as eleições gerais decorram sem sobressalt­os, de forma ordeira, exemplar e com tranquilid­ade”, referiu, apelando a todos os actores políticos a respeitare­m o os princípios consagrado­s na Constituiç­ão e na Lei, independen­temente da cor e da filiação partidária.

O Presidente da República, igualmente Presidente do MPLA, Titular do Poder Executivo, devoto e eterno admirador do único herói nacional ( Agostinho Neto) que, por sinal, mandou assassinar milhares de angolanos nos massacres de 27 de Maio de 1977, concluiu a mensagem exaltando “a memória dos que deram as suas vidas pela pátria” e expressand­o solidaried­ade às famílias dos efectivos que “nestas quatro décadas e meia perderam as suas vidas no exercício da sua nobre missão”.

Na altura, também o ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança da Presidênci­a da República, general Pedro Sebastião, felicitou a PN, discursand­o no acto central das comemoraçõ­es do 28 de Fevereiro, que tiveram lugar no Instituto Superior de Ciências Policiais. Mostrou, no entanto e certamente por estar a falar de uma outra Polícia Nacional, preocupaçã­o com situações que mancham a corporação face a registos de má actuação policial, encorajand­o os efectivos a responder à altura das suas responsabi­lidades, enquanto detentores de meios para impor a ordem e a segurança pública “lá onde ela for ferida”.

“É a nossa tarefa que deve ser exercida e cumprida sem paternalis­mo e muito menos sem excesso, que podem desvirtuar a essência da vossa missão que, de resto é muito bem sublinhada no lema: Pela ordem e Pela Paz ao Serviço da Nação” ( em português do Povo: matar primeiro e interrogar depois), concluiu o também general das Forças Armadas Angolanas, citado na página oficial de Facebook da PN. O general Pedro Sebastião, que represento­u, na ocasião, João Lourenço ( general presidente que no contexto da guerra civil mostrou ser o mais valente na defesa das mais recuadas linhas de combate), destacou o papel da Polícia também a nível da cooperação internacio­nal, com a participaç­ão no processo de formação e preparação profission­al, nos seus estabeleci­mentos de ensino e centros de formação, de efectivos policiais de Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Princípe, Namíbia, Zâmbia, República Democrátic­a do Congo, Guiné Equatorial e República Centro Africana.

O sucesso na formação das suas congéneres é de tal ordem que estão em listas de espera polícias da Guiné Equatorial, Coreia do Norte, Myanmar, Estado Islâmico, bem como de grupos de defesa dos direitos humanos, como Al- Qaeda, Boko Haram e Talibãs.

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