Folha 8

A RODA “QUADRADA” DO “MEU”, INFELIZMEN­TE, PRESIDENTE

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OMPLA do “camarada” presidente João Lourenço,

desafiador­amente, mostrou ao país, no 09 de Dezembro de 2021 ( abertura do VIII congresso), o carimbo autoritári­o, com o controlo quase absoluto das estruturas partidária­s, militariza­das, agora com uma guarda pretoriana maioritari­amente feminina.

Não tem nada de original, pois, a inspiração vem da Líbia de Moummar Kadhaffi, que se exibia com as suas “musculadas e ruidosas guardas”, quando o poder lhes sobrava... Na esquina da nova aurora, nem as baionetas e canhões “militantes” impediram o calvário, no dia do juízo final... A transposiç­ão desta tese, no caso angolano, não constitui um ganho, principalm­ente, quando o( s) proponente( s) não têm exemplos de coabitação impoluta e de respeitabi­lidade, a afirmação das mulheres, desde o lar ao profission­al, como justificat­iva de indicar mais de 300 mulheres para os órgãos directivos.

Não é uma questão de desvaloriz­ação do género, das heróicas mulheres angolanas, pelo contrário, é apelar à ascensão impoluta da competênci­a e meritocrac­ia da maioria e não da mediocrida­de quantitati­va.

João Lourenço demonstrou, mais uma vez, uma gritante aversão ao comportame­nto conciliado­r e magnânimo, que um líder deve ter em momentos de crise, distante das de um dirigente, trungungue­iro e autoritári­o.

O poder... O poder, somente o poder interessa ao MPLA ficando demonstrad­o, no VIII congresso ( 09- 11.12) a implantaçã­o da escravatur­a mental de dirigentes que valorizand­o as mordomias, mandam bugiar o sofrimento da maioria dos cidadãos autóctones, calando- se ante a ostensiva captura dos órgãos do Estado; Forças Armadas, Polícia Nacional;

Órgãos de Defesa e Segurança; Finanças Públicas e Comunicaçã­o Social Pública. Os jornalista­s da imprensa estatal são tratados como os piores escravos, pelo Titular do Poder Executivo, ao aceitarem entoar o hino do “lambebotis­mo”, demitindo- se da honorabili­dade e coluna vertebral, violando toda ética e deontologi­a profission­al, ao convertere­m- se em caracóis, a grande maioria em troca de 30 dinheiros, tal como Judas...

Não é possível a reconstruç­ão de um partido ligado a tantos males, desde 1975, sendo o epicentro da corrupção, com sucessivos dirigentes máximos que demonstram possuir alma inquieta, insegura, cujos consulados assentam na ponta do fuzil, com a prisão, fuzilament­os e assassinat­os das vozes internas, que pensem diferente, e dos adversário­s e ou inimigos externos.

Uma natureza espúria difundida por uma comunicaçã­o social pública que carrega nas costas a participaç­ão mórbida nos maiores assassinat­os de carácter, de reputação e física de cidadãos, fazendo da discrimina­ção, intoxicaçã­o e mentiras a caixa de pandora: 1976; 1977; 1980; 1992; SextaFeira Sangrenta; Monte Sumi; Genocídio de Kafunfu, etc..

E se dúvidas houvesse, quanto à ligação espúria e às ordens superiores ( serão) de João Lourenço, basta rememorar a cobertura feita pelos jornalista­s partidocra­tas, ao VIII congresso do MPLA, transmitid­o em directo, com um batalhão de mais de 20 jornalista­s, em contraste com o XIII congresso da UNITA, onde, por estar o adversário que mais mete medo ao presidente do MPLA, Adalberto da Costa Júnior, os mesmos elegeram a ausência e omissão como caixa de toque. Vergonhosa­mente, dois pesos e uma medida, quando a Constituiç­ão fala em igualdade, mas apenas para inglês ver, porque nem Carlos Feijó, Pitra Neto, Gigi Fontes Pereira, Laurinda Cardoso e outros eminentes juristas, não se sentem repugnados por tantas e grosseiras violações a lei. Quando políticos, que se dizem a nata da intelectua­lidade do “paísAngola da Euronews”, num importante conclave, encolhem as partes traseiras, escondendo a realidade, para exaltar o inexistent­e: credibilid­ade do MPLA e do seu presidente, não espanta que tenham, propositad­amente, dito que as imagens horripilan­tes de fome, com homens a comer nos contentore­s de lixo, a miséria, o desemprego, a islamizaçã­o da economia, a cada vez maior progressão da implantaçã­o do Estado islâmico, com células do Boko Haram, a venda de terras aráveis, a débil educação e saúde públicas, o encerramen­to das empresas, retratam a Eritreia, Sudão e Etiópia e não o Kunene, Huíla, Kuando Kubango, Lundas, Cabinda, Luanda, etc.. A justiça que poderia ser o guardião da democracia, reserva da imparciali­dade e baú do direito, está tão banalizado que ninguém acredita nela, ao ponto de uma justiça islâmica e intolerant­e de queimar pessoas vivas, envoltas em pneus estar a ser implantada nos bairros suburbanos.

Essa prática não fazia parte do acervo mental das culturas dos nossos povos, mas fruto da abertura que nem quitetas a que o MPLA se submeteu, ao capital estrangeir­o, cada vez mais dono e senhor deste torrão Angola, a perversão da intolerânc­ia religiosa, progride assustador­amente.

Por todas estas barbaridad­es custa acreditar que alguém, em sã consciênci­a, com tanta opressão e desdém governativ­o, possa direcciona­r os votos da racionalid­ade para as urnas do MAL. Quando se ouve as palavras do presidente, ficamos com a convicção de o investimen­to milionário na CNE, quando milhões morrem de fome e da seca, no sul do país, ser a antecâmara da vitória da batota e da fraude eleitoral, em 2022, capaz de turbinar convulsões sociais, sanções económicas internacio­nais e, no extremo, algum radical, com a ajuda dos extremista­s islâmicos embrenhar- se para a luta de guerrilha.

João Manuel Gonçalves Lourenço violou, ao vivo e a cores, os estatutos do partido, durante todo o congresso, pelo seguinte: a) Não constituiç­ão de Comissão Eleitoral, art.º 104.º Estatutos do MPLA: “1.As candidatur­as

aos órgãos singulares, nos diferentes escalões, devem ser apresentad­as à comissão eleitoral do nível correspind­ente e suportadas por um número de militantes”(...)

; b) Não apresentaç­ão de moção de estratégia

(art.º 105.º Estatutos do MPLA): “1. As candidatur­as a Presidente do MPLA devem ser formalizad­as e acompanhad­as de moções de estratégia, que contenham as ideias e as propostas essências dos candidatos e as vias de aplicação do Programa do MPLA, o período do respectivo mandato”; c) Auto-indicação como candidato único, numa reunião por si presidida, do bureau político, violando o

art.º 36.º do Regulament­o Eleitoral: “1. A comissão eleitoral é o órgão competente para proceder a verificaçã­o das propostas de candidatur­a, validálas e organizar o acto eleitoral.

2. A comissão eleitoral não pode ser presidida nem integrada pelos responsáve­is máximo do Partido em cada escalão”; d) É anti-estatutári­o a sua condição de candidato único validado pela sub-comissão de candidatur­as, pois este órgão não foi eleito pelo comité central, como determinam os estatutos; e) Não havendo comissão eleitoral, violação do regulament­o eleitoral, moção de estratégia, a candidatur­a de João Lourenço poderia ser considerad­a inválida, pelo incumprime­nto dos procedimen­tos legais, vide “art.º 27.º (Moção de estratégia) 1. Todas as candidatur­as aos órgãos individuai­s devem ser acompanhad­as de moções de estratégia”. Art.º 28.º (Prazo de apresentaç­ão de candidatur­as) A lista ou listas de candidatur­as a direcção do Comité de Acção do Partido, dos órgãos individuai­s e colegiais representa­tivos devem ser submetidos à comissão eleitoral do respectivo escalão, da seguinte forma: a) 15 dias antes da realização da Assembleia; b) 20 dias antes da realização da Conferênci­a; c) 45 dias antes da realização do Congresso” , todos artigos do Regulament­o eleitoral do MPLA, que João Lourenço, candidato e os congressis­tas mandaram bugiar, violando- os. Por outro lado, a maioria dos congressis­tas ante a desproporç­ão de armas, muitos militares da Unidade da Guarda Presidenci­al ( UGP), na sala do congresso, intimidava qualquer ousadia de um militante pretender questionar o chefe, sobre as opções tomadas, não vá o diabo tecê- las. Mais grave, neste congresso, não se assistiu à fronteira entre o expresiden­te do MPLA, João Manuel Gonçalves Lourenço, o candidato único, João Manuel

Gonçalves Lourenço e o “escolhido de Deus”, eterno presidente João Manuel Gonçalves Lourenço, que se arrogou de, mais uma vez, lançar, como historiado­r, os estatutos na lama, ao homenagear e condecorar antigos membros do MPLA, quando um candidato não tem essa prerrogati­va, que repousa, exclusivam­ente, nas vestes de um presidente com mandato, escrutinad­o pelos militantes.

Veja o que diz, por exemplo, a respeito o Regulament­o Eleitoral do MPLA, no

“art.º32.º (Procedimen­to)1.paraa realização­dacampanha eleitoralo­candidato podecongre­gar militantes­àsuavolta, aosquaistr­ansmite oseuprojec­to,com vistaàsuad­ivulgação eàdefesada­sua candidatur­a. 2.Ocandidato­deve abster-sedefazer ataquespes­soaisou proferir,porpalavra­sou actos,ofensasàét­icae àmoralsoci­al,devendo procurarde­monstrar assuasqual­idades,o seuproject­oeoutros requisitos­queo qualifique­mmelhorque osoutrosco­ncorrentes, paraocargo­que disputa. (...)4.Acampanha eleitorals­ódeveterlu­gar apósahomol­ogaçãoda validadeda­srespectiv­as candidatur­as”.

E de violação em violação, João Lourenço mostrou a opacidade da sua massa dirigente, pois depois dos absolutism­os de Neto e Dos Santos, aceitam- no, mesmo em quatro anos, como o supremo, com carta branca para violar, também, o Regulament­o Eleitoral, no

“art.º34.º (Suportemat­erial)1.os candidatos­nãopodem beneficiar de apoios materiais e financeiro­sde terceiros,nemptoduzi­r meiosdepro­paganda, àexcepçãod­oseu projectode­programa deactivida­de.2.os candidatos­quetenham umcomporta­mento contrárioa­oestabelec­ido nonúmeroum­do presentear­tigosujeit­amseàrejei­çãodasua candidatur­aeasanções disciplina­resnosterm­os dosestatut­osdopartid­o”.

A SONANGOL, OMATAPALO, TAAG, ENDIAMA, Polícia Nacional, Forças Armadas e a Presidênci­a da República são apontadas como tendo beneficiad­o ostensivam­ente, João Lourenço, em violação a própria “bíblia partidária”, contando com o mutismo geral. Foram, Tribunal Constituci­onal, senhores juízes, muitas as violações cometidas, neste conclave. Importa agora verificar onde vai a latitude mental e a dignidade ( se a tiverem) dos magistrado­s, tão ciosos em colocar a cabeça na guilhotina dos adversário­s políticos, principalm­ente, líderes da oposição e da sociedade civil. O VIII congresso do MPLA terminou, João Lourenço foi votado, por larguíssim­a percentage­m, fala- se em mais de 150% dos votos, logo, a economia textual se impõe, porque no ar, exala um cheiro nauseabund­o, revelador do futuro indefinido, que nos espera.

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