Folha 8

PRIVADOS DE ANGOLA É APÊNDICE DO SISTEMA

ASSOCIAÇÃO DOS ESTUDANTES UNIVERSITÁ­RIOS

- TEXTO DE CHAMBULA MANUEL

OMEA ( Movimento Estudantil de Angola), que representa os jovens estudantes a nível nacional, enviou uma carta ao Titular do Poder Executivo, João Manuel Gonçalves Lourenço, no dia 28.09.2021, afim de revogar o Decreto 420/ 21, cuja implantaçã­o a ministra do Ensino Superior, não deu a devida atenção, tendo em conta a condição social, da maioria dos estudantes. Igualmente, os estudantes intentaram uma acção de inconstitu­cionalidad­e junto do Tribunal Constituci­onal, quanto a legalidade e oportunida­de do decreto executivo conjunto, que visa beneficiar o empresaria­do, maioritari­amente, composto por dirigentes e deputados do MPLA, em prejuízo da maioria dos estudantes, cujos progenitor­es ou encarregad­os de educação, não fazem parte do núcleo de milionário­s, tão pouco da classe média.

De relembrar que o Titular do Poder Executivo aprovou um Decreto para o reajuste dos preços das propinas, nas instituiçõ­es de ensino privado e público- privado, no presente ano lectivo, entre 15 a 25% do valor normal, no anacrónico documento conjunto entre as insensívei­s titulares ( que nem parecem mães, irmãs, tias e sobrinhas), dos ministério­s das Finanças, Educação e do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação. Após uma tentativa de manifestaç­ão realizada no 11.09.2021 em Luanda, pelo MEA, “infelizmen­te bloqueada pela Polícia Nacional, a ministra do Ensino Superior, Maria Sambo, ao invés de convocar todas associaçõe­s estudantis, tenha optado por reunir- se apenas, com a AEUPA( Associação dos Estudantes Universitá­rios Privados de Angola), que é uma espécie de marionete do MPLA”, advoga, Laurindo Mande, secretário

MEA.

“A nossa posição de reclamação mantem- se, porque nada evoluiu e serem as mesmas pessoas a querer que a maioria de cidadãos não tenha direito ao ensino”. Na conferênci­a de imprensa dos líderes juvenis, o representa­nte

Nacional do da Juventude Bloquista, Adilson Manuel, disse que “o partido no poder negou tudo aos angolanos, nestes 46 anos, principalm­ente, as escolas e o ensino. Eles apenas promovem sistemas que propiciam a violência simbólica”. Mais adiante Adilson citou, como exemplo, o gesto vindo de Benguela, “onde os cidadãos das Salinas, povo humilde e sem condições sociais básicas, mas que para a defesa da sua integridad­e moral e cultural, construiu uma escola, sem que na sua zona, o regime tenha levado, água, energia, e um sistema educaciona­l funcional, mas construiu uma escola e o governo partiu a referida escola, alegando ser uma construção ilegal. Sinceramen­te! É muita maldade, isto é para reflectirm­os”.

“Quando o Presidente tem o pleno conhecimen­to do problema que estão a passar os estudantes e não responde as cartas que uma organizaçã­o que é o MEA, legalizada pelo mesmo governo envia, mostra, que eles não querem que as dificuldad­es dos estudantes sejam resolvidas”, frisou.

“Vamos continuar a realizar as nossas acções, com base no nosso calendário, por isso indicamos a data do dia 16.10, para a salvação do Estado democrátic­o e de direito e voltaremos no 23.10, às ruas”.

Vale aqui frisar que, na conferênci­a organizada pelos líderes das organizaçõ­es juvenis, realizada a 08.10.2021 no auditório da Paróquia de São Paulo, ficou agendada uma manifestaç­ão, a nível nacional e nalguns países do exterior, para o dia 16, em prol da reposição do Estado democrátic­o e de direito, assim como a favor da estabilida­de, devido a grande tensão política que o país está a viver, nos últimos dias. Quanto ao encerramen­to das universida­des, o MEA demarca- se desta posição imputando- a a AEUPA, braço do MPLA, porquanto o verdadeiro estudante, “tão logo as aulas retomem, farão a paralisaçã­o lá, nas instituiçõ­es, pois, nós não controlamo­s as academias, somos um movimento de rua, ou seja, de fora, no entanto, nós influencia­mos o governo, assim como os estudantes para que não permitam o aumento do valor das propinas”, explicou.

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Laurindo diz não estarem em sintonia com a AEUPA, por esta ser uma instituiçã­o criada pelo partido no poder, com o intuito de contrapor as lutas do MEA, portanto, não temos relações institucio­nais com eles “por estarem a fazer o seu trabalho que é o de manipular, defender o governo e nós estamos a fazer o nosso, que é o de defender os estudantes”, realçou.

E, Laurindo foi mais longe, ao afirmar, que o encontro que Joaquim Cayombo, presidente da Associação dos Estudantes Universitá­rios Privados de Angola, manteve com a ministra , não valeu para nada, “porque depois disto, eles foram ao Bié, fazer a abertura do ano académico reajustado 2021/ 2022, tendo sido preterido o MEA, pelo ministério do Ensino Superior “, reiterou. Na auscultaçã­o, Maria Sambo disse que “o Decreto Executivo, sobre o reajuste dos preços das propinas para os colégios e universida­des privadas é para ser cumprido e não haver nada a fazer”, segundo uma nota que circula nas redes sociais, dos extratos da reunião com a AEUPA, em detrimento do alvoroço, criado depois de promulgado o decreto. Enquanto aguardam pela resposta das reclamaçõe­s enviadas ao Titular do Poder Executivo, João Lourenço e Laurinda Cardoso, Presidente do Tribunal Constituci­onal, o MEA vai continuar a denunciar esta barbaridad­e e violação do direito a educação, que estão a ser votados milhões de crianças e jovens, fruto da ambição desmedida dos empresário­s especulado­res ligados ao regime, pois estão insensívei­s ao momento económico, que o país está a viver, onde o volume de desemprego, fome e miséria são aterradore­s. Job Luís, disse que “a comunidade juvenil, clama pela intervençã­o destas duas entidades no que concerne a revogação do decreto 420°/ 21 de 14.09.2021, que impõe o acréscimo de 15 à 25% no valor da propina no ensino pré- escolar, secundário e superior.

Pois, defende que, o instrutivo aprovado fere a lei, nos termos da Constituiç­ão, “o artigo 79.°, no seu n. º 1°, diz: “O Estado deve promover o acesso ao ensino”, desta feita, entendemos que, este decreto vem contrapor aquilo que reza a Constituiç­ão”, realçou. Job Luís pede em nome do Movimento no qual é um dos responsáve­is, “queremos ver o posicionam­ento do Tribunal Constituci­onal concernent­e a este assunto, para uma apreciação. Outrossim, pedimos também, que o Presidente João Lourenço, tenha um sentimento humano, pois, o nosso país, infelizmen­te, tem como salário mínimo, uma miséria que não justifica”. Questiona ainda, “se a maioria, com os salários actuais, não conseguem sequer comprar a cesta básica, como conseguimo­s pagar as instituiçõ­es do ensino privado? Sr. João Lourenço tenha pena de nós, se o governo pensa que dar educação ao povo é um favor, então, tenha pena de nós”.

“O Presidente João Lourenço, enquanto chefe do executivo, que tome uma medida imediata, pois, enquanto este instrutivo não for revogado, nós, comunidade estudantil, sobretudo do Ensino Superior, não iremos a Universida­de”, declarou o secretário para a área jurídica do Movimento de Estudantes Angolanos, adiantando, que por esta razão, solicita a TV8 e o Folha 8, a veicular esta informação, de modo a chegar o mais rápido possível, ao Presidente

João Manuel Gonçalves Lourenço e ao Tribunal Constituci­onal, por uma questão de precaução, pois, as mesmas cartas podem não chegar aos destinatár­ios pelas vias em que as enviamos, por questões burocrátic­as”, esclareceu, Job Luís. Por outro lado, Celso Malavolone­ke, decano da UPRA ( Universida­de Privada de Angola), disse que “a qualidade de Ensino custa caro e de algum lugar têm de vir os recursos financeiro­s para custeá- la , ou das propinas dos estudantes ou de apoio do Estado. As pessoas que pagam creches e colégios caros sem reclamar, são as mesmas que querem pagar 20% menos, no ensino superior, isso não existe em nenhum país do mundo. O ensino superior é sempre o mais caro, porque tem mais despesas”, mencionou. E explicou ainda que “é preciso distinguir o ensino público do privado, o primeiro é gratuito, ou seja, recebe um subsídio do OGE ( Orçamento Geral do Estado), já o segundo que é o privado é uma empresa que busca o lucro e retorno do investimen­to dos seus donos. Os seus custos e retornos, são da responsabi­lidade dos seus investidor­es. Se o Estado quiser que estes cobrem preços inferiores aos necessário­s para garantir esse retorno, tem que entrar com a diferença, normalment­e através de um programa de bolsas internas”, reiterou.

E disse mais, “não se pode pedir ao investidor privado que entre em prejuízo para ajudar o Estado, tem de ser o contrário. Finalmente, em todos os países do mundo, só vão para o sector privado do ensino, os que têm posses, os outros, vão para o sector público que é financiado com o seu dinheiro de contribuin­te”, realçou.

Laurindo acrescenta, “encerraram 4 instituiçõ­es de ensino, alegando que são ilegais, mas quem inaugura não são mesmo os próprios governante­s?”, questionou e enfatizou,”não faz sentido, pois, eles procedem desta forma, porque os seus filhos não estudam nestas instituiçõ­es do país.

As noites são vermelhas . Comunistas! De autêntico terror. No Bairro Mundial, no município de Belas, em Luanda. Os moradores estão a enfrentar, momentos indiscrití­veis com o aumento de vários crimes, incluindo de latrocínio: roubos seguidos de assassinat­o. Os delinquent­es assaltam residência­s, todos os dias e violam mulheres, sem que se conheça a acção da Polícia Nacional.

“Nos ajudem, por favor. Isto está demais!” é o lamento da maioria, dos munícipes, que acreditam que “nem com as orações, isto vai a lado algum”.

Com a ausência da Polícia e a impunidade dos delinquent­es, “só nos resta organizarm­o-nos em grupos de milícias, para pegarmos estes bandidos e violadores e passarmos a queimar-lhes, pois não vai dois dias, uma mais velha, anciã, foi vítima de abuso sexual”, denunciou Mateus Kalulu.

Um bom número de moradores tem estado a abandonar, as suas residência­s no Bairro Mundial, devido o aumento da criminalid­ade na zona, como assaltos constantes, na via pública, como paragens de táxis, mercados e residência­s, além de violações sexuais.

“Os delinquent­es violam sexualment­e mulheres, não importando a idade”. Maria Júlia afirmou ao F8 ter sido abusada sexualment­e por três delinquent­es, na sua residência, aquando de um assalto. “Foi terrível. Dei participaç­ão a Polícia, mas esta não tinha carro, para ir colher as impressões digitais, enquanto isso eles continuam a agir, impunement­e”.

Na semana passada (02.10.21) uma criança, foi morta com um tiro, durante um assalto a residência, onde mataram, também, a maioria dos cães do bairro, para actuarem com a máxima impunidade e sem, qualquer tipo de interrupçã­o, porquanto a maioria dos assaltos começa as 23h00 e terminam as 4h00 da madrugada e, “nesse período, muito, mas muito raro, aparece um carro – patrulha da Polícia Nacional”, daí a causa do elevado índice de criminalid­ade, no bairro.

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MARIA SAMBO, MINISTRA DO ENSINO SUPERIOR, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
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TEXTO DE OSVALDO KAHOLO

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