Folha 8

Bons ( e maus) terrorista­s

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Margaret Thatcher ( primeira- ministra do Reino Unido de 1979 a 1990) proibiu em 1979 o seu enviado especial à então Rodésia de se encontrar com Robert Mugabe. O argumento era o de que “não se discute com terrorista­s antes de serem primeiros- ministros”. “Não. Por favor, não se reúna com os dirigentes da ` Frente Patriótica’. Nunca falei com terrorista­s antes deles se tornarem p r i m e i r o s - m i n i s t r o s”, escreveu Margaret Thatcher – e sublinhou várias vezes – numa carta do Foreign Office de 25 de Maio de 1979 em que o então ministro dos Negócios Estrangeir­os, Lord Peter Carrington, sugeria um tal encontro.

Ou seja, quando se chega a primeiromi­nistro, ou presidente da República, deixa- se de ser automatica­mente terrorista. Não está mal. É verdade que sempre assim foi e que sempre assim será.

Esta posição de Margaret Thatcher recorda- nos que quando o Conselho de Segurança das Nações Unidas impôs sanções contra a UNITA o fez porque dizia o que o MPLA queria, ou seja, que os homens de Jonas Savimbi eram os maus da fita, ou seja, terrorista­s. Ainda no uso da memória, recorde- se que em 2001 o então secretário- geral da ONU, Kofi Annan, justificou as sanções com os “ataques da UNITA que, nos últimos meses desse ano, mataram milhares de civis”. Curiosamen­te, poucos dias antes, Eduardo dos Santos afirmara que a UNITA só tinha forças residuais e que só um milagre a salvaria. Nessa altura, como hoje, a ONU mostrou que é apenas o porta- voz dos donos mundo, pelo que em vez de trabalhar para os milhões de angolanos – por exemplo – que têm pouco ( ou nada), prefere lamber as botas ( tal como faz Portugal) aos poucos que têm milhões, caso de José Eduardo dos Santos ou de, agora, João Lourenço.

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