CARLOS SUMBULA, EX DIRECTOR DA ENDIAMA
F8 não pretende entrar no mérito da gestão de Carlos Sumbula, a frente da ENDIAMA, mas palmilhar o percurso, de um quadro angolano, reconhecido, além fronteiras, por ter ousado esboçar, com patrocínio do seu governo, um projecto aceite e adoptado por americanos, sul- africanos e principais produtores mundiais de diamante, que contribuíram para o estabelecimento de Certificação Internacional do Diamante. Atribuir um selo e certificado passou a ser uma verdadeira arma de controlo das pedras brilhantes, que dão luz e morte, se mal utilizadas. O objectivo do plano era e foi o de secar uma das mais importantes fontes dos movimentos guerrilheiros, que através da exploração e comercialização dos diamantes, no mercado mundial, conseguiam manter efectivos militares, equipados com armas modernas e de alto calibre, na maioria das vezes, iguais ou superiores aos dos exércitos regulares dos países. Recorde- se que os mais fortes movimentos guerrilheiros, eram, à época ( 1990/ 99), a UNITA, em Angola, os da República Democrática do Congo e os inúmeros na África Oriental, que controlavam e exploravam vastas zonas de exploração, sob o seu controlo, tendo ainda, uma sólida cadeia internacional de vendedores no mercado de Antuérpia, principalmente.
F8 apurou, ter iniciado o funcionamento do processo de Kimber, depois de José Eduardo dos Santos ter dado aval, ao então secretário de Estado da Geologia e Minas, Carlos Sumbula, para esboçar um projecto a ser apresentado a entidades internacionais, principalmente americanas.
A guerra em Angola conheceu de tudo. Suor, lágrimas, mutilação e mortes. Muitas! A destruição do tecido social e económico não foi poupado, pelos beligerantes, na defesa dos seus interesses. As riquezas naturais, foram prospectadas, com intensidade, pela guerrilha, em áreas inimagináveis pelo próprio governo, desviando as zonas de exploração das Lundas, para o Centro, Sul e Sudeste de Angola, fazendo com que a UNITA tivesse uma forte capacidade financeira para alimentar a guerra e rivalizar com o governo. No ano de 2000, os americanos, solicitam as autoridades angolanas, que enviassem a sua equipa técnica ( liderada por Sumbula) para o Botswana afim de explicar a uma alta entidade as linhas mestras do projecto.
Depois desta seguiram- se outras, que permitiram, que Angola não fosse impedida de comercializar os seus diamantes, como chegou a ser equacionado pelos próprios Estados Unidos, com a apresentação do projecto e certificado.
Com isso, aos 01 de Janeiro de 2003, entra em vigor o Processo Kimber, que obrigava todos os países produtores de diamantes a venderem no mercado mundial mediante a emissão de um certificado e selo. Isso impedia que a UNITA pudesse continuar a ter fonte financeira, com a venda das pedras brilhantes.
Assim os países reuniramse e criaram a organização do Processo Kimber, que tinha e tem um presidente eleito para um mandato. Angola já desempenhou tais funções, quer na vice, como presidência do organismo.
“Nós, na África do Sul, pensamos no início, que o processo Kimber tivesse sido delineado em Washington e ficamos muitos surpresos por saber, depois ter sido tudo elaborado em Angola e por um técnico nacional, sem assessoria externa, o que também, nos orgulha, enquanto africanos, termos um projecto totalmente original”, assegurou John Khirller. Confrontado com os dados, Carlos Sumbula como é normal nos governantes e gestores angolanos mostrou- se indisponível para falar, mesmo questões do domínio técnico, sem qualquer teor político, mas ainda assim durou dois meses para falar, com F8. Questionado a falar sobre o caminho do processo Kimber disse: “Foi um caminho de comprometimento que Angola, segundo o Presidente Eduardo dos Santos, não poderia falhar e que eu deveria apelar a experiência académica, profissional, sentido de gestão e compromissos com a coisa pública, para tornar os diamantes um sector economicamente mais forte, responsável do ponto de vista ambiental e respeitado internacionalmente, isolando a venda ilegal por parte da UNITA”, destacou.
A guerra civil, em Angola impunha um comprometimento de todos em prol do desenvolvimento, mas fundamentalmente, da paz, “por esta razão tudo fizemos, para secar as fontes de abastecimento de armas e bombas, que matavam inocentes dos nossos povos. E foi isso que nos levou, enquanto Executivo angolano, a empreender uma grande luta para salvar o diamante, colocando- o na rota do bem, no caminho da paz, para o seu brilho deixar de representar morte, passando a ser o brilho da reconciliação, do fim da guerra, da paz, da vida e da mudança, que, finalmente, chegou em 2002”, argumentou. Finalmente, Carlos Sumbula disse: “hoje temos um diamante no circuito da legalidade e reconhecimento internacional. De Angola nunca mais saíram diamantes de sangue, graças a política delineada pelo Executivo, antes e agora e isso é um grande ganho, para todos angolanos e a indústria diamantífera, por termos conseguido ordenar e disciplinar a política de prospecção do diamante, ao longo do território nacional, daí a indústria estar a crescer”, concluiu.
Oc réd i to malparado em Angola subiu 13,6% no ano passado, aumentando de 18,41% para 20,26% em Dezembro, de acordo com o relatório de 2021 do Banco Nacional de Angola. Relativamente ao crédito vencido malparado no final do ano de 2021, este registou um aumento de 115,52 mil milhões de kwanzas [ 269,7 milhões de euros], comparativamente ao período homólogo ( 13,64%); com efeito, o rácio de incumprimento do setor bancário passou de 18,41% em dezembro de 2020 para 20,26% em dezembro de 2021”, lêse no Relatório e Contas de 2021, divulgado em Luanda.
De acordo documento, com o esta subida de 13,6% no crédito que os bancos não conseguem cobrar há mais de 90 dias representa um novo aumento, já que de 2019 para 2020, o rácio melhorou, de 32,46% para 18,41%.
“Relativamente ao crédito vencido malparado no final do ano de 2021, este registou um aumento de 115,52 mil milhões de kwanzas [ 269,7 milhões de euros], comparativamente ao período homólogo ( 13,64%); com efeito, o rácio de incumprimento do setor bancário passou de 18,41% em Dezembro de 2020 para 20,26% em Dezembro de 2021”, lêse no Relatório e Contas de 2021, divulgado em Luanda.
De acordo com o documento, esta subida de 13,6% no crédito que os bancos não conseguem cobrar há mais de 90 dias representa um novo aumento, já que de 2019 para 2020, o rácio melhorou, de 32,46% para 18,41%.
O relatório sobre as actividades do regulador financeiro angolano no ano passado mostra também que o sector bancário quase triplicou os lucros no ano passado, com uma subida de quase 180%.
“No final de 2021, o sector bancário registou resultados positivos num montante de 394,90 mil milhões de kwanzas ( cerca de 924 milhões de euros), um aumento de cerca de 179,39% face ao período homólogo, devido fundamentalmente ao aumento de proveitos com títulos e valores mobiliários”, refere. Onde o panorama não é tão positivo para as 25 instituições financeiras a operar no país, é nos sistemas de controlo interno e nos requisitos sobre as boas práticas na área da governação corporativa, que o Banco Nacional de Angola diz serem ainda insuficientes. “Observam-se insuficiências relativas às políticas e processos de identificação e avaliação de transações com partes relacionadas e de prevenção de conflitos de interesses, fragilidade dos processos de proteção para inibição de acessos indevidos aos sistemas de informação, bem como na implementação de processos de recuperação de desastres em caso de incidente”, lê- se no relatório.
No documento refere- se, no entanto, que, “de forma geral, o sector bancário continua a apresentar uma tendência crescente, em termos de formalização dos requisitos de governação corporativa, o que evidencia o incremento da cultura de boa governação nas instituições e a mitigação dos riscos inerentes”. Sobre os sistemas de controlo interno, apesar do “crescimento assinalável do nível de cumprimento dos requisitos previstos na regulamentação em vigor, comparativamente ao período homólogo, existem bancos em que persistem insuficiências de recursos humanos capacitados, para fazer face às atribuições regulamentares das funções de controlo, designadamente, gestão de risco, compliance e auditoria interna”.