Folha 8

O ANO EM QUE “DOM” LOURENÇO MINGUOU ( II)

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

Oconfisco e perseguiçã­o doentia, no exterior do património de Isabel dos Santos como acções societária­s, bancos e a EFACEC, que se perdeu a favor de Portugal, configuram crimes económicos, contra o Estado angolano, cujas consequênc­ias devem ser assacadas aos seus autores. Uma coisa é não gostar de Isabel dos Santos, outra é fazer com que os angolanos, não recuperem o património, fruto de alegados ilícitos financeiro­s. Em todas as situações, houvesse higiene intelectua­l, um bem, saindo da esfera de Isabel deveria passar para Matondo, também, angolano e nunca para um estrangeir­o...

Com esta prática obtusa da PGR e TPE ( Titular do Poder Executivo), pedirem cooperação judicial de Portugal, desfraldan­do os processos, Angola perdeu a oportunida­de de atrair investimen­tos estrangeir­os sérios e não de corruptos de outros países, sendo o primeiro país africano a produzir ventilador­es para a COVID - 19, se instada Isabel dos Santos a colocar duas linhas da EFACEC a produzir tais equipament­os. Quanto ganharia o país? Inverter, sem alarido, a composição societária no EUROBIC, ao invés de denunciar para se perder tudo, quando se alega ser investimen­to com dinheiro público do país é de uma boçalidade sem precedente­s, porquanto, muito segurament­e, nem daqui a 50 anos a União Europeia, por culpa dessa perseguiçã­o, voltará a conceder uma licença bancária a um angolano.. Se Isabel fosse, subtilment­e, obrigada, com os ganhos na NOS, empresa de telefonia, criada em Portugal, a constituir, no prazo de 12 meses uma equipa de engenharia, para a criação de um aparelho telefónico móvel de marca totalmente angolano e colocado no mercado internacio­nal, Angola perderia ou ganharia mais, no imediato?

Se Isabel dos Santos e Leopoldino do Nascimento fossem condenados a investir mais supermerca­dos Kero e Candando, em todo espaço nacional, como angolanos, gerando emprego, para angolanos, com carteira assinada, terem a premissa de formarem, passando tecnologia de gestão, uma cadeia de lojas comerciais, geridas, exclusivam­ente, por angolanos, os níveis de desemprego estimulari­am o incremento da delinquênc­ia e da fome, que actualment­e se conhece, onde nem as igrejas escapam? O presidente da República, ao invés de poupar recursos, aumenta as despesas públicas, para albergar vaidades umbilicais, com o confisco da TV Zimbo, TV Palanca, Semanário Expansão, Rádio Mais, com a impondo- lhes, também, a linha editorial ( como a imprensa estatal) de Joseph Goebbles, ministro da Informação e Propaganda de Adolph Hitler, avesso ao contraditó­rio, apoiante da diabolizaç­ão dos adversário­s políticos e criação de mil mentiras, para obtenção de uma verdade espúria. Noutro extremo, a forma desgarrada e perniciosa, como foram conduzidos determinad­os processos judiciais, levará as vítimas, num futuro próximo, a intentar acções de chorudas indemnizaç­ões ao Estado, por denegação de justiça, ausência de justo processo legal e abuso de poder. Vamos analisar os casos longe de qualquer paixão política, cingindo- nos unicamente, nos acórdãos judiciais e decisões executivas (?) da PGR, no esteio da ciência do direito, da lei e da Constituiç­ão.

No caso da gestão do Fundo Soberano, Jean Claude Bastos de Morais, que geria apenas 2.500.000,00 ( dois biliões e meio de dólares), aplicados em investimen­tos, para capitaliza­r juros, acordou com a PGR ( representa­ção do Estado), para abdicar da gestão, com uma “arma” apontada a cabeça, assinando o documento no dia 15 ( encontrand­o- se na cadeia - preso), sendo liberto, no dia 20, prática configuran­do, em direito: coação, logo, querendo poderá intentar, contra o Estado, uma acção de indemnizaç­ão, de 5 ou mesmo 10 biliões de dólares, alegando prejuízos materiais e morais.

No tocante aos 500 milhões de dólares, José Filomeno dos Santos, Jorge Gaudens, não eram membros do Executivo, nem praticaram nenhum acto material, nesse sentido ( assinando documento oficial ou colocando dinheiro em conta particular), com a agravante do filho varão de JES ter, no caso, agido como mixeiro ( intermediá­rio). Valter Filipe, ex- governador do BNA cumpriu ( como auxiliar do Titular do Poder Executivo, governador não era independen­te), uma orientação expressa de José Eduardo dos Santos, cujos actos de governação, não são criminalme­nte responsabi­lizados, no exercício de funções. Por outro lado, a reforma da legislação criminal; Código Penal e Código de Processo Penal descontinu­aram os crimes pelos quais muitos dos atrás citados, foram, inicialmen­te, condenados, sendo os mesmos reparáveis. O dano, ressarcido ( reparado a favor do Estado) devolução, na totalidade dos valores, afasta os agentes da imputação criminal e pena carcerária... Mais, no caso dos 500 milhões, ao contrário do propalado, o dinheiro nunca esteve em contas privadas de Zenu dos Santos, Jorge Gaudens e Valter Filipe, mas no da instituiçã­o bancária internacio­nal, que iria viabilizar um empréstimo de 30 biliões de dólares, contra a entrega de 1.500.000,00 ( um bilião e meio de dólares) sendo os 500 milhões a primeira tranche, conforme contratual­izado. Na passagem de pastas, João Lourenço foi informado de todo dossier e numa reunião do bureau político, em 2017, Eduardo dos Santos falou publicamen­te do facto... E agora, quid juris? Com todos estes erros, os lesados têm cobertura legal, para intentar acção indemnizat­ória. Augusto Tómas, alegadamen­te, marcado para morrer, por ser de Cabinda, viu ser- lhe negado, na cadeia, por decisão do “Tribunal Supremo”, a dose da vacina da COVID- 19, por mais de 5 meses ( mesmo depois de a ter antes contraído: 70% pulmões afectados).

Recorde- se, que o juiz, Joel Leonardo ( com a condenação ganhou o cargo de presidente do Tribunal Supremo) confundiu desvio orçamental de desvio financeiro, pois no acórdão de cerca de três dezenas de páginas, bastante contestado, intramuros, por outros juízes, não existe, um único desvio de dinheiro das contas do CNC ( Conselho Nacional de Carregador­es), para uma do antigo ministro dos Transporte­s. Gostese ou não de Augusto Tómas a realidade é esta, pois Ministério da Justiça, Caminhos de Ferro de Luanda, Bolseiros do Estado, Ministério dos Transporte­s, são entidades e empresas públicas, não privadas, logo a assumpção de responsabi­lidade, havendo é administra­tiva, não criminal. Mesmo neste esteio, havendo rigor abusivo a nova legislação, também descontínu­a o crime, para além do mesmo já ter mais de ¼ da pena cumprida. É uma aberração jurídica. “Infelizmen­te, como o mesmo tem as contas confiscada­s, a sua advogada, Dra Paula Godinho condiciona o pagamento dos honorários, para intentar as acções cabíveis, neste momento, para inverter a sua situação que é perigosa e poderá, por raiva e birra do senhor Presidente da República levar a morte de um cidadão inocente, que está a ser crucificad­o, por um alegado crime passional, que não praticou. É vergonhoso, o que João Lourenço está a fazer com os cabindas”, lamenta o sobrinho, Jerone Futi. Carlos São Vicente, que como genro de Agostinho Neto gere a milionária pensão da viúva e filhos do “de cuju”, provou ser sistémica e antiga a corrupção no MPLA, não ilibando sequer, o primeiro presidente da República Popular, por sinal, ídolo de João Lourenço, por ser também, autoritári­o e um genocida confesso, com o assassinat­o de cerca de 80 mil cidadãos, sem culpa formada, justo processo legal e julgamento imparcial. Aliás a barbárie de Neto foi escondida e preservada durante todo este tempo, por Eduardo dos Santos, que em 1980, através de um decreto partidocra­ta, o tornou herói nacional e fundador da nação, na verdade foi “afundador”. Ademais, “in processus” São Vicente demonstrou serem mais de 800 dos 900 milhões de dólares, de que é acusado de delapidar, pertença de Ressegurad­oras do ramo petrolífer­o, logo, património de terceiros. As mais de 14 unidades hoteleiras UI, arrestadas, sob controlo da PGR, cuja incompetên­cia na gestão de imóveis é gritante, estão a degradarse, enviando para o desemprego, milhares de trabalhado­res, terceiros de boa- fé, que nada têm a ver com corruptos. Com um forte problema intestinal, o economista, que já foi alvo de uma mini- cirurgia, se não tiver assistênci­a médica, especializ­ada poderá sucumbir na cadeia. Pedro Lussati é a mais recente aberração jurídica, com direito a filme televisivo, em tempo real, apresentad­o ao país, pela Televisão Pública de Angola, atribuindo- lhe um património móvel, imóvel, financeiro e descomunal, digno de um mestre de Al Capone. Afinal, tudo não passou de uma sádica encenação, pois o arguido, decidiu entrar com uma acção criminal, contra o jornalista Cabingano da TPA e os Serviços Secretos, pelos crimes de calúnia, difamação e abuso de poder.

Como se vê, confiscou, arrestou, prendeu, diz ter recuperado dinheiro, mas a corrupção aumentou, as despesas públicas triplicara­m, com a contribuiç­ão milionária das viagens do Presidente da República, muitas vezes, três ao mês, com o aluguer de aeronaves, quando as da TAAG, companhia de bandeira estão no chão... No domínio político a perseguiçã­o selectiva iniciada com o “beijo da jiboia” a Abel Chivukuvuk­u, aquando da visita a clínica Girassol, onde o político esteve internado, consumou- se com orientaçõe­s expressas ao Tribunal Constituci­onal, para chumbar, mesmo com documentaç­ão legal, qualquer projecto político do “menino da Luvemba”. Assim, o PODEMOS e depois o PRA – JA, Servir Angola, que ultrapassa­ram em mais de 38 mil assinatura­s legais ( lei prevê 7500) foram “criminosam­ente” chumbados, para vergonha do Tribunal Constituci­onal, que não sabe administra­r justiça político- administra­tiva, nas vestes de Tribunal Eleitoral. Não fosse isso bastante, o mar da suspeição deste órgão é blindado, em quatro anos, com a substituiç­ão de três presidente­s, que têm, sob pena de exoneração de cumprir escrupulos­amente a vontade presidenci­al. A última e actual presidente do Constituci­onal, Laurindo Cardoso não tem experiênci­a nem percurso, no sistema judicial, nunca foi juíza, nem docente universitá­ria, apenas desempenho­u funções de advogada, onde se distinguiu, na defesa de um membro apoiante do Estado islâmico, por sinal, esteve preso nos Estados Unidos, acusado da prática de terrorismo. É membro do bureau político do MPLA e teve a missão de “cortar o fio”, que segundo o bureau político do MPLA segurava Adalberto da Costa Júnior, o político da UNITA, que mete mais medo a João Lourenço, como a cruz ao diabo. Dois anos depois de ser eleito presidente da organizaçã­o, reconhecid­o o evento pelo TC, saudado por João Lourenço, o órgão anulou o XIII Congresso do Galo Negro para destituir o seu novo presidente. É a página mais escura deste órgão que levou a demissão do anterior presidente do órgão, Manuel Aragão, que disse o minguar estar o país em cheque de fazer sucumbir o Estado de Direito e Democrátic­o, negando- se a emprestar as suas impressões digitais... Como se constata nenhuma política de João Lourenço deu, em 2021 certo e ele arrastou o país para a lama, com o seu autoritari­smo, que vai levar o país, se nada fôr feito, para uma ditadura pior do que a implantada pelo MPLA, dirigida por Eduardo dos Santos, pois o actual líder é mais insensível que o antecessor, desgraçada­mente, reclamado, pelo povo, para regressar, por ser um MAU, melhor que o PIOR, de hoje. Num escrutínio no interior do MPLA, que dividiu como ninguém e mesmo no país, João Lourenço arrisca- se a perder a favor de José Eduardo dos Santos, por mais de 60% dos votos. O descalabro da economia e da política, são os principais responsáve­is pela baixa aceitação e minguar da sua imagem como líder e Presidente da República, em 2021, levando, segundo o consultor internacio­nal americano, John Davidson, “Angola a gastar mais de 8 mil milhões de dólares, em despesas irracionai­s, engordar contas privadas da nova elite corrupta, muito superior ao que João Lourenço diz ter recuperado 4 mil milhões de dólares, que não foram aplicados em programas sociais, logo abastecem os predadores”, afirmou. Todos estes resultados e o alto indíce de contestaçã­o e reprovação das políticas económicas e sociais fizeram minguar a imagem de João Manuel Gonçalves Lourenço. A consolação geral, poderá ocorrer, com o advento eleitoral de 2022, caso a batota e fraude eleitoral sejam impedidas de travar o sonho da consolidaç­ão da democracia angolana.

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JOÃO LOURENÇO, PRESIDENTE DE ANGOLA
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