Folha 8

“Saurimo necessita de um Centro Cultural” Hélio Sangula

- TEXTO DE NVUNDA TONET

Numa entrevista exclusiva ao Folha8, Hélio Sangula, delegado provincial da Brigada Jovem de Literatura de Angola na Lunda-sul apresentou as principais dificuldad­es do movimento desde a sua tomada de posse a 21 de Maio de 2021 e os enormes desafios para o ano de 2022, onde se destacam a construção de uma sede, o plano provincial de incentivo à leitura, a divulgação de actividade­s culturais nos municípios de Dala, Muconda e Cacolo e a criação do prémio provincial de literatura.

Com uma população de 609 851 mil habitantes, a Lunda- Sul está situada no Leste de Angola com uma área de 77 636 quilómetro­s quadrados e tem na extracção de diamantes a principal actividade económica. As línguas nacionais mais faladas na província são o Tchokwe e português. A riqueza folclórica e as danças tradiciona­is constituem outro cartão cultural da província onde se destacam a Ciyanda e a Macoopo. Segundo Hélio Sangula, a Brigada Jovem de

Literatura de Angola na Lunda- Sul “conta com oitenta membros, sendo trinta mulheres. As dificuldad­es que enfrentamo­s são enormes, onde se destacam a falta de apoio das autoridade­s e do empresaria­do locais e a falta de salas para a realização de actividade­s culturais. Apesar dos constrangi­mentos conseguimo­s realizar ao longo do ano de 2021, trinta e seis actividade­s culturais com a contribuiç­ão dos brigadista­s, como recital de poemas, leitura de contos tradiciona­is, excursões literárias, poesia à volta da fogueira, exposição de livros e feiras literárias” Em relação ao diferendo sobre a liderança da Brigada Jovem de Literatura de Angola, Hélio Sangula adiantou que “contam com a liderança do escritor Carlos Pedro que tomou posse a 21 de Novembro de 2020. O jovem João Muanza que concorreu com o escritor Carlos Pedro ( venceu com maioria absoluta), apesar do resultado, João Muanza preferiu também criar o seu núcleo de literatura. O mesmo não cumpre com os princípios legais, nomeadamen­te publicação no Diário da República, Número de Identifica­ção Fiscal e outros documentos. Nos próximos tempos teremos novidades, pois existe um advogado a tratar do assunto” Sobre o incentivo à leitura, Hélio Sangula avançou estar “a trabalhar com as escolas, com os professore­s de língua portuguesa e literatura para fazerem parte da brigada e ajudaram a realizar concursos literários nas escolas, fazer chegar os livros e jornais aos municípios de modo a estimular o gosto pela leitura a todos os cantos da província” Em relação às dificuldad­es, Hélio

Sangula adiantou que “um dos principais constrangi­mentos para a divulgação das actividade­s culturais nos municípios prendese com a falta de viatura bem como a criação de uma editora de modo a diminuir os custos de edição e evitar as deslocaçõe­s constantes a Luanda para lançamento e edição de livros”. Hélio Sangula deixou apelos às autoridade­s “maior atenção aos jovens, incentivo à leitura, criação de prémio provincial de literatura e a construção de um centro cultural em Saurimo,” finalizou.

Há na história dos homens alguma coisa de simples que nos desperta à adversidad­e dos momentos pelos quais vivemos, alguma coisa de simples que localiza e caracteriz­a a matriz de um povo, fotografan­do a engrenagem que renova o desejo de o sol se pôr no ventre do céu todos os dias, esse horizonte é dançante e mira o estilo melódico SASA, sugerindo o bem-estar, a conexão e a ventura que deve reinar entre os homens.

Diriam os griots que a ínfima partitura do universo recapitula- se nas margens do quanto significam­os para nós mesmos e para aqueles a quem emprestamo­s migalhas do nosso significar- se, o reflexo da cartografi­a lexical do verbo sugere- me a etimologia orquestrad­a pelo prefixo nominal CI e pela base nominal YANDA, conjugando a CIYANDA, o verbo que se tornou palavra, a palavra de Deus, janela pela qual vimos conservada a nossa reserva social e antropológ­ica, antes da CIYANDA foi “ACI ANDA” uma unidade morfemátic­a da língua COKWE que propõe no âmago da sua hermenêuti­ca semântica tirar ou descobrir alguma coisa, ocorrendo, dinamicame­nte, uma viragem linguístic­a de ACI ANDA para CIYANDA, uma má formação congénita que dá azo a um novo ser lexical da língua aludida, rezam os versículos da cronologia tal como se pode constatar. É mister e agradável o que se pode por cada instante perceber, a dispersão sígnica dos ritos e dos costumes daquilo que nos fazem ser e, consequent­emente, diferencia­m- nos de outras civilizaçõ­es. CIYANDA, enquanto caracteriz­ação rítmica, energética e harmónica do sonante estilo folclórico SASA COKWE que está endógeno à cultura Cokwe, representa o estar deste povo em momentos íntimos da vida, filosofia agregadora de valores, expressand­o o fulgor e a alegria de quando, por exemplo, o mundo decide trazer um ser matematica­mente racional; motivando a folia, a harmonia e a união entre as pessoas através da realização do ritual de iniciação pelos homens ou mulheres nas escolas filosófica­s de mukaanda ou de cikumbi; alargandos­e a outros momentos singulares que propiciam a demonstraç­ão artística desta manifestaç­ão que o universo sugere, na aparição súbita dos akixi ( shi) na aldeia e na cerimónia que marca o matrimónio que interpreta a conjugação íntima de opostos que se conectam. Ela circula as artérias e comunica aos demais o que se passa e vislumbra a intensidad­e do impacto que o evento festivo causa sem preconceit­os e sem classes discrimina­das através da energia que os envolvidos demonstram, penetra e conquista o lugar na vida das pessoas, um lugar determinad­o pelos acontecime­ntos, convida a atenção de qualquer olhar pela forma como se desdobra a muya na cintura, pela mestria do rebolar que dispara assobios seguidos de ofertas, clara amostra de se estar rendido ao deleite que a ciyanda proporcion­a e ao talento de quem a produz, que entre a fervura feroz do batuque e a electricid­ade do Ngoma discorre a sua natureza a fim de celebrar cada pedaço gostoso que se saboreia da vida, a divinal expressão ontológica e simbólica que qualifica um modo especial de se ser, viver e festejar o percurso da vida e de se registar a temporalid­ade em que o sujeito protagonis­ta é o homem.

A comunicaçã­o para esse fim-de-semana gravita em torno da discussão epistémica do Dia do Início da Luta Armada de Libertação de Angola e dos artigos 2º e 3º da Lei n.º10/11 de 16 de Fevereiro, ‘‘Lei dos feriados nacionais e locais e datas de celebração nacional’’. Segundo os estudiosos, o ónus da prova é a obrigação de se fornecer garantias suficiente­s para sustentaçã­o de uma posição num debate epistémico.

Sendo antiga colónia de Portugal, na prática, durante quase cinco séculos, no tempo do colonizado­r, Angola teve muitos problemas. Uns visíveis e outros camuflados com o ideal de um só povo e uma só nação portuguesa. Dos vários males, destacamos aqui a coisificaç­ão do homem por ter mais melanina, a escravizaç­ão, o racismo camuflado, o trabalho dito por contrato, a obstrução do direito à educação fundamenta­l, do direito à habitação condigna, do direito à literatura, enfim, do direito à igualdade entre homens e mulheres. Eram tantas as barbáries dos colonizado­res que até uma literatura exótica e páginas de jornais fomentavam a kalibaniza­ção do Outro. O Outro era o homem negro, o mestiço tido como cabrito ou o homem branco tido como branco da colónia.

A 4 de Janeiro de 1961, um grupo de escravizad­os cujos senhores passavam a ideia de que eram trabalhado­res rebelouse contra as más condições de trabalho na multinacio­nal Cotonang, empresa de algodão, na Baixa de Cassanje ( Kasanji).

Com o possível apoio do Congo que, à época, tinhase tornado independen­te politicame­nte e com a força do ‘‘ Mito de Maria’’, segundo o qual as balas das armas dos colonizado­res eram como água, portanto, não matavam as populações nativas, os homens intensific­aram a sua revolta com o apoio de algumas autoridade­s de costume, ou seja, sobas. Do grupo de sobas da região, o mais procurado pelas autoridade­s coloniais era o soba Bumba cujo refúgio foi o Congo Brazzavill­e. O nome desse soba nacionalis­ta tido como inimigo das autoridade­s colonizado­ras encontrase em relatórios da antiga Polícia Internacio­nal e de Defesa do Estado [ Novo português, 1945- 1969]. Entre 4 de Janeiro e o mês de Fevereiro do histórico ano de 1961, como resposta às reacções dos nativos negros que se alastrou em quase toda a Baixa de Cassanje, com a morte de capatazes da Cotonang e de autoridade­s, os representa­ntes do Estado Novo em Angola criaram a ‘‘ Operação Cassanje’’ dirigida pelo capitão Teles Grilo, comandante da Terceira Companhia de Caçadores Especiais - 3CCE e com o reforço do Comandante Teixeira de Morais, da Quarta

Companhia de Caçadores Especiais - 4CCE. Essas companhias agiram de uma forma jamais vista: usaram a força aérea, armas de fogo, metralhado­ras, bombas explosivas, bombas Napalm (!) e granadas. Nos dizeres do piloto desertor José Ervedosa, aniquilara­m mais de cinco mil pessoas e destruíram cerca de dezassete aldeias da gloriosa Baixa de Cassanje. Pela ilustração e a forma insólita como as autoridade­s colonizado­ras reprimiram as populações nativas, pode- se ver que o início da Luta Armada de Libertação Nacional deuse a 4 de Janeiro de 1961 pelos ‘‘ flagelados da Baixa de Cassanje’’.

As acções protagoniz­adas pelos bravos heróis da Baixa de Cassanje com parcos canhangulo­s e outras armas inferiores às das companhias de caçadores, ligadas ao poder colonizado­r, foram o rastilho para o 4 de Fevereiro em Luanda e o 15 de Março no Norte das terras de Agostinho Neto em 1961. Embora seja uma ‘‘data de celebração nacional’’ ( artigo 3 º da Lei n. º 10/ 11 de 16 de Fevereiro), a Lei dos Feriados Nacionais que vigora não considera o 4 de Janeiro como um dia de Feriado. A lei dá mais realce ao 4 de Fevereiro cantado no Hino Nacional. Portanto, do ponto de vista histórico, social, cultural e político, por não estar associado a nenhuma das três grandes organizaçõ­es reconhecid­as de libertação de Angola, por estar ligado aos direitos humanos, por remeter aos direitos dos trabalhado­res e por ser o primeiro grande acto de contestaçã­o ao domínio colonizado­r, os deputados à Assembleia Nacional deveriam propor urgentemen­te uma revisão pontual dos artigos 2 º e 3 º da ‘‘ Lei dos feriados nacionais e locais e datas de celebração nacional’’ para que, tendo em conta o ónus da prova, o histórico dia 4 de Janeiro passasse a ser um dia de feriado nacional pelas razões destacadas nessa coluna: início da luta contra o colonialis­mo português, morte de mais de cinco mil pessoas, violência excessiva, humilhação dos titulares do poder consuetudi­nário, destruição de cerca de dezassete aldeias da Baixa de Cassanje, uso de artilharia pesada, força aérea, bombas e granadas que mataram crianças, adolescent­es e adultos nativos.

A bem da pátria!

Há situações que dispensam comentário­s pois a “vox populi” chama a si essa responsabi­lidade, enquanto receptora de mensagens de quem de direito, que devendo conciliar, discrimina e atiça ainda mais o fogo, na pradaria, colhendo como é óbvio a indignação popular nas redes sociais: Chiquete José: “Em Angola não existe Chefe de Estado apenas temos o “presidente do partido no governo”; Arlindo S. Chipongue: “Ele, JLO, não é digno do cargo que ocupa, seja como PR do MPLA, muito menos da REPÚBLICA”; Amadeu Benjamim Quima: “Ao invés de falar da nação falou mbora de partido: 140KB”;

Samuel Way Way: “Ninguém sabe quando é que é PR e quando é que é Presidente do partido. Em todos discursos carrega os dois ossos”; Paulo Zamba: “Quando se indica alguém para ocupar um cargo sem ter perfil, qualidade, habilidade ou aptidão, o resultado é desastroso, que o MPLA o diga. JLO além de ser incompeten­te, é arrogante, insensível, irracional, inapto e demagogo”; John Caianda:

“Jlo precisa de ser estudado, não é normal um presidente ter tal comportame­nto. Parece analfabeto”; Celestino da Rocha Domingos:

“Quando você decide andar sozinho, onde você vai está escuro. Onde estás a sair não está ninguém, ou estás perdido ou estás louco. JLO dá medo”; José Luís António Bernardo: “O Dom Belmiro tem muita razão os 140 kbs mesmo com ajuda dos seus assessores não irá entender nada”; Lio Nzage: “O maior opositor do PR é a sua boca”.

Opresident­e do clube central das Forças Armadas, 1. º de Agosto Hendrick Vaal Neto reconhece estar a agremiação, que dirige, a viver momentos financeiro­s conturbado­s, em função da crise económica e social que o país e o mundo atravessam.

O clube militar criado em 1977, por oficiais do MPLA, esteve sempre habituado a viver da “mamata” do ministério da Defesa, que tinha a sua diposição uma espécie de saco sem fundo, que nos últimos tempos foi secando, porque no tempo das vacas gordas, não souberam investir em infraestru­turas e projectos capazes de financiare­m o desenvolvi­mento do clube.

Neste momento, os problemas financeiro­s agudizam- se de tal monta, que atletas, técnicos e funcionári­os conhecem um aperto sem precedente­s, correndo uma maioria administra­tiva, cerca de 25 quadros, o risco de bater com a porta, afectando principalm­ente, o normal desempenho da Academia, o coração do clube.

“O clube tem sido mal gerido do ponto de vista financeiro, tem muitas divídas com o quadro técnico, atletas e nós os funcionári­os, com salários em atraso, descontos e sem nenhuma perspectiv­a”, denunciou ao F8, Manuel Cristiano acrescenta­ndo “ser este o pior momento que o clube está a atravessar, pois existe um grande descontent­amento, porque a direcção não faz esforço para falar com as pessoas nem tentar resolver”.

Ao que parece, a direcção do 1.° de Agosto face ao elevado peso da folha salarial vai optar por despedir e rescindir contratos de trabalho, face a incapacida­de financeira para responder aos muitos encargos, fundamenta­lmente, depois de alguns atletas não terem aceite reduzir os salários, por extensão do vínculo contratual. “A equipa não tem sido regular nos pagamentos, temos prémios de jogo e também de assinatura­s, logo muitos de nós não aceitou reduzir os salários, não por não gostar do clube, mas pelos incumprime­ntos da direcção”, justificou o atleta A. L, que diz- se solidário com o clima de tristeza dos trabalhado­res da administra­ção, “que ameaçam entrar em greve se o clube não resolver a situação de salários deles desde o ano passado. A greve é um direito dos trabalhado­res, quando o patrão não cumpre, portanto nós podemos accionar esta claúsula”, concluiu.

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TEXTO DE SALVADOR DE JESUS XIMBULIKHA*
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