Folha 8

Casa Museu Nanguanza precisa de reabilitaç­ão

- TEXTO DE NVUNDA TONET

A província da Lunda-sul possui um enorme acervo histórico, cultural e étnico. A Casa Museu Nanguanza acolhe mais de mil peças de arte, onde se destacam as flechas, as bengalas, os cestos, os palhaços, as cadeiras coloniais, os artefactos entre outros. Localizada a vinte e cinco quilómetro­s da cidade de Saurimo, a Casa Museu enfrenta uma maré de dificuldad­es, que incluem a estruturaç­ão do próprio acervo cultural, a sinalizaçã­o, a formação de agentes culturais e a manutenção do sitio. O soba Francisco Miguel Muatxiandi, responsáve­l pelo espaço lamenta a falta de apoio da direcção provincial da cultura e apela à uma maior intervençã­o das autoridade­s, divulgação e acompanham­ento das acções da Casa Museu.

Aestrada que liga a cidade de Saurimo a localidade de Nanguanza tem uma paisagem deslumbran­te. Corrida com árvores, lagoas, matagais, trilhos sinuosos e imensas zonas verdes que podem ser exploradas para o turismo rural. Não existem autocarros públicos para a localidade. O turista tem poucas alternativ­as: deslocar- se em carro próprio ou de motociclo, denominado­s pela população por “está maluca” devido ao modo peculiar como os motociclis­tas conduzemna­s. Ao chegar a Nanguanza encontramo­s um jango comunitári­o, um posto médico, a casa do regedor, uma escola e diversas casas com revestimen­to de adobe. Não existe mercado. A população percorre largos quilómetro­s para adquirir bens de primeira necessidad­e e utensílios para a lida diária.

No ano de 2010, durante as celebraçõe­s do Dia do Herói Nacional, 17 de Setembro, a então governador­a provincial Cândida Narciso, visitou a localidade de Nanguanza, que dista a vinte e cinco quilómetro­s de Saurimo e deu o primeiro passo para a restauraçã­o e transforma­ção da Casa Museu. A obra ficou concluída em 2012 e incluiu uma residência para a Regedora. O actual regedor da localidade é Luís Alfredo. No entanto, de lá para cá, segundo os populares pouco se fez para a manutenção, divulgação e conservaçã­odoespaço. As peças estão espalhadas pelo chão dos compartime­ntos da Casa. Não existem legendas sobre as peças. Não existe catalogaçã­o das mesmas. As visitas são feitas de modo improvisad­o. Apesar da aprovação das taxas museológic­as, a Casa Museu não arrecada quase nada. Primeiro porque não tem nenhum agente cultural ou guia turístico. Os próprios populares trabalham de modo autónomo, sem nenhum tipo de formação museológic­a nem supervisão da direcção provincial da Cultura. Não existem funcionári­os como tal. Nem sequer um letreiro existe.

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CASA MUSEU NANGUANZA
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PEÇAS ESPALHADAS PELO CHÃO
 ?? ?? FOI NESTA CADEIRA QUE EM 1978, AGOSTINHO NETO SENTOU-SE QUANDO VISITOU A POVOAÇÃO DE NANGUANZA.
FOI NESTA CADEIRA QUE EM 1978, AGOSTINHO NETO SENTOU-SE QUANDO VISITOU A POVOAÇÃO DE NANGUANZA.

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