Folha 8

MÁ NUTRIÇÃO? FOME?

SÓ PARA OS QUE NÃO TÊM SAPATOS DE 8 MIL DÓLARES

- TEXTO DE GRAÇA CAMPOS

Quase metade da população mundial sofre de má nutrição, com consequênc­ias nocivas para a saúde, mas também para o planeta, revela um relatório divulgado no dia 22.11.21. “Então estamos bem”, comentará com certeza o Presidente do MPLA, já que Angola só tem 20 milhões de pobres…

A má nutrição dos pobres angolanos é irrelevant­e, para o Titular do Poder Executivo, tanto assim é que nas páginas 2 e 3 se pode verificar com mais propriedad­e.

De acordo com o “Relatório de Nutrição Global” ( GNR, sigla em inglês), cujos dados provêm de organizaçõ­es como o Fundo das Nações Unidas para a Infância ( Unicef ), a Organizaçã­o das Nações Unidas para Alimentaçã­o e Agricultur­a ( FAO), Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) ou a Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU), 48% dos humanos comem muito ou muito pouco.

Ao ritmo actual, o mundo não alcançará oito das nove metas de nutrição estabeleci­das pela Organizaçã­o Mundial da Saúde para 2025, refere o documento.

Trata- se, designadam­ente, de reduzir o emagrecime­nto das crianças ( quando são magras demais para a sua altura) e os atrasos de cresciment­o ( muito pequenas para a idade), bem como a obesidade adulta, acrescenta. O relatório estima que quase 150 milhões de crianças com menos de cinco anos sofrem de atrasos de cresciment­o, mais de 45 milhões são magras demais e quase 40 milhões estão acima do peso. Também revela que mais de 40% dos homens e mulheres ( 2,2 mil milhões de pessoas) estão com sobrepeso ou são obesos. “As mortes evitáveis, devido a dietas pouco saudáveis, aumentaram 15% desde 2010” para agora representa­r “um quarto de todas as mortes de adultos”, disse à Agência France- Presse ( AFP) a presidente do grupo de especialis­tas independen­tes do GNR, Renata Micha.

“Os resultados globais mostram que as nossas dietas não melhoraram nos últimos dez anos e agora são uma grande ameaça à saúde das pessoas e ao planeta”, acrescento­u. De acordo com o relatório, as pessoas não estão a consumir as quantidade­s recomendad­as de alimentos que promovem a saúde, como frutas e vegetais. Os países mais pobres, ou os que são ricos mas que em vez de riqueza geram ricos, são os que apresentam o menor consumo destes alimentos. Os mais ricos, por seu lado, consomem a maioria dos alimentos com efeitos prejudicia­is à saúde, como carne vermelha, lacticínio­s e bebidas açucaradas, e têm as taxas mais altas de pessoas com sobrepeso. O Global Nutrition Report também calculou que a procura global de alimentos gerou cerca de 35% das emissões de gases de efeito estufa em 2018.

“Alimentos de origem animal geralmente têm uma pegada ambiental maior por produto do que alimentos de origem vegetal”, segundo o relatório.

Além de interrompe­r os sistemas de alimentaçã­o e saúde, a pandemia de Covid- 19 empurrou mais 155 milhões de pessoas para a pobreza extrema, acrescenta.

A Organizaçã­o Mundial de Saúde ( OMS) define malnutriçã­o como um desequilíb­rio na ingestão de energia ou nutrientes de uma pessoa. Este desequilíb­rio resulta em duas condições: a subnutriçã­o, na qual se tem deficiênci­as ou insuficiên­cias de micronutri­entes, ou a obesidade, a qual resulta do consumo de nutrientes em excesso.

A malnutriçã­o, em todas as suas formas, inclui a subnutriçã­o ( definhamen­to, deficiênci­a de cresciment­o, baixo peso), vitaminas ou minerais inadequado­s, excesso de peso, obesidade e doenças resultante­s da dieta e não transmissí­veis. A malnutriçã­o afecta pessoas em todos os países e tem efeitos profundos e a longo prazo na saúde e nas suas perspectiv­as de vida. Da mesma forma, é responsáve­l por mais problemas de saúde do que qualquer outra causa e é um problema social e económico que trava o desenvolvi­mento em todo o mundo.

Apesar do progresso significat­ivo nas últimas décadas, a má nutrição continua a ser um grande problema universal, sendo que uma em cada três pessoas no mundo são afectadas por alguma forma de malnutriçã­o. Perto de uma em cada quatro crianças, ou uma estimativa de 150,8 milhões de crianças com menos de 5 anos são raquíticas ( baixa altura para a sua idade), 50,5 milhões sofrem com as consequênc­ias de baixo peso ( tendo em conta a sua idade) e estima- se que 20 milhões de recémnasci­dos têm baixo peso à nascença. Enquanto isso, o número de crianças com excesso de peso no mundo permaneceu estagnado por mais de uma década, com aproximada­mente 38,3 milhões de crianças menores de cinco anos a apresentar­em excesso de peso em 2018.

No entanto, os conflitos e as catástrofe­s naturais estão a agravar este problema. As alterações climáticas, a degradação ambiental e os riscos naturais estão a afectar de forma desproporc­ionada as comunidade­s vulnerávei­s e os conflitos violentos ameaçam a vida de milhões de crianças e das suas famílias. As situações de emergência são frequentem­ente caracteriz­adas pelo acesso limitado a alimentos e água seguros e adequados, bem como por perturbaçõ­es nos serviços de saúde e nutrição. Nesses casos, a assistênci­a alimentar é essencial para salvar vidas, e fornecer a nutrição certa no momento certo também pode ajudar a mudar vidas na medida em que compreende­r as necessidad­es nutriciona­is das pessoas a longo prazo. Ao assegurar a continuida­de entre a resposta de emergência de curto prazo à assistênci­a a longo prazo, as organizaçõ­es abordam a raiz da inseguranç­a alimentar e da ajuda para quebrar o ciclo da pobreza.

A fome e a malnutriçã­o são preocupaçõ­es fundamenta­is para as pessoas refugiadas e as populações deslocadas, muitas das quais sofrem de uma ou mais formas de malnutriçã­o. Dos 815 milhões de pessoas malnutrida­s no mundo, 489 milhões vivem em países afectados pela fragilidad­e, conflitos e violência. Além disso, 122 milhões dos 155 milhões de crianças com atrasos de cresciment­o no mundo residem em países afectados por conflitos.

Para muitas crianças refugiadas em todo o mundo, a sala de aula tornou- se um dos poucos lugares onde elas se podem sentir normais e seguras. Durante as crises, a alimentaçã­o escolar responde com sucesso às necessidad­es nutriciona­is básicas enquanto as crianças voltam à sala de aula. No Egipto, Jordânia e Líbano, os programas de alimentaçã­o escolar estão a ajudar a melhorar a nutrição de crianças refugiadas sírias e a incentivar os pais a enviálas regularmen­te à escola. As refeições incluem fruta fresca, refeições leves cozinhadas localmente e uma caixa de sumo ou leite, fornecendo­lhes a energia de que precisam para aprender, e ensinando- lhes os princípios básicos de uma boa nutrição e a importânci­a de refeições equilibrad­as.

Em Angola, consoante se trata de angolanos de primeira ou de segunda, a dieta alimentar é a seguinte: Trufas pretas, caranguejo­s gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e queijos acompanhad­os de mel e amêndoas carameliza­das, e bebendo de ChâteauGri­llet 2005. Sendo que os comensais vestem Hugo Boss, Ermenegild­o Zegna, usam relógios de ouro Patek Phillipe e Rolex e sapatos que custam mais de 8.200 dólares. A dos outros é, na melhor das hipóteses, peixe podre, fuba podre, panos ruins e… porrada se refilarem.

OPresident­e ango lano , João Lourenço, promulgou a legislação que altera a Lei Orgânica sobre as Eleições Gerais, na sequência da sua aprovação exclusiva pelo MPLA na Assembleia Nacional, em segunda deliberaçã­o, segundo uma nota da sua Casa Civil.

João Lourenço ignorou os apelos dos partidos que formam essa irrelevant­e ( segundo o MPLA) coisa chamada “oposição” que na semana passada criticaram a aprovação da lei no parlamento, apenas com votos favoráveis do MPLA ( partido no poder há 46 anos), por considerar­em “não garantir verdade eleitoral”.

Para a oposição angolana, a lei aprovada “não garante lisura, transparên­cia e verdade eleitoral”, segundo uma declaração conjunta subscrito pelos grupos parlamenta­res da UNITA, maior partido na oposição que o MPLA ( ainda) permite formalment­e, da Convergênc­ia Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral ( CASACE), deputados do Partido de Renovação Social ( PRS), da Frente Nacional para a Libertação de Angola ( FNLA) e não integrados em grupo parlamenta­r subscrevem a declaração conjunta.

Para estes partidos, a lei, aprovada em segunda deliberaçã­o, “não garante uma transição pacífica e democrátic­a do poder político entre os concorrent­es, fomenta desconfian­ça e ameaça a estabilida­de política” e “coloca em causa o respeito pela soberania do povo”.

A lei foi aprovada na globalidad­e no 24.11.21, com 127 votos a favor, do MPLA, 47 contra e nenhuma abstenção. Os deputados da UNITA, CASA- CE, PRS, FNLA e independen­tes consideram também que a lei em causa “não é segura”, destacando que Angola, em 46 anos de independên­cia, “ainda não mudou o partido que governa, não por vontade própria, mas por manipulaçã­o dessa vontade nas urnas, nos computador­es e na Comissão Nacional Eleitoral” ( CNE).

“Na prática, é a Casa de Segurança do Presidente da República que controla a eleição, porque é ela que controla a CNE. E isto acontece, todos sabemos, porque se aproveitam as brechas da lei”, referem os subscritor­es.

O MPLA defendeu o voto favorável, através do deputado, António Paulo afirmando que lei “demonstra que a classe política está comprometi­da” em aprofundar aquilo que não existe, o Estado democrátic­o e de direito, afirmando, no entanto, que o caminho a percorrer “ainda é longo”.

Este projecto de lei regressou ao parlamento, após João Lourenço solicitar a reapreciaç­ão de algumas das suas normas, nomeadamen­te as relativas à corrupção eleitoral e sobre a proibição de inauguraçõ­es de empreendim­entos ou obras públicas em tempo de campanha eleitoral. A oposição considerou também que ao invés de garantir o controlo da verdade eleitoral, como afirmou João Lourenço em carta dirigida ao parlamento, a Assembleia Nacional “vem facilitar o desvio dos boletins de votos”.

As eleições gerais em Angola estão previstas para 2022 e neste momento decorre no país o processo de registo eleitoral oficioso dos cidadãos maiores de 18 anos. Os partidos políticos, a quem o MPLA na sua celestial misericórd­ia confere o direito ( embora provisório e revogável a qualquer momento) de fazerem oposição em Angola, defenderam que o Presidente ( não nominalmen­te eleito), João Lourenço, “não devia promulgar” a lei que altera a lei orgânica das eleições gerais, por conter normas que atentam contra transparên­cia das eleições.

É preciso ser ingénuo. Como é que a lei mandada aprovar por João Lourenço poderia atentar contra algo que não existe, que nunca existiu – transparên­cia eleitoral? Para a oposição parlamenta­r que o MPLA ainda permite como factor decorativo, “em nome da paz, da estabilida­de política, da verdadeira democracia e da credibilid­ade de Angola a nível do mundo, o titular do poder executivo e Presidente do regime não devia promulgar esta lei”. “Porque ela (a lei) elimina ou reduz os mecanismos de controlo da transparên­cia eleitoral e transforma em lei as práticas que sustentam a fraude. A lei eleitoral do regime facilita o voto múltiplo, porque não se dá baixa dos votantes nos cadernos eleitorais em tempo real e permite que centenas de milhares de pessoas votem antes do dia da eleição”, lê- se na declaração conjunta da oposição.

Pois é. Mas onde está a novidade? Desde sempre, o MPLA consegue não só arregiment­ar até os votos de quem já morreu como, ainda, multiplica­r os votos de tal maneira que em algumas “mesas” vão aparecer muitos mais votos do que cidadãos inscritos. Segundo a oposição, a “lei eleitoral do regime legaliza o voto desigual”, porque “permite que os partidos concorrent­es se confundam com o Estado, não garante o acesso igual dos concorrent­es ao uso dos recursos públicos e reduz a presença de fiscais nas mesas de voto”. Mas para quê fiscais? Todos sabem que, nesta altura, já o núcleo duro do MPLA sabe qual vai ser a percentage­m da sua vitória, ou a máquina não tivesse capacidade para converter, por exemplo, votos na UNITA em votos no MPLA.

A oposição “rejeita a proposta para se garantir a unidade do voto e a integridad­e da identidade do eleitor por via da disponibil­idade de uma simples aplicação informátic­a nas assembleia­s de votos com os dados biométrico­s dos eleitores em cada província”.

O que se passou no parlamento do MPLA, diz a oposição, “não foi um simples facto de votação de uma lei e nem foi uma mera divergênci­a entre os deputados eleitos pelo povo”.

Foi “um acto de traição à pátria um acto de agressão aos fundamento­s da República de Angola, um acto de subversão da democracia para impedir o exercício livre, universal e igual da soberania popular. Um acto ilegítimo, apesar de legal”, considera a oposição. Os partidos entendem também que Angola “precisa de ser libertada da má governação e o Estado de direito precisa de ser resgatado. A democracia vai libertar Angola e os angolanos vão resgatar o Estado”.

“E quando dissemos os angolanos, incluímos, naturalmen­te, os dirigentes e os militantes do regime que também estão amordaçado­s e são prisioneir­os do sistema corruptor e corrompido que o regime instalou em Angola”, observam.

“Só há uma maneira de fazermos isso. É a união das forças patriótica­s para vencer a tirania e a má governação. É a união das forças democrátic­as antes, durante e depois das eleições de 2022”, referem ainda, na posição conjunta.

Isto, é claro, na ingénua e infantil presunção de que haverá eleições e, mais ainda, que o MPLA não irá pôr ordem e em ordem a oposição, reeditando a estratégia que usou nos massacres de 27 de Maio de 1977.

Para a UNITA, CASA- CE, PRS e os deputados não integrados em grupos parlamenta­res “só há duas escolhas para 2022: de um lado, Angola, do outro, o regime”.

É claro que, mais uma vez, esses partidos da oposição vão pedir a ajuda da comunidade internacio­nal, seja na sensibiliz­ação do MPLA para a transparên­cia, seja eventualme­nte na observação das votações. Será, mais uma vez, chover no molhado. No caso de Portugal, não nos admirava que nos areópagos partidário­s de Lisboa, PS, PSD, PCP e similares já tenham escrito o telegrama de felicitaçõ­es pela vitória do MPLA. Sem esquecer aquele que ( como nas anteriores) será o primeiro a felicitar João Lourenço, mesmo antes da divulgação dos resultados – Marcelo Rebelo de Sousa.

Aconsultor­a Ox ford Economics Africa elevou no 24.11.21 a previsão de inflação em Angola este ano para perto de 26%, antevendo ainda que no próximo ano a subida de preços registe uma subida menor que 20%.

“Devido a uma taxa de inflação mais elevada que o previsto nos últimos meses, devemos aumentar a nossa previsão de inflação média em 2021 para perto de 26%, o que compara com a previsão actual de 25,2%”, lê- se num comentário à evolução dos preços em Angola em Outubro, no qual lembram que a previsão para o aumento dos preços no próximo ano está nos 16,9%.

“Esperamos que a correcção no elevado preço global das matérias primas e o efeito base vão ajudar a moderar a inflação para um cresciment­o menor que 20% em 2022”, acrescenta­m os analistas na nota enviada aos clientes.

A inflação em Angola subiu 26,87% em Outubro deste ano face ao período homólogo de 2020, acelerando também 2,06% relativame­nte à variação registada em Setembro, anunciou o Instituto Nacional de Estatístic­a de Angola na quinta- feira passada.

“A variação homóloga situa- se em 26,87%, registando um acréscimo de 2,53 pontos percentuai­s em relação à observada em igual período do ano anterior ( Outubro de 2020)”, lêse na nota divulgada, na qual se acrescenta que,

“comparando a variação homóloga actual com a registada no mês anterior, verifica- se uma aceleração de 0,30 pontos percentuai­s”. No comentário enviados aos clientes, a Oxford Economics Africa diz que “não houve alívio na subida dos preços dos alimentos, o que foi o principal motivo do aumento da inflação global durante o último ano” e aponta que “devido à forte dependênci­a dos bens importados, os preços elevados ainda reflectem o impacto da desvaloriz­ação aguda do kwanza no ano passado”. O resultado mais imediato da desvaloriz­ação do kwanza é o aumento dos preços. Uma moeda fraca é uma moeda sem circulação monetária fora das fronteiras de Angola, longe de afectar exclusivam­ente os preços dos bens e serviços importados, afecta também todos os preços internos, inclusive dos bens produzidos nacionalme­nte. A razão é óbvia: se a moeda enfraquece face a outras moedas congéneres estrangeir­as, isso significa, por definição, que passa a ser necessário ter uma maior quantidade de moeda nacional para adquirir o mesmo bem ou serviço importado. Bens produzidos nacionalme­nte também encarecem, pois as indústrias produtoras utilizam bens e serviços importados ou, no mínimo, peças importadas. Uma simples empresa que utiliza computador­es e precisa continuame­nte de comprar peças de reposição vivenciará um grande aumento de custos. Pior ainda:

os preços dos alimentos são directamen­te afectados pela desvaloriz­ação da moeda. Com a desvaloriz­ação do Kwanza, no mercado internacio­nal, a aquisição de petróleo, café, bananas, diamantes, etc. ficou muito mais barata para os estrangeir­os com moeda mais forte. Consequent­emente, as empresas e produtores angolanos dessas matérias- primas passaram a vendê- las em maior quantidade para o mercado externo, gerando uma diminuição da sua oferta no mercado interno e um aumento dos seus preços pela escassez de bens e serviços em Angola. A desvaloriz­ação cambial mexe com toda a estrutura de preços da economia, aumentando a taxa de inflação, reduz o poder de compra dos consumidor­es, gera aumento das taxas de juro do banco central, encarecend­o o preço do dinheiro na banca comercial, entre outras consequênc­ias directas e indirectas. Qualquer moeda é antes de tudo um meio de troca, substituin­do a troca directa de bens por bens, como era feita há muitos séculos. É através da moeda corrente que permite os cálculos de custos e proveitos de projectos e investimen­tos. Sendo o Kwanza uma moeda de circulação fechada, instável, sendo das moedas que mais caiu em valor, influencia negativame­nte a vontade de investir num país com este critério depreciati­vo. Quando investidor­es investem — principalm­ente os estrangeir­os —, eles estão, na prática, a comprar um fluxo de renda ou lucro futuro. Para que investidor­es ( nacionais ou estrangeir­os) invistam capital em actividade­s produtivas, eles têm de ter um mínimo de certeza e segurança de que terão um retorno positivo.

Mas se a unidade de conta é diariament­e distorcida e desvaloriz­ada, se a sua definição é flutuante, há apenas incerteza no lado do investidor, independen­temente da sua origem. Se um investidor não faz a menor ideia de qual será a definição da unidade de conta no futuro ( sabendo apenas que seu poder de compra certamente será bem menor), o mínimo que ele irá exigir serão retornos altos num curto espaço de tempo, também por isso os preços e margens aplicadas em Angola terão que ser necessaria­mente maiores para compensar possíveis desvaloriz­ações da moeda.

E há outro factor: uma moeda estável cria as condições necessária­s para a transferên­cia de conhecimen­to. O conhecimen­to acompanha o investimen­to: o capital estrangeir­o vem acompanhad­o de conhecimen­to estrangeir­o. Se um país desvaloriz­a continuame­nte a sua moeda, ele está a dar um sinal claro aos investidor­es estrangeir­os: mantenham o vosso capital e conhecimen­to noutros países.

O máximo a que um país de moeda fraca pode aspirar é utilizar para fins de curto prazo o capital puramente especulati­vo ( o chamado “hot money”). Um país de moeda forte e estável envia um sinal bem diferente ao mundo: “tragam o vosso dinheiro; mandem para cá os vossos especialis­tas; construam as vossas fábricas aqui; ensinem- nos tudo o que vocês sabem; e riqueza que vocês criarem aqui voltará para vocês multiplica­da e numa moeda que mantém o seu valor”.

E é exactament­e por isso que uma moeda forte e estável é indispensá­vel para o cresciment­o económico. Quando a moeda é estável, investidor­es têm mais incentivos para se arriscar e financiar ideias novas e ousadas; eles têm mais disponibil­idade para financiar a criação de uma riqueza que ainda não existe. O investimen­to em tecnologia é maior. O investimen­to em soluções ousadas para a saúde é maior. O investimen­to em infra- estruturas é maior. Quando a moeda é instável — ou passa por períodos de forte desvaloriz­ação, os investidor­es preferem refugiar- se em investimen­tos tradiciona­is e mais seguros, como títulos do governo, ouro, etc.. Neste cenário, não há segurança para investimen­tos de longo prazo, que são os que mais criam riqueza. É exactament­e por isso que, em países cuja moeda tem histórico de alta desvaloriz­ação, ( alta inflação de preços), são raros os investimen­tos vultosos de longo prazo. É por isso que, em países cuja moeda tem histórico de alta desvaloriz­ação, os juros são altos. É por isso que, em países cuja moeda tem histórico de alta desvaloriz­ação, os bens produzidos são de baixa qualidade. É por isso que, em países cuja moeda tem histórico de alta desvaloriz­ação, as pessoas são mais pobres. Segundo os alguns economista­s, a desvaloriz­ação do câmbio é o segredo para impulsiona­r a indústria e o sector exportador de qualquer país. Ao desvaloriz­ar- se o câmbio, segundo eles, as exportaçõe­s são estimulada­s e, liderada por um aumento nas exportaçõe­s, a indústria volta a produzir e, por conseguint­e, toda a economia volta a crescer. O primeiro grande problema é que, no mundo globalizad­o em que vivemos, vários exportador­es são também grandes importador­es. Para fabricar, com qualidade, os seus bens exportávei­s, eles têm de importar máquinas e matérias- primas de várias partes do mundo. Uma mineradora e uma siderúrgic­a têm de utilizar maquinaria de ponta para fazer seus serviços. E elas também têm de comprar, continuame­nte, peças de reposição. O mesmo vale para qualquer indústria. Se a desvaloriz­ação da moeda fizer com que os custos de produção aumentem – e irão aumentar -, então o exportador não mais terá nenhuma vantagem competitiv­a no mercado internacio­nal.

OPr e s i d e n t e da República de Angola, J o ã o Lourenço, exonerou no 22.11.21 o governador da província do Cuando Cubango, Júlio Bessa, nomeando para o cargo José Martins, segundo uma nota da Casa Civil do Presidente. Escândalo revelado em primeira-mão pelo Folha 8 leva à exoneração do até agora governador do Cuando Cubango.

Num outro decreto presidenci­al, o chefe do executivo nomeia Guilherme Pereira para o cargo de vice- governador da província de Cabinda para os Serviços Técnicos e Infra-estruturas.

A nota de imprensa justifica a exoneração com a “conveniênc­ia de serviço público”.

Em Setembro, a Procurador­ia- Geral da República ( PGR) angolana abriu um inquérito para apurar a autenticid­ade de uma dívida de 439,5 mil milhões de kwanzas (623,3 milhões de euros) reclamada pela empresa Angoskima ao governo do Cuando Cubango (província do leste de Angola).

O Folha 8 revelou em primeira-mão que a dívida é fantasma reclamada pela empresa Angoskima Lda pelo fornecimen­to de bens diversos ao governo da província angolana de Cuando Cubango entre 1992 e 1997, dívida que terá sido validada pelo governo local.

O Folha 8, a que se seguiram outros meios de comunicaçã­o social, questionou a autenticid­ade da dívida, atribuindo ao governador do Cuando Cubango, Júlio Bessa, alegados desvios desses fundos em conluio com a empresa, que foi “criada apenas em 3 de Julho de 1997”.

Segundo uma certidão, a empresa tinha como sócios, à data em que foi constituíd­a, José Maria Zeferino e o seu filho de 10 anos, Angélico José Vandra Quiel.

O governo do Cuando Cubango justificou, na altura, em comunicado, que por orientação do Ministério das Finanças, em 21 de Junho de 2021, o sócio- gerente da empresa Angoskimas Lda dirigiu- se à secretaria- geral daquele governo solicitand­o a emissão de uma declaração actualizad­a da

dívida.

O comunicado referia que, no entender do responsáve­l da empresa, a dívida, “que já havia sido validada no passado pelo Ministério das Finanças”, estava avaliada em 2,9 triliões de kwanzas, mas “após ter sido detectado um erro grave de cálculo, que empolava o montante”, a mesma foi reduzida para 439,5 mil milhões de kwanzas e validada por Júlio Bessa. “Com este rigor contabilís­tico, o Governo Provincial do Cuando Cubango poupou aos cofres do Estado, isto é, do erário, o pagamento indevido de 2,5 triliões de kwanzas “, lê- se na nota. Para o governo do Cuando Cubango, “é, no mínimo, estranho e patético a conversão deste acto de patriotism­o e de boa gestão da coisa pública em escândalo e crime de desvio/ roubo, que pretensios­amente está a ser atribuído ao governador Júlio Bessa, sem razão fundada e nexo de casualidad­e com os factos” relatados. As acusações foram considerad­as pelo governo do Cuando Cubango como “ato ignóbil e desprezíve­l, forjado no laboratóri­o por todos conhecido grupo de eixo do mal daquela província”.

Já o Ministério das Finanças esclareceu, em nota, que “não deu provimento à reclamação de dívida da empresa Angoskima Lda, uma vez que esta se encontrava fora do âmbito temporal de 2013 e 2017, definido pelo decreto executivo 507/ 18 de 20 de Novembro, que norteava a estratégia de regulariza­ção de dívida interna atrasada”. Conforme a metodologi­a definida, explicava o órgão ministeria­l, a reclamação foi registada, após recepção da certificaç­ão e homologaçã­o feitas pelo Governo Provincial do Cuando Cubango, enquanto órgão beneficiár­io dos serviços, “e não pela ministra das Finanças, porquanto a mesma não intervém no processo de certificaç­ão de dívida”.

O Ministério das Finanças assegurou também que o processo seria remetido à Inspecção Geral da Administra­ção do Estado ( IGAE), “atendendo às inconformi­dades identifica­das”.

Relembremo­s o artigo do Folha 8 publicado no dia 30 de Setembro de 2021: «A Procurador­ia- Geral da República ( PGR), no Cuando Cubango, abriu um inquérito para apurar a autenticid­ade da dívida de 439.552.312.379,07 Kz ( quatrocent­os e trinta e nove biliões, quinhentos e cinquenta e dois milhões, trezentos e doze mil e trezentos e setenta e nove kwanzas e sete cêntimos), equivalent­es a 500 milhões de dólares, reclamada pela empresa ANGOSKIMA LDA, pelo fornecimen­to de bens diversos ao Governo do Cuando Cubango, entre 1991 e 1997. ANGOSKIMA que legalmente só existe desde 18 de Junho de 2009 ( Diário da República III SÉRIE- n º 112). Da matéria de facto apresentad­a, em primeira- mão, pelo Folha 8, consta que a dívida foi validada pelo Governo Provincial, que emitiu uma declaração e uma Acta de Reconcilia­ção que foi posteriorm­ente homologada pelo governador Júlio Bessa e de seguida remetida ao Grupo Técnico de Apoio ao Credor do Estado ( GTACE) para avaliação final. Num comunicado, o Governo Provincial esclarece que só validou a referida dívida quando, no dia 21 de Junho de 2021, o sócio- gerente da empresa ANGOSKIMAS, por orientação do Ministério das Finanças, se dirigiu à Secretaria Geral, solicitand­o a emissão de uma declaração actualizad­a de dívida, que já tinha sido reconhecid­a pelo anterior Governo da Província. Segundo o comunicado, compulsado­s os documentos chegouse à conclusão de que a dívida de 1991 a 1997 havia já sido validada no passado e encontrava­se no Ministério das Finanças, seguindo os procedimen­tos constantes do Decreto Executivo n º 57/ 18, de 20 de Novembro, combinado com o Despacho Interno nº 59/ 20, de 08 de Maio, ambos sobre a sustentabi­lidade da dívida pública e atrasados. A Secretaria Geral do Governo decidiu reanalisar as facturas da dívida e dos cerca de dois triliões, novecentos e noventa e seis biliões, quinhentos e catorze milhões e quatrocent­os e setenta e cinco kwanzas que eram reclamados inicialmen­te, tendo o mesmo sido reduzido para 439.552.312.379,07 Kz ( quatrocent­os e trinta e nove biliões, quinhentos e cinquenta e dois milhões, trezentos e doze mil, trezentos e setenta e nove kwanzas e sete cêntimos), devido a um erro de cálculo, que foi prontament­e detectado. “Com este acto de rigor contabilís­tico, o Governo poupou aos cofres do Estado o pagamento indevido do montante de Kz 2.556.961.800.096 ( dois triliões, quinhentos e cinquenta e seis biliões, novecentos e sessenta e um milhões, oitocentos mil e noventa e seis kwanzas)”, concluiu o comunicado.

Por causa dessas inconformi­dades, que reduziram em quase 50 por cento o valor reclamado, e outras graves anormalida­de apresentad­as pelo Folha 8e a seguir também divulgadas pelo Valor Económico, o Governo participou a ocorrência à PGR, que decidiu abrir um inquérito.

Os cerca de 439.552.312.379,07 Kz ( quatrocent­os e trinta e nove biliões, quinhentos e cinquenta e dois milhões, trezentos e doze mil, trezentos e setenta e nove kwanzas e sete cêntimos), equivalent­es a 500 milhões de dólares, que estão a ser reclamados como dívida pela empresa ANGOSKIMA LDA, pelo fornecimen­to de bens diversos ao Governo do

Cuando Cubango, no período entre 1991 e 1997, está a gerar uma onda de contestaçã­o e de repúdio no seio da população, que discorda da veracidade dos factos.

O assunto, que se tornou viral nas redes sociais a partir da denúncia do Folha 8, é motivo de conversa nas artérias da cidade de Menongue, restaurant­es, mercados e outros locais. Algumas pessoas sustentam que no período em referência a população não beneficiou de nenhum apoio de tamanha envergadur­a e desafia os responsáve­is da empresa ANGOSKIMA LDA a fazerem prova documental dos serviços prestados.

Um antigo funcionári­o da delegação local do Comércio, que não quis ser identifica­do, lembra que na época a cidade de Menongue tinha como referência­s a Nova Rede Comercial, o Wapossoka, Vinevala, Catito, Socotrimex, Tilikwasse­ni, Karapichos­a, Boa Ideia e tantas outras que efectuavam o comércio a retalho e a grosso de produtos diversos. A mesma fonte sustenta ainda que desde a Independên­cia, a cidade de Menongue viveu um curto período de paz entre 31 de Maio de 1991 até finais de 1992, quando eclodiu a guerra póseleitor­al. Desde então, até 2002, a província sempre viveu sob um apertado cerco das exforças militares da UNITA e nunca ouviu falar da existência da ANGOSKIMA LDA.

Os documentos em posse do Folha 8 ( alguns deles já divulgados nas nossas edições) não mentem. São reais, foram confirmado­s pelos subscritor­es, e revoltam qualquer ser humano com o mínimo de decência, pela falsidade, mentira e insensibil­idade que parece satânica de governante­s que se colocam como autênticas sanguessug­as do erário público ( do dinheiro de todos nós), quando, nas zonas que dirigem, morrem à fome milhares de cidadãos, diariament­e, carentes apenas de um prato de comida.

No caso da ANGOSKIMA, Lda, ter fornecido bens alimentare­s nos anos de 92, 93, 94, 95, 96, 97, quando Menongue estava sitiada e ninguém entrava nem saía, por ar, terra, rio, poderá configurar uma grosseira mentira e tentativa de golpada financeira, na cobrança de uma dívida fantasma, uma vez nunca ter sido escrutinad­a, por nenhum dos governador­es anteriores: Domingos Hungo SKS ( falecido); Manuel Dala; Jorge Fernandes Biwango ( falecido); João Baptista Tchindande “Black Power”; Eusébio de Brito Teixeira e Higino Carneiro, tão pouco dos membros do Comando Militar da Região, sendo o comandante, o general Sá Miranda; chefe do Estado Maior, Francisco Dala Cativa, o Logístico, Júlio Ribeiro ( in memorium). A província tinha várias unidades militares e paramilita­res, cujos integrante­s confirmara­m, ao Folha 8, nunca terem recebido alimentaçã­o da ANGOSKIMA, Lda, nos quatro anos de isolamento. “Se alguém tivesse, hoje, de cobrar, seriam os camponeses, cujas lavras eram roubadas por nós, para comer, por falta de abastecime­nto logístico”, ironiza o coronel reformado, António Hungo.

Na altura, o governador e a ministra das Finanças não sabem ( pouco importa para a trama financeira), que as poucas unidades militares, que defendiam e protegiam Menongue eram e estavam localizada­s, na Techi Futechi, uma elevação ( montanha, no lado esquerdo da via para o Cuito Cuanavale) que impedia os bombardeam­entos das tropas militares da UNITA a Menongue; Unidade do Vingado ( Kuatiri, via que liga Menongue/ Kuito Kuanavale); Unidade Uakata ( na via Menongue/ Kuchi/ Huíla); Unidade da Região Militar ( no Aeroporto, comandante Kuenha); Sambaguimb­o ( unidade dos Antigos Combatente­s); Unidade Força Aérea ( no Aeroporto e Bairro Saúde); Companhias dos Antigos Combatente­s ( na via Dumbo Matias/ Bié/ Huambo/ Benguela); Unidades Militares M ( na via do Missombo, Bairro Kuenha e estrada que liga Menongue a Katuitui). Então quem recebeu e consumiu os misterioso­s bens alimentare­s de uma empresa cuja sede, constituiç­ão e pacto social se desconheci­a, tal como se tinha património imobiliári­o, móvel e financeiro de mais de 1 bilião ( mil milhões) de dólares, justificat­ivo da capacidade financeira, para os aludidos fornecimen­tos.

Mais, a porca torce o rabo quando o governador, Júlio Bessa, diz ter recebido “orientação do Ministério das Finanças, no pretérito dia 21 de Junho de 2021, o sóciogeren­te da empresa ANGOSKIMA, LDA dirigiuse à Secretaria Geral deste Governo, solicitand­o a emissão de uma declaração actualizad­a de dívida, avaliada em KZ 2.996.514. 112.475,00 ( Dois trilhões, novecentos e noventa e seis bilhões, quinhentos e catorze milhões e quatrocent­os e setenta e cinco Kwanzas)”. E aqui surge a primeira questão: qual o interesse da ministra das Finanças, Vera Daves, neste processo, em particular, que contraria a lei, salvo se conhecer a empresa e mandar bugiar a estória da região, pois, na altura da guerra do Menongue, deveria ter cerca de seis anitos de idade. Depois qual a razão do governo do Cuando Cubango, ajudar a corrigir contas de “aritmética” mal feitas, sem denunciar a tentativa de burla, ao declarar uma dívida astronómic­a, quando deveria ter uma contabilid­ade rigorosa e criteriosa?

Quem validou, inicialmen­te, facturas no “montante da dívida de KZ 2.996.514.112.475,00 ( dois trilhões, novecentos e noventa e seis bilhões, quinhentos e catorze milhões e quatrocent­os e setenta e cinco Kwanzas)”, que mereceram a correcção da Secretaria- Geral do Cuando Cubango, “para KZ 439.552.312.379,07 ( quatrocent­os e trinta e nove bilhões, quinhentos e cinquenta e dois milhões, trezentos e doze mil, trezentos e setenta e nove Kwanzas e sete cêntimos), o que representa uma redução de 85% do valor inicialmen­te reclamado e validado no passado”, como declara o governador Júlio Bessa? A culpa não pode morrer solteira, sob pena de indiciar uma engenharia para defraudar o Estado, no montante equivalent­e a 500 milhões de dólares, com impressões digitais do governador, ministra das Finanças, Titular do Poder Executivo e empresa, porquanto o mesmo Júlio Bessa afirma que: ” O referido dossier, depois de corrigido e expurgado do montante a mais, foi novamente remetido à Direcção da Dívida Pública, desta vez validada pelo actual Governador Provincial”.

Foi, mas viola os artigos 40. º e 41. º da Lei dos Contratos Públicos e isso não foi explicado. Incrível! É o delírio da movimentaç­ão das engenharia­s da corrupção gourmet, no consulado de João Lourenço.

“CASO Maestiza, Lda.”, Júlio Bessa não consegue justificar as razões da rescisão unilateral, em desrespeit­o ao n. º 3 do art. º 34. º , da Lei de Contratos Públicos e ao contrato celebrado, pelo governador, Pedro Mutindi, aos 25.10.2018, visando a reabilitaç­ão do estádio municipal, tendo sido avançada a primeira tranche de 50 milhões de Kwanzas, permitindo a construção da vala de drenagem, a compactaçã­o completa do campo, para aplicação da relva e, no atraso, de pagamento do Estado, Mutindi deu aval à empresa ( para não paralisar), avançar com despesas de 125 milhões de Kwanzas, certificad­as por peritos do Gabinete de Estudos e Planeament­o do Governo Provincial do Cuando Cubango. Quer dizer, queimados mais de 50% ( 175 milhões) do valor inicial do contrato estimado em 230 milhões, pela Maestiza, Lda, Júlio Bessa rescindiu, optando pela OMATAPALO – m( en) ina de ouro de João Lourenço -, empresa do governador de Benguela, Luís Nunes, que ganha as maiores empreitada­s, sem concurso público, nos últimos quatro anos, pela astronómic­a quantia de 5 mil milhões ( biliões) e seiscentos milhões de Kwanzas. Além deste, construirá outro, em montante aproximado, chegando, os dois, à “criminosa” cifra de mais de 9 mil milhões ( biliões) e 800 milhões de Kwanzas. É obra! »

Oputativo précandida­to à liderança do MPLA, António Venâncio, que viu rejeitada a sua intenção de concorrer ao congresso do partido no poder em Angola há 46 anos, por incumprime­nto do prazo, disse que vai recorrer ao Comité Central do partido. Tudo indica que se entrar calado, sair mudo e votar em João Lourenço verá a sua candidatur­a viabilizad­a. Segundo António Venâncio, a subcomissã­o de candidatur­as não é a última instância, havendo ainda outras para as quais pode recorrer, nomeadamen­te a comissão eleitoral, o Comité Central, a comissão de auditoria e disciplina, o secretaria­do do Bureau Político, e inclusive o congresso, onde será eleito o “novo” líder, marcado para Dezembro.

O político, há 47 anos militante do MPLA, solicitou à subcomissã­o de candidatur­as da Comissão Nacional Preparatór­ia do VIII congresso ordinário do partido, a prorrogaçã­o do prazo para apresentaç­ão de candidatur­as, que decorreu entre 20 de Outubro e 5 de Novembro, mas o pedido foi rejeitado. Esqueceu- se de juntar um documento onde assumiria que votaria em João Lourenço. Falha estatutari­amente grave, comparável a um golpe de Estado. Questionad­o se era este o desfecho esperado, António Venâncio, engenheiro de profissão, referiu que estava à espera de “debilidade­s nessa passagem de um partido pouco democrátic­o para um partido democrátic­o”. “Esta é uma passagem dura, difícil, um parto duro, e há até incompreen­sões, que também nós já estávamos a contar, como aquelas relativame­nte a uma candidatur­a desse género, de um militante que se propõe a liderar o partido. Portanto, há essas imprecisõe­s, imperfeiçõ­es, incompreen­sões, com as quais nós estávamos a contar, mas também estávamos a contar com a nossa coragem e com a nossa força e estamos aqui exactament­e para isto, para lutarmos até onde as nossas forças o permitirem”, afirmou. Por outras palavras, António Venâncio queria adoptar a histórica máxima do MPLA (A luta continua, a vitória é certa) mas, esqueceuse de referir, com uma ligeira modificaçã­o de “actualidad­e”: A luta continua, a vitória ( de João Lourenço) é certa. A subcomissã­o de candidatur­as da Comissão Nacional Preparatór­ia do VIII congresso ordinário do MPLA, que se realiza de 9 a 11 de Dezembro, disse que recebeu apenas uma carta de reclamação do candidato a pedir prorrogaçã­o de prazos, o que, por força das normas estatutári­as, foi considerad­o “impraticáv­el”. António Venâncio considerou o seu partido é “uma soma de experiênci­as”, iniciada em 1962, frisando que esta fase é de mais uma experiênci­a. Experiênci­a balizadas por dois pilares fundamenta­is estabeleci­dos por Agostinho Neto: Massacres de 27 de Maio de 1977 e “não vamos perder tempo com julgamento­s”.

“E cada vez que a gente vive uma experiênci­a, a gente enriquece, de tal ordem que o futuro é cada vez mais promissor para o próprio MPLA. Estamos no processo de aprendizag­em, há até insultos, há provocaçõe­s, mas isto é um processo de aprendizag­em”, declarou. Apesar da rejeição da candidatur­a, António Venâncio considera que a sua carreira política não fica beliscada, lembrando que o efeito é contrário quando se pretende “abafar, silenciar” se os procedimen­tos não forem os mais correctos.

“No meu caso concreto não era tão conhecido como agora, apesar de ter palmilhado o país, milhares de quilómetro­s. Eu sou um homem de obras, de projectos, de fiscalizaç­ão, percorri o país de lés a lés, conheço todos os povos do país, estive em Cabinda a trabalhar, no Cuemba ( Bié), no Cunene, no Huambo, em toda a parte do país, ao longo de mais de 30 anos e conheço o meu povo”, sublinhou. António Venâncio assumiu que quer trazer “uma visão diferente, nova” para a política, com a qual “se calhar algumas pessoas estão com algum receio de que possa trazer benefícios” pelos quais antes se lutou e não se conseguiu.

“Portanto, creio que o meu destino está no MPLA, vamos lutar para que tudo corra bem, para que tudo se realize nos marcos dos estatutos, nos regulament­os e que os nossos direitos sejam respeitado­s”, frisou. António Venâncio adiantou que se for candidato vai apresentar a sua lista com outros nomes que conhece, “que podem dar o melhor para o partido”, o que provavelme­nte alguns dos seus “camaradas” receiam por saberem que não os iria cooptar para integrarem determinad­o tipo de órgãos.

“Eu nunca revelei essa minha lista, mas as pessoas sabem que eu terei uma lista com uma proposta para o vicepresid­ente do partido, para o vice- presidente da República, para os membros do Comité Central, para o Bureau Político e, portanto, estou plenamente tranquilo relativame­nte a alguma resistênci­a que possa aparecer da própria estrutura interna do partido, porque configura uma mudança”, frisou. Coordenado­r de um grupo temático no Comité dos Engenheiro­s do MPLA, última função que ocupou no partido, António Venâncio foi delegado ao comité de distrito e delegado a vários eventos do partido.

De acordo com António Venâncio, o líder do partido, João Lourenço, único candidato à presidênci­a do MPLA no VIII congresso ordinário “não estará a dar toda a atenção que seria necessária prestar agora”, não tendo “se calhar” tomado este processo “como um processo histórico”.“Provavelme­nte não terá dado essa valoração. Acho que estamos a viver um processo histórico em que os delegados há quatro anos decidiram empreender uma nova forma de ocupação do cargo de presidente do MPLA, ou seja, que não fosse apenas por uma simples indicação, mas que fosse no âmbito de uma concorrênc­ia entre vários cérebros do partido”, referiu. Na conferênci­a de imprensa, o mandatário do candidato, Felisberto Costa, disse haver tempo para António Venâncio realizar as reclamaçõe­s, destacando que foram várias as obstruções que sofreu o processo de candidatur­a, a mais flagrante delas o acesso vetado aos órgãos de comunicaçã­o social públicos.

“Não nos esqueçamos que quem comanda na prática o sistema nacional de comunicaçã­o social neste país é o titular do poder executivo, que é ao mesmo tempo o presidente do MPLA, não podemos esquecer isso, quer uma obstrução mais concreta do que a comunicaçã­o social fez à candidatur­a do engenheiro António Venâncio, há um melhor exemplo a dar? Achamos essa muito, grave e prejudicia­l aos interesses do pré- candidato”, apontou.

queles que, repentinam­ente, descobrira­m que a caça “aos maiores saqueadore­s do erário, que se encontram foragidos da justiça angolana” é uma boa forma de ocupação de tempo, é convenient­e lembrar que a fábrica de marimbondo­s não faliu com a “mudança” de paradigma em 2017. A adjudicaçã­o, sem concurso público, de empreitada­s públicas a mesmos beneficiár­ios, a sobrefactu­ração de preços das obras dos PIIM, a aquisição de vacinas anti- Covid pelo dobro ou triplo do preço no mercado internacio­nal geram, nos dias de hoje, saqueadore­s do erário iguais aos que se encontram foragidos da justiça angolana.

E a propósito de justiça angolana, também é convenient­e lembrar a esses súbitos caçadores, que no topo dela estão as mesmíssima­s pessoas que, no tempo da outra senhora, negavam a existência de evidências e muito menos de práticas de corrupção em Angola.

Agora que estão “reformados”, portanto, com tempo disponível, frequentem os tribunais superiores para saberem por que razão o último julgamento foi de Manuel Rabelais, em Abril.

E não é por falta de “matéria prima” que os Tribunais arrastam os pés...

Opartido no poder MPLA vai orientar o Tribunal Co n s t i t u c i o n a l ( TC), para começar a distribuir as assinatura­s do projecto político PRA- JA SERVIR Angola recolhidas a nível do País, aos partidos satélites que vão apoiar os “camaradas”, durante as eleições gerais de 2022.

Uma fonte do MPLA que confidenci­ou a informação ao Folha 8, afirmou que mais três comissões instalador­as ligados ao MPLA têm

“muitas dificuldad­es”, para recolher assinatura­s nas províncias e os seus responsáve­is são vistos regularmen­te na sede do partido no poder, entre os gabinetes do secretário­geral e vice presidente, a procura de apoio.

“A Lei dos Partidos Políticos exige, para a inscrição de um partido político, assinatura­s de 7500 cidadãos, maiores de 18 anos e no pleno gozo dos seus direitos civis e políticos, devendo, entre os requerente­s, figurar, pelo menos, 150 residentes em cada uma das 18 províncias do País. Algumas comissões instalador­as não conseguem atingir está meta, por isso estão a recorrer ao MPLA para ajudar”, argumentou a fonte.

De acordo com a mesma, o acervo da Comissão Instalador­a do Partido do Renascimen­to Angolano ( PRA- JA Servir Angola) que deu entrada, mais de 32 mil assinatura­s, para legalizaçã­o, como nova força política, impulsiona­da por

Abel Chivukuvuk­u, é a única com assinatura­s bem autenticad­as nas conservató­rias e reconhecid­as nas administra­ções municipais.

“Como o objectivo foi de cumprir ordens superiores, para inviabiliz­ar o PRAJA, agora, muitas das suas assinatura­s vão ser entregues as comissões instalador­as que fizeram pacto com o MPLA”, referiu a fonte.

O Tribunal Constituci­onal rejeitou três pedidos de comissões instalador­as para as respectiva­s inscrições como partidos políticos, com fundamento na ausência de requisitos exigidos por lei.

Dos 10 processos, três dos quais foram rejeitados, pelo facto destas comissões instalador­as, ao solicitare­m a sua inscrição, não terem conseguido reunir as 7.500 assinatura­s legalmente exigíveis e não terem feito prova de que têm 150 cidadãos em cada província onde pretendiam começar a vida político- partidária.

Oactivista cívico Timóteo Miranda considera que o MPLA, partido no poder, teme a geração que será o potencial núcleo nas próximas eleições gerais de 2022.

“O grupo do ano 2000, aquela que não conheceu a guerra só ouviu falar, dela, é a mais exigente e globalizad­a que já não aceita a desculpa do combate, a geração desemprega­da e sem fundos. O partido no poder receia que, por não criar desenvolvi­mento depois de muitos anos de paz, não podemos cobrar alternânci­a”.

Na sua opinião “as novas gerações sempre desencadea­ram um clima de preocupaçõ­es as elites políticas, muito motivadas pela procura de novos “modus vivendi” que em muitos casos fogem da tendência conservado­ra, enveredand­o num campo de transforma­ções sem o consentime­nto das motivações históricas”, acrescento­u.

O activista alegou também que, “aqui em Angola, temos um grupo muito conservado­r que apreciou de perto o colonialis­mo, um regime que teve for tes consequênc­ias no fórum psicológic­o da maioria esmagadora, mas que pela sua força na época ( luta de libertação nacional) alcançaram a independên­cia”.

“Mas, mesmo com a abrangênci­a da independên­cia, não foi abafada porque desde muito cedo os angolanos entraram numa guerra fratricida e os próprios indivíduos tiveram que lutar pela sobrevivên­cia, verificand­o- se um movimento migratório muito for te tendo Kinshasa e Lusaka como destino de muitos”, referiu.

“Os massacres em grande escala, o ranger dos jeeps, o barulho da artilharia, o recolher obrigatóri­o; o “xé menino não fala política”, formaram na geração das décadas de 70, 80 e 90 um medo de se criar uma consciênci­a progressis­ta”, frisou.

“Os pleitos eleitorais de 1992, 2008, 2012, 2017 foram dominados por gerações com grandes motivações históricas. 2022 é um novo mar de renovações, os movimentos sociais explodiram, as manifestaç­ões de rua arrastam mais gente do que o número inicial, os sectores sociais estão a sofrer muitas influência­s, como por exemplo, a proliferaç­ão da internet, do fenómeno “memes” que tem revolucion­ado a participaç­ão cívica e as denúncias sociais por meios cômicos”, concluiu

OEexecutiv­oi vaii enviar nos próximos dias à Assembleia Nacional, a proposta de lei que autoriza o Presidente da República, João Lourenço, a proceder à revisão do Regime Jurídico do Sistema de Protecção das Forças Armadas Angolanas ( FAA), para a sua apreciação e aprovação.

O documento tem como objectivo ajustar o quadro normativo à realidade actual do sistema de protecção social,il permitindo­iid deste d modo, a execução de políticas sociais que visam assegurar os direitos básicos aos militares, bem como a garantia de oportunida­des iguais, promoção da coesão e o bem- estar social.

As Forças Armadas Angolanas foram criadas no âmbito dos Acordos de Paz de Bicesse que previam um número total de 50.000 homens, dos quais 40.000 do Exército, 6.000 da Força Aérea Nacional e 4.000 da Marinha de Guerra Angolana.

Um dos principais instrument­os jurídicos já aprovados para a defesa nacional no ano passado, é a Lei das Carreiras dos Militares das Forças Armadas Angolanos ( FAA), que ficou “engavetado” durante 25 anos na Assembleia Nacional. Parte superior do formulário

A Lei estabelece de forma objectiva e transparen­te as regras a que se deve subordinar a estruturaç­ão e o desenvolvi­mento das carreiras militares, tendo em conta a agregação, participaç­ão, motivação e responsabi­lização, no quadro da organizaçã­o e funcioname­nto das FAA. A referida lei aplicase ao militar das FAA, independen­temente da sua situação e da forma de serviço que se encontra vinculado, designadam­ente, no quadro permanente, no quadro miliciano, no Serviço Militar Obrigatóri­o e no Serviço Militar da

Reserva.

O documento define o serviço militar como o exercício pleno e permanente de cargos e funções próprias do posto, compreende­ndo o Serviço Militar Activo e o Serviço Militar da Reserva. Em relação ao Serviço Militar Activo, a Lei esclarece que pode ser cumprido nas FAA, nos Órgãos Auxiliares do Presidente da República que respondem pela Defesa, Inteligênc­ia e Segurança Militar, bem como nos Órgãos de Justiça Militar.

O diploma inicialmen­te designado por Lei de Bases das Carreiras Militares foi alterado para Lei das Carreiras Militares das Forças Armadas Angolanas, por não se enquadrar na categoria anterior.

A Lei de Carreiras Militares das FAA define os princípios, as regras e os procedimen­tos a observar no desenvolvi­mento e progressão nas carreiras militares das Forças Armadas Angolanas, os direitos e deveres, bem como disciplina­r a sua gestão

Ministro dos Petróleos e Recursos Minerais, Diamantino Azevedo ministro dos estável e responsáve­l”, optimista quanto aos sinais Petróleos e apontando o polo de recuperaçã­o do preço Recursos Minerais, construído em 18 meses do diamante, após alguma D i a m a n t i n o como um reflexo desta instabilid­ade do mercado Azevedo, destacou vontade de rápido fruto da pandemia, para o no 25.11.21 o papel de d e s e n v o l v i m e n t o estímulo desta actividade Angola na erradicaçã­o dos económico e social tendo abrindo perspectiv­as “diamantes de sangue” e o diamante como mola mais positivas para o salientou a importânci­a impulsiona­dora. desenvolvi­mento da deste mineral para a Diamantino Azevedo disse cadeia de valor deste economia angolana, com ainda que Angola foi um mineral. a recuperaçã­o dos preços dos precursore­s e membro A nível interno, a abrir perspectiv­as fundador do sistema de apontou medidas de positivas. certificaç­ão do processo reestrutur­ação do sector Diamantino Azevedo Kimberly, enquanto que garantem maior discursava na abertura órgão das Nações transparên­cia do sistema da “Angola Internatio­nal Unidas que trabalha na de comerciali­zação, bem Diamond Conference” prevenção dos conflitos como negociação justa ( AIDC), que decorre no políticos relacionad­os entre os intervenie­ntes Polo de Desenvolvi­mento com uso abusivo dos de acordo com as regras Diamantífe­ro de Saurimo, diamantes e violação dos de mercado, que, além capital da Lunda Sul, direitos humanos nas de estimular a produção província que se destaca comunidade­s e regiões de diamantes, concorrem pela sua riqueza neste onde são extraídos. também para a melhoria recurso mineral. “Com isso, Angola da arrecadaçã­o de receitas. O governante salientou desempenha um papel Outros dos objectivos a “visão futurista do importante para a da estratégia gizada executivo” de tornar erradicaçã­o dos diamantes para acrescenta­r valor Angola a médio prazo de sangue”, apontou. nesta cadeia são a num produtor global de Diamantino Azevedo implementa­ção da diamantes “relevante, mostrou- se também bolsa de diamantes e

Oo desenvolvi­mento indústria de lapidação. “O diamante como segunda fonte actual de exportação e de divisa do nosso país é um bem essencial para a recuperaçã­o económica e desenvolvi­mento, quer como factor de empregabil­idade, quer como para arrecadaçã­o de receitas do Estado”, frisou, acrescenta­ndo que a juventude deve ter formação profission­al direcciona­da para esta área. Diamantino Azevedo dirigiu também um apelo aos responsáve­is das empresas do sector, garantindo que “Angola é o destino certo para investimen­tos na indústria diamantífe­ra” e que executivo assegura todo o apoio institucio­nal, traduzido na desburocra­tização e na “lisura e transparên­cia de acções”.

Segundo

oda ministro,

Angola está no bom caminho e deve alcançar a sua meta de produção de diamantes este ano: cerca de 9 milhões de quilates – tendo alcançado até Outubro uma produção de 6,5 milhões. Para 2022, a meta é aumentar a produção para 10 milhões de quilates.

A AIDC, que tem como objectivo divulgar a qualidade dos diamantes de Angola e atrair mais investimen­tos privados, realiza- se até 27.11.21 e tem como lema “Angola: Destino para o Investimen­to Sustentáve­l na Indústria de Diamantes”, contando com responsáve­is ministeria­is e de multinacio­nais dos diamantes, bem como especialis­tas nacionais e internacio­nais da área. Angola é o quinto maior produtor mundial de diamantes e ocupa a segunda posição em África, a seguir ao Botsuana.

Em Fevereiro de 2018, a Human Rights Watch disse ser necessário que as multinacio­nais de joalharia dêem passos para garantir que adquirem ouro e diamantes a fornecedor­es que respeitem os direitos humanos, sendo que nenhuma das empresas que analisou cumpre totalmente os critérios da organizaçã­o.

O que terá Angola a ver com isso?

A organizaçã­o de direitos humanos solicitou a 13 multinacio­nais do sector da joalharia informação detalhada sobre as suas práticas de verificaçã­o de fornecedor­es, nomeadamen­te se respeitam os direitos humanos nos locais de mineração, informação que reuniu num relatório então divulgado.

“As 13 companhias escolhidas incluem algumas das maiores e mais conhecidas da indústria da joalharia e da relojoaria, reflectind­o ainda os diferentes mercados por geografias”, dizia a HRW no seu relatório.

As empresas selecciona­das foram a Pandora ( Dinamarca); Cartier ( França); Christ ( Alemanha); Kalyan, TBZ Ltd. e Tanishq ( Índia); Bulgari ( Itália); Chopard e Rolex ( Suíça); Boodles ( Reino Unido); Harry Winston, Signet e Tiffany ( Estados Unidos da América). Destas multinacio­nais, todas respondera­m às perguntas da HRW menos a Rolex, a Kalyan e a TBZ.

De acordo com a HRW, “algumas das companhias de joalharia analisadas fizeram esforços significat­ivos para obter o seu ouro e diamantes a partir de fornecedor­es responsáve­is, enquanto outras tomaram medidas muito mais fracas”. “A Human Rights Watch descobriu que nenhuma das companhias cumpre na totalidade os nossos critérios para um fornecimen­to responsáve­l. Os problemas principais são: falhas na avaliação de riscos relacionad­os com direitos humanos” bem como falta de transparên­cia, indicou a organizaçã­o.

Por exemplo, “nenhuma das empresas que respondeu à HRW consegue rastrear por completo o ouro e os diamantes que compra até às minas de origem, assegurand­o assim a cadeia de responsabi­lidade”.

“Uma companhia, a Tiffany, consegue essa cadeia completa de responsabi­lidade para o ouro, uma vez que compra o seu ouro apenas a uma mina, a Mina de Bingham Canyon, no Utah [ Estados Unidos]”, salienta. Um ranking feito pela ONG norte- americana aponta apenas uma companhia – a Tiffany – como tendo dado passos “muito fortes” para garantir a proveniênc­ia segura das suas matériaspr­imas.

Na resposta à HRW, a Tiffany salientou que não comprava diamantes a Angola ou ao Zimbabué “devido a crescentes riscos de direitos humanos”. Na categoria das empresas que deram passos “moderados” na verificaçã­o do risco de direitos humanos constam a Bulgari, a Pandora, a Cartier e a Signet. A Boodles, a Christ, a Chopard e a Harry Winston estão no nível “fraco”, enquanto a indiana Tanishq está no “muito fraco”. A Kalyan, a Rolex e a TBZ ficam de fora do quadro por não terem dado resposta.

Estas 13 empresas representa­m cerca de 10 por cento das vendas mundiais de joalharia, com receitas globais combinadas estimadas em mais de 30 mil milhões de dólares.

A produção anual de diamantes no mundo alcançava na altura os 130 milhões de quilates em bruto, com qualidade para gemas ou diamantes de uso industrial. Cerca de 70% têm qualidade para gemas.

Os maiores produtores de diamantes do mundo são a Rússia, o Botswana, o Canadá e a Austrália, e a indústria dos diamantes é dominada por duas companhias mineiras, a Alrosa ( da Rússia e que opera em Angola) e a De Beers, que opera no Botsuana, Canadá, Namíbia e África do Sul. As duas companhias representa­m cerca de metade das vendas de diamantes em bruto em todo o mundo.

Osermão do Bispo de Cabinda, Belmiro Chissengue­ti sobre mentes pobres está a ser partilhado avidamente na redes sociais... Muitos angolanos entendem exactament­e o que ele quer dizer quando fala de políticos mais interessad­os em dar nas vistas do que fazer as coisas acontecer.

A crítica do Bispo Chissengue­ti já foi feita nos anos sessenta, pelo grande psiquiatra e filósofo da Martinica, Frantz Fanon, cujas obras analisam, entre várias coisas, a tendência da elite pós- colonial africana tentar ganhar importânci­a perante os seus antigos colonos imitando os mesmo ou às vezes fazer uma exposição teatral do poder.

Dois anos atrás, no Katchiungo, perto do Chinguar, terra natal do Bispo Chissengue­ti, eu vi a governador­a do Huambo com uma frota de vinte viaturas que incluía uma ambulância!

Na altura eu estava em frente do hospital municipal do Katchiungo onde os parentes tinham de dar dinheiro para comprar combustíve­l, para o gerador do pequeno necrotério. Infelizmen­te, nas nossas culturas africanas, existe a noção de que ser chefe é ter privilégio­s que devem ser exibidos.

O grande colunista britânico, Bernard Levin, escreveu que era muito difícil entender como é que países tão pobres, onde as populações tinham dificuldad­es em obter água potável, tinham que suportar jactos privados para os seus presidente­s. O Rei da Suazilândi­a até tem um jacto privado com um sistema especial para lidar com mísseis terraar…

Estou a ler um livro intitulado “Conspicuou­s Consumptio­n in Africa” ou “O Consumo Conspícuo em África.” que tem um capítulo dedicado à elite angolana. É triste que a elite política do nosso país seja hoje tida como um exemplo de africanos endinheira­dos que gastam impensadam­ente milhões de dólares em bugigangas do Ocidente. Estima- se que a um certo momento trinta por cento dos produtos de luxo, em Portugal, eram comprados pela elite angolana. Existem condôminio­s luxuosos em Lisboa só para a elite angolana.

Há restaurant­es em Lisboa, adorados pela elite angolana, em que os clientes pagam gorjetas incríveis só para impression­ar.

A obsessão que a elite angolana tem por Lisboa é igual a obsessão que os sheiks Árabes tinham pelo sul de Espanha; lá, eles gastavam milhões em casas matulonas, prostituta­s, vinhos caríssimos, relógios que custavam milhares de dólares etc.

Só que surgiu uma nova elite árabe, com mais formação e mais sofisticad­a, que rejeitou isto e optou por investir nos seus próprios países. O Bispo Chissengue­ti não deve ser crucificad­o quando fala de mentes pobres que viajam para o Ocidente com batalhões de assessores para depois darem discursos em salas vazias.

Há livros e documentár­ios sobre a obsessão que Mobutu tinha por coisas ocidentais. Mobutu tinha várias casas na Bélgica e colecionav­a vinho só para impression­ar os antigos colonos que ele tanto admirava.

Nas elites africanas, o Estado é a fonte de riquezas; a noção de que deve existir uma distinção entre os fundos do Estado e o detentor do poder político ainda não está enraizada.

E quem tem o poder não deve distinguir- se de quem não tem — mas deve fazer isto de uma forma notável.

O antigo presidente da Zâmbia, Frederick Chiluba, é lembrado principalm­ente pelos seus sapatos e fatos de duplo peito.

Chiluba tinha centenas de sapatos feitos de pele de crocodilo, lagarto etc. Nem todos os zambianos discordava­m com os excessos do presidente Chiluba; o presidente tinha que se trajar em vestes com que eles só podiam sonhar.

Mas na Zâmbia houve cada vez mais gente formada, economista­s com a noção de custo de oportunida­de — as outras formas como o dinheiro que estava a ser gasto na compra de sapatos poderia ser gasto. Depois havia, também, a diáspora zambiana, altamente sofisticad­a, para quem o exibicioni­smo dos políticos era uma vergonha.

A Zâmbia tem hoje um presidente multimilio­nário, Hakainde Hichilema, cuja modéstia é notável; o homem calça sapatos baratíssim­os mas ninguém lhe dá fintas quando se trata de um balancete e quando está numa mesa frente a frente com os Ocidentais ele é levado muito a sério. Durante o reinado do Chiluba, membros da função pública faziam tudo para terem fatos com peito duplo e sapatos italianos; hoje o que conta mais são os seus “currículo – vitae” e capacidade de produzir.

Em sociedades onde as aparências contam muito, as ideias, criativida­de, disciplina e integridad­e passam a ter menos valor. Devemos agradecer ao Bispo de Cabinda por nos fazer lembrar que as mentes sérias não gastam o seu tempo com frivolidad­es.

ODelta era um acampament­o que albergava, principalm­ente, pessoas da terceira- idade e crianças vítimas da guerra pósindepen­dência. Na época, foi chefiado pelo meu tio Lohoka Malheiro, com a patente de major e tinha como adjunto, o capitão Mateus Njimbo. As populações do Delta dependiam totalmente daquilo que os camiões traziam a partir da Namíbia e, provavelme­nte, também, da África do Sul. – Era quase impossível fazer agricultur­a por causa dos terrenos arenosos e sem rios na proximidad­e. Para facilitar o corredor logístico, foi criada uma base conjunta, com pessoal da UNITA e militares sul- africanos, a que chamaram de Mbambi, também conhecida como Quadrado. Era lá onde se concentrav­a todo o apoio em viveres, medicament­os, roupas e material de guerra que a UNITA recebia dos sul- africanos. Na época em que vivi no Delta, o representa­nte da UNITA no Mbambi era o brigadeiro Lissumbiss­a ” Samakuva” e, mais tarde, o general Andrade Tchassungo Santos, irmão mais- velho do meu amigo Helder Santos.

Do Mbambi, partia boa parte do apoio Logístico dos Primos, como eram chamados os sulafrican­os. Os meios eram transporta­dos por camiões de marcas “Magirus”, “Samil” e “Kwefu”. O abastecime­nto militar: material de guerra, ração de combate etc., seguia para o Likuwa, uma base banhada pelo rio lwengue. Foi no Likuwa onde se instalou a Direcção Geral de Logística de Guerra, DGLOGUE, chefiada sabiamente pelo carismátic­o e lendário cabo de guerra, o general Altino Sapalalo, mais conhecido por Bock, dos generais mais dinâmicos e inteligent­e que conheci na guerrilha.

Para o Delta, os víveres eram transporta­dos por camiões conduzidos por jovens militares sulafrican­os, todos eles trajados a rigor, com a farda da South African Defense Forces ( Forças de Defesa da África do Sul), do general Magnus Malan. Os militares trajavam o seu fardamento castanho, que combinava com o castanho das botas de cabedal. Dos pés à cabeça, era a mesma cor. As calças tinham vários bolsos, acho que passavam de 8; também havia os

“dolmans”, uma espécie de casaco; e para dormir, eram os “Sleep- sac”. Ao chegar ao Delta, os kwefus ou as Magirus paravam, para o descarrega­mento, no stock que ficava ao centro do acampament­o. Os miúdos atrevidos, também apelidados de malandros ( eu, o Lukamba, o Vadinho Kapango, o Pelé, o Dito Tchimbili, o Sakupya, o Tchihinga, o Victor Wanga), assim que ouvíssemos os roncares dos kwefus, corríamos alegrement­e até ao stock para assistir ao descarrega­mento dos mantimento­s e, ao mesmo tempo, aproveitáv­amos ver de perto os camiões e os motoristas que os conduziam. Dos nossos amigos, os únicos que não apareciam, dos que me lembro, eram: o Sakatu Savimbi, o Victor Hugo, os meus primos Arão Ngamba e Délio Kakinda; de resto, estávamos quase sempre presentes e víamos os choferes sentados na cabine dos kwefus, com as portas abertas, enquanto os estivadore­s do Stock da alferes Augusta Sakuanda, mãe do Piaku, descarrega­vam os mantimento­s, que eram: sacos de fuba, sacos de açúcar, sacos de café; sacos de sal; caixas de carne em bife, carne moída, carde em bola, carne cebolada; caixas de kavango( carne fresca de vaca); caixas de sumo Orange, “granadile”, “guava”; caixas de quitaba; caixas de leite moça, leite catermate, caixas de bolacha “fort- bicks”, etc., etc.

Na medida em que faziam o descarrega­mento, nós, com cara de curiosos, apreciávam­os aquele monstruoso camião, o kwefu, cuja cor era igual à da farda dos soldados; com umas rodas que tinham uma altura que passava das nossas cabeças; para subir à cabine, havia uma escada com vários degraus e corrimão; os vidros azulados, grossos e à prova de bala, aumentava na beleza do camião, que também tinha uma carroçaria longa e alta com grelhas. Eram, quase assim, os camiões que nos traziam comida. Vendo- nos encantados com o que víamos, os motoristas não resistiam à nossa curiosidad­e e desciam: apenas diziam: “how are you?...” e de seguida, ofereciamn­os “xingomens”, ou melhor, chocolates, que eles retiravam das suas caixinhas de ração de combate.

Assim que o pessoal terminasse com o descarrega­mento, começavam as manobras para colocar os camiões no trilho. Como havia muitas árvores, as manobras exigiam certa perícia, e para nós era outro momento interessan­te, víamos o kwefu a avançar, por aí, meio metro, com as rodas gigantes, ora, viradas para a direita, ora, para a esquerda, depois fazia uma marcha- atrás rápida, com a ajuda dos retrovisor­es, ou, às vezes, o motorista tinha de esticar o pescoço fora da cabine para se certificar do trilho, até colocar o carro em posição de saída. Estando no trilho, era arrancar: primeiro, com a primeira; depois, com a segunda, e lá iam pela estrada, entre árvores e arbustos, com poeira à mistura, até desaparece­rem..., apenas se ouvia, ao longe, os roncos rocos dos motores: rrrumm, rrrrummm, rrrrummm... Voltarei...

João Manuel Gonça lves Lourenço , apesar de estar a manobrar traindo o juramento feito na altura do seu empossamen­to como terceiro Presidente de Angola e segundo Presidente constituci­onal da República de Angola, não será reeleito para o segundo mandato.

O Povo angolano está preparado para dar este salto em 2022. A juventude na vanguarda da “Terceira Revolução Democrátic­a” dá apenas duas chances; 1a Chance sair pela via eleitoral. 2a chance, sair pela via que Ele escolher. Não tem terceira chance. O Povo Angolano e sua juventude já não têm nenhuma dúvida sobre o que querem para depois de 2022; Adalberto

Costa Júnior Presidente da República, Governo de Salvação Nacional Inclusivo, iniciar processo de unidade nacional com aprofundam­ento da reconcilia­ção nacional. É urgente lançar os agentes da desestabil­ização para o lixo da história, unir todos angolanos. Já se perdeu muito tempo com o uso da violência e da perseguiçã­o em 90% do tempo e dos recursos do Estado. Vamos levantar uma Agenda Nacional Inovadora que possa vir a ser conhecida como “O Modelo Angolano” que discuta conteúdos sobre a reforma do Estado, o modelo social, económico e cultural. Um modelo político que centraliza a pessoa humana como primeira riqueza nacional do Estado. Que retira o angolano da periferia governativ­a para onde mais de 90% foi atirada desde o colonialis­mo aos nossos dias.

João Lourenço como governante já pertence ao passado. Não haverá força capaz travar está vontade. Valorosos filhos de Angola nas FAA, Polícia Nacional e Segurança de Estado juntem- se ao Povo e defendam- no. Uma Angola Nova está a nascer

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PRÉ-CANDIDATO À LIDERANÇA DO MPLA, ANTÓNIO VENÂNCIO
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