SEJAMOS PATRIOTAS E MENOS PARTIDÁRIOS
Mu i t a incongruência sobre a deslocação do Presidente João Lourenço aos Estados Unidos da América, até os que se dizem patriotas estão satisfeitos e com comentários pouco abonatórios festejam o facto do PR angolano não ser recebido na Casa Branca pelo presidente Norte Americano. O Presidente João Lourenço não foi representar a sua família política “MPLA” ou em nome pessoal, mas sim foi representar Angola e os angolanos, onde o mote é a sua participação na Assembleia Geral ONU, que decorre anualmente, em Nova Iorque. Os comentários pouco abonatórios em torno da visita do Estadista angolano demonstram claramente que temos de nos rever, afinal os partidos políticos não estão acima dos interesses da Nação, e no caso da deslocação do Presidente João Lourenço está em jogo os interesses da Nação, que passa pela atração de investimentos estrangeiros e buscar apoio diplomático para recuperar as fortunas desviadas por Marimbondos e Caranguejos, que estão a dinamizar as economias do Ocidente e muita falta faz a economia nacional e gerar emprego. Obviamente que, se o tão propalado encontro, que agita as redes sociais por esses dias, entre JLO e Biden seria ouro sobre azul na perspectiva do alcance da diplomacia angolana a nível internacional, e certamente que Angola mereceria destaque em letras garrafais nos principais jornais do mundo. Porém, o povo está cansado de encontros de charme e quer apenas “diplomacia no prato” para conter a fome e a miséria que anda nua de Cabinda ao Cunene.
Por outro lado, me parece que existe memória curta de alguns concidadãos que, Joe Biden é o Senador que em 1984 votou contra o fim da “Emenda Clarke”, tendo considerado a UNITA um partido Belista. Apesar disso, os angolanos tiveram a capacidade de resolver os problemas internamente, sem intermediação externa, tal como demonstra a história recente do nosso País.
Diante do “festival de fogos de artifícios”, punge- me o coração ver hoje pessoas a fazerem artigos e comentários como se a visita do PR fosse vexatoria para Ele, não é verdade. Até porque, se alguma coisa correr mal ao Estadista angolano está em causa a imagem de Angola. Aos fazedores de opinião da nossa praça, importa replicar o discurso de unidade, isto é, sejamos patriotas e menos partidários.
João Lourenço aos poucos vai se tornando cada vez menos interessante quando discursa dentro ou fora do país, então lá na América já não se fala, segundo a minha amiga do peito, que vive naquelas bandas. Afinal, nos últimos anos, o presidente angolano tem sido visto mais como estando, mais identificado com o lixo da ditadura do que o mérito de tentar implementar a democracia, daí, quando é recebido por funcionários menores é só o ritual de meras formalidades. Desta vez, nas Nações Unidas provocou outra indiferença geral, não é que grande parte dos presentes correram para o WC, como se tivessem apanhado desinteria, de um momento para o outro, mas não está descartado o facto de ninguém ter paciência para ouvir e aplaudir um discurso cheio de nada. O mais engraçado é que mesmo discursando para uma sala vazia, o homem lia pausadamente aquilo que lhe escreveram para ler e, até havia vezes, que ficava à espera de aplausos, mas aqui, até as moscas se demitiram e acabava por ficar no vácuo e nem mesmo os que tinham saudades de rir e zombar os discursos mal encarados, carregados de demagogia de governantes que passam por aquela sala, tiveram pachorra de ouvir, João Lourenço, como sinal de cada vez mais não ser levado a sério pelos ocidentais, americanos e africanos, que o consideram ingrato depois de ter apunhalado, quem lhe deu o poder de bandeja e estar a afundar o país, com o desemprego e entregando a economia aos mulçulmanos e ocidentais. Esta é a consequência dos grotescos e constantes fingimentos de Angola estar a ser governada por gente séria quando é tudo uma brincadeira de uma ditadura, que poderá ter os dias contados, ante a destruição do país com a delapidação das suas riquezas por parte de uma corja de criminosos organizados, bem coordenados e estruturados pelo actual comandante.
E a agravante, nesta visita milionária e sem qualquer mais valia, foi a compra nos EUA de um diploma de reconhecimento de ambiente, quando ele não tem nenhuma política sobre o mesmo. Uma vergonha! Quando alguém não consegue conquistar reconhecimento e homenagem mostrando bom trabalho e por incompetência, falta de visão, mau caráter, tendo de gastar milhões de dólares do erário público, atingiu o ponto mais alto da imoralidade, ou seja, é o fim da macacada, baseada na manipulação, negociações forçadas, compra e venda de juízes e votos, enfim, quase tudo, uma farsa, uma incompetência boçal. Inclusive os resultados médicos das vítimas de COVID 19, são forçadas e têm versões falsas, tudo para continuar a enganar o ocidente no desvio de dinheiro e não só.. No mais, até o perdão, João Lourenço transformou em mercadoria para calar algumas vozes e salvar a pele dos seus camaradas criminosos, assassinos, no caso do Processo 27 de Maio de 1977, que ainda bem, só tem validade enquanto o MPLA for poder, porque para a grande maioria, onde eu, também, estou incluído, não aceita e nem reconhece um perdão sem julgamento. Assim, com este reconhecimento e homenagens compradas, João Lourenço torna- se ainda mais nocivo para o país, para os angolanos e até, para ele mesmo, porque nunca se sentirá motivado e encorajado para fazer melhor trabalho, por pagar seja a que preço for, tudo. Não ficarei espantado se um dia acabar mesmo por ser recebido, na Casa Branca, mesmo fazendo a porcaria que tem feito, pois como o dinheiro compra quase tudo e essa gente nunca olha para o preço, logo depois ao subir o avião poderá encontrar uma jaula, na mesma América e não estaríamos diante de um milagre, mas de uma hipótese que não se pode descartar.
Asituação social em Angola já nem vai com oração como dis o padre Jacinto Wacussanga, no seu mais recente lamento: Voltei de Luanda, mais fortalecido, com apoio dos colegas da Plataforma Sul, guardava minha esperança num cofre de moderado optimismo! Infelizmente, tombaram sobre mim os sombrios dias, meu sonho se desfez, só vejo dor e sofrimento, tal sofro pior do que dantes! Nunca sofri tanto, nem quando vi o meu pai morto, nem sequer com a partida dos meus irmãos de sangue. Agora é pior! A maior parte dos meus dias são lágrimas e desilusão, passam depressa e nós partimos, como diz o salmo. Nunca desejei tanto a dor, talvez por ela ser minha companheira, a morte nunca me chamou tanto ( ou eu é que chamo por ela, não sei, estou confuso), os dizeres, as notícias, as viagens, o show à escala planetária, é tudo para mim um teatro insípido e sem plateia, pois está quase toda ela morta. Sei lá, daqui, só Deus me dando sua mão, pois o ferrete da dor, o estigma do silêncio do abandono me prostrou... Maria, Mãe dos famintos, rogai por nós!
A Mayamba Editora anuncia o lançamento do livro “Angola 45 Anos - O Político, o Social, o Económico e o Cultural”, de autoria de Elisabete Vera Cruz (Coordenação e Organização). O acto terá lugar no Memorial António Agostinho Neto no dia 27 de Setembro às 16 horas
As quarenta e cinco anos de independência su rgem como pretexto e uma excelente oportunidade para se reflectir sobre o País. Pensar ( o) País. Em conjunto. E, claro, sob diferentes perspectivas. Porque o 11 de Novembro é a efeméride maior do nosso calendário, 45 Novembros depois, um balanço se impõe. O balanço possível de um país que em 45 anos triplicou o número de habitantes e cuja população é maioritariamente jovem e feminina, como em todo o continente africano. Segundo a nota de imprensa enviada ao Folha8, “em todos os dezoito textos, a história está presente, como pano de fundo, em todos a preocupação, a vontade de fazer mais e melhor por Angola”. Entre “o dever de memória é o dever dos descendentes, e possui dois aspectos: a lembrança e a vigilância “segundo Marc Augé em As formas de esquecimento e “(…) o passado pode ter um grande futuro pela frente” como se pode ler em Os livros que devoram o meu pai, de Afonso Cruz, Angola 45 anos junta mãos vozes e vontades num exercício de interpretação e compreensão de um país que, também ele, se constrói diariamente.
O realizador angolano Fradique faz parte do corpo de jurados da 14ª edição do Imagine Science Film Festival (Estados Unidos de América) para categoria de Longa Metragem (Prémio Ciência Nova Onda) que premeia filmes que propõem formas ousadas, singulares e muitas vezes híbridas de comunicar a ciência. Estes filmes são considerados como visionários e fora da caixa.
Ao total serão ex ib idos 18 longasmetragens e 46 curtas- metragens de 30 países entre 15 e 22 de Outubro de 2021, numa edição que será um caso híbrido, devido à crise mundial em curso em que ainda vivemos. Numa época em que os factos podem facilmente ser distorcidos através dos meios de comunicação, causando medo, raiva e mal- entendidos, é especialmente vital partilhar a ciência através da narração de histórias.
Recordar que na edição passada do festival, o filme AR CONDICIONADO de Fradique venceu o prémio de Melhor Filme. Fradique é um cineasta angolano que explora as memórias individuais e colectivas. Seus filmes destacam- se por criar mais perguntas que oferecer respostas, pelo desassossego e por narrar o sul do mundo.
A sua primeira longametragem de ficção, “Ar Condicionado” ( 2020), estreou mundialmente no Rotterdam International Film Festival e desde então esteve em mais de 40 festivais de cinema, com destaque para o: Vilnus International Film Festival, Luxor African Film Festival, Durban International Film Festival, Dharamshala International Film Festival, New Horizons International Film Festival, Shanghai International Film Festival e o Taipei International Film.
O filme recebeu 6 prémios internacionais. Antes, seus primeiros curtas-metragens e documentários foram exibidos em diversos festivais internacionais e venceu com o documentário “Independência” ( 2015) o Prémio Nacional de Arte e Cultura na categoria Cinema, em Angola. Acredita que fazer filmes é um processo sensível de partilha e descoberta, um trabalho colectivo, a várias mãos. Foi neste desejo coletivo que fundou em 2010 a produtora Geração 80, com Jorge Cohen e Tchiloia Lara.
Em sua trajectória como realizador, para além do Cinema, dirigiu videoclipes de artistas como Aline Frazão, CFK e Nástio Mosquito. Fradique é alumni do Berlinale Talent Campus ( 2011) e do Realness Screenwriting Residency ( 2017). Em 2021, “Ar Condicionado” chegou a M- NET, maior distribuidora de canais do continente africano, sendo exibido em 52 países. Também neste ano, Fradique se tornou com a mesma obra, o primeiro realizador angolano a ter um filme na MUBI, maior plataforma streaming de cinema de autor.