EMPRESAS DO MPLA ANTES SÓ ROUBAVAM, HOJE ROUBAM E FINANCIAM
João Lourenço rejeitou comparações com o que acontecia anteriormente, pois as empresas “que, no passado, eram protegidas” e concentravam os negócios do Estado “nunca financiaram o Estado em um tostão”. Daí não ser necessário conhecer o verdadeiro património dos actuais altos dirigentes do
MPLA.
“Antes pelo contraário, iam às empresas públicas, Sonangol, Endiama, Sodiam, até ao BNA ( Banco Nacional de Angola) foram, buscar dinheiro do Estado em condições muito pouco claras, daí a razão dos processos que estão em curso”, reforçou. Registe- se que, como testemunha o silêncio, João Lourenço sempre foi contra isso e manifestou o seu desacordo estando quieto, calado, surdo e mudo.
João Lourenço disse ainda que o Estado recebe propostas de financiamento de empresas de todo o mundo, muitas das quais não apresentam credibilidade ( aferível pelo índice de bajulação inerente) ou têm condições gravosas, enquanto a Gemcorp ( sediada em Londres) e a Mitrelli ( de origem israelita) têm oferecido financiamentos vantajosos, que não usam o petróleo como colateral, obrigação que foi descontinuada no caso da Mitrelli.
A única excepção é a linha de financiamento que o Estado angolano mantém com a China, já que João Lourenço assumiu que não alcançou ainda o objectivo “de nos livrarmos do colateral petróleo”.
O chefe do executivo angolano concretizou projectos e financiamentos no caso dos quatro grupos que têm sido dados como privilegiados na sua relação com o Estado. No caso da Gemcorp disse que, de 2016 à data, financiou a economia angolana em 2,4 mil milhões de dólares, sobretudo na área de defesa e segurança, saúde e energia e águas, incluindo projectos de combate à seca, tendo também iniciado a construção de uma refinaria de petróleo em Cabinda.
“Este projecto que a Gemcorp está a executar é um projecto privado, não é um projecto público, o Estado angolano não vai pagar nada nos próximos anos à Gemcorp, esse projecto não constitui divida publica”, garantiu, acrescentando que a Sonangol ( petrolífera do MPLA) ganhou 10% dessa refinaria sem encargos. Sobre o grupo de Benguela, Leonor Carrinho, que “começou do nada” e foi crescendo ao longo dos anos, afirmou que o “Estado não pôs um tostão” na sua mais recente indústria de transformação de produtos alimentares, e que a empresa tem recorrido à banca comercial para se financiar.
O Presidente ( tanto faz se do MPLA se do país) disse que o executivo está empenhado em reduzir a presença do Estado na economia que está demasiado “estatizada” e negociou uma linha de crédito de mil milhões de euros com o Deutsche Bank para financiar exclusivamente o sector privado, sendo que apenas Leonor Carrinho “conseguiu provar que está habilitada a aceder a esta linha de crédito” e acrescentou que “é uma vergonha” que mais empresários não recorram a esta linha. Quanto aos israelitas da Mitrelli assinalou que, entre 2012 e 2013, concederam uma facilidade de crédito de sete mil milhões de dólares ao Estado angolano, que foram usados para construir habitação ( centralidades) e, mais recentemente, entre 2020 e 2021, financiaram 1,7 mil milhões de dólares para construir a sede da Comissão Nacional Eleitoral, hospitais, habitação, estádios de futebol e o Centro de Ciência e Tecnologia em Luanda.