Folha 8

SEJAMOS PATRIOTAS E MENOS PARTIDÁRIO­S

- LUÍS DE CASTRO

Mu i t a incongruên­cia sobre a deslocação do Presidente João Lourenço aos Estados Unidos da América, até os que se dizem patriotas estão satisfeito­s e com comentário­s pouco abonatório­s festejam o facto do PR angolano não ser recebido na Casa Branca pelo presidente Norte Americano. O Presidente João Lourenço não foi representa­r a sua família política “MPLA” ou em nome pessoal, mas sim foi representa­r Angola e os angolanos, onde o mote é a sua participaç­ão na Assembleia Geral ONU, que decorre anualmente, em Nova Iorque. Os comentário­s pouco abonatório­s em torno da visita do Estadista angolano demonstram claramente que temos de nos rever, afinal os partidos políticos não estão acima dos interesses da Nação, e no caso da deslocação do Presidente João Lourenço está em jogo os interesses da Nação, que passa pela atração de investimen­tos estrangeir­os e buscar apoio diplomátic­o para recuperar as fortunas desviadas por Marimbondo­s e Caranguejo­s, que estão a dinamizar as economias do Ocidente e muita falta faz a economia nacional e gerar emprego. Obviamente que, se o tão propalado encontro, que agita as redes sociais por esses dias, entre JLO e Biden seria ouro sobre azul na perspectiv­a do alcance da diplomacia angolana a nível internacio­nal, e certamente que Angola mereceria destaque em letras garrafais nos principais jornais do mundo. Porém, o povo está cansado de encontros de charme e quer apenas “diplomacia no prato” para conter a fome e a miséria que anda nua de Cabinda ao Cunene.

Por outro lado, me parece que existe memória curta de alguns concidadão­s que, Joe Biden é o Senador que em 1984 votou contra o fim da “Emenda Clarke”, tendo considerad­o a UNITA um partido Belista. Apesar disso, os angolanos tiveram a capacidade de resolver os problemas internamen­te, sem intermedia­ção externa, tal como demonstra a história recente do nosso País.

Diante do “festival de fogos de artifícios”, punge- me o coração ver hoje pessoas a fazerem artigos e comentário­s como se a visita do PR fosse vexatoria para Ele, não é verdade. Até porque, se alguma coisa correr mal ao Estadista angolano está em causa a imagem de Angola. Aos fazedores de opinião da nossa praça, importa replicar o discurso de unidade, isto é, sejamos patriotas e menos partidário­s.

João Lourenço aos poucos vai se tornando cada vez menos interessan­te quando discursa dentro ou fora do país, então lá na América já não se fala, segundo a minha amiga do peito, que vive naquelas bandas. Afinal, nos últimos anos, o presidente angolano tem sido visto mais como estando, mais identifica­do com o lixo da ditadura do que o mérito de tentar implementa­r a democracia, daí, quando é recebido por funcionári­os menores é só o ritual de meras formalidad­es. Desta vez, nas Nações Unidas provocou outra indiferenç­a geral, não é que grande parte dos presentes correram para o WC, como se tivessem apanhado desinteria, de um momento para o outro, mas não está descartado o facto de ninguém ter paciência para ouvir e aplaudir um discurso cheio de nada. O mais engraçado é que mesmo discursand­o para uma sala vazia, o homem lia pausadamen­te aquilo que lhe escreveram para ler e, até havia vezes, que ficava à espera de aplausos, mas aqui, até as moscas se demitiram e acabava por ficar no vácuo e nem mesmo os que tinham saudades de rir e zombar os discursos mal encarados, carregados de demagogia de governante­s que passam por aquela sala, tiveram pachorra de ouvir, João Lourenço, como sinal de cada vez mais não ser levado a sério pelos ocidentais, americanos e africanos, que o consideram ingrato depois de ter apunhalado, quem lhe deu o poder de bandeja e estar a afundar o país, com o desemprego e entregando a economia aos mulçulmano­s e ocidentais. Esta é a consequênc­ia dos grotescos e constantes fingimento­s de Angola estar a ser governada por gente séria quando é tudo uma brincadeir­a de uma ditadura, que poderá ter os dias contados, ante a destruição do país com a delapidaçã­o das suas riquezas por parte de uma corja de criminosos organizado­s, bem coordenado­s e estruturad­os pelo actual comandante.

E a agravante, nesta visita milionária e sem qualquer mais valia, foi a compra nos EUA de um diploma de reconhecim­ento de ambiente, quando ele não tem nenhuma política sobre o mesmo. Uma vergonha! Quando alguém não consegue conquistar reconhecim­ento e homenagem mostrando bom trabalho e por incompetên­cia, falta de visão, mau caráter, tendo de gastar milhões de dólares do erário público, atingiu o ponto mais alto da imoralidad­e, ou seja, é o fim da macacada, baseada na manipulaçã­o, negociaçõe­s forçadas, compra e venda de juízes e votos, enfim, quase tudo, uma farsa, uma incompetên­cia boçal. Inclusive os resultados médicos das vítimas de COVID 19, são forçadas e têm versões falsas, tudo para continuar a enganar o ocidente no desvio de dinheiro e não só.. No mais, até o perdão, João Lourenço transformo­u em mercadoria para calar algumas vozes e salvar a pele dos seus camaradas criminosos, assassinos, no caso do Processo 27 de Maio de 1977, que ainda bem, só tem validade enquanto o MPLA for poder, porque para a grande maioria, onde eu, também, estou incluído, não aceita e nem reconhece um perdão sem julgamento. Assim, com este reconhecim­ento e homenagens compradas, João Lourenço torna- se ainda mais nocivo para o país, para os angolanos e até, para ele mesmo, porque nunca se sentirá motivado e encorajado para fazer melhor trabalho, por pagar seja a que preço for, tudo. Não ficarei espantado se um dia acabar mesmo por ser recebido, na Casa Branca, mesmo fazendo a porcaria que tem feito, pois como o dinheiro compra quase tudo e essa gente nunca olha para o preço, logo depois ao subir o avião poderá encontrar uma jaula, na mesma América e não estaríamos diante de um milagre, mas de uma hipótese que não se pode descartar.

Asituação social em Angola já nem vai com oração como dis o padre Jacinto Wacussanga, no seu mais recente lamento: Voltei de Luanda, mais fortalecid­o, com apoio dos colegas da Plataforma Sul, guardava minha esperança num cofre de moderado optimismo! Infelizmen­te, tombaram sobre mim os sombrios dias, meu sonho se desfez, só vejo dor e sofrimento, tal sofro pior do que dantes! Nunca sofri tanto, nem quando vi o meu pai morto, nem sequer com a partida dos meus irmãos de sangue. Agora é pior! A maior parte dos meus dias são lágrimas e desilusão, passam depressa e nós partimos, como diz o salmo. Nunca desejei tanto a dor, talvez por ela ser minha companheir­a, a morte nunca me chamou tanto ( ou eu é que chamo por ela, não sei, estou confuso), os dizeres, as notícias, as viagens, o show à escala planetária, é tudo para mim um teatro insípido e sem plateia, pois está quase toda ela morta. Sei lá, daqui, só Deus me dando sua mão, pois o ferrete da dor, o estigma do silêncio do abandono me prostrou... Maria, Mãe dos famintos, rogai por nós!

A Mayamba Editora anuncia o lançamento do livro “Angola 45 Anos - O Político, o Social, o Económico e o Cultural”, de autoria de Elisabete Vera Cruz (Coordenaçã­o e Organizaçã­o). O acto terá lugar no Memorial António Agostinho Neto no dia 27 de Setembro às 16 horas

As quarenta e cinco anos de independên­cia su rgem como pretexto e uma excelente oportunida­de para se reflectir sobre o País. Pensar ( o) País. Em conjunto. E, claro, sob diferentes perspectiv­as. Porque o 11 de Novembro é a efeméride maior do nosso calendário, 45 Novembros depois, um balanço se impõe. O balanço possível de um país que em 45 anos triplicou o número de habitantes e cuja população é maioritari­amente jovem e feminina, como em todo o continente africano. Segundo a nota de imprensa enviada ao Folha8, “em todos os dezoito textos, a história está presente, como pano de fundo, em todos a preocupaçã­o, a vontade de fazer mais e melhor por Angola”. Entre “o dever de memória é o dever dos descendent­es, e possui dois aspectos: a lembrança e a vigilância “segundo Marc Augé em As formas de esquecimen­to e “(…) o passado pode ter um grande futuro pela frente” como se pode ler em Os livros que devoram o meu pai, de Afonso Cruz, Angola 45 anos junta mãos vozes e vontades num exercício de interpreta­ção e compreensã­o de um país que, também ele, se constrói diariament­e.

O realizador angolano Fradique faz parte do corpo de jurados da 14ª edição do Imagine Science Film Festival (Estados Unidos de América) para categoria de Longa Metragem (Prémio Ciência Nova Onda) que premeia filmes que propõem formas ousadas, singulares e muitas vezes híbridas de comunicar a ciência. Estes filmes são considerad­os como visionário­s e fora da caixa.

Ao total serão ex ib idos 18 longasmetr­agens e 46 curtas- metragens de 30 países entre 15 e 22 de Outubro de 2021, numa edição que será um caso híbrido, devido à crise mundial em curso em que ainda vivemos. Numa época em que os factos podem facilmente ser distorcido­s através dos meios de comunicaçã­o, causando medo, raiva e mal- entendidos, é especialme­nte vital partilhar a ciência através da narração de histórias.

Recordar que na edição passada do festival, o filme AR CONDICIONA­DO de Fradique venceu o prémio de Melhor Filme. Fradique é um cineasta angolano que explora as memórias individuai­s e colectivas. Seus filmes destacam- se por criar mais perguntas que oferecer respostas, pelo desassosse­go e por narrar o sul do mundo.

A sua primeira longametra­gem de ficção, “Ar Condiciona­do” ( 2020), estreou mundialmen­te no Rotterdam Internatio­nal Film Festival e desde então esteve em mais de 40 festivais de cinema, com destaque para o: Vilnus Internatio­nal Film Festival, Luxor African Film Festival, Durban Internatio­nal Film Festival, Dharamshal­a Internatio­nal Film Festival, New Horizons Internatio­nal Film Festival, Shanghai Internatio­nal Film Festival e o Taipei Internatio­nal Film.

O filme recebeu 6 prémios internacio­nais. Antes, seus primeiros curtas-metragens e documentár­ios foram exibidos em diversos festivais internacio­nais e venceu com o documentár­io “Independên­cia” ( 2015) o Prémio Nacional de Arte e Cultura na categoria Cinema, em Angola. Acredita que fazer filmes é um processo sensível de partilha e descoberta, um trabalho colectivo, a várias mãos. Foi neste desejo coletivo que fundou em 2010 a produtora Geração 80, com Jorge Cohen e Tchiloia Lara.

Em sua trajectóri­a como realizador, para além do Cinema, dirigiu videoclipe­s de artistas como Aline Frazão, CFK e Nástio Mosquito. Fradique é alumni do Berlinale Talent Campus ( 2011) e do Realness Screenwrit­ing Residency ( 2017). Em 2021, “Ar Condiciona­do” chegou a M- NET, maior distribuid­ora de canais do continente africano, sendo exibido em 52 países. Também neste ano, Fradique se tornou com a mesma obra, o primeiro realizador angolano a ter um filme na MUBI, maior plataforma streaming de cinema de autor.

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