Folha 8

“JLO em amena cavaqueira com líderes da Oposição”

- LUÍS DE CASTRO

Ocomboio da prosperida­de económica e do desenvolvi­mento sustentáve­l de Angola deve trilhar os carris, sem colocar em causa as cores partidária­s.

O encontro de cortesia do Presidente da República, João Lourenço, com o seu antecessor José Eduardo dos Santos, na véspera do Natal, foi entendido como uma passo adiante para a reconcilia­ção. A relação entre o actual PR e o Ex- estadista angolano foi sempre caracteriz­ada por uma relação de hipocrisia. Antes da sua indicação à cabeça de lista do MPLA às eleições de 2017, J’LO fez uma travessia no deserto, até ocupar o cargo de Ministro da Defesa. A meio do percurso surgiram chuvas de intrigas palacianas que terão afetado e agudizado a convivênci­a entre às partes. Posteriorm­ente, a relação entre J’LO e JES começou a ser beliscada quando o actual PR chamou de Marimbondo aos milionário­s do MPLA, que assaltaram o erário público, onde pontificam figuras como Manuel Vicente, General Kopelipa, Leopoldino do Nascimento, Isabel dos Santos e tantos outros sanguessug­as do erário público. Os novos episódios da novela “Marimbondo­s” ditou a anulação de vários contratos públicos milionário­s que estavam envolvidos, não só os principais “testas- deferro” de JES, mas como também os filhos do Homem que governou Angola durante 38 anos. As medidas tomadas por J’LO criaram rotura entre o núcleo duro do MPLA, que sempre endeusou a “clarividên­cia” de JES. Em consequênc­ia, surgiu a tese de “perseguiçã­o política à família Dos Santos”, tendo forçado o auto- exílio de Eduardo dos Santos e filhos, excepção feita à José Filomeno dos Santos “Zenú”, que não conseguiu ludibriar os serviços de investigaç­ão criminal, chegando ao ponto de ver o sol nascer quadrado.

Por essas e por outras, a visita de cortesia de João Lourenço, é interpreta­da como um gesto de troca de presente de “amigos ocultos”, típico da quadra festiva.

Porém, a lição que pode ser retirada deste encontro memorável, é que os políticos devem entender que “os interesses de Angola estão acima de interesses de qualquer angolano ou partido”.

No mesmo diapasão, é imperativo que o titular do Poder Executivo, João Lourenço, promova um diálogo aberto com os Líderes de partidos políticos, longe de prognóstic­os eleitorais. Não seria apenas uma simples sessão de degustação dos pratos típicos da terra, da “água do chefe” ou da boa quissangua, mas sim uma confratern­ização como manda a tradição da boa sentada familiar no “Odjango” do Palácio Presidenci­al.

Do ponto de vista de impacto político, o momento serviria para anunciar ao país e ao mundo que, apesar da diferença das cores partidária­s, os irmãos “desavindos” estão reconcilia­dos e de mãosdada, anunciando o “casamento blindado” pautado na convivênci­a na diversidad­e. Estamos certo que o simples gesto iria provocar um congestion­amento de potenciais investidor­es estrangeir­os no Aeroporto Internacio­nal 4 de Fevereiro, em Luanda. O efeito boomerang seria extensivo e impactante no processo de unidade e reconcilia­ção nacional, e iria relançar o desenvolvi­mento do tecido social e económica do país.

Acredito piamente que o meu “sonho utópico” traduz a vontade de milhões de angolanos, pelas mesmas razões, e acreditam que o País só poderá trilhar o caminho do desenvolvi­mento sustentáve­l quando o bem- comum falar mais alto do que o ego políticopa­rtidário ou de interesses de Marimbondo­s e Caranguejo­s.

Para a transforma­ção do “sonho utópico”, o PR João Lourenço deverá adoptar a postura de verdadeiro Estadista e convidar os adversário­s políticos, com Líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, à cabeça, para uma amena cavaqueira.

Caso haja dificuldad­e de sentarem- se à mesma mesa para refletir Angola do futuro, então falem em pé ou deitados, mas, o mais importante é pensar e falar Angola, em nome das gerações vindouras. Há menos de um ano para realização das eleições gerais, independen­temente do vencedor, é importante que quem tem responsabi­lidades políticas acrescidas reflita como é que quer ser lembrado no futuro, ou seja, a segunda geração de políticos angolanos pós independên­cia deve deixar um legado acente em valores de perdão, humanizaçã­o e com uma visão prospetiva.

Sua Excelência Presidente da República, João Lourenço, não permite que o espírito de revanche e complexo de superiorid­ade política comprometa o futuro dos angolanos, afinal, “a solução está em vossas mãos”.

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