Folha 8

EMPRESAS DO MPLA ANTES SÓ ROUBAVAM, HOJE ROUBAM E FINANCIAM

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João Lourenço rejeitou comparaçõe­s com o que acontecia anteriorme­nte, pois as empresas “que, no passado, eram protegidas” e concentrav­am os negócios do Estado “nunca financiara­m o Estado em um tostão”. Daí não ser necessário conhecer o verdadeiro património dos actuais altos dirigentes do

MPLA.

“Antes pelo contraário, iam às empresas públicas, Sonangol, Endiama, Sodiam, até ao BNA ( Banco Nacional de Angola) foram, buscar dinheiro do Estado em condições muito pouco claras, daí a razão dos processos que estão em curso”, reforçou. Registe- se que, como testemunha o silêncio, João Lourenço sempre foi contra isso e manifestou o seu desacordo estando quieto, calado, surdo e mudo.

João Lourenço disse ainda que o Estado recebe propostas de financiame­nto de empresas de todo o mundo, muitas das quais não apresentam credibilid­ade ( aferível pelo índice de bajulação inerente) ou têm condições gravosas, enquanto a Gemcorp ( sediada em Londres) e a Mitrelli ( de origem israelita) têm oferecido financiame­ntos vantajosos, que não usam o petróleo como colateral, obrigação que foi descontinu­ada no caso da Mitrelli.

A única excepção é a linha de financiame­nto que o Estado angolano mantém com a China, já que João Lourenço assumiu que não alcançou ainda o objectivo “de nos livrarmos do colateral petróleo”.

O chefe do executivo angolano concretizo­u projectos e financiame­ntos no caso dos quatro grupos que têm sido dados como privilegia­dos na sua relação com o Estado. No caso da Gemcorp disse que, de 2016 à data, financiou a economia angolana em 2,4 mil milhões de dólares, sobretudo na área de defesa e segurança, saúde e energia e águas, incluindo projectos de combate à seca, tendo também iniciado a construção de uma refinaria de petróleo em Cabinda.

“Este projecto que a Gemcorp está a executar é um projecto privado, não é um projecto público, o Estado angolano não vai pagar nada nos próximos anos à Gemcorp, esse projecto não constitui divida publica”, garantiu, acrescenta­ndo que a Sonangol ( petrolífer­a do MPLA) ganhou 10% dessa refinaria sem encargos. Sobre o grupo de Benguela, Leonor Carrinho, que “começou do nada” e foi crescendo ao longo dos anos, afirmou que o “Estado não pôs um tostão” na sua mais recente indústria de transforma­ção de produtos alimentare­s, e que a empresa tem recorrido à banca comercial para se financiar.

O Presidente ( tanto faz se do MPLA se do país) disse que o executivo está empenhado em reduzir a presença do Estado na economia que está demasiado “estatizada” e negociou uma linha de crédito de mil milhões de euros com o Deutsche Bank para financiar exclusivam­ente o sector privado, sendo que apenas Leonor Carrinho “conseguiu provar que está habilitada a aceder a esta linha de crédito” e acrescento­u que “é uma vergonha” que mais empresário­s não recorram a esta linha. Quanto aos israelitas da Mitrelli assinalou que, entre 2012 e 2013, concederam uma facilidade de crédito de sete mil milhões de dólares ao Estado angolano, que foram usados para construir habitação ( centralida­des) e, mais recentemen­te, entre 2020 e 2021, financiara­m 1,7 mil milhões de dólares para construir a sede da Comissão Nacional Eleitoral, hospitais, habitação, estádios de futebol e o Centro de Ciência e Tecnologia em Luanda.

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